A Cesário:
Hoje assomei á janela,
Triste, dentro da bata de engomadeira singela.
O mundo escurece em meu redor!
Começo a sentir já um ligeiro torpor.
Lá estava o meu vizinho a rasgar papéis.
Tinha um ar baralhado,
Característico daqueles que sentem,
Que não pertencem a este mundo depravado.
Óbvio que estava frustrado
Procurava refúgio no cigarro
Nada o já pode salvar…
A auto-exigência ao falhanço o há-de condenar!
Cesário tu és Eu…
O meu Futuro é teu…
A tuberculose também te há-de levar!
Em pânico como eu vais entrar,
Quando o ar te faltar!
Pára de te queixar!
Se não te convém deixa de escrever.
Isso podes tu fazer!
Eu para sempre terei de engomar…
Não tenho oficina onde trabalhar.
A botica ainda tenho de pagar.
Antes de o negro alado anjo me levar
E então ao Demo a barca irei chamar,
Na mesma em que todos havemos de navegar.
Paro agora de divagar.
Deixo Mozart e Beethoven para me acompanhar.
Vai passear
Nestas lisboetas rurais ruas a felicidade vais encontrar.
As epopeias não são de rasgar!
Há quem em mar revolto
Nade, incessante e desesperadamente
Na esperança de o epopeico glorioso livro salvar!
Não ligues a Franceses e a Espanhóis,
Se a todos esqueceres,
Toda a tua vida
Será iluminada por mil sóis.