Memórias

Foto de Ricardo felipe

FALTA

Ando a ver-te, ando a perder-te andando.
Ti vejo nos rostos alheios,
ti roubo em outros olhos,
como será sentir teus olhares?
Como será derramar-me, escrever-me em ti?
Os momentos se foram e nós nos perdemos.
As luzes se apagaram e nos permanecemos alheios na escuridão,
na ilusão em que se deita a alma e o sonho,
na fuga deste enfadonho viver,
na palavra que ao correr mareia e inebria.

Ao sol a palavra ardia
e as memórias se derramavam como cera,
um pranto, uma vela à cabeceira trêmula.
O suspiro de que já não somos nada
que a verdade cala,
que a história esquece.
Somos um momento apenas,
um amor perdido revivendo-se.
Uma dor que não o sei o que é,
não saberia dizer nunca,
mas a sinto como oração e pranto,
como o desejo de ser feliz
sem realizar-se nunca.

Ah! do amor que nunca tive e nunca terei.
Só o explicaria pela falta, pela ânsia,
pela dor da idéia de não o ter.
Que meu querer é uma nau desgovernada,
sem rumo, sem proa, sem nada que o impeça.

Foto de Maiakovsky

Se tu tardas...

Vigío tua caçada irrefreável a meu encontro.
Imagino que tu chegas pela porta do quarto,
apodera-se sutilmente da chama da noite.

Penso que tu vens como ave migratória,
mulher de mil sonhos, mulher minha.
Enlaço tua cintura, reviro teu feitiço.

Inicia-se intensa busca por tua fonte,
o sol aquoso de tua boca minuciosa,
tudo que de onde permeia nossa lira.

Indago se tu vens logo, se tu tardas
ou corres a desejar um caminho desmedido,
uma aurora coberta de vida nova.

Lento, declamo prima obra de teu rosto;
Veloz, embalo a custear memórias tuas.

Foto de Adriano Saraiva

Não sei

A imensidão crepuscular da dor
Solitude de um eremita
Ruminando tristezas sem fim
Ciúme, desconfiança e raiva
Os magos do infortúnio
não apagam vivas memórias
Que cavalgam aos pares pelas
Turvas e espessas matas do sono.

Toda a nossa vida
Navegou entre a
Esperança e o desespero
Linhas longitudinais
Da ilusão e da verdade
A fotografia inerte revive
Lembranças de cálidas paixões
Açoitando inexorável destino.

Te quero ou esqueci?
Não sei...nem sei.

Foto de joycededé

Encruzilhada da Vida...

Quantas vezes nos encontramos em encruzilhadas, quantos golpes a vida nos da, tombos que quando acontece, pensamos não ter mais forças para levantar, então, reunimos toda a força que nos restou com a nossa dignidade, conseguindo assim levantar-se e como um milagre, erguemos nossas cabeças, seguimos em frente, batalhando, sofrendo, dia após dia, prosseguindo assim nossa longa caminhada.
Durante todo esse percurso, situações e pessoas passam por nossas vidas, algumas permanecem sempre conosco, outras não, deixando sempre um pouco de si como aprendizado, mais um lugar que elas nunca vão deixar de existir é em nossas memórias e corações.
Não sabemos quais são as pessoas que ficam em nossas vidas e as que se vão, não sabemos o tempo de nossa caminhada.
A minha, a sua, a de todos pode acabar amanhã ou não!!!
Mais sabemos sim que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanha, pois na verdade não há...
E também precisamos entender que nossa vida sempre nos ensina algo, sempre nos traz um aprendizado, basta compreende-los.
Viva cada dia como se fosse o último... Intensamente... Tudo o de bom que ela venha a oferecer, cada minuto é único e precioso.
Não espere o amanha... Viva o hoje e ame sempre!!!

Joyce Ceccon
São Paulo, 29 de janeiro de 2007.

Foto de Mauro Veras

O poema que nasceu em silêncio

... é aquele que se fez no início das manhãs
quando o mundo estava em suspenso.
E denso, imprimiu sua trajetória na alma insana,
na febre tamanha que ocupa os desejos.

Febre de ti, que aos ritos de amor louco me compelia,
Febre de mim, que aos poucos e sem saída me perdia,
Febre de amor, que era a loucura daquele encanto,
Febre da dor, que era a ternura, ao avesso e tanta.

O poema que nasceu em silêncio
e tem a robustez de uma estória em apenso
tem a altura do grito desesperado,
que o mundo consolida nas memórias e nos lenços,
perde-se num sopro cansado
como a voz que vira acorde sussurrado e lento.

E eu gritava por ti, para dentro de todos os silêncios;
e eu gritava por mim, habitado por teus mistérios;
gritava o amor, num sonho acordado e intenso;
gritava a dor, entre soluços e esperas.

E meu grito é tropeço do coração
no tênue ponto entre a sagração e a insensatez,
entre a paixão e a lucidez de a ela não ceder,
entre a busca das palavras e do encontro
entre uma lua inquieta e a voz do poeta.

O poema que nasceu em silêncio
tem a magia das manhãs e é fonte de luz,
reflexo da alma em agonia. É língua em sintonia
com o fogo da existência
ecoando por mil vozes arrancadas de suspiros
que gritam, em todos os meus medos, por ti.

Nada faço, porém, que não faças antes por mim,
e o silêncio que pensas ouvir
é em verdade o clamor dos instantes em rodopio,
é a claridade de uma salva de assobios
que o peito amante verte, qual clarim.

O silêncio que pensamos ouvir
são parecenças do vazio repleto de nossas presenças,
são vontades que escapam das palavras, arredias...
são olhares arrancados da fotografia
do porvir, e instalados pelo oráculo da cumplicidade
na beleza límpida dos lírios brotados em nosso jardim.

Prelúdio da revelação mais pura,
o silêncio que trocamos tem a simetria do universo,
suas estrelas e luas, que amamos!
Tem a vibração primordial dos sinos
e soltam as amarras e viram este grito mudo
que só nossa amante alma reconhece, enfim.

Obs.: este poema foi feito em parceria com a poetisa Carol Marisco.

Foto de THOMASOBNETO

A Tua Falta

Despede-se da noite a madrugada!
O brilho das estrelas já adormecem!
Despede-se da madrugada a lua!
A brisa beija o dia que amanhece!

Neste instante brota em meu peito,
Uma carência de não te ter ao meu lado...
Com ternura em teus meigos olhos,
Linda com um sorriso nos lábios!

Sinto a carência, de tuas palavras.
A ausência de teu suave calor!
Pensamentos torturam a alma...
Ao saber que perdi o teu amor!

Vivendo em um mundo sem fantasias,
Enfrentando os meus íntimos vendavais...
Tenho a demência, como companheira...
Roubando-me a paz as perfídias memórias!

Quando já vencido pelo amargo cansaço,
Com lágrimas nos olhos, lanço-me ao regaço.
Procuro no silencio dos inocentes sonhos...
Encontrar-te e seguirmos, pela eternidade!

THOMAZ BARONE NETO

Foto de THOMASOBNETO

Retrato Rasgado

RETRATO RASGADO

Caído em meus pensamentos.
Estava só, reclinado nas memórias.
Quando o vento depositou aos meus pés...
Metade de uma fotografia rasgada!

Parecia parte de um recado,
Ali deixado, sem pedir permissão!
O pequeno papel rasgado...
Estava como o meu coração!

Todo retalhado, em saudade e dor.
Lembranças de um passado,
Que hoje vive na esperança...
De reconquistar teu amor!

Convida o dia para um passeio,
Abana as folhas das palmeiras...
Enquanto vou chorando pela vida,
A brisa leve, livre e sorrateira!

Ciúmes cego e traiçoeiro!
Ignorância banal fechou-me as portas...
De conquistar tua amizade, teu sorriso!
E hoje me condeno por esta amargura!

Deixa eu te olhar por entre as sombras,
Oculto atrás do tronco das palmeiras!
Pois sou como uma folha desgarrada...
Perdida no léu, ao sabor do vento!

Olhando o retorno das aves ao ninho.
No crepúsculo que se precipita no céu...
Vou me iludindo como um insano!
Agarrado ao pequeno pedaço de papel!

THOMAZ BARONE NETO

Foto de Ane Monteiro

LÁGRIMAS DE LEMBRANÇAS

RECORDANDO A HISTORIA DA MINHA VIDA
PASSO A PASSO DADO, CAMINHEI
ANOS E VIDAS QUE FICARAM PRA TRAS
LEMBREI-ME DE VC

INESQUECIVEL,
INEVITALVEL NÃO LEMBRAR
DEPOIS DE TUDO QUE PASSAMOS JUNTOS
MARCANDO MINHA VIDA PROFUNDAMENTE

AINDA MUITO JOVENS, CORRIA-MOS CHUVA OU SOL
ABRAÇOS, CARINHOS E BEIJOS TÃO SUAVES.
INOCENTEMENTE, NOS DESCOBRIA-MOS
ERA TUDO MUITO BOM, MAS...

PROXIMOS DE OUTRAS PESSOAS
PARECIAMOS ESTRANHOS UM AO OUTRO
ERA KILOMETROS DE DISTANCIA
NEM UM SORRISO ERA CAPAZ DE APROXIMAR-ME DE VOCE

LÁGRIMAS QUE ROLAM DESLIZANDO
POR MEU ROSTO
REFLETINDO SENTIMENTOS, REVELANDO TUDO QUE PENSO

LEMBRANÇAS GUARDADAS NA MEMÓRIAS
MOMENTOS TRISTES QUE PRETENDO ESQUECER
LEMBRANÇAS TÃO FELIZES, COLORIDAS, DIVERTIDAS, MARES DE AMOR.
LEMBRANÇAS QUE NÃO SE APAGAM
LEMBRANÇAS LEMBRANÇAS LEMBRAÇAS DE VOCÊ

HOJE SÃO LÁGRIMAS
LÁGRIMAS QUE ROLAM, DESLIZANDO PELO MEU ROSTO
REFLETIDO SENTIMENTOS, REVELANDO TUDO QUE EU PENSO
DEDICADAS A VC QUE ME FEZ SOFRER
MAS A VC QUE ME ENSINOU A VIVER
A VOCE QUE AMEI
LÁGRIMAS POR VC
LAGRIMAS POR AMAR...

LÁGRIMAS POR JAMAIS TE ESQUECER... TE AMO

(ANE MONTEIRO - RIBEIRÃO PRETO,09 DEZEMBRO 2006 )

Foto de redberet

Só alguem como tu

Só...
entre memórias e recordações
nos sorrisos
nas lágrimas
no calor de teu olhar
na leveza de tuas mãos
na pureza da tua voz
na ansiadade te ter
no orgulho do que és
no sonho que me invade
... alguem ...
que me faz vibrar
que me aquece
que me preocupa
que me deseja
que me tortura
que me confia
que me faz amar
....como...
podes ser tão bela
me fazes sorrir
me deixas sempre
me invades
sou teu escravo
...tu...
es a minha musa
es o meu segredo
sim és tu
minha amante

só alguem como tu

amo-te

Foto de Jorgejb

E de um poema, nasceu…

Foram muitas as palavras, trocámos poemas e comentários, avolumou-se a caixa postal. Cada vez, as palavras faziam mais sentido, olhava cada frase, cada poema e só sabia que todos os dias, ia querendo mais e mais. O gosto da cumplicidade preenchia os nossos tempos, e percebemos que tínhamos criado algo único e pessoal onde só nós podíamos entrar, como os cantos secretos dos adolescentes, onde o mistério e o segredo animam cada fracção do nosso corpo. Tremia só de pensar nela, percebia nas palavras dela, a mesma intimidade, a mesma necessidade de algo diferente e especial, que só cada um de nós podia dar ao outro.
Um dia acabamos por ir mais longe, trocamos telefones e e-mail, soubemos como era o aspecto físico um do outro (como se isso interessasse), e combinámos encontrar-nos. O medo e a ansiedade iam tomando conta de mim, já sabia quem eras, quanto esse teu coração podia entregar, a profunda sensibilidade que criavas em cada poema, a forma como sentias a vida. Decidi abandonar-me a esta paixão, nascida da emoção das palavras, sem qualquer destino, sem qualquer certeza. Apenas como se o mundo fosse um recanto ingénuo, onde nos faríamos felizes, para além de qualquer coisa. Decidimos encontrar-nos.
Olhei-te demoradamente, como se já te conhecesse, como se o teu olhar estivesse para além de ti, da tua forma, da tua roupa. Pousei meus olhos nos teus lábios, segurei tuas mãos, sentindo nelas a força da tua escrita, e quis meu peito contra o teu, como se já fosses minha e te abandonasses sem receios.
A verdade de um beijo formal e um “como estás?”, parecia não fazer parte do nosso quadro, mas foi assim que aconteceu. Procurámos uma esplanada, agradecendo a mesa que nos dava a distância suficiente a nos entendermos, e tentámos começar a conversa, que no nosso canto era tão fácil e fluida. Percebemos rapidamente o nosso embaraço. O nosso desejo contido pela formalidade física, as nossas limitações do outro lado da vida. Formais e inquietos, entregávamos sorrisos tímidos, perguntas esbarravam com os tiques nervosos – tu meneavas o cabelo, eu arrependia-me quanto podia, de ter deixado de fumar.
Acabámos por começar a conversa, acerca do teu poema que escolheras não sei para onde, o tal que me pediras ajuda. E depois foram conversas sobre mais um e mais outro, a vida começava a fazer sentido outra vez. Perdemo-nos nas horas, nos compromissos, fomos papel e caneta, escrita a dois, poemas inventados, a felicidade de nos termos, e por fim um poema em cima da mesa, que copiaste numa letra soberba e me entregaste. Já não sei se nos despedimos ou ficamos, se nos beijamos ou nos amámos.
Essas são as memórias que o nosso canto irá guardar para sempre, como nós dois guardámos esse poema que só nós, sabemos dizer de cor.

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