Olhar

Foto de Henrique Fernandes

MAR DE BOLSO

.
.
.

Sinto na pele a cólera dos vulcões
Forças que modificam a minha face
Dos sismos devastadores da alma
Até á incalculável força do olhar
Por campos abertos na autonomia de amar
E esse olhar dá voltas e voltas ao infinito
Dando frescura eterna ao meu intimo
Com sopros de ar puro ao meu profundo
Ditar o terror dos cumes montanhosos
No reino do meu vento de areia congelada
E estouro a ameaça da erupção da vida
No enigma do meu querer mais e mais e mais…
Tenho a idade do meu tempo deste tempo
Um errado calendário de pedra feita pó
Pó onde choro e faço o molde de lama seca
Do meu oásis invisível no deserto de solidão
Minhas lágrimas são um mar de bolso
Que me acompanha na pesquisa ao desconhecido
Não encontro o paraíso das nascentes quentes
Morada dos fantasmas que guardam tesouros
Nas areias de ouro das entranhas da terra
De onde me chega á pele a cólera dos vulcões
Prisioneiros na fonte da vida esquecida

Foto de Carmen Lúcia

Até o fim de tudo...

Só quem é movido pela inspiração,
Entra em transe, capta toda aflição,
Quem tem o dom de iluminar
De sorrir uma alegria pura,
Ou de chorar a dor que não é sua
E dá o grito de uma outra garganta
Que não teve força pra gritar, ou implorar...
Quem combate a guerra fria, todo dia,
Trazendo a paz e a luz em seu olhar,
Fazendo renascer a flor que já morria...
Quem transpassa o desespero, a dor
Em busca do bem maior...O amor!
Quem sente na pele o descaso, a indiferença
E com gestos nobres sublima a essência...
Quem dissipa a tempestade que apavora
Mostrando um novo sol que revigora,
Enfim, quem faz da esperança seu escudo,
Poeta é chamado...até o fim de tudo!

(Carmen Lúcia)

Foto de Henrique Fernandes

QUERO SER O TEU EROS

.
.
.

Lê no meu rosto resplandecente e sério
O testemunho do texto que me escreves
Com certeza de aceitares o meu critério
No que em mim deslizas e te atreves

Com palavras dos teus gestos sinceros
Que me abrem os portões da alma
Com sentimentos de ser o teu Eros
Elevando-me pela áurea da tua calma

Ao sabor da cor e do bem que me fazes
Soltando-me em melodias de gente
Ouve a música dos meus passos suaves
Hipnotizados pela tua voz diamante

Quando me chamas a ti sorrindo linda
Com os gritos silenciosos do teu olhar
Aberto por sensualidade que não finda
Milhões de metros quadrados de amar

Do teu passear pela verdade da paixão
Que manifesta a sedução tão natural
Com que embelezas o meu coração
Que bate e rebate teu nome sem igual

Foto de Carmen Lúcia

Doutrina

Ser romântica... Acreditar...
Olhar a lua e me apaixonar...
Sob a luz de prata me perder
E me refletir nesse luar...
Contar estrelas, encantar-me ao vê-las...
E todo o céu de sonhos ver piscar
A iluminar os pensamentos meus...
Que voam longe...até se escondem...
Tentam driblar o breu da escuridão,
E ir além da linha da ilusão,
Buscando luzes na imensidão,
A desvendar mistérios...
Desencarcerar ...
Quem sabe calam todos os amores
E ao soltá-los, encarcerem as dores...
Se essa é minha sina,
Minha doutrina...
Acreditar no amor, na luz que descortina,
Faço dessa trilha uma rotina,
A se integrar nos dias meus.

(Carmen Lúcia)

Foto de Sonia Delsin

DÓI A LEMBRANÇA

DÓI A LEMBRANÇA

Meu olhar se perde no que resta...
Da floresta.
Os galhos que se balançavam estão na minha lembrança.
Eu guardei o meu lugar.
Guardei a relíquia da minha infância.
Passo lá e olho o que sobrou.
Meu peito fica apertado.
Suspiro fundo, suspiro dobrado.
É do meu passado.
A floresta em festa.
As abelhas, os pássaros, o vento nas folhas...
O cheiro.
Deus, o cheiro de mato!
Guardo tudo e a reminiscência chega a me doer.
Parece que meu coração vem moer.
Quem diria que uma pequena floresta ia morrer?

Foto de Mentiroso Compulsivo

O que estou sentindo!

.
.
.

Em cada momento da minha vida
Pintei tempestades do olhar que respiro
A chuva que cai agora já não faz sentido
Reclamo as gotas de água feitas de fogo
Que queimaram e molharam o meu telhado de papel
Trespassando as paredes densas do meu coração
Inundando as veias do meu corpo difundo no céu
Só o vento é capaz de ter a consistência plena
Para me proteger da alma que me quer espavorecer.

18.FEV.08. Jorge

Foto de andres rodrigues

Uma visão do passado

Uma folha branca,
Um pensamento perdido,
Uma palavra solta,
Um olhar esquecido,

Uma frase escrita,
Numa alma perfeita.
Um deseijo oculto.
Uma paixão desfeita.

Uma vida de criança,
Uma sombra solitária,
Um coração vagabundo,
Uma históría de fadas.

Um pássaro livre,
Um destino traçado,
Uma vitória sofrida,
Um fim indesejado.

Uma voz divina.
Um grito no céu!
Um ser sublime,
que neste mundo nasceu...

Foto de Sonia Delsin

OLHAR GULOSO

OLHAR GULOSO

É tão gostoso teu olhar guloso.
Tua boca fica tão quieta.
Imóvel.
E teus olhos andam.
Meu rosto eles percorrem.
E descem.
Param no pescoço.
Olhar guloso.
Descem mais.
Nos meus seios eles se demoram.
E escorregam.
No meu abdome teu olhar parece que some.
E reaparece.
Ele desce.
Teu olhar tem hora que vira uma prece.
E eu fico acompanhando.
Sinto que vais me acariciando.
Tuas mãos resolver se mover... e a tua boca.
Aí sim é que eu fico louca.

Foto de Carmen Lúcia

Adeus, amor! (conto)

Teria sido a carência afetiva, a solidão que sentia(mesmo rodeada de pessoas, que não a entendiam)que a arrastaram a viver aquele amor proibido?No começo ela recusava incessantemente...Mas foi, aos poucos, perdendo sua força e se entregando.Passou a viver momentos maravilhosos, intensos, inusitados.Não se conheciam pessoalmente, mas a alma os revelava.Palavras inesquecíveis pelo celular e internet.Tudo se transformara num conto de fadas.O mundo lhe sorria.Começou a se cuidar mais, a sorrir mais, a se amar mais.Era mais velha que ele e disso ele sabia.Dizia que não mais conseguiria viver sem ela.Nem ela sem ele.E esse romance arrebatador durou dois anos.Certo dia, a realidade caiu-lhe como o mundo em sua cabeça.Lembrou-se que era casada e que não lhe havia contado ainda.Sentia-se emocionalmente divorciada, já que o divórcio propriamente dito, por motivos alheios a sua vontade, não poderia acontecer agora. E ser casada, naquelas condições, não lhe significava nada.Era apenas um peso em sua vida.Mas como ele encararia o fato?Saberia entender?Claro que sim, pois conhecia, palmo a palmo a sua alma.Sabia do imenso amor que ela lhe dedicava.Sim...ele a compreenderia porque a amava muito também.Temendo perdê-lo, preferiu marcar um encontro, para que, olhos nos olhos, lhe revelasse a verdade.Estava certa de que nada mudaria, porque conhecia a fundo o seu íntimo, sua alma.Era seu aniversário.Dia do encontro. A emoção tomava conta de seu ser.Colocou uma roupa que lhe caía muito bem, ajeitou os cabelos e sorriu para o espelho. Admitiu a si mesma que estava bela.Talvez pelo brilho intenso em seu olhar.Chegou ao lugar combinado.Lá estava ele, dentro de seu carro. Ao vê-la, pelo retrovisor interno, abriu a porta e se aproximou. Ambos tremiam.Chegara o momento.Se ele a compreendesse, ela seria capaz de deixar tudo e partir com ele.Entrou em seu carro.Olharam-se por longos minutos.Então ela falou:-Sou casada!Porém...Ia lhe explicar tudo, mas ao perceber sua transfiguração, seu olhar gelado condenando-a, preferiu se calar. Assim como ele estava:sombrio e calado.De que serviriam palavras naquele momento?Um olhar fala mais alto. Um olhar de condenação é como um punhal fincado no peito, que fere e mata.E ela quis desaparecer, sair correndo daquele lugar, fugir...Ao despedirem-se, ele balbuciou algumas palavras, algo como:-Virei aqui mais vezes, para conhecê-la melhor.Como conhecê-la melhor se ela lhe havia aberto a alma?Ela lhe respondeu:-Não, aqui termina a nossa história.Uma linda história de amor, que me fez crescer, me fez reviver, mas que agora termina...Muito aprendi com você, que devolveu-me a capacidade de amar...e foi uma poesia em minha vida. Beijaram-se...Um beijo triste, com sabor de despedida.E nunca mais se viram.

Foto de Carmen Lúcia

Castelo Azul

Ali ela vivera os dias mais felizes de sua infância. Acordava cedinho, fazia seu desjejum, um pedacinho de pão e um copo de leite que seu pai guardara para ela, na noite anterior,
beijava os pais e ia para a escola, onde ficava toda a parte da manhã.
Era aluna exemplar, alegre, sorridente, cativante. Aprendia com facilidade, amiga de todos.E todos a amavam.
Apesar das dificuldades, pai desempregado, mãe com problemas de saúde, ela amava a vida.
Chegava da escola e ajudava o pai nos afazeres de casa.Morava num casarão antigo, que mais parecia um esconderijo, em um beco e que ela chamava de “Meu Castelo Azul”, pois assim imaginava que fosse.
Enchia a mãe de cuidados e carinhos, como se fora um bebê.Não sabia ao certo o nome do mal que a atingira, que a fizera ser diferente de todas as mães, mas lhe dispensava um grande amor.Ouviu falar em “ Alzheimer”, mas não sabia o que era, nem conseguia pronunciar tal palavra.
Procurava fazer seu pai sorrir com suas tagarelices e brincadeiras. As tardes eram sagradas para ela.Reunia os amiguinhos e ali mesmo, em frente ao seu castelo azul, tornavam-se personagens de contos de fadas. E os cantos vazios do lugar enchiam-se de risos, de alegria, de vida.Havia princesa e príncipe, rei e rainha, as malvadezas da bruxa má e a bondade da fada-madrinha, com sua varinha de condão.
A velha escadaria do casarão tornava-se luxuosa, com suntuoso tapete vermelho, por onde deveriam passar o rei e a rainha, frutos da imaginação fértil das crianças. À noite, fechada em seu quartinho, sob a paupérrima iluminação de uma lampadinha, relatava em seu precioso diário, os acontecimentos do dia.E vibrava com isso.Guardava- o como a um tesouro.
Hoje, a menina já crescida, sofrida pelas dores da guerra, já não sonha mais.O ódio, a ambição, o desejo desmedido pelo poder,levaram seus sonhos, pisotearam seu coração, destruíram seu “Castelo Azul”,quando seu pequeno mundo foi atingido por uma bomba vinda do céu.
Voltava da escola e ao ouvir o barulho terrível, correu para sua morada...e não achou mais nada, além dos escombros e de algumas pessoas que procuravam resgatar os corpos de seus pais. Entregaram-lhe algo encontrado no meio das ruínas:seu diário.
Tornou-se uma moça linda, porém uma grande tristeza habita seu olhar e uma grande dor, o seu coração.Fora morar com um casal amigo de seus pais, que se compadeceu de sua história.
Consegue abrir um lânguido sorriso, quando à noitinha, abre seu relicário, o grande tesouro que lhe restara, o velho diário e lhe vem a lembrança nítida de seu “Castelo Azul”. Pequena fresta de esperança!

Carmen Lúcia

Páginas

Subscrever Olhar

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma