Não existe mais por quem ficar,
a vagar sem motivo sequer.
Se o céu me pede para voltar
deste mundo que não mais me quer.
Vou abrir as asas e largar...
Ser levado, sem lágrima alguma
a me perder em algum lugar
onde até a lembrança suma.
Voltarei a distância, nula,
de morrer o que me faz lembrar.
Sangrar lágrimas e medula
neste sol que irá me incinerar.
Vou fazer o adeus sem dizer
e chorar no vácuo de ninguém ver.
Como as lendas que para morrer
basta apenas se esquecer.
Partido ao léu, partir em asa
no tempo que irá desbotar...
Nesta noite que me abrasa
enquanto tudo some no ar.
Desisto ao vento que tome,
que some ao perdido sonhar
um anjo triste, sem nome,
que não pode mais ficar.