Papéis

Foto de rbgero

" Eternizando "

"Uma noite, um passeio. Cumplicidade à beira do mar, conversa solta, sorrisos livres, pensamentos voantes. Um cenário perfeito. Um palco montado para algo que se eternizaria. Um momento agora profundamente marcante em minha vida. Parecia simples, mas foi muito além disso. A areia macia sob nossos pés. Nossas mentes viajando no azul daquele céu estrelado. O mar a embalar com aquela sinfonia mágica nossos olhares. Todo esse cenário naturalmente disposto, e num complemento dos deuses, abençoado pelo néctar mais sagrado: um maravilhoso vinho. Mas nada disso tinha importância. Tudo era apenas complemento. Sei que os deuses invejaram-me por estar diante da companhia mais bela e doce de todo o paraíso. Tua presença era o ato principal daquele encontro. Teu sorriso inocente, tuas palavras soltas, teus carinhos espontâneos, teu olhar meigo. Tenho certeza que fui abençoado pelos céus por poder estar diante de um anjo em forma de menina. E mil vezes bendigo o efeito daquele vinho que soltou-me as amarras da timidez e fez-me beijar aqueles lábios morenos. De outra forma não teria coragem. Não por mim, mas por você. Bendito atrevimento. E naquele momento pude sentir o quanto pode ser simples a felicidade. Sem complicações; sem artificialismos. Num simples beijo abriu-se naquele momento as portas do paraíso. O que te disse, o que ouvi foi apenas detalhes de uma felicidade sem limites. Não é exagero. Não estou valorizando. É a pura verdade. Ouviu-me; ouvi-te. Confissões de nossos corações. Momentos de nossas vidas. Histórias de nós. Nossas histórias. Segredos agora revelados, pela primeira vez sem o menor pudor, pois tornastes a coisa tão simples que, na complicação de minha vida, nunca tinha passado por uma experiência tão gostosa. E mais beijos, mais confissões. Minha vida agora era tua, sem portas, sem paredes. Aberta e plena. E te faço mais uma confissão agora: já me entreguei de corpo algumas vezes, em alguns momentos. Mas pela primeira vez alguém pôde ter em suas mãos minha alma. Minha verdadeira essência. Confesso que me assustei de início, mas teu jeito cativante me deixou tão solto que não pude resistir. Minha alma agora era tua. Caminhar entre as nuvens; estar no limbo; sonhar entre as estrelas. E as Três-Marias não estavam no céu, porque naquele momento o brilho destas estrelas estava em teus olhos. Podia ver através deles tua doce alma, e lá fiquei por toda a noite, embalado por tuas palavras murmuradas como numa prece pagã. Bendigo aquele beijo que me abriu as portas do paraíso, e o vinho sagrado que abençoou nosso momento. Em teus braços senti-me tão seguro e amparado. Papéis invertidos. Tu a me proteger como criança desamparada, a dar carinhos e afeto. E me entreguei como jamais havia feito antes. Teus gestos tão simples e nem imaginas o quanto significaram para mim. Estar ao teu lado, juntos, por toda a noite. Nove horas tão rápidas. Tempo voante. Pena que rápido demais. Queria que fosse eterno, sem limites. Ainda procuro palavras para descrever aqueles beijos ardentes, mas meigos. Aqueles olhares provocantes, mas inocentes. Aqueles abraços calorosos, mas suaves. Aquela magia etérea, mas tão simples. Não encontro palavras, mas na verdade nem quero, para não quebrar a magia. A magia dessa tua discrição, dessa tua compreensão do que está acontecendo comigo, dessa minha condição. Amo-te por isso. És linda, e acima de tudo maravilhosa. Gostaria de termos para poder descrever-te, mas esses seriam muito aquém do que realmente representas. Doce anjo; anjo desta noite inesquecível. E não adianta eu colocar aqui mil 'obrigados' que seriam infinitamente poucos para que pudesse agradecer-te por tudo: os olhares, os beijos, o carinho, o afeto, as palavras, a companhia, a compreensão, a paciência, a cumplicidade, os afagos, o sorriso, as confissões, os segredos, a confiança, a amizade, a parceria, o zelo, a preocupação, a maturidade, tudo, tudo, tudo, e mais um montão de tudo. Nesse momento posso confessar que durante aquelas nove horas estive apaixonado por você, de uma maneira única, sem precedentes. Conseguisses coisas que ninguém até aquele momento jamais chegou perto de conseguir. Noite mágica; nossa noite. E agora só tenho uma coisa que poderia te dizer: ow dellííícccciiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaa..."

Foto de fernando gromiko

Sou a imagem refletida de mim mesmo

Baseado em uma questão que assombra a humanidade desde o inicio dos tempos, é que escrevo esta redação, pois é de nossa natureza a curiosidade, a questão a qual me refiro é: Quem somos nós? No entanto não irei responder a tão desafiadora questão, mas sim tentarei ao menos explicar, ou ainda entender, quem sou eu.
Dizer quem sou eu não é simplesmente dizer qual meu nome, data de nascimento ou ainda apresentar o número do meu RG. Pois o nome não revela, nem demonstra quem realmente somos o nome é apenas uma forma de chamar um ser, lhe excluindo a essência... A essência que é, o que realmente importa, torna-se obsoleta, quando definimos alguém por simples caracteres, como Fernando Gromiko.
Eu sou em termos gerais a imperfeição mais perfeita que existe, um erro tão necessário quanto o próprio ar, sou o nada de um todo, talvez eu seja, a salvação da humanidade, ou ainda o ceifador dela, talvez seja apenas mais um, apenas mais um mero mortal disfuncional, um ser que apenas existe, no entanto creio que o que vale é o que quero ser, pois somos e sou o que quero fazer com que os outros pensem que sou, e quero que os outros pensem que sou alguém que tem um papel, de suma importância, mesmo que não saiba dizer qual. Talvez agora o meu papel para a sociedade, para o mundo em geral seja apenas uma lacuna, entretanto creio, que neste mundo tão paradoxal a verdadeira função de um ser é a ele apresentado na hora certa, o difícil é saber qual é a hora certa, mas por incrível que pareça todos sabem quando ela chega.
Considerando que todo ser, tenha seu papel, exemplo Jesus, segundo a crença Ele salvou a humanidade, teoricamente temos antagonicamente a Ele, Adolf Hitler, no entanto se esquecermos o que o Primeiro ou o segundo fez, e os considerarmos apenas como seres humanos, seria correto afirmar que ambos nasceram predestinados a fazerem o que fizeram, ou em algum momento de suas vidas tiveram a oportunidade de efetuarem, executarem papeis diferentes? Por exemplo, papéis inversos? As respostas que lhes dou, é Sim ambos em algum momento de suas vidas decidiram seguir em frente e fazer o que achavam ser certo. Porque se considerássemos que eles estavam predestinados, não seria correto de nossa parte julgar e afirmar que Jesus fez o correto e que Hitler foi o louco, pois ambos não tinham escolhas, estavam destinados a fazer o que fizeram, logo não teríamos o direito de dizer que um foi herói e o outro um inimigo, afinal não fazia parte do seu ser, o direito de escolha.
Enfim o que caracteriza quem sou, e qual o meu papel, é o que eu posso fazer para melhorar, piorar ou ate mesmo destruir o mundo no qual vivo, e estas características são optativas, ou seja, são escolhas que em algum momento de minha vida terei que fazer, e em algum momento quando me perguntarem: Quem é você? Responderei: “Eu sou, a escolha que fiz”.

Foto de Oliveira666

A Cesário Verde 1ª parte

Hoje assomei á janela,
Triste, dentro da bata de engomadeira singela.
O mundo escurece em meu redor!
Começo a sentir já um ligeiro torpor.

Lá estava o meu vizinho a rasgar papéis.
Tinha um ar baralhado,
Característico daqueles que sentem,
Que não pertencem a este mundo depravado.

Óbvio que estava frustrado
Procurava refúgio no cigarro
Nada o já pode salvar…
A auto-exigência ao falhanço o há-de condenar!

Cesário tu és Eu…
O meu Futuro é teu…
A tuberculose também te há-de levar!
Em pânico como eu vais entrar,
Quando o ar te faltar

Foto de Oliveira666

A Cesário Verde

A Cesário:

Hoje assomei á janela,
Triste, dentro da bata de engomadeira singela.
O mundo escurece em meu redor!
Começo a sentir já um ligeiro torpor.

Lá estava o meu vizinho a rasgar papéis.
Tinha um ar baralhado,
Característico daqueles que sentem,
Que não pertencem a este mundo depravado.

Óbvio que estava frustrado
Procurava refúgio no cigarro
Nada o já pode salvar…
A auto-exigência ao falhanço o há-de condenar!

Cesário tu és Eu…
O meu Futuro é teu…
A tuberculose também te há-de levar!
Em pânico como eu vais entrar,
Quando o ar te faltar!

Pára de te queixar!
Se não te convém deixa de escrever.
Isso podes tu fazer!
Eu para sempre terei de engomar…
Não tenho oficina onde trabalhar.

A botica ainda tenho de pagar.
Antes de o negro alado anjo me levar
E então ao Demo a barca irei chamar,
Na mesma em que todos havemos de navegar.

Paro agora de divagar.
Deixo Mozart e Beethoven para me acompanhar.
Vai passear
Nestas lisboetas rurais ruas a felicidade vais encontrar.

As epopeias não são de rasgar!
Há quem em mar revolto
Nade, incessante e desesperadamente
Na esperança de o epopeico glorioso livro salvar!

Não ligues a Franceses e a Espanhóis,
Se a todos esqueceres,
Toda a tua vida
Será iluminada por mil sóis.

Foto de Oliveira666

A Cesário Verde

A Cesário:

Hoje assomei á janela,
Triste, dentro da bata de engomadeira singela.
O mundo escurece em meu redor!
Começo a sentir já um ligeiro torpor.

Lá estava o meu vizinho a rasgar papéis.
Tinha um ar baralhado,
Característico daqueles que sentem,
Que não pertencem a este mundo depravado.

Óbvio que estava frustrado
Procurava refúgio no cigarro
Nada o já pode salvar…
A auto-exigência ao falhanço o há-de condenar!

Cesário tu és Eu…
O meu Futuro é teu…
A tuberculose também te há-de levar!
Em pânico como eu vais entrar,
Quando o ar te faltar!

Pára de te queixar!
Se não te convém deixa de escrever.
Isso podes tu fazer!
Eu para sempre terei de engomar…
Não tenho oficina onde trabalhar.

A botica ainda tenho de pagar.
Antes de o negro alado anjo me levar
E então ao Demo a barca irei chamar,
Na mesma em que todos havemos de navegar.

Paro agora de divagar.
Deixo Mozart e Beethoven para me acompanhar.
Vai passear
Nestas lisboetas rurais ruas a felicidade vais encontrar.

As epopeias não são de rasgar!
Há quem em mar revolto
Nade, incessante e desesperadamente
Na esperança de o epopeico glorioso livro salvar!

Não ligues a Franceses e a Espanhóis,
Se a todos esqueceres,
Toda a tua vida
Será iluminada por mil sóis.

Foto de Manu Hawk

Festa de Natal

Faltavam três dias para o Natal, fim de expediente, pessoas correndo, agitadas para dar os últimos retoques e não chegar atrasados na festa da empresa. Não era longe, apenas alguns andares abaixo, no salão de festas, mas perder cada minuto dessa festa grandiosa, onde pelo menos por um dia todos estariam sozinhos, seria um pecado! Acho que todos pensavam da mesma forma, e aguardavam ansiosos esse dia, pois "nessa" festa o acesso era permitido somente aos funcionários. Excelente desculpa para as esposas, maridos, noivas, namorados, etc... Todos, com certeza, falavam isso com sofrimento estampado no rosto, mas o tesão explodindo vitorioso dentro do corpo, rs.

Não aderi à loucura, queria adiantar meu trabalho, assim poderia descansar mais depois da festa. Pensei que todos do setor haviam descido, mas levantei os olhos e ele permanecia em sua mesa, também digitando concentrado. Não tinha certeza se ele participaria da festa, aliás, não tinha certeza de nada, pouco nos falamos durante o ano inteiro. A única certeza que tinha era que nos devorávamos quando trocávamos olhares, quando passávamos um perto do outro, sempre arranjando uma maneira de esbarrarmos. Mas calados, sempre.

Fiquei viajando enquanto pensava se perguntava ou não se ele iria a festa. Nem percebi que havia levantado, acabou o sonho, viajei demais. Droga, o jeito era acabar e descer, agora nem tinha tanto interesse na festa. De repente senti pararem ao meu lado, tão perto que a perna roçava no meu braço.

_ Quer café? (perguntou aquela voz maravilhosa que tantas vezes imaginei no meu ouvido, falando sacanagens e me arrepiando toda)
_ Quero, obrigada! (respondi, doida pra agarrar aquele homem maravilhoso)

Quando voltou colocou o café do outro lado da mesa, passando o braço por trás do meu corpo, que na mesma hora se esticou todinho. Era visível meu estado, os seios retesados invadiam a blusa, chamando atenção. Não sabia o que fazer, com ele sentado na mesa, me olhando. Tomava café e me olhava o tempo todo, me despindo e queimando cada parte do meu corpo. Acabei derramando café no teclado e na saia, que idiota! Ele levantou, trouxe papel toalha e enquanto eu limpava, colocou suas mãos em volta do meu pescoço e começou a massagear...

"Você está muito tensa, relaxa". (falou bem calmo e irônico)

Impossível não atender uma ordem dessa, mas ainda estava muito tensa e preocupada que entrasse alguém. O que ele logo percebeu e me disse para esquecer, ninguém estava preocupado conosco, só com a festa. Aos poucos fui relaxando e ficando com mais tesão a cada minuto que passava. Aquelas mãos gostosas me massageando o pescoço e ombros, e o corpo quente dele encostando-se a minhas costas. Suas mãos começaram a descer, entrando por minha blusa e deixando meus seios livres. Levantei os braços, alisando aquele corpo gostoso e o puxei. Nos beijamos finalmente, que boca quente, que língua gostosa, daquelas que viajam em nossa boca, excitando cada vez mais. Suas mãos desceram mais, começaram a puxar lentamente minha calcinha, só levantei de leve ajudando-o a tirar. Senti sua mão quente, seus dedos brincando em meu corpo, até que os movimentos ficaram alternados, leves, firmes, contínuos, profundos...
Ouvia vozes das pessoas passando no corredor, mas nem ligava mais, queria me deliciar em suas mãos, e boca... Sim, agora era sua boca que me lambia, sua língua que invadia me explorando, chupando gostoso, cada vez mais, fazendo-me gozar deliciosamente calada. Levantou-me da cadeira, beijando e abraçando loucamente, cheio de tesão, senti o quanto estava excitado, mas ouvimos alguém o chamando. Nos separamos imediatamente, sentei novamente, ele sentou ao meu lado, disfarçando com uns papéis na mão. Era nosso chefe, chamando para a festa!

Tivemos que levantar e descer. Mas no caminho, ainda no corredor, ele falou baixo, "vou te levar pra casa depois", ao que respondi no ouvido, disfarçando, "qual delas, a minha ou a sua?" Nos olhamos e rimos muito!

(por Manu Hawk - 02/06/2004)
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Respeitem os Direitos Autorais. Incentivemos a divulgação com autoria. É um direito do criador que se dedicou a compor, e um dever do leitor que apreciou a obra. [MH]
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Foto de Tâniah

Um encontro

Como antecipar
Os olhos se encontrar
A química rolar
As mãos não desgrudar
O passado congelar
E uma nova trilha buscar

Mas a conciência despertou
Novos planos resignou
Os papéis certos seguiu
E dessa felicidade desistiu...

Foto de Carmen Lúcia

Rotina

Rotina

Acordo!
Começa o dia.
O mesmo refrão:
“Que horas são?”
Apresso-me.
Abro o portão,
afago meu cão.
De novo, no ponto;
atraso do ônibus.
Que situação!
Corro à avenida.
A carona da amiga...
Que satisfação!
Chego ao meu destino,
(total desatino)
sorrio pro cão do patrão!
E ao ler o aviso:
(o mesmo de sempre)
“Seja operário-padrão!”
Eu fico contente...
A mesma impressão!
De novo a pressão:
”... e a documentação?”
Papéis,falatórios,
listas e relatórios,
salas de escritórios,
a digitação.
Organização!
E o chefe?Sem hora!
Sem preocupação!
Trabalho sem pressa,
Faço hora-extra...
Cumpro a minha função.
Salário?Demora!
Que importa, agora?
Sou operária-padrão!

Carmen Lúcia

Foto de Rosinéri

CARTAS PASSADAS

Não fique relendo o que já sabe meu amado
Não quero que meu amor pare na jura de ontem.
Ouça o amor de hoje, que será bem menor que o de amanhã...
O que escrevo meu amor,
É menos dom que sinto por você
Tanta verdade se perde no caminho
Do coração ao cérebro, do cérebro à boca,
Da boca à mão, da mão ao papel.
Agora eu quero que você saiba tudo que sinto,
Sem perdas pelo caminho, sem desperdícios
Quero que você percorra os meus caminhos de volta,
Dos papéis ao coração.
É aqui! É aqui dentro que você tem que morar, meu amor!
Hoje eu sou eu mesma.
A mesma do principio do caminho, sem perdas de amor
Pela estrada, sem bloqueios, sem vergonhas.
Eu sou agora aquele verdadeiro eu,
Que você ainda não conhece.
É esse eu que você deve compreender,
Conhecer e amar!

Foto de Darsham

O Amor...Incómodos à parte

Tenho um problema com o amor, um grave problema! Ouço dizer por aí, pelas bocas do mundo, pelas letras soltas que vejo e revejo em papéis perdidos em cada canto de vida que o amor é a coisa mais bela que existe…
Chega a cansar os meus ouvidos de tanto ouvir a palavra AMOR!!!
Enaltece-se de uma forma sublime…em filmes…em palavras…em livros…em poesia…na música…Vê-se e ouve-se amor em todo lado (para os ouvidos e corações atentos, claro está) que chego a sentir-me profundamente enjoada.
Não, ao contrário do que possam pensar, eu não sou uma pessoa insensível, pragmática, vazia, distraída…Eu escrevo poesia, sou a voz do amor para quem não pode ouvir… Eu ouço Beethoven, Chopin, fado…choro ao ver uma peça de ópera, comovo-me com filmes românticos, voo para longe enquanto leio cada linha que Nicholas Sparks escreve…e tenho em mim todos os sonhos do mundo…
O que me incomoda não é a existência do amor, ou até é, não sei…é tudo muito dúbio…
Incomoda-me a banalização, o dizer por dizer, o falar por falar…e o coração? Será que ainda alguém sabe o que é amor? Amor sem razão, daquele que nos atraca o coração e nos despe a alma? Daquele que nos sacode os bolsos da sensatez…daquele que nos amarra sem cordas, nos cala a voz…daquele que nos tira a respiração e nos faz acreditar que vamos morrer por não termos espaço em nós para estacionar este avião que invadiu o nosso coração…
Será que entre a pausa para o café, e os pagamentos do mês ainda se tem tempo para reflectir sobre o amor? Será que todas as bocas que expressam a palavra amo-te atribuem o verdadeiro valor a este sentimento tão sublime e majestoso?
Incomoda-me, claro que me incomoda ver almas vazias e desprovidas de sensibilidade, que faria revirar na sepultura grandes poetas que a historia não esquece, verbalizar, assim, como se fosse uma pancadinha nas costas a palavras amo-te…amar não é só falar, é praticar, é encher-se de vida e gritar ao mundo que no peito nada cabe mais…
Incomoda-me também que não existam teses sobre o amor, em que expliquem tudo o que há a ser explicado sobre ele, para que o possamos conhecer e reconhecer, para que saibamos quando encontramos o nosso amor, o verdadeiro, a outra metade de nós, que nos completa…podemos viver toda uma vida com a pessoa errada, sem sabermos onde está a certa, ou sabermos, mas nada podermos fazer, porque o tempo já é outro e construíram-se outras histórias, das quais não fizemos parte, por termos construídos outras, paralelamente…
O amor rege a nossa existência; determina quem somos; representa-se nas nossas convicções, princípios, crenças e atitudes e descreve a sua rota nas linhas do nosso rosto, no brilho do nosso olhar, abrigando-se no nosso sorriso…à espera da noite…ou do dia…
A dualidade do amor… isto também me incomoda, de verdade, esta sombra dúbia que me chicoteia por dentro, que me finta o discernimento e me espanca a razão…tanto nos pode elevar às estrelas, como nos faz cair e bater em cheio com a cara no chão…sussurra ou grita-nos, queima-nos ou gela-nos, dá-nos o sorriso ou a lágrima, protege-nos ou abandona-nos…e aquilo que é contrário do bom, não é bom e dói…
Quando temos amor por alguém a vida fica tão mais fácil, não temos medo de nada, somos capazes de atravessar o mundo se for preciso e sorrimos muito, muito mais …se o amor parte, uma parte de nós também vai com ele e tentamos dia após dia, encontrar razões que nos façam sorrir, procurando formas de conviver com a solidão, para que não doa tanto…o coração fica apertado e lentamente vamos encontrando o nosso caminho, descobrindo novos horizontes, navegando para outras margens…renascemos numa nova vida e colocamos mais uma pedra no castelo da nossa identidade e unicidade. Encontraremos outro amor, que nos devolverá o sorriso, de uma forma espontânea e tudo faremos para que os erros que sejam cometidos nesta nova história (sim, porque os erros fazem parte de nós) tentem ser compreendidos e ultrapassados, tentando edificar estruturas sólidas em termos relacionais…
Porventura, voltará a suceder-se o mesmo e o ciclo recomeça, ou poderá realmente dar certo naquela vez, mas por mais voltas que a vida dê, por mais labirintos que percorramos, haverá sempre uma porta aberta para o amor.
O amor transporta-nos em viagens alucinantes por caminhos desconhecidos no nosso interior…já procurei mil e uma maneiras de descrever este sentimento tão…tão…indecifrável e transparente ao mesmo tempo e nunca consegui passar para as letras a magnitude, a cor, o som, a temperatura, a textura, o odor, a mistura, a mescla de coisas unas e simples que nos invadem a alma e nos descabelam a lucidez que se apossa de nós quando experimentamos o amor…
Porém, encontrei uma “definição” que até hoje me pareceu a mais perfeita e a mais simples. É uma pequena parte de uma passagem da Bíblia, que integra «1Cor.13», e é assim:
“…O amor é paciente, o amor é prestável, Não é invejoso, não é arrogante, nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê. Tudo espera, tudo suporta…”

Digo que para mim esta é a definição mais perfeita do amor que já li, pela sua simplicidade e no entanto faz-me questionar e pensar tantas coisas…ou o amor entrou em vias de extinção, e as únicas espécies sobreviventes que o encarnam vivem no outro lado do globo, ou então esta pequena passagem sobre o amor, que tanto gosto, não passa de uma utopia, um discurso naif…publicidade enganosa?
O certo é que, aparte as utopias, a publicidade enganosa e os incómodos de que me queixo, o amor é o pão-nosso de cada dia, é o nosso alento, a nossa motivação, muitas vezes o perdão…sem ele, o amor, a vida é a preto e branco, o mar é só uma enorme porção de água, os dias não têm propósito, a música é só mais um barulho que chega aos nossos ouvidos, somos gelo…somos parasitas...
Incomodam-me muitas coisas no amor, mas o que me incomoda de verdade, é não amar, muito mais do que não ser amada…ao não amarmos não reconhecemos nem valorizamos o sentimento do outro, não sentimos, não somos, não se é! Porque o amor é o milagre, é o sentido, é a matéria de que somos feitos, é como que um culto a seguir…
Porque o amor é querer ser muito mais do que ter! É a harmonia entre histórias, atitudes, pessoas, credos, cores, partidos, clubes…a vassoura da diferença e indiferença, é a medida certa…qb (quanto baste) …
Prefiro amar, e só amar, ainda que nunca amada, pois de contrário não serei abençoada…
Beberei eternamente pelo cálice do amor, mesmo que sede não tenha e darei a beber de quem da secura padeça…

Depois de dar nós ao cérebro para tentar tirar o itálico do resto do texto, acabei por desistir, antes que o computador ficasse com ferimentos graves (risos). Se alguém me puder ajudar agradeço!

Beijinho
Darsham

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