Miséria

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 5

Permitam-me uma pequena análise junguiana da situação: os superiores, proclamados em si próprios controladores da realidade, os superiores que alegam possuir um sangue frio, azul e nobre, os mesmos superiores que atestam sua condição de senhores da verdade, donos, mandatários da lei e da nossa ordem ordinária, tacam fogo na sua cidade, promovem a guerra, pelo motivo mais esdrúxulo possível. Se eu me atrevesse, os chamaria de hipócritas. Mas vou chamá-los de humanos mesmo.
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Uns me chamam de louco, dizem que ouço vozes. Mas tudo o que faço é dialogar comigo mesmo. Estou o dia todo comigo, desde que nasci. Vivo comigo desde os primeiros dias. Às vezes, eu acho que as pessoas deveriam prestar mais atenção nesse fato, de que fazem parte delas, sem egoísmo. Também acho engraçado que ninguém repara, mas respira o mesmo ar, indivisível para toda a realidade, sem disputas fronteiriças, brigas, ou equivalentes. Um espertinho agora me chama a atenção, me diz que os narigudos e os mal-cheirosos representam a subversão dessa regra. Não estou nem aí para ele, o ar é muito grande para que isso faça alguma diferença. Quando eu digo ar, amigos, ou meu raciocínio, posso também utilizar a palavra planeta.
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Meu líder discursa:

- Amigos, nós temos que tomar uma providência! É chegada a hora...

E continua:

- E enfim, se não fizermos algo rapidamente tudo aquilo que mais tememos vai nos ruir pela cabeça...

E continua:

- Irmãos! Uni-vos! Blá, blá, blá, blá!

E continua:

- Assim como Jesus enfrentou a cruz temos que encarar nosso destino!

Um ou outro aplaude com elogios:

- Nosso líder é bom de palanque! Nosso líder é bom de palanque! Estou com ele e não abro! Viva!

E outros tantos repetem, ao ouvir a quase heresia:

- Viva!
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Nosso refúgio é um alojamento subterrâneo. Sentiríamos-nos feito ratos, se esses não nos passassem sob as cabeças. Nosso refúgio é um bom lugar. Fora algumas brigas e mortes, a miséria dos nossos barracos, a solidão na imensidão do gueto, tudo é calmo, tranqüilo e belo. Chega até ser um lugar divertido. Não fossem as certas dificuldades para obter os recursos de fora e a má impressão que nos obrigam a provocar, seria o paraíso.

Só faltam os anjos.
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O líder nos disse para que jantássemos, muito embora não soubéssemos o horário real graças ao toque de recolher instaurado no nosso gueto. Eu comi como há tempos não me alimentava. Ingeri meu pão, os novatos no gueto comem apenas meio pão durante alguns dias, e meio copo d’água. Uma mulher torta me olhava, mas não parecia, ela olhava torto e era torta. Isso me incomodava e ainda incomoda. Decidi desviar minha atenção. Olhei para o líder. O meu amado e admirado líder. Meu maior desejo é ter uma ceia como a do líder, que devora a carne com seis mulheres e meia ao seu redor. Deve ser delicioso ser o líder, mesmo que no nosso apertado e humilde gueto.

- Gente, eu posso falar uma coisa...

Os bajuladores balançaram um sorriso com a cabeça.

- Gente, esse novato aí que vocês pescaram é um completo tonto! Poucas vezes eu vi vocês pescarem um tonto como fizeram desta vez. Ô, filho, você tem algum problema mental, é?

Até então eu não tinha feito nada de normal ou anormal.

- Não...

- Viram, é um retardado mesmo!

Todos riram, e eu ri também para não ficar isolado na mesmice.
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Uma pessoa é anunciada:

- Líder, chegou mais uma novata!

Eu não fiquei curioso sobre quem era a pessoa que surgiu no gueto, mas mesmo assim decidir ver quem estava a vir.

A pessoa tinha olhos da cor da laranja.

- Pois bem, dêem a melhor roupa a essa linda dama. Arrumem-na para que possa me servir nos meus aposentos. Uma jóia preciosa só tem o seu valor quando é devidamente lapidada.

Estava a ponto de explodir de ódio, se o sentisse.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Minha Elis – Parte 3

Elis Regina Carvalho Costa. Cantora brasileira. Mesmo morta é mais importante que um bocado de vivos que eu conheço sem os querer ofender. Elis deixou a herança de seu talento até no sangue de seus filhos. Todos os três trabalham com música. Pedro Mariano é cantor. Maria Rita também. O primogênito João Marcello, que fora pai recentemente, é um produtor e crítico de mão cheia. Quando as revistas e os jornais se referem ao seu pequeno nascido como o ‘filho da Eliana’, fico um tanto desconfortável. Quero dizer, sem meias palavras, eu fico é puto mesmo! A criança é filha de Eliana, sim, que é uma apresentadora competente e que tem todo o direito de aproveitar sua maternidade. Agora, que seria muito importante recordar-nos de seu parentesco com a saudosa gaúcha, isso sim, seria bom. Mais do que ser ‘filho da Eliana’, essa criança deve ser apontada também como o ‘neto da Elis Regina’, uma das maiores cantoras que já tivemos, senão a maior. Fica aqui o meu singelo protesto. Mas não desejo me ater a essa discussão mais apaixonada do que pertinente.

O álbum mais famoso de Elis Regina é o Falso Brilhante, de 1976. O disco contava com músicas presentes no show homônimo, um espetáculo que juntava teatro, dança e canto numa apresentação memorável. O show locado no Teatro Brigadeiro teve 180 mil espectadores, o que o coloca como maior êxito da carreira da cantora e prova incontestável de sua popularidade e relevância no cenário da nossa arte. Quanto ao espetáculo, nunca o assisti seu vídeo completo. Mas o disco, não apenas pelas suas canções de maior sucesso, a citar, ‘Como Nossos Pais’ e ‘Fascinação’, marcou época. No auge do regime militar, que começava a ensaiar uma tímida abertura, o Falso Brilhante significou exatamente essa possibilidade, já que, ainda que veladamente, a crítica e a denúncia se faziam presentes na concepção da obra. O país vivia um declínio econômico considerável, a ditadura apesar de consolidada se encontrava desgastada e a incerteza, somada com o acobertamento sobre os desmandos realizados pelo então poder instituído tornavam a realidade brasileira numa situação difícil e pouco encorajadora. Valendo-se da brecha política, Elis remou contra a maré. Ainda que o Falso Brilhante seja um disco imerso na melancolia, sua mensagem final passa um fio de esperança durante a tempestade de seu tempo, um brando sopro de vida na austeridade de um país fechado, um suspiro diante das lágrimas causadas não somente pela violência como também pela miséria que tais circunstâncias trouxeram ao Brasil. Elis provou seu talento. E sua iniciativa ficou para o futuro, como marco da retomada da arte nacional como objeto de expressão dos anseios populares e de opinião.

Todavia, meu disco predileto da cantora não é o Falso Brilhante. Saudade do Brasil, um disco de 1980, pode ser considerada a obra definitiva de sua carreira. Não exclusivamente por ser seu último LP, Saudade do Brasil, que foi lançado em dois volumes, apresenta todo o desenvolvimento de Elis como artista. Numa estrutura seqüencial que de tão coesa chega a até se aproximar de algo conceitual, no sentido de se montar uma narrativa ao invés de se amontoar canção após canção, como que relatando o contexto histórico e social no qual se incidiam os brasileiros àquelas décadas, dando preferência a uma abordagem jornalística em detrimento do universalismo pessoal e intransferível nas artes gerais que encontramos desde então do final do golpe militar. Sem contar a gravação contou com uma quantidade de recursos muito maior para sua execução, o que elevou em muito sua qualidade, dando a cantora e seu repertório uma roupagem atual, destoante da imagem elitista e retrógrada atribuída para Elis antes desse trabalho. Elis, firme e ousada como nunca antes, decidira conduzir sua turnê de maneira até então inédita no país. Seu espetáculo seria montado em circos, para facilitar a mobilidade do show e reduzir seu preço. Ou seja, Elis queria levar sua arte aos mais pobres. Diante da negativa dos governos em obter uma autorização para o seu projeto, com toda a certeza surgira uma grande tristeza e amargura no âmago da cantora. Isso facilitou o processo que a levou à morte, pelo vício em remédios e drogas. Isso facilitou para enfraquecer a cultura nacional, tão restrita aos mais ricos, que temerosos de perder sua posição sempre pressionaram o desestímulo com a educação, a distribuição de renda e a justiça social, que em longo prazo causam mais do que prejuízos, causam o sofrimento de uma vida inteira de humilhações para nossos entes queridos, mal que conhecemos tão bem.

Minha mãe tinha doze anos quando Elis morreu. E certa vez, num desses especiais de televisão, passava a cantora, justamente num cenário que reproduzia um circo, justamente interpretando o repertório desse disco. Ela chorava, não somente pelo ídolo que Elis representa, mas pela realidade em que ela viveu e pelo plano de fundo em que calcava seu pensamento, nada mais que o desejo de paz e felicidade sempre cerceado aos mais simples. Foi ali que eu entendi o que era ser gente e ser artista de verdade. Foi ali que eu entendi que deveria não me abalar diante das dificuldades da vida, por maiores que elas sejam. E se Elis não viveu para ver suas expectativas suprimidas, esse é tributo que devemos ter com ela, que é o tributo de não nos conformarmos com a consternação, de tornarmos o Brasil um lugar onde a dignidade se faz presente, e onde o amor vale mais do que tudo.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 3

Ficção é ficção. Arte é arte. Coincidências são coincidências. Na nossa realidade, chegava enfim o mês de setembro, a primavera dos campos e das pessoas, o dia mais claro, a aura que sopra possibilidades inéditas. Os parvos, de sangue quente e mente fraca, suspiravam por uma chance de perverterem a ordem quase natural onde estavam brutamente inseridos e sufocados. Seu fracasso era óbvio e evidente.
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A troca de peles é um ritual intrínseco aos seres de sangue frio. A cada três meses, ou seja, a cada ano em nossa realidade, isso ocorria uma vez. Trocar de pele, como quem troca de nome ou identidade, é tão repulsivo, tão nojento que nem mesmo os que o fazem suportam a manutenção dessa necessidade. Cabem em tarefas, aos engolidores, os maiores submetidos da sociedade vigente instaurada, dar cabo de sumir com os restos dessa sujeira, cabe aos engolidores auxiliarem e obliterarem quaisquer problemas que aflijam seus patrões e superiores, e cabe aos engolidores viver na miséria para não morrer a míngua, cabe aos engolidores sustentar o lucro e o luxo ao custo da própria dignidade ofuscada pela rapidez das coisas, a cópia de novidades, os valores em bolsas. Cabe aos pobres sustentar aos ricos, por motivos desconhecidos talvez justificados apenas pela ganância e pela sede de poder daqueles que mais podem, numa hipocrisia em tom que de tão cômico chega a ser trágico, um retrato de tantas realidades, inclusive as mais familiares. Política? Filosofia? A resposta é negativa. Trato de humanidade mesmo, de sentimentos, de coisas concretas na sua energia que teimam que colocar como abstratas. Trato de paixão, de suor, de um grito que irrompe da alma e que se afirma acima das expectativas conformistas dos ditos vitoriosos. Trato de algo que não se explica com palavras, do viver com simplicidade, de modo leve e até ingênuo. Trato do amor pelo amor, pelo sentir bem, pelo querer, pelo conciliar. É uma pena não haver o triunfo da paz sobre a guerra, da tranqüilidade sobre o conflito. É uma pena que a evolução carregue essa destruição, dita como inevitável.

É uma pena não encontrarmos o que tanto procuramos, tanto os frágeis como privilegiados.
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- Somos seguros. Temos tudo o que queremos. Pois então qual a causa de achar-nos tristes?

- Olha dona Clarisse...

- Dona? Dona, não. Somos amigos.

- Pois bem, Clarisse... Isso não sou eu quem tem que saber. Não tenho que saber e pronto! Mas que vocês me parecem tristes, me parecem.

- Você está certo... Mas precisamos dessa infelicidade... A vida é assim, o Luís me falou... Ele tem razão...

- Isso é você quem está dizendo.

- Ah, mas é verdade...

Meu coração batia como nunca antes apesar de eu não estar apaixonado.
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Desabafar por vezes faz bem.

- Clarisse, eu te trato tão bem, te dou tudo... Eu te compreendo... Mas você tem que entender que os meus atos são apenas vendo o seu melhor... Não fique assim tão pra baixo, eu te amo...
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Desabafar por vezes faz bem.

- Escuta aqui seu miserável, se eu ficar sabendo que você falou uma só palavra com a minha mulher eu vou te quebrar no meio, mato você, e ela nem vai ficar sabendo, e se você ou ela der qualquer sinal de que estão me passando pra trás eu arranco suas tripas e piso em cima delas, eu taco fogo em você, está me escutando?

Achei justa e aceitável a forma como o patrão me advertiu.
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- Dimas, você é muito resignado. Dimas, não é assim que se vive! Tenha vontade! Eu me preocupo contigo. É verdade. Você é uma das poucas pessoas em que eu confio de verdade. Eu sei que você não tem o melhor, mas o que você tem é muito bom. Você é uma boa pessoa, Dimas! Eu acredito que você pode ser feliz!

Continue calado, e agora com raiva.

- Dimas... Que mal eu te fiz...?

Senti ódio. Continue firme.

- Dimas... Fala alguma coisa...!

Jurei por dentro que nunca iria abrir a boca.

- Dimas... Por favor...!

- Meu problema é que eu te amo e nunca vou ter você.

Agora não tem mais volta. Vou morrer.
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No escuro do silêncio, chorando em um canto, esperei até que meu patrão surgisse e enfim me matasse da forma que eu merecia ou ele pensava, eu tremia o medo dos impotentes, o medo mais humano possível que se sente em vida, que é o medo da morte, o medo de ter existido em vão, ou melhor, ou pior, o medo de não ter existido de fato, o pânico dos julgamentos divinos contrários e da falta de um paraíso, o medo da verdade, mostrada por seres falsos e oportunistas.

Mas quando se abriu a porta não era o Luís Maurício.

Uma mulher linda e negra se confundia com a quase escuridão do quarto.

Foto de Marcio Herrera

Vazio

Quem é?
Um pobre homem
Mas rico em conhecimento
Quem é?
Um bastardo
Que luto pela vida
Quem é?
Um pecador
Venera o seu perdão que Deus ilumine o nosso caminho
Quem é?
A miséria
A fome
A guerra...
Temos como acabar e dar a gloria de paz
Quem é?
O estudante
Que tenho a honra de ser o futuro
Quem é?
Sou o que sou e gosto de ser o que sou

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Brasil?

Brasil:
Qual o seu nome
E a sua idade?

Qual a sua cara, Brasil?
De onde você vem?

Você tem filhos, Brasil?
Tem sonhos
Aspirações
Metas a conquistar?

Qual a sua verdade, Brasil?
Qual sua mentira?

Qual sua cor
Sua religião
Seus gostos e virtudes
Situação e opinião?

Você é bom, Brasil
Ou é mau?
O que tem a me dizer de Oswald de Andrade
E todos os seus artistas?

Brasil, qual a sua profissão?
Você é um poeta
E nos seus versos contém as respostas
Do que pergunto?
Você é ladrão, Brasil, é puta?
É auxiliar de escritório
Ou auxiliar de necrópsia?

Diz aí qual é que é a tua, Brasil?
Qual é sua marca?

Você é homem ou mulher, Brasil?
É bicha?
É maconheiro?

Você é seu povo
Sua visão romântica
Seu julgamento realista?

Você é sério, Brasil
Ou piadista?

Você é rico, Brasil
Terra de ouro, mata e mar
Imersa na miséria?

Você já achou uma justificativa, Brasil
Desculpa ou coisa parecida?

Você é lindo, Brasil?
Afinal, você é amoral
Ou imoral?

Você tem regras, Brasil
É apenas para profissionais?

Me diz, Brasil
Se te amo ou te deixo
Se me calo ou me queixo?

Se você quiser eu te ajudo.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo – Capítulo 12

Administrar um fundo monetário internacional na teoria é ter uma posição de muito poder e prestígio na realidade em que vivemos. Na teoria, é como se o sujeito fosse o chefe do banco do mundo, um Sílvio Santos melhorado, sem o sorriso forçado e o cheiro de circo mambembe. Administrar um fundo monetário internacional na teoria é ter dinheiro para dar e emprestar, colocar de joelhos nações continentais e influir diretamente na vida de milhões de pessoas. Administrar um fundo monetário internacional na teoria é fazer o planeta girar a sua volta, é ser presidente de algum país se desejar, ser o dono da bola, de modo literal ou não, é ser alguém que na teoria só pode ser atingido por forças maiores.

Não é bem verdade.

Administrar um fundo monetário internacional é carregar o duro carma de crianças que morrem de fome e miséria. É ter nas mãos o tabuleiro, sem de fato mover as peças. Administrar um fundo monetário internacional é deixar de ser humano em alguns aspectos, é se robotizar, tornar-se um cargo, um encargo. Um administrador de fundo monetário internacional na verdade é a caricatura de uma pessoa, na teoria não erra e tem as opiniões mais inteligentes possíveis, desperta inveja, e pode fazer da sua e de outras vidas o que quiser. Uma inverdade.

Administrar um fundo monetário internacional é ser gente do mesmo jeito. È sentir atração pela mulher mais próxima, tomar banho, não se vestir. Faltou bom senso àquele senhor de setenta anos, que se encorajou em ser tarado, certo de sua fiança. Administrar um fundo monetário internacional é ser rejeitado por ser velho e sentir-se humilhado por isso, também. Só que aquele homem não se lembrou disso. Nem todas as reservas financeiras curam a já conhecida sina de se ficar marcado negativamente. Isso sem contar no susto que a camareira levou, proposital ou não, nessa eterna incerteza que são todas as acusações.

É por isso que não somente o amor é injusto, a excitação também é.

Foto de betimartins

Não! Tenho mais palavras!

Não! Tenho mais palavras!

Não! Chega de ser bonzinho
Pensar que nós vamos mudar
Que vamos ser todos diferentes
E que nós vamos aprender amar...

Não! Chega de perdoar, sorrir
Aquele que nos que magoa
Maltrata o que mata e dilacera
E pensarmos que eles vão mudar...

Não! Chega de pensar, defender
Que ainda há tempo para salvá-los
Que o mundo os vai fazer mudar
Pois sabemos que é a mais pura mentira!

Não! Quero mais mentiras, chega!
Nem sequer que me ultrajes, enganes
Tapes meus olhos e minha boca
Pois eu não vou mais me calar!

Calar! Nunca mais, ficar quieta
Vou pensar sobre isso sim
Pois cansei de acreditar, sim!
Em quase todos aqui neste mundo!

Oportunistas, opressores, ilusionistas
Ditadores, safados, e cambada de pilantras
Que usam a inocência das nossas crianças
Que usam e abusam da casa de Deus, também!

Eu! Não vou mais me calar! Não chega
Chega de concordar, com a dor, miséria
Com a escuridão, a revolta e o abandono
E não viver no amor... Apenas no amor!

Que importa a voz do poeta!
Se a ele! O querem sempre calar
Sufocar, silenciar e massacrar
Pelos rios de tinta, revoltada
Que ele no silencio da noite, escreve...

Apenas agora me resta a esperança
A sensatez e a vontade de viver
Pois eu logo estarei em paz...
Na minha real paz, egoísta não?
Eu quero ser egoísta no colo de Deus...

Tristes as minhas lágrimas caem, revoltada
Pelos maus tratos constantes ao nosso planeta
Por ver aqui, que talvez meus netos e bisnetos
Vão ter sede, doenças e contaminações
E querem que eu fique calada, apenas calada!

Foto de Marilene Anacleto

Toda Mãe é Como Maria Santíssima

*
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Em meio a tantas vocações, somente uma foi a escolhida:
Seguir Maria Santíssima e dizer o “sim” a uma,
A duas, a algumas vidas.
Não se importou com o corpo e suas transformações,
Do amado, possíveis rejeições, custos com médicos
E meses de desconforto.
Leite materno, magia eterna, sem importar a hora,
Tempo, saúde ou miséria. Depois, a alquimia continua,
Emocionada e benévola.
Com verdes, caldos e chás; com grãos, saladas e cozidos,
E massas para sustentar os sonhos, os sentimentos,
E os corpos doloridos.
À minha, imensa gratidão, e a tua, e à mãe dos meus amigos.
E a tantas, uma especial oração porque os seus bebês queridos,
Levados por bandidos,
Hoje são farrapos humanos e não vivem o grande sonho
Plantado em seus corações. São flagelos, são famintos,
E, alguns, até frios assassinos.
Cada mãe, amiga especial, chora pelo bebê das amigas,
Cuja graça, pela Luz Divina, aceitam em suas barrigas,
Para trazer mais alegria à vida.
Grinaldas de Ave-Marias enviadas a Jesus e aos Anjos
E à Amada Mãe Santíssima que viu sua Criança ser levada.
Sofreu tudo o que há no mundo
E pela fé foi consolada.
Que as mães de hoje, sofridas, tenham a força e a fé
Da Amada Mãe Santíssima. Pois, ser mãe é para sempre ser:
Do doutor, do padre, do professor,
Ou daquele que não veio a Ser.
Marilene Anacleto

Foto de Marilene Anacleto

Toda Mãe é Como Maria Santíssima

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Em meio a tantas vocações, somente uma foi a escolhida:
Seguir Maria Santíssima e dizer o “sim” a uma,
A duas, a algumas vidas.

Não se importou com o corpo e suas transformações,
Do amado, possíveis rejeições, custos com médicos
E meses de desconforto.

Leite materno, magia eterna, sem importar a hora,
Tempo, saúde ou miséria. Depois, a alquimia continua,
Emocionada e benévola.

Com verdes, caldos e chás; com grãos, saladas e cozidos,
E massas para sustentar os sonhos, os sentimentos,
E os corpos doloridos.

À minha, imensa gratidão, e a tua, e à mãe dos meus amigos.
E a tantas, uma especial oração porque os seus bebês queridos,
Levados por bandidos,

Hoje são farrapos humanos e não vivem o grande sonho
Plantado em seus corações. São flagelos, são famintos,
E, alguns, até frios assassinos.

Cada mãe, amiga especial, chora pelo bebê das amigas,
Cuja graça, pela Luz Divina, aceitam em suas barrigas,
Para trazer mais alegria à vida.

Grinaldas de Ave-Marias enviadas a Jesus e aos Anjos
E à Amada Mãe Santíssima que viu sua Criança ser levada.
Sofreu tudo o que há no mundo
E pela fé foi consolada.

Que as mães de hoje, sofridas, tenham a força e a fé
Da Amada Mãe Santíssima. Pois, ser mãe é para sempre ser:
Do doutor, do padre, do professor,
Ou daquele que não veio a Ser.
Marilene Anacleto

Foto de Fadlo

M Ã E

M Ã E

Ah, quanto já se escreveu e, quanto já se fez em homenagem ao anjo tutelar que nos trouxe à vida neste planeta. Que nos abrigou em seu ventre durante nosso período de formação e, que desde o alvorecer de nossos dias, até o findar de sua própria existência, nos tem a conta de infantes queridos ao seu coração abnegado, não medindo esforços ao nosso bem, nos conduzindo com amor através de alegrias, sempre ocultando seus sofrimentos, rindo nos nossos risos e chorando nos nossos prantos. Sempre orando por seus filhos ao Senhor da Vida, sempre perdoando nossos erros e nossas faltas e, sempre a nos chamar carinhosamente ao abrigo de suas asas protetoras.
Mãe, tu és esse anjo abnegado, por cuja missão sublime nos encontramos aqui e, a quem num preito de gratidão, genuflexos a teus pés, osculamos respeitosamente tuas mãos queridas e tua face, encanecida pelo passar dos anos, a retratar contudo, a vitória conquistada no desempenho da missão maternal, a ti carinhosamente confiada pelo Senhor da Vida.
Mãe, és digna de admiração e louvor, e em ti homenageamos todas as mulheres do mundo, neste dia a ti dedicado, embora teus, sejam todos os dias de todos os anos.
Todos os dias sois mãe, pois todos os dias nascem os teus filhos, quer nas mansardas suntuosas onde a vida flui no luxo e na opulência, quer nos barracos eivados da mais abjeta miséria. E sempre mãe, não te importa a condição social, pois és mãe, e a ti importa apenas o bem estar de teus rebentos, a quem outorgas todos os teus sacrifícios e teu amor incondicional.

Admiro-te mãe pequena, quando nos primeiros albores de tua vida, albergavas carinhosamente em teu pequenino seio aquela boneca de pano, inconsciente de que neste gesto eras sutilmente preparada para o glorioso porvir de tua existência, quando um dia, apertarás em teus braços o fruto de tuas entranhas, cujos vagidos serão música para teus ouvido, cujo riso lenitivo para tuas dores, e a quem orgulhosamente chamarás: meu filho.

Admiro-te, oh mãe, quando em festiva alegria, percebes que o primeiro balbucio de teu filho é a palavra mãe, muito embora, colocando-se em segundo plano, ensinava-o a dizer papai.

Admiro-te, oh mãe, nos momentos de abnegação quando a doença rondava teu pequenino filho, e insone te quedavas a cabeceira de seu berço em cuidadoso desvelo, a cuidar de seu restabelecimento, sem que de ti se ouvisse a mínima queixa.

Admiro-te, oh mãe, quando te desvelas a ensinar à teus filhos as primeiras letras, e te alegras como se fosse tua primeira vitória, o som da voz de teu filho a identificar as letras do alfabeto.

Admiro-te, oh mãe, quando ao despontar da estrela vespertina, e tangerem os sinos das igrejas, anunciando a hora do angelus, momento de melancolia e reflexão, em que carinhosamente juntas as mãozinhas de teu filho, e com ele oras a Ave Maria.

Admiro-te, oh mãe na tua sabedoria e humildade, quando em todos os momentos da vida de teus filhos, buscas orienta-los à uma vida correta e digna, nunca os abandonando mesmo quando, ao resvalar pelos escabrosos caminhos da marginalidade, tornam-se detentos nas penitenciárias, em cujas portas, muitas vezes te encontramos em prantos, a velar, sempre temerosa de que algo pior possa acontecer ao filho prisioneiro.

Admiro-te, oh mãe, quando não tendo frutos de tua própria carne, acalentas ao seio os filhos do abandono, dando-lhes carinho e proteção, como se de ti tivessem nascido.

Admiro-te, oh mãe, quando de coração partido, eras mãe em Esparta, e enviavas teus filhos à guerra em defesa da pátria, mesmo sabendo que não mais os tornaria a ver; ou quando em Cartago, cortavas os próprios cabelos à confeccionar arcos, para defender teus filhos do assédio da soldadesca romana.

Mas, onde mais te admiro, oh mãe, foi quando, Maria de Nazaré, conduziste teu divino filho ao sacrifício do calvário. Entre lágrimas e tendo o coração partido pelo sofrimento, aceitaste a missão de ser a mãe da humanidade, e te tornaste exemplo para todas as gerações, da mãe, cujo amor transcendeu os acanhados limites do egoismo humano, perdoando aos algozes do próprio filho, e se tornando na terra, operosa serva de Deus, a difundir os princípios básicos da nascente doutrina cristã.

A todas as mães, nosso preito de gratidão, e nossas felicitações por este dia tão seu.

Fadlo Dualibi Neto.

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