Enviado por Sonia Delsin em Qua, 15/10/2008 - 18:23
CAMINHO DE ESTRELAS
Os olhos presos.
Completamente presos às estrelas.
Eu ali parada.
Na calçada.
Os braços soltos, jogados em volta do corpo.
Corpo ainda bonito.
O rosto pro céu voltado.
Lembranças do passado?
Um longo caminho a percorrer.
O caminho das estrelas.
Já não vivo mais a sofrer.
Vivo do que os dias me oferecem.
E as noites.
Uma linda lua e milhares de estrelas.
Sou feliz com o que a vida me oferece.
Meu olhar já é uma prece.
De agradecimento.
Foi assim que superei o sofrimento.
Priscila
Tu és.
Minha estrela... És o céu!
Do jardim a mais bela e perfumada rosa... Uma mistura de cores que faz inveja ao arco-íres...
Uma melodia sem notas totalmente rebelde...
Sóis a beleza que palavras desconhecem... Um encanto!
Uma mistura de menina e mulher.
Se no céu há uma estrela chamada sol capaz de cegar em um único olhar, tu és a estrela capaz de apaixonar e fará tal desejar sempre poder te admirar te adorar dia e noite em quanto você brilhar!
Se na vida há tristeza, tu és a minha felicidade!
Essas palavras passam longe, quero te dizer mais, dizer palavras vindas do coração...
Meu grande amor...
A ponde de meus desejos a realidade.
Tu podes ser real?
Sim, e sóis tão real!
Que nem mesmo os grandes poetas poderiam descrever-te
Que em milhares de versos gastaram seus punhos, e os dedicavam a cansativa e inútil casada pelas palavras inexistentes que possam descrever-te. (tolos)!
Mas tu não, não és imaginaria! Por que te amo!
Posso senti-la em meus braços, ver seu sorriso, sentir em meus lábios a doçura dos seus, compartilhar deliciosos prazeres do corpo e da alma.
E ainda poder ouvir você dizer-me de uma forma que só você sabe dizer... EU TE AMO...
Para: Priscila
Enviado por Sonia Delsin em Qui, 09/10/2008 - 18:00
“FRAGMENTOS”
Foi um sonho mal sonhado.
Um tímido sonho escondido.
Mal o alimentei e mesmo assim ele cresceu.
Cresceu e tomou enormes dimensões.
Era puro e limpo como decerto foi
o primeiro amanhecer da "Terra".
Mas era incerto e frágil.
E eu sabia que podia quebrar-se
em milhares de pedaços.
Sabia que podia desfazer-se
em segundos e desfez-se.
Quebrou-se todo.
Morreu o meu sonho,
o meu mais lindo sonho.
De repente vi caírem por terra
seus fragmentos.
E estava consciente de que
não adiantava me iludir.
Foi só uma desilusão.
A perda de algo que eu
ainda nem possuía...
Se eu começar a fumar, simplesmente ignorem-me. Luto por ser politicamente incorrecto, e nada melhor que subir a esta tribuna, e sacar de um cigarro. Estou consciente do meu trajecto enquanto ser que respira, e pensa às vezes. Já nasci, talvez seja este o meu apogeu, e não tarda nada começará o meu declínio. O círculo desenha-se lentamente, e fecha-se no dia em que se sente o clique. Segue-se a escuridão, e do lado de fora um lamentado 'desculpe, mas este é o meu dever. aqui estão as chaves'. Ninguém ainda me garantiu que morrerei porque antes deste cigarro, já me passaram milhares pelos lábios secos, e com certeza mais passarão. Quando sentir o ranger das cordas, nas quatro estruturas de pinho em meu redor, com certeza que não me porei a pensar que o meu fim esteve pré-definido no dia em que simplesmente disse que sim ao grupo, e comecei a fumar. Mas apetece-me hoje estar aqui a falar sobre isso com vocês, porque teorizar sobre o acto de fumar, é o mesmo que discorrer sobre o imperativo categórico de Kant. Impõe-se, e nada há a fazer.
Sobre o amor, é que as coisas não são assim tão fáceis. O amor nada tem de filosófico, porque é subjectivo. E se um filósofo um dia teimou com alguém que estava a ser objectivo, com certeza que não o fez pensando em amor. Lamechices são aquelas transpirações que escorrem do amor, quando este se sente acossado. Uma explosão do nada criou o universo, e uma implosão do tudo fará com que ele um dia, desapareça. O amor é precisamente o contrário disto.
Quando o tudo se sente pouco inteligível, difícil de ser percepcionado à maior parte das sensibilidades, então aceita que lhe chamem amor. As partes tornam-se escorregadias, quando um carácter é tomado pelo amor.
Falando em evolução do ser humano, o amor até ajuda. Continuaremos todos aqui, enquanto um homem e uma mulher continuarem a embeiçar-se um pelo outro. Mas e se as coisas, mais uma vez, funcionassem no oposto desta simplicidade. Se perpetuar, fosse apanhar o primeiro gâmeta oposto que nos aparecesse pela frente, e ao fim de nove meses nascesse um fruto dessa animalidade? O mundo nunca foi antropocêntrico, por isso o homem querer pintá-lo consoante os seus apetites 'racionais', não será um pouco abusivo?
O que nos rodeia, o feio que nos repugna, o belo que nos deleita, é evolutivo. O homem será um ser espiritual no dia em que perceber que nada pode fazer para contrariar esta realidade, E a morte é prova disso.
A medicina é um reflexo do 'não quero ver, para não ter de chorar à conta disso' humano. Serve só para adiar o fecho do círculo de que vos falei, e que pelas vossas caras não se encaixou na percepção axiológica do mundo que partilham entre vós.
Agora adeus, e lembrem-se de duas coisas. Primeiro, Deus existe para vos livrar dos vossos falhanços enquanto auto-proclamado mundo antropocêntrico. E segundo, a vida é gira, vista de perfil. Se a virmos de frente, ficaremos repugnados com a verruga que lhe pende do nariz.
Querem saber como se chama essa disformidade? Psicologia. Não olhem muito para ela, porque eu já tentei. E hoje ganho a vida a dizer às pessoas que elas são realidades que, não tarda nada, desaparecerão.
Se voce duvida?
De onde vem a sua vida
Olhe para as alturas
E tente contar as estrelas
Das milhares de estrelas
Que brilham nas noites escuras
Olhe para as florestas
Que surpreendem os poetas
Que escrevem suas rimas
E navegue nos rios longos
Que parecem mais oceanos
Que so obededem as ordens divinas
Se voce duvida de tudo
Olhe para o nosso mundo
E como este foi criado
Pois e o unico planeta bacana
Que tem bossa nova e samba
E um povo gentil e sarado
Olhe que obras primas plenas
As loiras, as negras, as mulatas e morenas
Que enfeitam nossas avenidas
E pensem que todas elas
Sairam de nossas costelas
E dividem nossas vidas
Mas saiba que jamais duvido
Pois sou muito agradecido
Por tao maravilhoso Criador
Que colocou no meu coracao
A imensa e bela emocao
De conhecer o que e o amor
E lembro-me que a terra foi criada
Para ser habitada
Para ser nossa moradia
E lembro-das coisas pequenas
Das flores, dos alimentos, das madrugadas serenas
E tambem de nossa rebeldia
E me admiro com o imenso e infindavel amor
Que nos tem o nosso Criador
Pai nosso de cada dia
Se voce duvida?
Nao duvide nunca mais
Pois nao ha maior carinho
Que ja viram ou verao os olhos teus
Pois agradeca sempre
E definitivamente
Ame a Deus!
Num futuro assustadoramente próximo, a fúria de um homem servirá para abrir todos os telejornais do mundo. Cansado de assumir os despistes da condição humana, Aristóteles (chamemos-lhe assim) vai pegar em armas e virar-se contra o poder dos mitos. Sem precisar de andar muito irá, um dia, sair de casa e encarar, olhos nos olhos, a diva da ópera. Luísa Todi, imortalizada num busto de virginal mámore branco no centro de Setúbal, será sequestrada. Tudo se vai passar tão rápido, que quando as pessoas se aperceberem já será tarde de mais. Num dia de Verão, mais um a prenunciar a careca de ozono de que o planeta já padece, Aristóteles colocará em prática anos a fio de saber livresco. À hora a que estas linhas estão a ser produzidas, o criminoso do futuro estuda afincadamente a metodologia dos protagonistas dos mais famosos quinze minutos de fama do mundo. Manuel Subtil, Al Pacino em 'A dog´s day', Vladimir, o ucraniano que sequestrou o dono da pastelaria 'Sequeira' na Avenida da República, em Lisboa. Será rápido na abordagem, terá de conseguir prever todos os possíveis erros e, acima de tudo, ter óptimos pulmões para que todo o mundo o consiga ouvir. Num futuro assustadoramente próximo, Aristóteles vai rodear o busto de Luísa Todi com suficiente C4 para rebentar com a Casa Branca. Com o detonador numa mão, e uma AK 47 na outra, vai esperar que todas as unidades especiais da Polícia cheguem. Depois, logo a seguir, virão dezenas e dezenas de jornalistas. Para finalizar o cortejo da decrépita condição humana, marcarão presença milhares de aves necrófagas. Altos, baixos, velhos, novos, brancos, pretos, amarelos. A capa é humana, mas o interior será com certeza animalesco. Aí, e só aí, quando estiverem reunidas todas as condições necessárias para que o mundo saiba quem é Aristóteles, é que quem estiver a ler este texto perceberá, por esta altura, que esteve a ser enganado. Eu, o autor, identifico-me como Aristóteles Sousa Escrivão, bêbado profissional neste mundo há 53 anos. Acabei de apedrejar o busto de Luísa Todi e, neste momento, estou preso num calabouço policial a tentar imaginar que sou uma pessoa importante. Ai de quem se atreva a quebrar uma ilusão que, além de não pagar impostos, prova a teoria evolucionista de Charles Darwin. Deus nunca teve nada a ver com os macacos fodilhões. A má sorte de mais tristonho dos Austrolopitecus, é que está na origem da minha estadia nesta cela.
Talvez eu só deseje que esse nosso mundinho seja diferente, toda manhã em que acordo minhas esperanças se renovam, mas toda a noite quando chego à minha casa e vejo o noticiário, elas simplesmente se evaporam, cada vez mais o mundo se torna cruel e as pessoas insensíveis uma com as outras, o egoísmo é total e o ditado de cada um por si e Deus por nós todos precede...
É político corrupto, e o povo reclama, mas na próxima eleição esquece tudo e coloca-o no poder novamente, é guerra de traficante com policiais é polícia corrupta, é o crime organizado comandando, é jatinho de 2.000.000., 00, e o povo brasileiro passando fome sem recurso na saúde e na educação, é a natureza revoltada com as atitudes dos homens e derramando toda sua fúria sobre eles, são os jornais falando sobre o aquecimento global, e noticiando que o g8 está se reunindo para tentar solucionar o problema, é o mais rico país prometendo diminuir as poluições que causam para ajudar o mundo, e aí que eu me pergunto uma coisa que os cientistas vinham prevendo há tanto tempo, tínhamos que esperar chegar ao ponto culminante para tentarmos tomar uma atitude? É o USA invadindo o Iraque e matando milhares de pessoas, somente pra mostrar que pode mais e depois o presidente americano com a maior cara de pau criticando os terroristas, é pra ficar indignado, afinal o que ele está fazendo é terrorismo ou só por que são iraquianos e não americanos podem ser mortos como animais?
Todo o mundo está vendo isso, mas ninguém faz nada, cada um está tão preocupado com seu próprio nariz que o problema alheio não importa, mas ninguém pensa que amanha depois o problema pode atingi-lo e aí será seu também...
Se cada um fizesse a sua parte com certeza viveríamos num mundo melhor e também deixaríamos um mundo melhor para os nossos filhos, pois é, é nessa hora que minhas esperanças se evaporam, pois há quanto tempo falamos sobre cada um fazer a sua parte e cada vez o mundo está pior?
Até quando isto acontecerá?Chegará à hora em que a situação será irremediável, e eu ainda ouvi certo senhor dizer em rede nacional ‘VAMOS VIVER O HOJE, O AMANHÃ A DEUS PERTENCE’.
AGORA EU ME PERGUNTO E TE PERGUNTO, SE AS COISAS CONTINUAREM COMO ESTÁ HAVERÁ AMANHÃ PARA DEUS PERTENCER?
Muito se tem discutido sobre o homossexualismo masculino, o que não é de se estranhar, já que nossa civilização é fundamentada no pensamento socrático-platônico e no cristianismo, que nada mais são do que a negação da mulher como deusa, já que Apolo e Jesus venceram Dionísio e Afrodite, consolidando o império masculino e patriarcal. Ocorre que, negando-se a mulher chega-se a uma situação limite, que é a baitolagem institucionalizada que vemos entre acadêmicos e sacerdotes virados, digo, voltados justamente para o pensamento greco-cristão. Em suma, é aquilo que vemos ocorrer nos cursos de filosofia e teologia que insistem em existir de forma autônoma nas instituições de ensino superior e seminários religiosos, quando poderiam muito bem se unir aos milhares de cursos no estilo jardinagem, casa e cia., corte e costura, etc., abrindo caminho àquilo que realmente interessa, ou seja, os cursos que formarão cidadãos conscientes no plano científico, social e político, a exemplo do Direito, Medicina, Sociologia, Física, Pedagogia, Administração e demais cursos úteis e necessários ao progresso humano.
Deste modo, urge citar aqui o chamado homossexualismo feminino, ou lesbianismo, que tomou este nome de sua cidadela de origem, a ilha de Lesbos na Antiga Grécia e que era respeitado na civilização grega antes dos estúpidos boiolas socráticos (futuramente batizados pelos hipócritas cristãos) assumirem o comando. Dentre as praticantes e divulgadoras desta forma legítima de amor encontramos a reitora Safo, escritora cujos escritos eram sabidos de forma decorada pelos cidadãos cultos da época dionisíaca anterior ao enfadonho Apolo. Em nenhum momento o lesbianismo da época era uma negação da relação sexual entre mulheres e homens, mas apenas a afirmação da mulher como fonte e receptáculo de prazer. Nesta situação, a mulher era vista como sacerdotisa e deusa, devendo o homem lhes prestar as devidas homenagens. Ora, quem entende o corpo da mulher senão a própria mulher? Daí a iniciação praticada na academia de Lesbos. Estes ensinamentos úteis e necessários poderiam muito bem ser passados aos homens, que agiriam de forma ativa e passiva, aprendendo como fazer a mulher chegar ao prazer. E colocando (e muito bem) este aprendizado na prática.
Infelizmente ainda impera o machismo socrático-platônico-cristão que concede gentilmente total enfoque ao mundo gay, sendo que mundo gay deve ser aqui entendido (no sentido de entender) como o universo do homossexualismo masculino, mas impede a visibilidade lésbica. Ora, como dissemos, a deusa Afrodite, adorada pelo deus Dionísio, foi substituída na época socrática pelo nauseante Apolo, que encontrou um similar no cruel Jesus do cristianismo pós-Jesus. Lembremos que Afrodite foi amante de Ares, o deus da guerra, e que suavizava os efeitos desta prática tão temida e necessária, humanizando-a com seu poder feminino. A partir da queda de Afrodite, as guerras se tornaram mais desumanas, culminando com as guerras pós-modernas que deixam de lado o combate corpo a corpo para se valerem de aparatos tecnológicos a maioria das vezes traiçoeiros. Para se evitar tudo isto, é necessário se debruçar (e muito) sobre a forma de amor que faz da mulher aquilo que ela realmente é: deusa, fonte e transmissora de prazer, a quem se devem render homenagens. E homenagens sérias, sem partir para a artificialidade do estilo viagra ou prótese peniana que parecem reações ao corpo, toque ou ruído da mulher, mas que na verdade é uma reação química ou física independente do desejo.
Enviado por Sonia Delsin em Qui, 04/09/2008 - 20:12
ANOS DE TERNURA
Hoje uma libélula entrou pela porta aberta da minha sala de visitas e por um tempo ficou debatendo-se tentando encontrar a saída. Quando ia ajudá-la, ela acabou por si mesma encontrando-a.
Lembrei de meus tempos de criança. Tive mesmo uma infância encantadora e desde pequena sempre adorei insetos, animais, a terra, as plantas. Eu me sentia parte integrante daquela natureza que me rodeava.
Vou contar um pouco do lugar onde passei toda minha infância. Era naquele tempo uma terra agraciada com recantos deliciosos (o tempo passou e muitas coisas mudaram).
Entrando por uma velha porteira seguíamos por uma estradinha muito singela, onde meu pai havia plantado de cada lado coqueiros de pequeno porte. Um verde e um roxo. Ele tinha verdadeiro amor pela estradinha, e todos os dias a varria com uma vassoura de bambu. Essa estradinha passava por um velho paiol onde guardávamos o milho que mais tarde se transformaria em fubá.
Andando mais um pouco já avistávamos o jardim de mamãe. Belo jardim! Rodeava a casa, que era muito simples. Andando mais pela estradinha chegávamos a um rancho, que foi o cenário de muitas fantasias minhas.
Tínhamos várias cabras sempre e me lembro de muitas aventuras que tivemos com elas. Todos os filhotes ganhavam nomes. Lembro-me como se ainda estivessem diante de meus olhos, e pareço ainda sentir os puxões de cabelos (tentando mastigá-los) que elas davam quando me aproximava.
Na chácara tínhamos muitas jabuticabeiras, talvez umas noventa. Não sei se exagero, mas eram muitas. Próximo ao nosso jardim havia uma fileira de umas cinco delas, muito altas; onde meu pai fazia balanços para brincarmos.
Deus! Quando floriam, que perfume! Aquele zum zum zum de milhares de abelhas... as frutas nas árvores depois de algum tempo!
O pomar era uma beleza, tínhamos grande variedade de frutos e nos regalávamos com toda aquela fartura.
Havia o moinho de fubá que foi o meu encanto. Aquele barulhinho, parece que ainda o ouço.
O vento nos bambuzais, aquele ranger e os estalos. Gostava de caminhar entre os bambus, mas meu pai nos proibia de freqüentarmos aquele lugar, devido a grande quantidade de cobras que costumava aparecer por lá.
Havia dois córregos e mesmo proibida de entrar neles eu desobedecia algumas vezes.
Tínhamos um cão muito bonito que participou de toda a minha infância, recordo-o com seu pêlo preto brilhante, e meus irmãos se dependurando nele para darem os primeiros passos.
No meio do jardim tínhamos uma árvore que dava umas flores roxas, São Jorge nós a chamávamos. Não sei se é esse mesmo o nome dela. Ela tinha um galho que mais parecia um balanço e estou me lembrando tanto dela agora.
Eu, vivendo em meio a tudo isso, estava sempre muito envolvida com a natureza que me cercava e muitas vezes meus pais surpreendiam-me com os mais variados tipos de insetos nas mãos. Eles me ensinavam que muitos deles eram nocivos; que eu não podia tocar em tudo que visse pela frente; que causavam doenças e coisa e tal. Mas eu achava os besouros tão lindos, não conseguia ver maldade alguma num bichinho tão delicado. Não sentia nojo algum e adorava passar meus dedos em suas costinhas.
As lagartixas, como gostava de sentir em meus dedos a pele fria! Eu as deixava desafiar a gravidade em meus bracinhos.
Muitas vezes meus pais me perguntavam o que eu tanto procurava fuçando em todo canto e eu lhes dizia que procurava ariranha. Eu chamava as aranhas de ariranha e ninguém conseguia fazer-me entender que o nome era aranha e que eram perigosas.
Pássaros e borboletas, eu simplesmente adorava. Mas fazia algumas maldades que hoje até me envergonho de tê-las feito. Armei arapucas e peguei nelas rolinhas e outros pássaros mais, somente para vê-los de perto e depois soltá-los.
Subia em árvores feito um moleque e quantas cigarras eu consegui pegar! Também fiz maldades com elas e como me arrependo disto! Eu amarrava um barbante bem comprido no corpo das pobrezinhas e deixava-as voar segurando firmemente a outra ponta nas mãos, claro que depois as soltava.
Mas se por um lado eu fazia essas coisas feias, por outro eu era completamente inocente e adorava tudo que me cercava.
Os ninhos, eu os descobria com uma facilidade incrível porque acompanhava o movimento dos pássaros que viviam por lá. Adorava admirar os ovinhos e os tocava suavemente. Eu acariciava a vida que sentia dentro deles. Visitava os filhotinhos quando nasciam e quantas vezes fui ameaçada pela mãe ciumenta.
Estas são algumas das recordações de minha infância, do belo lugar onde tive a graça de ter vivido, acho que é por este motivo que gosto de contar sempre um pouco dela. Era mesmo um lugar privilegiado aquele e gostaria que todas as crianças pudessem também desfrutar de uma infância tão rica em natureza e beleza como foi a minha.