O meu corpo feito de água transparente,
vinda da nascente do sol em asas de condor,
caminha pela aurora da lua ingente e brilhante.
Causando tempestades de sol revoltas nos oceanos,
a fazerem a ponte entre a terra e o paraíso,
envolta em infernos de chamas feitas de cinzel.
Levado pelo pecado que tenho da sede de cinzas
que rebentam da fonte seca do meu coração.
Sucumbo à luz do dia e desfaleço no luar da noite.
Caminho errante durante todos estes anos de vida.
Não vejo, não sinto nada o que os devotos contam.
Só nestas palavras encontro uma morada de harmonia,
um abrigo diferente do nada, onde procuro o refugio,
dos vapores inflamantes que corroem em meu corpo.
Ticões crepitantes e ardentes a queimarem a fina teia,
com que ela bordei as nuvens do caos de peso inerte,
para fazer o filtro da discórdia entre a luz do sol e da lua.
Há uma extensa paixão que há muito não habita
Na suprema realidade da minha indomável solidão
Sobrevivendo á seca despontada nos meus vãos
Vigorizados e demasiadamente repetitivos
Desolados em gotas que acumulam nuvens de dor
A solidão deixa de ser triste quando é liberdade
Numa verdadeira terra de ninguém de alguém
Sobre um planalto varrido por ventos de fogo
Onde as sementes esperarão o regresso das chuvas
Adormecidas na erva daninha do esquecimento
Na franja de uma esperança que absorve o amanhã
Desnudando arbustos que dançam sem eco
Deixando apenas uma crosta salgada de lágrimas
Semeando no rosto uma colheita de nada
Num jardim sobre uma lua que não existe
Esvaziando-me de entrega a esperas que não esperam
Afio as garras do rancor sobre o dorso
De um rochedo de ausências nas minhas vontades
Que reclamam poéticas num alarme que soa revolta
A saudade devora o tempo de medo mas saboreia
A esperança encontrada num amor tatuado
No Sol que bronzeia de prazer cada ontem
Do meu chegar hoje a este cálice de emoções
O amanhã é sombra iluminada de luz
De carências que a alma exige do corpo
Que trago ao colo de uma paixão contida
Num subsolo de duvidas confirmado
O ideal toca-me o olhar com a perfeição
Num puzzle que a solidão não completa
Gritando o murmúrio de uma alma gémea
Num caminho por entre a noite fria,
vi uma árvore carregada de flor,
que tentava crescer na erosão do ar,
mas com peso excessivo, de tantos gomos,
demasiado para os ramos da minha alma.
Um sentimento da fímbria onda branca,
meditando na noite que devora as páginas do mar,
sob o oceano de conchas a formar orquestra
das novas melodias de Chopin (eu as ouvi)…
Gotas borbulhantes bailando na água
que apanhei como bailarinas dançantes,
num ballet fechado em minhas mãos.
Toda a forma real e irreal incontida,
entre águas do céu feitas de vidro
é o mundo que vejo e nunca vi antes.
Um desejo que respiro mas que não escolhi.
Pedi a Isthar para procurar por mim o céu,
que traça as prosas e versos entre um mar de rosas,
que crescem em águas azuis, por entre espinhos.
Definindo e traçando um outro caminho
Até às nuvens que já suspiram a canção de “benvindo”.
Enviado por Carmen Lúcia em Sex, 07/03/2008 - 20:40
De quantos vôos necessitas
Pra extravasar teus trinados?
De quantas cores te camuflas
Pra desmascarar camuflados?
Às vezes, suave passarinho,
Na construção de seu ninho,
Esposa, filhos, lar...
Por outras, és sabiá,
Entoas tristes gorjeios
Trazendo saudades de lá...
Ou então, um beija-flor...
Planando... Não sais do lugar,
Vôo rasante, apaixonante,
Rodeias a flor pra lhe falar de amor!
Transmutas-te numa gaivota
Quando queres reverenciar o mar...
Entre nuvens desapareces,
Em altas ondas ressurges,
Vôos coreográficos
Em azuis celestiais.
E quando ronda o furacão
És o condor que reaparece
E das grandes montanhas desce
Camuflando-se de negro tufão
Em defesa dos oprimidos,
No combate à corrupção.
Amar...
Como eu amo
é se sentir nas nuvens
mas padecer em sonho
chorar antes do beijo
sorrir de desejo
caminhas nas estrelas
e adormecer na lua
Colher rosas no Éden
Pra se vestir de pétalas
Pensando em ser sua.
"Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
P’ro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar."
( O trenzinho caipira: Heitor Villa Lobos)
****************
O trenzinho do Menino Marcelino
...Voouuuu...!!!
Jáááaa...voouuuu...!!!
"Lá vai o trem com o menino” (adaptação, igual primeira parte)
Lá vai a lida a rodar
Lá vai criança, o menino...
Na cidade a sonhar...
Lá vai o jovem-menino
Pro o amor encontrar
Correndo vai pela praia,
Vai pela areia, a beira do mar
"Cantando pela serra do luar"
"Correndo entre as estrelas, a voar...
Voarrr...Voouuuu... Luaaarr... (sons de locomotiva)
Luaarr...
Vooouuu..uuu..uuu...
"Lá vai o trem c'o menino ( Segunda parte declamada)
“Lá vai a vida a rodar,”
Lá vai ex-criança, jovem-menino,
À cidade e noite a girar, (terceira parte cantada )
Lá vai o trem, seu destino,
O dia e noite encontrar
Correndo vai pela terra,
À cidade entre a serra e o mar.
"Cantando pela serra do luar"
Correndo entre as estrelas a sonhar...
Sonhar... luar, amar, no mar...
Até Itanhaémmmmm (Quarta parte apenas musicada)
À beira do mar...ar...ar
Fuuiiaaammooorrrr
Itanhaémmmm...
Jáaa... fuuiii...
Lá vem o trem do menino, (Quinta parte adaptada - retorno )
Após o amor encontrar,
Correndo entre a areia e o mar
Vem pela serra,
Do maaar,
Voltando pela serra do luar,
Correndo entre as estrelas a sonhar.
Sonhar, c'o mar, amaarrrr.......
Já fuuiiii
Voltaaarr ..voa ar.. Fuuiiuuuuu...amarr...
Fuuuiiiuuuuuuuuuuuu..voaaarrr...
NB. Não tenho a mínima intenção de mudar a letra do Grande Compositor HEITOR VILLA LOBOS, estou apenas fazendo uma adaptação da interpretação da música feita por "ZÉ RAMALHO", à segunda parte do vídeo-poema Nuvens de Fumaça I, de minha autoria (pois, pretendo a escrever sobre o tema), cujo vídeo-poema foi magistralmente ilustrado por CARMEM CECÍLIA, em You tube, no endereço seguinte:
Sonhei seus olhos
Roda-gigante
A circular em mim
Emoções rodopiam
No meu corpo
Movimentam
Lençóis azuis
Moinhos de nuvens
A desabar
E encharcar
A cama...
Desejo líquido
Contido na íris
Do teu olhar
Que traz a noite
E suas vertigens...
Hipn (ótica)
Eros na ótica
Erótica!
Aprisionada
Em teus círculos
Claustro libertino!
Retinas retendo-me
Lá dentro...
Onde me molho
E moro
Nas noites
Em que seus olhos
Me visitam...
Ah nós poetas,
Que por outros,
Somos taxados de loucos,
quando tão pouco
querem saber
o que os poetas sentem!
Somos gente,
que desde muito cedo,
aprendemos a amar.
Somos apenas diferentes...
Loucos não!!!
Só porque vejo o vento?
Falo com a flor?...
Sou sensível ao amor?
Louca não sou...
Só porque namoro um beija-flor?!...
Ahhh pessoas normais!
Venham com a gente...
com os poetas,
sejam diferentes,
mudem o mundo,
e, em apenas um segundo,
construam a paz
escrevendo um verso de amor...
Não encostem-se em ideologias
não façam magias,
façam apenas poesias,
sejam voces sejam como for,
mantenham vossa imagem,
não usem aparências outras...
Penso, como eu seria
se normal eu fosse,
sem nunca ter visto
a fada da meia noite?...
Eu seria tão triste,
sem meus carneirinhos,
que cuido com carinho
em nuvens molhadas...
Fico pensando;
se eu não fosse poeta,
sem nunca ter
recebido a visita
da lua em quartos...
Ela que pela janela
entra em meu quarto
para ser a dona da festa,
em noites de poesias...
espalhando alegria,
em versos de amor...
Ahhh, se eu não fosse poeta,
louca seria,
por não acreditar
no amor...
Prefiro ser poeta,
entrar nessa festa
como "louca"
...e ter o poder
de trazer todos quem eu amo
para bem pertinho de mim.*..
Esta noite foi a noite que foi madrugada
Em que ao sexo ficaste por mim devotada
Como quem se prende num jardim
De sons de flores a chamar por mim
Resguardados na jarra que deixei
Olhares lançados deitados na cama
Sobre um corpo de curvas moldadas
Entre lençóis brancos desdobrados
Nuvens suspiravam teu sono, ou seriam sonhos?
Vi teus olhos verdes num embalo fechados
Sentia o ar que junto a ti respirava
Como uma perpetua carícia incandescente
Que dentro de mim entrava para sempre
Caminhei em direcção a ti e junto de ti
Invoquei aos deuses a imagem de Afrodite
Sonhos invisíveis brotaram do silêncio
Incontidos em pianos de espuma com cio
Eras corpo azul pelo âmbar da manhã
Capaz de perdurar adormecida para sempre
Na chama de um nome que ao mundo não digo
Nesta noite que foi madrugada
Foste pedaços de muita coisa
Que eu tentei juntar e colocar
Mas havia sempre algum que ficava desfeito
Na chuva que caia, levado pelo vento
Eu abri a porta e sai, deixando-te a dormir ali.
Aconchego-me e aqueço a alma
Na temperatura agradável do teu corpo
Ao entrares na minha cama com convites
Que sugerem a minha entrega ao fim do mundo
Porque tudo lá fora deixa de existir
Na minha cama aquecida pela nossa volúpia
E os lençóis deixam de ser lençóis para serem nuvens
De paixão onde sonhamos ajustados
Ao prazer que se transforma num corpo de amor
De dois corpos largados pelas suas almas
Que de estrela em estrela ao som de um violino
Dançam pela galáxia numa bússola romântica
E nossos corpos ali fundidos em matéria física
Homenageiam os sentidos de quem ama
Olhando a sensualidade com o charme de ambos
Que nos enche os olhos com fogo de artificio
De fantasias expostas no tecto do meu quarto
Ouvindo a delicadeza do som ao beijarmo-nos
Que no bom nosso silêncio soa como sinos
Batendo as horas que confirmam a nossa união
Sentindo o tacto ao pormenor do nosso toque
Honrando cada curva dos nossos corpos adormecidos
Na primavera hilariante dos sentimentos fieis
Que partilhamos nesta entrega sem pudores
Saboreando o néctar da vida nas nossas salivas
Contempladas em nossas línguas desejosas
De mais e mais querer saborear gulosamente
Mortalmente pecando a gula do nosso amor
E satisfeitos respiramos o sopro dos suspiros
Soltos na minha cama onde és bem-vinda meu amor