Óleo

Foto de Dennel

Em todo tempo te amarei

Meu amor, quanta saudade presente no meu peito! Quantos olhares infinitos perdidos no horizonte. Minha vida tem se tornado um turbilhão de pensamentos, desejos alucinantes para correr para seus braços, beijar seus doces lábios, sentir o calor dos seus formosos seios comprimindo-se em meu peito carente do seu amor.

As horas tem sido difíceis para mim, pois em todas elas, as lembranças de nossos momentos me atormentam com sua ausência, mostrando-me o que perdi.

As dores que sofro, são dores da alma, mas que se refletem no rosto, no coração, e quem olha para mim percebe que estou doente, mas não imagina do que. Ah! Se eles soubessem que é paixão por desejos incontidos, por beijos perdidos, por laços desfeitos e sorrisos suprimidos.

Muita amargura e dor têm deixado transparecer involuntariamente, as horas passam sombrias.

Vou sonhar, no sonho sou um pescador de ilusões, sonho que estou em seus braços, em doce e suave beijo, ouço e digo as mais lindas palavras de amor, de arrebatadora paixão. Mar calmo, marulho suave; na sombra de frondosa árvore, nós deitados, você reclinada em meu peito, praia deserta, nos amamos.

Hei! Apenas me desperte para perdoar-me e aceitar todo o amor que fervilha em meu peito, pois se um dia jurei que era minha família, meu mundo, meu tudo, não foram palavras em vão, mas ungidas com o óleo sagrado do amor.

Nos portais do tempo escrevi uma frase: “Te amei ontem quando te conheci, te amo hoje quando quero um perdão, te amarei amanhã, sendo também amado!”

Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2009 All Rights Reserved

Foto de Carmen Vervloet

A Dádiva da Maternidade

A Dádiva da Maternidade

(Uma homenagem às mães da atualidade,
que desejam ardentemente, mas que por motivo de força maior
se vêem obrigadas a retardar a maternidade)

Uma estranha conspiração
Frustrou teus desejos...
O sonho foi engessado.
O capitalismo selvagem
Quase te fez perder a hora
Era preciso estudar, conquistar, amealhar,
Estabilizar a vida...
E só depois... Só depois gerar
O fruto do amor.

Padeceste mãe, o medo da porta fechada,
A pressão da gestação não anunciada,
A insegurança do óvulo não fecundado,
Do sonho frustrado.
A madrugada congelou lágrimas de dor.
A esperança amarrada por tênue fio,
Quase ruiu...
Só a fé acesa em pavio molhado em óleo,
Jamais se apagou.
Sofreste mãe, mas hoje sorris feliz!
O sol enternecido aqueceu por nove meses
O desejado fruto
Semeado com o mais puro amor!
Engravidado com o fogo do coração...

Hoje, um hálito de criança
Acaricia teu rosto,
Um choro forte soa como música
Aos teus ouvidos
E amamentas a tua cria
O que só faz crescer e fortalecer
A tua vocação de mãe.

Um botão em flor suspira,
Enfeita o lar...
Um Anjo chegou suavemente
E brinca no jardim com o beija-flor...
E tu, mãe, derramas lágrimas de emoção
E agradece a Deus
A dádiva da maternidade!

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora

Foto de himesama 2009

Porque o sofrimento?

Já tentei entende o motivo de tanto sofrer de algumas pessoas... dentre elas, o de minha avó, que está acamada há mais de 4 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Lembro-me tão bem de minha avó, quando ainda gozava de saúde.

Ela sempre foi uma mulher guerreira, alegre, gostava de "prosear" conforme costumava dizer, com as pessoas que passavam em frente à sua casa. Ela ficava longos períodos alí, na área da frente, sentadinha em sua cadeira e as pessoas que por alí passavam, gostavam de conversar com ela. Ela sempre foi uma pessoa muito sábia. Tinha sempre a palavra certa, na hora certa. Foi ela quem, praticamente, me criou, até os meus quase 2 anos de vida. (Minha mãe havia ficado bem doente e precisou ser internada para um longo tratamento e então, essa mulher extraordinária, que é a minha avó, ficou comigo e com minha irmã e de nós duas cuidou, com tanto esmero e cuidado... Levava-nos à igreja todos os domingos... cuidava da gente quando adoeçíamos (lembro-me bem de seus cházinhos caseiros... de seus xaropes tb caseiros... Quanta sabedoria naqueles cabelos brancos! :-)

Uma mulher cristã, de base firme e que sempre lutou com a vida! Quando pequena era trabalhadora braçal, na colheita de algodão, café e feijão. Quantas estórias a minha avó me contou? Eu até perdi as contas... (Suspiro) E elas eram sempre recheadas de muita emoção, suspense e que sempre nos ensinou muita coisa...

Ah vózinha... Nosso "bunê branco" como costumamos chamá-la (por conta de seus cabelos brancos, que teimaram em nascer, logo, ainda em sua mocidade ( e a quem eu puxei... (rssss) (Não fosse o fato de eu tingí-los, com certeza estariam bem grisalhos... Não que eu me importe, mas... hoje em dia, a aparência conta muito... não é? Principalmente no campo profissional...) Vózinha querida! Como nós queríamos que você pudesse conversar com a gente! Como você sempre fazia! Como achamos falta de seus conselhos... Do som de sua risada... De sua voz doce e meiga e nos desejar um bom dia quando íamos para a escola ou para o trabalho...

Hoje a senhora está travada, naquela cama hospitalar, (embora em casa), com aquele "ferrinho" na garganta (traqueostomia), não podendo mais se comunicar conosco... Sabe vó... Isso dói tanto em todos nós... Também o fato da senhora estar sendo alimentada, através de uma sonda estomacal... desde então... Embora tudo isso vó, e, muito embora uma boa parte do brilho de seus lindos olhos verdes terem se apagado... A senhora continua linda! Linda como nunca! Lembra-se vózinha... que eu sempre dizia à senhora, que, quando ficasse velhinha, queria ser tão linda como você? E você sorria, encabulada. Balançava a cabeça e dizia: -"Ora! Imagine só!! Eu?? Linda???" E enrubescia.

Aiiii! Que linda!!!!! Que linda que vc ficava vó!! Assim, ainda mais corada do que já era... (por ser descendente de franceses) Sua pele... sempre tão linda e acetinada... E ainda hoje, apesar do avanço da idade, (hoje a senhora tem 97 anos), continua com a pele bonita. Algumas rugas? Claro! Impossível seria se não as tivesse, mas, devido ao fato de estarmos sempre a hidratando, com Óleo de Girassol (Dersani) você continua dona de uma pele inigualável. Até brincaram com você lá no hospital? Você se recorda vó? Falaram que a sua perna era mais bonita que a de muitas enfermeiras! (rsssssss) :-)))))

Vó! Você é uma mulher valente! Forte! Os médicos disseram que a senhora somente sobreviveu àquele AVC porque você tinha muita vontade de viver! Somente por isso!

Eu sabia vó... que você não iria desistir assim, tão facilmente... E se você ainda continua entre nós, é porque Deus tem um propósito. O qual ainda não sabemos... mas eu sei que um dia vamos entender o porque!

Uma das coisas que me ocorre é que talvez, através disso tudo que aconteceu e que mudou radicalmente as nossas vidas, é o fato de Deus querer desenvolver em nós todos a paciência, a calma em todas as situações e a continuarmos firmes em nossa fé, aquela mesma que você nos ensinou. Há um versículo na Bíblia que diz que Deus não dá nada que não possamos suportar e que Ele nos dá o livramento. Nós louvamos a Deus pela sua existência, querida vózinha! Vózinha do nosso coração... Mulher amada e fabulosa!
Mulher que jamais mediu esforços para bem cuidar de seus filhos, netos e bisnetos. Lembro-me tão bem quando nasceu o seu primeiro bisneto vó! Você ficou tão orgulhosa!!! :-)
Depois vieram os outros... Dois deles, meus filhos... Que hoje já são homens feitos... E que também te amam muito vó. Eles a chamam de vó bisa né?? (rssss)

(Suspiro)

Vó... Eu não sei por quanto tempo ainda você estará entre nós, mas eu queria deixar aqui a minha homenagem à você, mulher incomparável e de quem eu sinto tanto orgulho em ser neta! Agradeço-te por tudo o que você me ensinou, ao longo de minha existência e espero, sinceramente, poder ter pelo menos 1% de sua garra, de sua força, para poder enfrentar todas as dificuldades, lutas e obstáculos que a vida nos reserva! Minha oração a Deus é que você, no dia de sua partida, rumo ao seu lar eterno (o qual, tenho a certeza de que Deus já preparou para a senhora, com ruas de ouro e rubis) você chegue lá, feliz e realizada! Sabedora de que cumpriu perfeitamente o seu papel de mulher, esposa, mãe, avó, bisavó, além de amiga fiel, conselheira fabulosa, boa vizinha. Enfim: a pessoa mais maravilhosa que eu jamais conheci!

Te amo de montão minha querida avó Olívia!

Que Deus tenha misericórdia de ti e te dê a paz!

Amém.

(com todo o amor e carinho de sua neta,

Himesama 2009)

Foto de Agamenon Troyan

ELMARA, UMA ARTE INFINITA

ELMARA, UMA ARTE INFINITA

Machado é uma cidade privilegiada de grandes artistas. Mesmo com a difícil tarefa de conseguir patrocínios e expor as suas obras, eles lutam pelo o seu objetivo. O fanzine Episódio Cultural foi conhecer um desses artistas, a jovem Elmara Helena da Silva, (22 anos) moradora do Bairro da Vila Conceição. Aos 12 anos, começou a fazer cartões em papel vegetal. Seis anos depois aprendeu a pintar em estilo abstrato. Posteriormente fez um curso em tecidos com a artista Dulcilene Gonçalves (diretora da UNIARTMA).

Entre os professores que acreditaram em seu potencial estavam Regina Salles e a artista mencionada anteriormente. Em suas pinturas a óleo, percebe-se a influência de Salles. Alguns desses quadros como a “As Pirâmides” (sua primeira pintura abstrata); A Fênix, Natureza Morta, A Igreja e, Paisagem com Flôres, refletem momentos de profunda reflexão, alegria, misticismo e tristeza.

Seus trabalhos, incluindo pinturas em cerâmica, foram expostos no colégio Iracema Rodrigues, onde estudou. Professores, alunos e visitantes, ficaram muito surpresos. Meses depois, seus quadros foram exibidos na Feira da UNIARTMA (Praça Central); na Exposição do Atelier da artista Regina Salles (Casa da Cultura) e no CESEP, onde atualmente faz o curso de História. Há alguns meses ela escreveu um poema abstrato (baseado em seu quadro, “A Moto e o Sofá”).

Entre os livros ela mencionou as biografias de Pablo Picasso e Frida Kahlo. “Sinto Muito” de Gabriel Chalita; “Educar com Oração” e “Pedagogia do Amor” de Rubem Alves. Seus filmes favoritos são: “Reflexo de uma Amizade”, “A Luta por uma Esperança” e “O Sorriso da Mona Lisa”. Ela já tem convites para expor em São Paulo no ano que vem.

Contatos e patrocínios: Rua Santa Teresa, 98. Fone: (35) 3295-3679 / Vila Conceição. Machado-MG 37750-000

“A pintura é uma arte infinita. Está sempre mudando. Há um campo, um céu, uma cor diferente que sempre aparece. Nunca é igual...” (Elmara H. Silva)

Foto de Joaninhavoa

PRESENTES OLVIDADOS!

*
PRESENTES OLVIDADOS!
*

Luzia foi uma formosa donzela de Siracusa.
Segundo reza a história surge em famosos quadros
pintados a óleo e em bandejas, verdadeiras
relíquias ezíguas.

Olhavam suas formas deliciosas
Nas chagas de óleo cores e misturas
Semicerravam os olhos para ver o pormenor
E acertar tiro ao alvo no epicentro comedor

Figura fascinante! Atraía os olhares
Das gentes a matéria e suas composições
Eram nos quadros algo pr`além de suposições
Verdadeiras obras d`arte onde rumores

Mil vezes repetidos por quem privava
Cruzava com tais presentes sacramentos
Mil e um serafins em esplenderosos reflexos

Saboreavam-na em neutras cúpulas
Seus reconditos cachos espelhados
Crucificados por pensamentos

Jamais esquecidos! Óh formosíssima
Ângulos adornados vértices onde a boca
Constrói presentes olvidados

Nunca antes conjugados.

Joaninhavoa
(helenafarias)
28 de Dezembro de 2008

Foto de Rosinéri

MEU TESTAMENTO

Senhor advogado estas são as primeiras notas, para o caso do inevitável evento:
Já vivi 43 anos.
1º- Não deixo bens.
2º - Deixo minha pele. Está um pouco marcada pelos anos: Alguns riscos. Foram artes da infância. Outros, pancadas da vida.
Vê-se que não é muito bonita, mas bem tratada servirá como agasalho.
Outra opção é curti-la bem; poderá redundar em boa sola , esquentará o pé de alguém.

3º- Meus olhos eram bonitos, de um verde profundo. Hoje apresentam vestígios do tempo enxergo pouco, operado e outro por operar.
Mesmo assim, são expressivos - Enquanto vivos.
Leve-os imediatamente a um banco de olhos, pois as córneas são aproveitáveis.

4º- As vísceras poderão alimentar qualquer cachorro faminto. Não as deixe estragar.

5º- A gordura ( Fiquei um pouco obesa nesta puta vida pequena) fornecerá bom óleo para qualquer pessoa que faz sabão.
6º- Meu cérebro- pobre cérebro -tem muito fosfato. Adube qualquer terreno estéril.

7º - Do resto façam o que quiser.
Os ossos darão bons artesanatos ou, se triturados, bom adubo também.

NB: Quanto ao coração deixem-no sossegado.
As coronárias estão meio obstruídas, mas o
coração é grande... É bom. Cheio de amor.
Enterrem-no em lugar simples e bucólico.
Não demarquem o local.
Tenho certeza que lá brotarão flores.
Corpo presente de amores deixados.

Foto de Sonia Delsin

HOMENS. TOMEM CUIDADO!

HOMENS. TOMEM CUIDADO!

O nosso planeta está sendo tão maltratado.
Tão maltratado que regiões antes bonitas hoje parecem jardins abandonados.
Tudo secando, morrendo.
Será a humanidade não vai acordar?
Os rios poluídos estão a chorar.
O mar... até o mar chora em regiões que a poluição faz estragos irreversíveis.
Morrem aos poucos lindas cachoeiras, florestas inteiras.
Será que toda esta beleza que vemos se transformará num estéril deserto?
O destino da terra é incerto.
O superaquecimento do planeta é um fato e parece que estamos ignorando.
Vamos poluindo, deixando.
Deixando que outros tomem providências.
Ignoramos as evidências.
Estamos sendo omissos? Estamos preocupados?
Nossos filhos, netos terão o quê pra desfrutar?
Eu me preocupo e tento ajudar. Se cada um de nós fizer o mínimo neste sentido já será uma grande ajuda. Que tal dar um final correto ao óleo da fritura? Que tal reciclar? É uma forma de ajudar.
Podemos plantar uma árvore, podemos varrer a calçada.
Ajudamos assim, fazendo quase nada.

Foto de Sirlei Passolongo

Era uma rosa vermelha

Era uma rosa vermelha
Feliz a espera da primavera
Ouvia de longe o canto das fadas
Que anunciavam sua chegada
Acordou certa manhã...
Com suas pétalas machucadas
Óleo e fuligens de lixo
Sobre ela
Derramados...
E a pobre rosa em botão
Viu seu sonho se tornando cinza
Aos poucos, ela murchou
E a primavera? Pra ela nunca chegou
E sem ela... Triste ficou.
(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Izaura N. Soares

Meu Corpo Pede Bis

Meu corpo pede bis
Izaura N. Soares

Devaneando meus pensamentos...
Sentindo seu toque, respirando seus argumentos
Num lugar que foi desenhado só para nós.
Deixe-me cavalgar no seu corpo,
Delirando de prazer,
Confortando meu desejo,
Excitando o seu ego freneticamente
Num ritmo acelerado onde meu corpo pede bis.
Excito-me só de olhar para você. E vejo
No seu olhar a súplica de um desejo a se formar.
Quando o meu corpo se junta ao seu,
Nosso óleo umedece nossa intimidade que nos
Deixa loucamente apaixonados.
Somos somente eu e você,
E o nosso amor se completa num
Gozo há muito guardado
A espera da nossa entrega total.
Não tenha medo de se entregar a mim.
Porque, toda vez que tu sentires medo
Deixa-me mais excitada querendo explorar um
Universo proibido que me deixe completamente
Transtornada, alucinada.
Portanto, não tenhas medo...
Por que se tiveres, não responderei por mim!

Foto de Carmen Lúcia

Paisagem urbana(modificada pelo homem)

O sol começa a se espreguiçar.
É a rotina...São dez da matina...
Embaçado, pretende acordar a manhã,
iluminar a estação...Primavera?
Tão linda ela era...
O céu se acinzenta...
Nuvens?Não!Fumaça!
Fusão de azul e petróleo
sobre veículos e pedestres apressados...
Odor de óleo queimado...
Som estridente, alterado.Rock and Roll?
Não!Buzinaço a todo vapor...
Barulhos de trens do metrô...
Agitos do vai e vem...
Luta do dia-a-dia!
Pela sobrevivência...pela conveniência!
Alguém ainda dorme no banco da praça.
Cachaça?Acordar?Não tem graça!
Algo surge no céu, sem escarcéu...
Não é nave espacial...
É a lua prestigiando um luau.
(saudade dos velhos saraus)
Pontinhos cintilam fraquinhos...
Vaga-lumes?Não!Estrelinhas!
(nas entrelinhas)
Querem dar o ar da graça!
Coitadas!Tão sem graça!
E o corre-corre continua...
Agora a paisagem é crua e nua!
Luzes incendeiam bordéis...
E os sonhos?Vendidos aos tonéis!
Casas noturnas, peças teatrais...
Encenam vidas reais...
Travestis e prostitutas disputam locais,
esquinas se enchem de marginais...
O êxtase excita, alucina,
domina atitudes tribais, canibais...
Poetas observam, perdem-se em rimas...banais.
Um barzinho, um cantinho e um violão...
Um estampido, um grito, sirene e furgão.
Numa igreja, louvores e cânticos,
nos cantos, clamores do sexo,
e toda a fé perde o nexo...
De repente, um seqüestro-relâmpago...
Nas casas, noticiários na televisão,
em volta, grades de prisão!
Uma coruja espreita, assustada...
Espera o dia surgir
pra dormir...sossegada(?)

(Carmen Lúcia)

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