Maldade

Foto de Zedio Alvarez

Praga de uma insônia

Essa noite meu sono pediu ajuda
Ao meu travesseiro, que foi negada
Quanta falsidade do meu juízo
Nunca pedi a ajuda da maldade
Que oposição! Desta vez tive prejuizo

Meu cérebro me mandou
Um sonho incondicional
Contra a minha mente que anda tão mal

Sonhei com teus versos na madrugada
Acordando todo mundo com sua fobia
Com seus ruídos insuportáveis
Ao romper do dia, só sobraram agonia

Foto de sonhos1803

Folhetim

Um folhetim,
Outro dia, ainda ria-me aquecida,
Entre os lençóis,
Lendo o que nunca saberemos,
Inspirava, transpirava,
Sorvia ansiosa,
Os desígnios de um amor,
Amor barato,
Encarnado,
Em sonhos açucarados,
Um grande herói,
Agruras, dor, felicidade,
A mocinha e o rapaz,
O cenário de um mundo encantado,
Mas entre as linhas a luz do meu quarto,
Permeando,
Invadindo,
Meus olhos encobrindo, cada cena,
Um beijo,
Uma palavra de amor,
HUM é agora,
A vitória,
Grande gloria,
O bem sobre o mal,
Mas meus olhos agora pesados,
Fecham-se aos bocados,
Pra que perder-me,
Verter,
Minha vida de ilusões,
Agora permeada de dragões,
Luto para encontrar,
Grito pra te fazer parar,
Por mais que eu escreva,
As paginas se rasgam,
Sob o peso dos dias,
A tua agrura,,
Dá-me amargura,
Sinto que perco,
O que um dia fui,
Precisava de teus braços,
Mas tenho apenas trapos,
Das mentiras me cubro de vergonha,
De ti do que um dia foi,
Será que irei fechar esse grande e precioso livro,
Onde perdeste meu herói?
Onde a fantasia tornou-se impura rima,
Nessa lama de dor e maldade,
Apenas essa ampara a caneta,
A risca sem rumo certo.

Foto de joão jacinto

Mortais pecados

Olho-me ao espelho, debruado de talha,
luminosamente esculpida, dourada
e pergunto-me ao espanto das respostas,
na assumida personagem de rainha má,
quem sou, para o que dou, quem me dá.
Miro-me na volumetria das imagens,
cobertas de peles enrugadas,
vincadamente marcadas,
por exageros expressivos,
de choros entre risos,
plantados nos ansiosos ritmos do tempo.
Profundos e negros pontos,
poros de milimétricos diâmetros,
sombras cinzentas, castanhos pelos,
brancas perdidas entre cabelos,
perfil de perfeita raiz de gregos,
boca carnuda, gretada de secura,
sedenta de saudosos e sugados beijos
de línguas entrelaçadas,
lambidelas bem salivadas.

Olho fixado no meu próprio olhar,
de cor baça tristeza,
desfocando a máscara, de pálido cansaço
e não resisto ao embaraço de narciso;
sou o Deus que procurei e amei,
em cumprimento do milagre
ou o mal que de tanto me obrigrar, reneguei?
Sou o miraculoso encantador a quem me dei
ou a raposa velha, vaidosa, vestida de egoísta,
com estola de alva ovelha, falsa de altruísta?

No meu lamento, a amargura porque matei;
sangrando a vítima, trucidei-a em ranger de molares,
saboreei nas gustativas variados paladares,
viciadas no prazer da gula do instintivo porco omnívoro.

Rezo baixinho, cantarolando, beatas ladainhas
de pecador que se rouba e se perdoa,
a cem anos de encarceramento.

No aliciamento cobiçante de coxas,
pertença de quem constantemente
me enfrenta, competindo nas mesmas forças,
traindo-me na existência do meu possuir,
viradas as costas, acabamos sempre por fingir.
Entendo velhos e sábios ditados,
não os querendo surdir em consciência.
Penso de mim, a importância de mais,
que outros possam entender,
sendo comuns mortais,
minha é a inteligente
certeza do enganar e vencer.

Sadicamente bofeteio
rechonchunda face de idealista tímido,
de quem acredita e se deixa humilhar,
dá-me a outra, para também a avermelhar.

Vendo-me a infinitas e elegantes riquezas,
de luxúrias terrenas, orgias, bacantes incestuosas,
sedas, glamour, jóias preciosas,
etiquetas de marca,
marcantemente conotadas
que pavoneiam a intensa profundidade da alma.
Salvas rebuscadas, brilhantes de pesada prata,
riscadas de branco e fino pó.
Prostitui-me ao preço da mais valia,
me excita de travesti Madalena,
ter um guru para me defumar, benzer e perdoar,
sem que me caía uma pedra na cauda.

Adoro o teatro espectacular,
encenado e ensaiado em vida,
mas faço sempre de pobre amador,
sendo um resistente actor.
Escancaro a garganta para trautear,
sem saber solfejar.
Gargarejo a seiva da videira,
que me escorre pelo escapismo do meu engano,
querendo audaciosamente brilhar,
descontrolando o encarrilhar,
do instrumento das cordas da glote,
com a do instrumento pulmunar
e desafino o doce e melódico hino.

Sou no vedetismo a mediocridade,
que se desfaz com o tempo,
até ser capaz de timbrar,
sem ser pateado.

Acelero nas viagens
que caminham até mim,
fujo do lento e travo de mais.
Curvas perigosas, apertadas,
que adrenalinam a fronteira do abismo.
Fumo, bebo a mais
e converso temas banais,
por entre ondas móveis,
que me encurtam a pomposa solidão,
nada é em vão.

Tenho na dicção um tom vibrado e estudado,
de dizer bem as palavras que sinto,
mas premeditadamente minto
e digo com propósito sempre errado.
Sou mal educado, demasiado carente,
enfadonho, que ressona e grunha durante o sono.
Tenho sempre o apreçado intuito do saber,
do querer arrogantemente chamar atenção,
por me achar condignamente o melhor, um senhor,
sem noção do que é a razão e o ridículo.
Digo não, quando deveria pronunciar sim.
Teimosamente rancoroso, tolo,
alucinado, perverso, mal humorado,
vejo em tudo a maldade do pecado.
Digo não, quando deveria embelezar a afirmação.

Minto, digo e desfaço-me de propósito em negação.

Mas fiz a gloriosa descoberta do meu crescer,
tenho uma virtuosa e única qualidade;
alguém paciente gosta muito de mim.

Obrigado!

Tenho de descansar.

Foto de Joao Fernando

Só deixaria de ser poeta...

Quando toda essa paixão em mim contida esvair pela tua indiferença.
Quando finalmente olhar teu rosto e nada ver,
Além de uma face fria e implacável.
Quando passares por mim e ignorar até a minha sombra
(Que um dia te protegeu do sol).

Só deixaria de ser poeta...

Quando não tiver mais a força pra aclamar a sua atenção.
Quando perceber em seus passos a tua declarada pressa pra se afastar...
Quando perceber em seus olhos que não é eu que eles enxergam.
Quando finalmente a dor em meu peito não tiver mais cura.
Quando perceber que lá você estava e mandou dizer que havia saído.

Só deixaria de ser poeta...

Quando no frio do meu leito eu perceber que nunca vou ter o seu calor.
Que tudo o que um dia podia acontecer, jamais sairá dos meus sonhos.
Que tudo que me dissestes foram palavras tolas, jogadas ao vento.
Palavras temperadas na mentira e na maldade.
E que o tempo que investi em você faliu e, me deixou miserável.

Só deixaria de ser poeta...

Se tudo que é fel em sua alma escarnasse pelas minhas entranhas.
Adentrá-se em meu peito e lá fizesse estragos.
Se de tua boca ouvisse só fiadas palavras de desprezo e de ingratidão.
Se tudo que era vida... Agora, tornar-se-ia morte!

Ah! Como lamento!...

Deixaria de ser poeta pra ser miserável!
Viveria na rua da solidão e dela seria pedinte de afeto.

Ou então seria poeta para sempre!

Amarrar-me-ia por vez, nas palavras que confortam as almas tristes.
Faria da poesia minha vida e vice-versa.
Procuraria novamente o amor, mas, dessa vez seria mais cauteloso.
Teria a ferida que um dia há de cicatrizar-se e, dela apenas recordações irão ficar.

Sim, seria poeta até morrer... É a minha sina!

Foto de Gilbertojúnior

INCERTEZA

É a incerteza da vida
Que minha ilusão oferece
Que se fecha e que esquece
Do coração que padece
E só me deixa ferida

É do sentimento deixado
Num passado tão distante
Feito navalha cortante
Na alma de um gigante,
Gigante amor acabado

Tece-se aqui a canção
Se choro não tenho culpa
Pois amor também machuca
Por isso não há desculpa
Vou mudar de oração

É da incerteza da flor
Que foi criado o espinho
Pra proteger com carinho
Não vou mais chorar sozinho
Vou procurar um amor

Um amor que com clareza
Me tenha com liberdade
Que eu possa sentir saudade
Sem angustia, sem maldade
Sem me deixar incertezas!

Foto de Emerson Mattos

Pesadelo Real

Autor: Emerson
Data: 21/04/06

Caio no profundo obscuro
Em que vejo findar o final
Lá tudo parece igual
Mas vejo que nada é normal

Há seca nos mares de mãos
Que, possivelmente, acalentariam-me
Tem somente do desprezo a escuridão
Que o isolamento a esperança causa medo

Vejo que não estou só, apesar da solidão
Os sentimentos me acompanharam
Desprezo e vergonha, minha ingratidão
Os seus olhos me miram, olhos de assombração

O que será que eu fiz, pra penar assim?
Será que a minha bondade me trouxe maldade?
Ou minha maldade me veio esta tarde?
Será o suplício das minhas ações?

Eu penarei pelos meus dias?
Ou vou perceber que é somente um sonho?
O assombro de um pesadelo real
Que me faz sofrer os calafrios na pele

Se é um sonho
Uma brincadeira de mau gosto
Da minha imaginação
Quero acordar e não voltar a dormir
Pra não correr o risco de sonhar

Mas se não é sonho
Quero mesmo assim acordar
Desse pesadelo real
Que a vida me prega
Como numa peça sem graça

De qualquer forma
Eu quero despertar!
Abrir os olhos da consciência inconsciente!
Nesse momento, nesse instante

Foto de Sirlei Passolongo

Menina do Brasil

Era uma menina linda
Olhos cheios de esperança
Queria pouco da vida
Apenas uma criança

Era uma menina sapeca
Revestida de alegria
Só desejava uma boneca
Pra lhe fazer companhia

Era uma menina pura
Sonhava os contos de fadas
Alma cheia de ternura
Ainda brincava de mãos dadas

Era menina faceira
Coração doce e apaixonado
Só pensava em brincadeira
Vivia num mundo encantado

Era menina tão bela
Sorriso cheio de amor
Sonhava ser cinderela
Desabrochava em flor

Era menina da favela
Pés no chão, sonhos na lua
Triste sorte da bela
Só queria sair da rua

Era menina de tantos brasis
Filha do sertão e da cidade
Só queria ser feliz
Num lar sem frio e maldade

Era menina brasileira
Filha da desigualdade
Sonhava pra vida inteira
Apenas a felicidade

Era menina inocente
Acreditava nos homens
E tudo que tinha na mente
Era matar sua fome

Era menina esperança
Continuava a sonhar
Só queria ser criança
Sem fome poder brincar

Era menina do noticiário
Vendida por algum dinheiro
Por mais um salafrário
A um gringo estrangeiro

É, agora, uma menina triste...

Sirlei L. Passolongo

Foto de Lennon

Soneto da Despedida

Vês da completa infelicidade.
Tão distante ao perfeito amor.
Em meu peito angustiante nova dor.
Dela posso morrer de saudades.

E em face da pior maldade.
Nem o sol fim de quem brilha trás o fim.
Aos meus próprios sentimentos faz de mim.
Dela nunca saberei verdade.

E no trágico findar de mim
Mesmo sem a bela e nova amada
E em parte do que possa virar fim.

Resta a ela ser somente a velha amada
Em fim enquanto existir triste noite
Solidão fim de quem sou, com você estarei feliz.

Foto de Zedio Alvarez

O castigo do amor

Escute aqui garota!
Não tenho mais nada a provar
Meu coração estar em ruínas
Minhas forças se entregaram a minha sina

Se não ficares comigo
Vais conhecer a espada do castigo
E com o pensamento da maldade
Verei-te nos porões da crueldade

Não ouvirás o canto do Uirapuru
Não verás o sol e a lua se cruzarem
Não verás as estrelas brincarem de Via Láctea
Você não ficará zen

Não atenderão a tua voz
Ficarás na companhia de um algoz
Trancafiada na casa da solidão
Serás acorrentada das mãos até o coração.

Não verás o passeio dos colibris
Não enxergarás a imensidão dos anis
O mágico primor de Deus lhes negará
A desgraça em ti se hospedará

Não terás a noção do que é amar
Pois lhes faltará paladar
Até para um alimento degustar
Teu Anjo da guarda te desprezará

Foto de Carolina Soares

a chuva a cair

Ver a chuva a cair
É um grande espectáculo
A ouvir o Rui Veloso
Nesta tempestade horrorosa

Estar junto contigo
Debaixo das gotas de chuva,
A beijar-te amor
Eu ia até á lua

A chuva é tão linda
À medida que cai
Os dias chuvosos
São demais para mim

Ver os relâmpagos cair
Mas que emoção
Ao estar contigo ali
Eu ia morrer de amor por ti

O Barulho da Trovoada
É o céu que se zanga
Com os humanos
E a sua vida mundana

O Som da Trovoada
Expressa o seu descontentamento
Assim como eu choro
Por não te ter por perto

Grito, qual revolta a minha
De estar aqui seca
Não estar lá fora
Ao teu lado molhadinha

Os carros que passam na rua
Atravessam as gotas de chuva
Assim está o meu coração
Que atravessa a sua amargura.

A chuva faz bem a todos
A chuva traz a vida
A chuva limpa a maldade
A chuva limpa a minha vista

Pingo a pingo
A chuva vai caindo
Lágrima a lágrima
Eu vou ter contigo

A beleza de um dia chuvoso
É enorme não imaginam
Ao ver a chuva cair
Cair simplesmente
Aí pelas esquinas

Mas no meio de tanta beleza
Eis que chega a certeza
De que o sol voltará
Para tudo iluminar.

E toda esta ilusão
Vai ter que terminar
O sol voltará então
Para as coisas transformar

14 de Junho de 2006

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