Terás o dia
Oh! Gente amiga
Que do peito escorrerás
O pretume pertinente
De travadas batalhas
E corações doentes
De olhares incisivos
A um só umbigo (o próprio)
Musculaturas tensas
E línguas afiadas
Agridem almas
Mesmo que armadas
Chegarás o dia
Oh! Gente amiga
Em que a neblina do egoísmo
Exalada de nossos poros
Encobrirá todos os olhares
Endividando os dignos
Com tanta soberba
Que tomaram isso como benefício
Retornarás ao dia
Oh! Gente amiga
Inconscientemente a memória infante
Abaixo da sombra dos errantes
Onde de constante a derradeiro
Foram o teu e o sorriso alheio
Num todo verdejante, colorido.
Perguntarás enfim:
_ Como terás se extinguido?
Refletirás o dia
Oh! Gente amiga
Todo infortúnio e fúteis bravezas
De se por a vaidade
Do que a gentileza
Por um instante em seu leito
Perceberás
Que de com ferro as flores
E a tantos amores
A ferida estagna ao peito
Reconhecerás um dia?
Oh! Gente amiga
Que o sofrimento a ti pertence
Em ter sido tão pertinente
Virando as costas à divindade
De uma vida sem maldade
Em troca de satisfações temporárias
Em corridas contrárias
Devastando a si e a teu redor
Deixando tudo cada vez pior
Esquecendo-se do fato nocivo
Que para morrer basta estar vivo
Renegarás os dias
Oh! Gente amiga
Que os fantasmas de sua condolência
Nutridos com tanta veemência
Submeterá-lhes ao condigno penar
De para trás não poder voltar
Bestificado então com a demência antes honrada
Depara-se com a realidade macabra
De ter contribuído ao fim
De um mundo deixado não só a mim
Senhora Morrison
09/04/2007