Mistério

Foto de Eddy Firmino

ROSA DOS VENTOS

Posso sentir-te em minha face
Bela musa atrevida e valente
Ventania de dois mundos tão opostos
Na beleza de teu corpo reluzente

Teu olhar esconde um mistério
Inacreditável e desejável em tua vida
Espera incançável e inconstante
Dor terrível e insuportável da ferida

Pertencer-te é uma inalcansável possibilidade
Miro o horizonte a consolar-me com o vento
Não me sais do pensamento um segundo
Minha alma vive aos prantos e tormento

Quando ando pela rua solitário
Uma folha passa e beija lentamente
Nela está você que aos poucos distancia
Me deixando em devaneios totalmente

Nossos sonhos se cruzam por aí
Numa louca paixão que tudo estraçalha
Forte vento;um tufão na tempestade
Realidade fria que parece uma mortalha

Seu nome se forma em pontos cardeais
Entre flores e lamentos
É doce sofrer por ti eternamente
Minha alma...minha vida...Rosa de todos os ventos

Foto de Oliveira Santos

Assim Mesmo

Eu pus minha calça desbotada
E os meus sapatos velhos
Uma camisa mal passada
Para onde vou é um mistério

Quero sumir, quero fugir
Para respirar, para descansar
Quero esquecer o que eu sofri
Quem sabe até não mais voltar

Mas a minha história é assim mesmo
Às vezes eu pareço tão a esmo
Sempre a mercê das coisas que possam me acontecer
Com uma pergunta ecoando sem ninguém para responder

Vou caminhar a beira-mar
Pensar na minha mocidade
E então parar dentro de um bar
Saber algumas novidades

Eu vou buscar em olhos alheios
O que me falta de emoções
E se os fins não justificam os meios
Eu tenho lá as minhas razões

Depois de tudo o que sobrou?
Um punhado de decepções
Falar de ódio ou de amor
Falar de pobres corações

E isolado no meu quarto escuro
Sentindo como o tempo me desgasta
Lamento pelo mundo ser tão duro
E o pranto é a única coisa que me basta

Mas a minha história é assim mesmo
Às vezes eu pareço tão a esmo
Sempre a mercê das coisas que possam me acontecer
Com uma pergunta ecoando sem ninguém para responder

18/02/01

Foto de betimartins

Carta de uma menina entregue ao Pai Natal para seu avô

Carta de uma menina entregue ao Pai Natal para seu avô

Querido pai Natal, gostaria de pedir que entregasses esta carta ao meu avô que partiu para o céu e não voltou mais. Dizem que ele é uma estrela a cintilar somente para mim e que é meu anjo da guarda e vela por mim ao lado do Pai do Céu.
È Pai Natal o que te peço pode ser impossível e difícil, mas dizem que é amigo do Menino Jesus e ele realiza alguns dos teus pedidos.
Eu tenho muitas saudades das nossas conversas, do estar com ele à beira da lareira, nos aquecendo e a tomar nosso chá de cidreira á noite. Sinto saudades do seu abraço e do seu aconchego, do olhar meigo e paciente contando histórias, ate minhas pálpebras não agüentarem abertas e adormecer.
Pegava em mim ao colo e levava para a cama, pacientemente, antes pedia que rezasse ao meu anjo da guarda pedindo por todos os que eu amava. O meu anjo esqueceu de mim e levou o meu avô para o céu e fiquei muito triste mesmo.
Sabes Pai Natal, era o meu avô que ensinou a sonhar, ele ensinou que podemos realizar os nossos sonhos, dizia sempre com sua voz segura:
-Ora minha menina só quem sonha acredita, acredita num mundo fantástico onde existe a magia e o mistério do acontecer.
Nunca mais esqueci sua frase até hoje, foi no seu ensinamento que eu achei que podia fazer isto enviar uma carta ao meu avô.
Aqui vai:

Querido Avô:

Meu querido avozinho queria matar a minha saudade de ti, dos teus belos contos de histórias sejam reais ou imaginários onde sempre aplicavas alguns ensinamentos de vida. Sei que foste um bom homem nesta vida aqui, como dizem os adultos, tu plantaste arvores e deixaste filhos, mas não escreveste um livro, mas um dia eu o farei ainda por ti. Pode ser?
Eras um mestre, um dos melhores mestres, ensinaste a ser uma boa filha no mundo, confesso que muitos dos teus ensinamentos passaram à geração futura das nossas crianças.
Avozinho lembra das nossas tardes, de mexer na terra, ensinares a semear, adubar e ver reproduzir as plantinhas? Claro que tu te lembras, eu jamais consegui esquecer e muito menos um dia quando cheguei a chorar desvairadamente porque a minha planta preferida morreu.
Sorrindo e com a tua calma explicaste que tudo nasce, cresce, reproduz e morre e que essa a certeza da vida. Pegaste na minha mão pequenina e fizeste-me apanhar um punhado de terra, ensinando o valor dela em tudo.
Dizias da terra vens e a terra, tu vais, parar. Assustada eu não percebia e queria entender e coitada de mim quando tu morreste, eu já entendi...
Lembro das nossas vindimas, onde tu me fazias rir com as tuas brincadeiras com os colhedores do vinho.
Lembro-me do Natal, onde juntos fazias o presépio comigo, cada figurinha era eu que escolhia o lugar. Quando terminávamos era eu que acendia as luzes e era uma festa.
Ainda recordo cada historia que me contava sobre, a época do Natal e sua magia, ensinaste com isso a ter esperança no dia a dia e nas pessoas.
Lembro do jardim repleto de neve, de tu partires os cavacos para colocares a lareira.
Lembro do teu cheiro, daquelas calças com os suspensórios que eu tanto gostava de brincar contigo, fazendo-os estalar nas tuas costas.
Ainda consigo ver teu rosto e tua mão pegando na minha e entrar na igreja para ouvir a missa de domingo, ficavas orgulhoso eu só querer ir contigo. Eu ficava parecia um pavão de tanta felicidade e quando paravas para dar um doce a minha escolha?
Por muito doces que eu possa comer nunca mais comi um com aquele sabor.
Avozinho poderia ficar aqui a falar muitas mais coisas e que coisas nós vivemos os dois, nunca senti tanto amor como aquele que transmitias para mim e é esse amor que sinto saudade. Saudade porque as minhas meninas não tiveram um avô assim como tu e talvez por isso eu ainda seja a criança que acredita na Magia do Natal e queria dar-te um abraço muito apertado e ficar em teu colo nem que seja um segundo apenas.
Avozinho só queria dizer que eu te amo e sinto falta de ti
Beijinhos e escuta as minhas preces feitas a ti antes de dormir.

Foto de Carmen Vervloet

RITMO DA VIDA

Na cidade cinza, um pálido corpo desfolha
No mistério, da morte, que se aproxima lento
A lágrima orvalhada o rosto molha
A tristeza se arrasta pelo frio calçamento...

Ao longe no horizonte o sol se recolhe
Para recompor a energia derramada no dia.
O vento gelado debruça-se sobre a prole
Que cerra com sete chaves a alegria...

Nas ruas as luzes se acendem normalmente
Logo que as primeiras sombras se estendem
Os pirilampos tímidos cintilam no escuro
Sobre eras que tingem de verde os muros

Os céus parecem telhados iluminados
Inspirando, ardentes, os namorados
Envolvidos no manto doce do começo
Nas veredas que desconhecem o endereço

Os sonhos caminham por jardins orvalhados
Os pássaros fazem ninhos no beiral do telhado
O vento frio move as folhas em seu bailado
Enquanto os botões se abrem sossegados...

O poeta colhe na natureza a poesia
Pincela versos tingidos em estesia
Nos céus de luas prateadas
Que caem como raios nas calçadas.

Da janela ouve-se o gemido de um realejo
Tangem, na capelinha distante, os sinos
Enquanto a alegria dá um bocejo
A vida, isenta, entoa com ritmo seu hino.

Carmen Vervloet

Foto de Cecília Santos

PINTANDO...

PINTANDO...
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Pinto o amor com cores eloquentes.
Pinto as imagens de tons degrades.
Pinto a vida com a cor mais intensa
Pinto teus olhos com o imenso mar.
Pinto tua boca com sorriso perfeito.
Pinto teu rosto com traços de ternura.
Pinto teu sorriso com um quê de mistério.
Pinto teus cabelos voando ao vento.
Pinto as gaivotas dançando no céu.
Pinto o contorno verde das montanhas.
Pinto a relva que recebe as flores silvestres.
Pinto o vento brincando em aspirais.
Pinto o sol secando as roupas nos varais.
Pinto o som na harmonia que se segue.
Pinto o bater das asas do beija-flor.
Pinto a borboleta beijando a flor.
Pinto a tua imagem em branco e preto.
Pinto tua alma em esplendor.
Pinto tua falta com tinta sem brilho.
Pinto tua ausência com cristais transparentes.

Cecília-SP-10/2010*

Foto de THOMASOBNETO

Você e as Rosas

No absoluto espaço, em que o olhar se perde.
Transbordando brilho de perpétuo esplendor!
Absoluta senhora sobre as nobres estrelas.
Lua prata, singra o céu, em doce mistério.

Paira um instante de profundo silencio...
Quebrado pelo jorro das gotas de orvalhos,
Que em serena cascata beijando as madrugadas!
Rouba dos anjos, a boêmia e seus fados!

Desabrochando como as pétalas das rubras rosas.
Que já foram botões, antes de serem perfumadas flores.
Roubando o encanto da lua, consolando as estrelas.

Meus pensamentos tal qual ditosa lua.
Indiferente á tristeza que persiste em me torturar...
Singra minha alma em busca da presença tua!

Baroneto

Foto de Emilayne Cristhina

sou um mistério

As vezes fico me perguntando,
como momentos bons podem se tornar ruins, em apenas alguns segundos?
Como uma bela carruagem pode virar uma abobora?
Como um príncipe encantado, pode virar um sapo?
Será que essas coisas acontecem por falta de compreensão?
Ou de pararmos para observar a cada gesto de amor?
Falta de expressão, talvez!
Quem poderá dizer...
Parar e observar os gestos,
Gesto dos animais, das plantas, das pessoas, da natureza...
Parar e dar mais atenção a coisas que consideramos insignificantes,
Pois essas coisas, podem nos mostrar o mundo, através dos olhos de quem vê com o coração
Enfim, em tudo a um toque de amor!!!
Eu sou um mistério, difícil de desvendar,
trancada a 7 chaves feito tesouro no mar.
O marinho que encontra, precisa de muita paciência para decifrar o código que está a trancar;
Quando consegue, tempestade nenhuma faz com que esta felicidade consiga acabar.
Sei que vou encontrar alguém, que tenha paciência em me decifrar,
Que entenda o meu jeito de ser e me aceite como sou, não pelo que sou.
Alguém que eu não precise correr depois da meia-noite
com medo que a carruagem se transforme em abobora.
Alguém que não se transformará em sapo após o primeiro beijo
e sim em um príncipe!
Alguém que faça os momentos ruins se tornarem bons, em apenas alguns segundos.

Foto de Cecília Santos

POEMA CIGANO

POEMA CIGANO
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Sou como o vento livre a voar.
Sou como folha solta, a dançar no ar.
Sou como uma nuvem que corre ligeira.
Trago um doce fascínio em meu olhar.
Sou como a brisa do mar, que chega bem de mansinho.
Sou réstia de sol nascente, sou uma cigana andarilha.
O mundo é a minha morada, faço dela minha alegria.
A relva é a minha cama macia, meu aconchego ao luar.
Acendo a luz das estrelas, salpico de lume o céu.
Sou livre, leve e solta, meu caminho é o coração.
Sou musica, sou canção, sou um violino à tocar.
Sou como fogo na fogueira, sou labaredas inquietas.
Sou alegre, sou festeira, trago a felicidade em meu olhar.
Sou simplesmente, uma cigana a dançar.
Trago mistério escondidos, em meu olhar.
Sou encanto, sou magia, sou pura sedução.
Sou cartomante, sou vidente, sou quase uma feiticeira.
Vejo nas cartas seu destino, seu futuro, posso ler em sua mão.
Seguindo a linha da vida, chego até ao seu coração.
Ser cigana é minha sina, sigo feliz a dançar.
A minha alma é livre, meu doce enlevo é dançar.
Sou encanto, sou magia, sou alma à viajar.
Sou um pedaço de paraíso.
Sou uma cigana à dançar!

Cecília-SP-03/2009*

Foto de onil

ACREDITAR NA VIDA

ESTÁ REPLETA A MINHA MEMÓRIA
E ATÉ SINTO GRANDE GLÓRIA
DAS LEMBRANÇAS QUE EXISTEM NELA
RECORDO COISAS DE MENINO
QUE FADARAM O MEU DESTINO
E A MINHA VIDA ATÉ HOJE É BELA

SE É DEUS QUE ASSIM O TRAÇA
TUDO O QUE NA VIDA SE PASSA
TEM A SUA RAZÃO DE SER
HÁ MOMENTOS DE INFELICIDADE
MAS COM FÉ E VONTADE
É BELO A VIDA PODER VIVER

E SE PROCURAR-MOS BEM SÉRIO
SABER VIVER NÃO É MISTÉRIO
É AOS OUTROS GUARDAR RESPEITO
É DAR-MOS A MÃO COMO AJUDA
E NÃO SÓ O DINHEIRO NOS ILUDA
MAS SIM TERMOS AMOR NO PEITO

MESMO SENDO DA CLASSE POBRE
CONSIDERO-ME NO MEIO UM NOBRE
NÃO TENHO EGOISMO NEM ODEIO
A MINHA ALMA É UM LIVRO ABERTO
E AO POBRE DE MIM BEM PERTO
DOU O AMOR DO MEU CORAÇÃO CHEIO

NÃO GUARDO NUNCA RANCORES
MEU PEITO SÓ VIVE DE AMORES
PELA PAZ E COMPREENSÃO
NÃO FAÇO FALSO JUIZO
PREFIRO O MEU PREJUIZO
MESMO TENDO TODA A RAZÃO

FAZENDO UMA PRECE SENTIDA
PARA AJUDAR QUEM ESTIMA A VIDA
COMO NESTE POEMA ESTÁ ESCRITO
NÃO SOU MUITO DE REZAR
MAS SEI QUE DEUS ME VAI ESCUTAR
PORQUE “NELE” SEMPRE ACREDITO

5/06/09
ONIL

Foto de BIENVENUTI

REENCONTRO

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Por muito tempo desejada,
noites inteiras,
de suores derramados,
fostes muito sonhada...
Eis que um dia,
daqueles que, da memória
não se pode apagar,
a sorte fez te reencontrar...
todo universo fora pequeno,
pra tanto amor desabrochar...
Com milhares de palavras,
o silêncio prevaleceu,
pois bastou um olhar,
de seus olhos ao meu
para que todo mistério,
pudesse desvendar...
O amor falou mui Alto,
quase ensurdecedor
neste dia quase morri...
quase morri de tanto Amor!!!

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