Martírio

Foto de Osmar Fernandes

Droga

Fuga
De ida sem volta.
Sanguessuga
De tanta revolta.
Delírio
da mágia do nada.
Martírio
De vida enganada.
Momento
De alegria mentirosa.
Sofrimento
De lágrima venenosa.
Manicômio
De vida morta.
Pandemônio
De casa sem porta.
Burrice
De inúmeros neurônios.
Mesmice
De moleques demônios.
Mentes
De lua sem norte.
Doentes
Do vício à morte.

Foto de Raiblue

Doce delito...

Sua boca me atrai
Contrai todos os meus músculos
Me distrai entre jogos e sussurros
Sua língua me excita
Incita meu corpo, me lubrifica

Dona do meu prazer
Dita as regras
Dilata os caminhos
Delata meu cio
Na pupila dilatada
Perigosa estrada

Basta um verso
E eu me arremesso
No meio do seu delírio
Meu gozo e meu martírio

Tento escapar da ilusão criada
Fugir dessa estrada movediça
Mas sua língua me enfeitiça
Lambe e dissolve os medos
Me faz cúmplice dos seus segredos
Veneno delicioso, fatal
Não há antídoto
Que me salve desse vício

Jogos proibidos
Viciados no amor
Mais pervertido
Tudo é instinto...libido...
Doce delito....

(Raiblue)

Foto de Osmar Fernandes

É Martírio o Mistério

É Martírio o Mistério

Que amor é esse que diz que me ama?
Que se vira do avesso pra não me perder?
Quando anoitece é martírio o mistério!
Fico sozinho sem você minha dona.
Sai de casa sem deixar endereço.
Abandonado, volto a beber...
Meu sentimento de amor é etéreo.
Essa solidão... Eu não mereço!

Toda noite é assim.
Ela sai sem motivo.
Nosso amor ta no fim.
Já não tenho nem grito.
Enfeita-se, vai para o mundo...
Choro calado sem nada a dizer.
Dói profundo...
Só quero você.

Mas o pior aconteceu.
Certa noite eu segui seus passos.
Ela não percebeu.
Fui ao seu compasso...
Sentimento entrou em coma.
Chorei... Morri de tristeza.
Quando tive a certeza,
Que era mulher de programa.

(Baseado na história de Zandor)

Foto de Osmar Fernandes

Felmel

Vivi um amor
Impossível.
Paixão proibida.
Destino do céu.
Conquistei o desejo da vida
E o gostoso-gosto do mel.
Agora meu Deus,
Bebo do amargo do fel...
Vivo do martírio do adeus.
Sem rumo, sem jeito.
Embriagado de saudade.
Sem sonho, sem leito...
Embebido. E, só desejado,
Pelo desgostoso-gosto do felmel.

Foto de Osmar Fernandes

Do que valeu tanto amor?

Do que valeu tanto amor?

Do que valeu tanto sonho de amor?
Do que valeu tanto tempo vivido?
Se o que restou foi o martírio, a dor...
Que nos transformou em inimigos.

Do que valeu tanto plano bonito?
Do que valeu tanto carinho, dedicação?
Se o nosso amor tornou-se frio...
E o nosso corpo perdeu o tesão.

O ciúme quebrou nosso encanto!
Nosso amor viveu de mentira.
O que restou foi apenas o pranto.
De um amor repleto de ira.

Nosso adeus foi para sempre.
Nosso caso de amor foi desilusão.
Vivíamos em brigas eternamente.
O que marcou, foram as feridas no coração.

Do que valeu tanto desejo?
Se o segredo a dois foi vencido.
Do que valeu o mistério do beijo?
Se o prazer a dois ficou mendigo.

Do que valeu o namoro, o casamento?
Se o encanto da felicidade chorou...
Do que valeu tanta paixão, sentimento?
Se o fogo do amor apagou.

Foto de Osmar Fernandes

Não deixe nosso amor morrer assim

Não deixe nosso amor morrer assim.
Ferido, machucado de paixão.
Não deixe nosso sonho chorar o fim.
É coração que dói, é dor de solidão.

Não deixe nosso grito de esperança
Se perder em vão.
Amamo-nos tanto, e tanto... E sabemos disso.
Não jogue nosso afeto no lixo!

Estou perdendo a calma, o juízo.
Não agüento mais viver nesse martírio.
Vamos destruir esse feitiço.
Vamos pôr o nosso amor no lírio?

Amor! Por amor, estou morrendo...
Volte e acabe logo com o meu sofrimento.
Desse amor eu vivo, sem você eu morro, Enfim.
Amor! Não deixe nosso amor morrer assim.

Foto de Gleisson Brito

Luz da Fresta

A luz apagou-se ao fundo.
Pingos invasores choravam...ressoavam...
Preta velha, colchão velho, jornal novo,
fitava o teto do barraco, do seu mundo

A noite a luz entra, pela fresta
Da janela, da porta, do telhado
Compõe vultos ignóbeis, tão igênuos...
desses filhos dessas pretas, incorretas

Ja vai longe a lembrança (la no fundo)
do café, do trigo, da colheita
Fazem parte de um passado, do seu mundo

Luz da noite. Luz do dia, Luz da fresta
Acompanham o martírio insolúvel
Dessa gente, a luz do mundo, incorreta.

Foto de JGMOREIRA

RESSURREIÇÃO

RESSURREIÇÃO

Os olhos do Santo Cristo
São contos de muita dor.
Olhando pro crucifixo
Encho o peito de amor

Na coroa do Aflito
Repousa a mão do Senhor
Que entregou o próprio filho
Que a si mesmo entregou

Imolou-se em sacrifício
Por um amor salvador
Ofício mais esquisito
O de morrer por amor

No rosto do Santo Filho
Estão as marcas do rancor
De quem beijou o Cristo
E, como o Pai, o entregou

A vontade dos amados
O moço condenou
Amor mais engraçado
Que nada perdoou

O amor não se compadece
Nem das chagas do Senhor
O amor que tu me destes
Meu coração arrancou

Agora, fito no Cristo
Entendo o que é o amor
Faca varando a alma
Como a lança no Redentor

Se Ele ouvisse a carne
Decerto quebrava o andor
Prosseguia sem redengar-se
Uma vida de pastor

Tocando suas ovelhas
Para onde vai o verdor
Esquecido que era filho
De quem o abandonou
Amava quem o amasse
Madalena que o pastoreou
Até o fim no Calvário
Por obra do amor

Sentimento mais esquisito
Que mata quem perdoou
Os olhos do Moço Santíssimo
São contas de sofredor

O amor que tu me destes
Da terra me arrancou
Deixou vivo o martírio
Que nunca mais me largou

A faca mora na alma
É objeto do rancor
Onda que empurra o rio
Que no mar se espedaçou

Coisa mais esquisita
Essa, chamada amor.

Foto de Marta Peres

Noturno

Noturno

O rio soprava como uma orquestra,
seu leito enfeitado de flores
e as flores caíam lentamente e com vontade,
meu coração cheio de saudades
e palavras que não foram ditas,
pensamentos em desordem a procura
dos fantasmas de mim, cruel pesadelo
que acompanha minha vida...
Quando é noite não durmo, sinto medo
Dos pesadelos que tenho, voam soltos
E não os consigo controlar...
Abro a janela e os mando embora, não entendem
Minha língua ou não querem obedecer...
Me finjo de morta tento desesperadamente a fuga,
Não morri e não consigo fugir...
Tudo retorna ao início, começa novamente
Meu martírio...

Marta Peres

Foto de fer.car

SAUDADE

Sentimento sem fim, dor latente em mim
Saudade... símbolo da ausência, o vazio em meu ser
Saudade é quando as primeiras lágrimas brotaram
Do riso fez-se o pranto, dos sonhos a escuridão de dias
Saudade a brasa que arde, e a alma que clama
O martírio de viver sem o que mais se quer
Saudade é sentir saudades antes mesmo que se vá
E longe morrer aos poucos
Saudade é não ter por onde olhar
A não ser em sua direção olhar
É ter não o que falar
A não ser seu nome calar
Saudade é o tudo e o nada
É a magia de lhe ver, o vazio de não lhe ter
Esgota-me as forças, mostra-me a alegria
E depois me restam saudades...
Mostra-me a paz, o viver
E depois me restam saudades
Saudade foi olhar em seu olhar
E ver que sente também muita saudade
E ver que em seu gesto está o meu gesto
E em suas palavras o retrato do que fomos
O amor que ainda sentimos
Eis a saudade

Autoria: Fernanda Benevides
Direitos Autorais Reservados

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