Ouvidos

Foto de Jessik Vlinder

Saber o Que Somos

São 05:34h e eu não dormi esta noite. Por quê? De madrugada, quando o silêncio enfim paira na cidade, é possível ouvir coisas absurdas. Coisas suas... Desesperos que seu eu mais íntimo suplica por uma oportunidade para gritá-los em seus ouvidos. É tão difícil ouvi-los porque para isso é preciso silenciar todo o resto. Tudo que vai além de você. Tudo que permeia qualquer outra coisa que não seja VOCÊ. Conseguindo esse silêncio é hora de conversar, de finalmente dar ouvidos ao que realmente é necessário e importante, ao que realmente faz falta ou está em excesso, faz feliz ou entristece. É hora de se ouvir...
Tentamos na maior parte do nosso tempo agradar todas as pessoas e nos deixamos geralmente em último plano. “Preciso parecer séria para o meu chefe. Divertida para meus colegas. Sempre educada e simpática para o motorista do ônibus. Decidida e poderosa para o cara com quem troco olhares. Bem resolvida financeiramente para os familiares. Estudiosa e dedicada para os professores e descolada e popular para os amigos da faculdade...” E assim vamos preenchendo todas as lacunas de “Como você deve ser para...”. Fala sério!! Às vezes enche o saco! Vou deixar atrasar os trabalhos e estudar para provas duas horas antes dela. Não me concentrar absurdamente e assim acabar tropeçando na calçada e me melando com sorvete quando estiver passando por ‘ele’. Nem olhar pra cara do motorista que nunca responde ‘de nada’. Dizer para as colegas o quanto são fúteis e mesquinhas e para os colegas o quanto são vazios e imaturos. Discordar com tudo que o professor sem noção diz. Pedir dinheiro emprestado à vó e ir para o cinema com os primos na quarta porque é o dia mais barato... Assim é divertido! Rs
Na real, agora? E novamente à dura realidade...
Precisamos de equilíbrio! Essa é a eterna meta da minha vida e deveria ser a de todos. Equilíbrio!! É importantíssimo que sejamos nós mesmos, mas muitas vezes, por nós, será necessário agir contra aquilo que somos. O problema está quando passamos a viver em função dos outros, em função do que agrada segundos e terceiros. Precisamos nos amar mais! Não tô nem aí que falem do meu vestido curto, eu sei que não sou uma p... Mas não vou pra reunião de colégio do meu irmão mais novo assim. Bom senso... Não tô nem aí se acham que eu sou metida ou prepotente porque eu sei que não sou... É disso que falo. Sempre vão nos julgar! Então temos que saber melhor do que qualquer um o que realmente somos e não somos. Quando isso for certo e tivermos certeza que nos conhecemos mais que todos, fiquemos tranquilos... A consciência que manda...

Foto de Marilene Anacleto

Desvendar Mistérios - 6

POR QUE NÃO LEVAMOS O CORPO QUANDO MORREMOS?

No mundo para o qual se vai
Não se precisa de nada,
Basta lançar-se na Luz Clara.

Sente-se um pouco estranho
Por se saber que é tudo
Mas não se tem mais tamanho.

Já não há corpo ou forma,
Ouvidos, olhos ou voz.
Com tudo pulsa e nada forma.

Pode-se ser semente ou broto,
Cristal ou pedra de chão,
Ou árvore a louvar o Todo.

Na amada Terra, o denso se desfaz.
O espírito, a Alma e os demais
Retornam à Clara Luz e Sua Paz.

O Amor paira, de vidas várias,
Os mágicos encontros se enlaçam
Num Amor completo se torna.

O corpo, com gratidão e esmero
Da Alma, que o acompanhou,
Volta ao pó, ao pó de estrelas.

Marilene Anacleto

Foto de Fernando Vieira

Alguns minutos contigo

Alguns minutos contigo
(Fernando Vieira)

Alguns minutos contigo
Muitos outros vão querer
Mas um minuto comigo
Agora é você quem vai ter

Alguns minutos contigo
Assim como me descreves
É como percorrer o infinito
Em um instante que se atreve

É como se fosse real
Pois posso sentir, imaginar
Faz-me sentir envolvido
Faz-me querer até tocar

Teus seios não me atreveria
Compará-los, não me arriscaria
Mas no pouco que falaste deles
Certamente eu os beijaria

Lindo, lindo, maravilho!
Tuas palavras são mais que dígitos
É algo envolvente, gostoso!
São música para os meus ouvidos

Música tu és a própria
Trilha do meu coração
Solfejando tal a bossa nova
Dedilhado som do violão

Arte admirável essa tua
Atrevimento esse dissoluto
Imagino-te totalmente nua
E te culparia em absoluto

Pois diante desse encantamento
Que tuas palavras me fazem sentir
Teu silencio é contemplamento
Pura arte de me seduzir

Foto de LillyAraujo

Sem Pressa

Ah, eu estou me sentindo meio descrente da vida, sabe? Com meu corpo sedentário sobre a cama por horas a fio, e já quase atrofiando a alma.

Estou com vontade de fugir de tudo que é urbano. Esquecer os fios conectores, o Bluetooth, Ipods, ou qualquer coisa que tenha teclas, ou telas, ou façam qualquer som frenético. Vontade de deixar esse mundo que se tornou tão aflito, e que tem sempre muita pressa. Onde tudo é manejado por um apertar de botões. Meus ouvidos estão feridos!

Estou com sede de terra molhada, de sentir o aroma de grama amassada, de formiga esmagada, enquanto o único som que se possa ouvir seja dos pássaros lutando no ar, numa dança de acasalamento, paz e alegria; que seja o som das cortadeiras picotando suas folhas e marchando por entre os trieiros, como se fossem soldadinhos; que seja o som dos estalidos dos gravetos que se desprendem das árvores ou do bico das passarinhas que ajeitam maternalmente o ninho dos seus filhotinhos. Quero ouvir o som das águas batendo contra as pedras e fazendo esculturas infinitas.

Quero adentrar-me no rio e me deixar levar pelo seu leito tortuoso, e sentir a água me abraçar, e a brisa me acariciar. E ir percorrendo o seu caminho sem pressa. E ter tempo de observar o céu azul claro, e uma diversidade de aves cortando o seu espaço, todas leves e belas, alheias ao meu observar. E sentir o sol bater intermitente no meu rosto, entrecortando os ramos das matas ciliares que circundam o rio onde meu corpo bóia, como uma pluma, feliz!

E assim continuar percorrendo juntos às águas, caminhos que eu nunca conheci, até que o dia seja noite. E sentir agora os dedos enrugados, e o bater das minhas mandíbulas pelo frio do rio, e isso também me deixar feliz.

E me refugiar depois em uma das margens. Jogar meu corpo na areia e ficar inerte. Observar cuidadosamente que o céu trocou sua roupa anil por saias alaranjadas, que pouco a pouco vão se tornando azul turquesa, e salpicos como lantejoulas vão lhe sendo cosidas, em forma de estrelas.

E no frio acolhedor da areia me deixar ficar um pouco mais, e notar que os sons também se transformaram. Agora, o bater das asas dos pequenos passarinhos silenciou. Dormem aconchegantes em seus galhos e ninhos. E as cortadeiras também foram descansar. Ainda estalam os pequenos gravetos que se desprendem, e o som das águas escultoras também continua o mesmo. Lentamente os anuros começam a reger a orquestra do anoitecer: sapos; pererecas e rãs, “gritam” e saltam desenfreadamente, como se quisessem alcançar os pirilampos piscantes pregados à grande teia que é o céu, e assim, comer uma a uma, cada estrela.

Estou com sede dessa paz que há muito não sinto. Estou com medo de jamais torná-la a sentir. Presa na cadeia Cidade-Grande, onde os sons são sempre de botões, buzinas, palavrões e, acima de tudo, de pressa. Muita pressa.

© Por Lilly Araújo-Direitos Autorais Reservados.

Foto de Mary Escritora

Mês de Junho

Meu anjo lindo, em uma noite fria saíste a caminhar sobre a areia da praia. As ondas do mar passavam de leve nos teus pés,
A brisa suave batia na tua face. Enchendo teus olhos verdes com as mais pedras preciosas. Imensa luz manda teus olhos gatinho.
Não foi por acaso, nem mesmo vento contrário fizeste um simples hello, foi onde tudo começou. As Palavras voavam como águias, o tempo era infinito foi aí que o meu coração falou:
-Oh! Vento de longe não te condeno por trazer a esperança de ser feliz, pois pelo Caminho onde andava cortava sempre atalhos. Hoje em um simples hello, encontrei a estrada que me levou até ao meu grande amor.
Pela longa jornada, sigo escrevendo in the three seconds, tudo começou.
Noite serena, espero atenta através de um aparelho uma linda voz.
Pois ela é como uma música, soa suave aos meus ouvidos.
Meu corpo sonhava com a música.
Meu pensamento chamava a música.
Meu cantar gritava pela música.
Meu sorriso pedia a música.
Só então fui à busca da minha linda música, que no mês de junho apareceu.
Onde deu por nome de Michel.

Foto de camilaalp

7º Concurso Literário - Quando Você Voltar

Quando você voltar serei olhos atentos para te ver abrindo a porta
Serei mãos acolhedoras para abrigar o cansaço do teu olhar
Serei lábios satisfeitos dizendo que nada mais importa
Serei coração batendo vigorosamente e almejando lhe abraçar

Quando você voltar serei as palavras ainda não ditas de amor
Serei a canção mais romântica a embalar teu sublime sono
Serei raios de sol a projetar teus contornos com esplendor
Serei corpo e alma insaciáveis afastando-se do abandono

Quando você voltar serei ouvidos abertos para receber tua voz
Serei sorrisos sinceros e minha respiração mais ofegante
Serei as lembranças mais afortunadas que guardei de nós
Serei tua prosa mais demorada, porém a mais apaixonante

Quando você voltar serei os acordes da nossa bela canção
Serei as estrelas do céu que passam os dias a te iluminar
Serei a ardente saudade extrapolando minha nobre emoção
Serei teu amor, tua vida, quando um dia você voltar

Foto de Hirlana

Quando...

O abraço entrelaçar no laço a segurança
O beijo estalar nos ouvidos o 'eu te amo'
O aperto de mãos mostrar seguramente o respeito
A palavra pronunciar sons de paz na alma
O olhar brilhar a esperança de um futuro
A saudade vir acompanhada da lembrança dos sorrisos compartilhados
As lágrimas rolarem no rosto que reflete no espelho a paixão
Quando eu me dei conta que você era meu mundo,
Quando eu quis de volta o laço do teu abraço, o beijo estalado, as mãos carinhosas, as palavras carregadas de doçura, a troca de olhares... só me restou a saudade que alimento com as lembranças dos momentos e, estas lágrimas que molham e esfregam no meu rosto que eu te perti.
Quando o tempo passar, mais e além do que já passou, levará cravado em cada dia minha oração suplicando o teu retorno.
Quando enfim, eu tiver a grande e talvez única oportunidade de estar ao teu lado a sós só mais uma vez, nada direi desse meu penar e em silêncio farei uma oração contemplando e agradecendo a Deus o brilho do teu olhar que a cada dia é meu sonho de luz do Sol ao acordar!

Foto de geraldo trombin

7º Concurso Literário - É PAU, É PEDRA, É O FIM...

É PAU, É PEDRA, É O FIM...

Sempre que chegava em casa, ligava a TV por assinatura, onde já estava sintonizado o canal de áudio “Bossa Nova”. Hoje não foi diferente! Só que desta vez, invadia o ambiente, e seus ouvidos, a música “Minha Namorada” de Vinícius e Carlinhos Lyra: - “Se você quer ser minha namorada... Ah, que linda namorada...”
Ainda mais saudoso dos seus olhares, beijos e abraços, tudo o que Cabeça realmente mais queria no momento era exatamente o que Branquinha menos desejava: estar juntinho outra vez. Separaram-se por causa das frases malditas do último sábado e que, toda vez que isso acontecia, ele não conseguia digerir.
Surgiu, então, uma névoa na relação. Ela dizia-se cansada, confusa; ele parecia cachorro caído do caminhão de mudança: totalmente perdido. Por isso, a cada telefonema, a cada convocação dos amigos, ninguém mais o encontrava, nem mesmo ele. Era o telefone tocar que já iam atendendo e logo dizendo: - Ele não se encontra!
Depois do último tête-à-tête e algumas ligações malsucedidas com Branquinha, juntou todos os porta-retratos da sala que revelavam seus melhores flagrantes juntos, além da beleza e do sorriso dela, colocou-os raivosamente um contra o outro, escondendo-os onde a visão não alcançava: na gaveta do armário do último quarto do seu apartamento, um lugar ermo que mais parecia um depósito de entulhos.
Outras tentativas foram feitas sem sucesso, pois sua voz não era ouvida, seus pedidos não eram atendidos, muito menos sua dor arrefecida. – Vamos voltar, vamos ficar juntos, rastejava Cabeça, insistentemente. E Branquinha, apesar de ligar quase todo santo dia, só conseguia repetir aquela estarrecedora frase: - Estou confusa! E rapidamente desviava o assunto, partindo para amenidades.
Dia após dia era assim: ela, perdida, vivendo seus momentos de confusão; ele derramando-se em infusão: chá de camomila, hortelã ou erva-doce para acalmar o sofrimento; chá de boldo para as agruras e os nós no estômago... mas a única coisa que deu resultado mesmo foi o sofrido chá de cadeira que estava tomando dela.
A essa altura do campeonato, mesmo depois de milhões de declarações, ele queria mais era tomar chá de sumiço: suas palavras continuavam sem forças, sem encontrar eco no coração de Branquinha! E se o coração não ouve mais, babau!
Apoderando-se do verso oportuno de “Chega de Saudade” que tocava, ao telefone, Cabeça insistiu sua derradeira vez: - Amor, chega de saudade: não quero mais esse negócio de você longe de mim, disse aos prantos. Como não era profunda conhecedora da obra de Tom e Vinícius, suas palavras não a sensibilizaram e, do outro lado da linha, o silêncio era total: o telefone estava mudo, ela não atendia ao seu chamado, afinal, nada já tocava seu coração.
De repente, a aflição invadiu o peito dele: a linha caiu, rompendo definitivamente a ligação que existia entre os dois. E o que se ouvia naquele instante eram apenas os seus soluços misturando-se aos versos de Águas de Março: - É pau, é pedra, é o fim do caminho...

Foto de GASÁR POETA

NAQUELE QUARTO EMPRESTADO

NAQUELE QUARTO EMPRESTADO

Naquele quarto emprestado,
Nas curvas do corpo dela
Deslizei nas ondas do mar...
Até chegar em sua boca e beijei!
O seu corpo todo suguei,
Qual beija-flor suga o néctar da flor!
No suor de nossos corpos, no seu cheiro,
Suguei o néctar do amor!
Nos seus lábios me saciei
Comendo pêssegos, ameixas, caquis...
Beijei-a como os esquimós e as borboletas,
Gargalhadas dela tirei!
Nos momentos mais profundos,
O amor se sublimou, sua alma adentrei
E tudo se fez um!
A melodia do romantismo nos seus ouvidos soprei.
Afaguei seus cabelos
Qual vento suave e harmonioso
Afaga as gramas dos campos.
Corpo e alma nos seduzimos,
A emoção me fazia clamar!...
Seus longos cabelos sobre meu corpo
E suas mãos suave a me massagear!
Cantei os acordes da sedução
E ela com sua libido aflorada,
Sobre a cama deitada,
Com os olhos e movimentos do corpo,
Correspondia-me, então!
Choramos, rimos, coisas estranhas sentimos,
Imagens eternas nos apareceram e partilhamos.
Na cama eu a chamo, ela me chama e é só amor!
No chão, sobre o tapete, à minha maneira,
A amo e a levo ao delírio!
Ela geme, se torce, se contorce, me aperta
E me leva a gritar!
Chego ao prazer máximo,
Entro em torpor, saio do torpor, não me arrependo
E preparo para recomeçar.
As horas passam correndo e não as vejo passar.
Não sei se é dia, ou noite,
Não vejo o sol, as estrelas, ou se quer a lua,
Pois vejo nela tudo isso.
Assim como o sol e o girassol se amam,
Quero o tempo inteiro lhe amar!

Foto de Eveline Andrade

Para Florbela Espanca

Mulher apaixonada dos versos tão sublimes,
Por que me emociona tanto com tuas palavras?
Penso que tal resposta mora dentro de mim.

Sim, somos irmãs de sentimento,
Irmãs do doce sofrimento, que é amar demais.
Sinto-me revestida por tua pele de poetisa apaixonada.
Só quem ama entende os teus versos com o coração,
E derrama lágrimas como eu.

Eu que esqueço minha própria existência no momento
Em que adentro os pequeninos olhos amados.
Querida irmã, quisera eu escrever versos
Tão perfeitos como os teus.

O amor que sinto é visceral,
E minha alma perdeu-se ébria de amor,
Assim como a tua, que vem soprar em meus ouvidos palavras
Que uso para expressar tão profundamente,
O que sinto queimar no peito.

Evelyne Andrade

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