Romperam-se as vidas, os prados repletos de alegria, a alma que tresandava a tudo o que era o que eu queria. E eu? Que é feito de mim que também sou filho do divino? Não era mais sensato queimarem-me vivo ou atirarem-me ao mar grande do que me dar a provar esta loucura que é o adeus de quem se afeiçoou à vida deste pobre homem?
Não há Primavera mais fria que esta, para um homem que sempre deu tudo e agora se vê obrigado a apagar uma vida.
Há quem me mereça, divino iníquo, mas então porque razão puseste tal sentimento à frente do olhar e do coração deste homem se não é este o seu fado mesurado?
Vós Deuses, que não vivem porque alguém já vos tirou a vida, nem que tivesse sido uma constipação pelo caminho de casa ou a solidão que a morte nos dá, vós que não existem por razão qualquer senão essa mesmo, existir, exijo aqui perante a lei da vida saber o motivo de me consumirem com este sufoco! Ah, pudesse eu guardar-vos as estrelas e só as repor no céu na altura em que me explicassem o sentido disto.
Para que foi então tudo isto? Expliquem-me, vá! Fiz eu assim tão mal a alguma alma? Terei eu perdido a vontade de sonhar sozinho?!
Ah, arranquem-me já a alma fraca deste corpo farto de alucinações e paixões sem sentido e já, que quero esvaziar-me de sentimentos ambíguos e despedidas que nunca chegaram a acontecer certamente, pelo menos para mim.
Meu Deus, mas que mal fiz eu?
(...)