Noite. Na Lagoa tudo é breu,
Feito recônditos do eu
Que ninguém jamais percebeu.
Nem eu: Mistério.
Cobras? Peixes? Sapos?
Que tipo de entidade freqüenta lagos
Em noites sem claridade?
Árvores e rochas circulantes,
Grãos de areia e plantas circundantes
Contêm mistérios além-espacial radiantes.
Espiritualidade, ciência e tecnologia
Unem-se, hoje, a descobrir feliz magia
Que traz beleza aos olhos, dia após dia.
Mas, e as noites? Continuam mágicas.
E a imaginação, fértil e fantástica
Faz-me, de outros tempos, uma alma
A vagar pelos beirais dessa água.
Feito sonho realizado em época boa,
Sem fúria e sem amor, sou a Lagoa,
Sou árvore que fica e ave que voa.
Então, não há noite nem há dia.
Não há mistério. Entretanto flui a magia
Da eternidade perene que irradia.
E nós, em volta dessa Lagoa,
Em namoros de hoje e de outrora,
Vemos a terra girar até nova aurora.
Desde tempos primordiais
A vida, ao mesmo amor pertence,
Numa trajetória sincera e perene.
Constante, agora, do nosso dia-a-dia,
Basta parar para sentir a alegria
Dos momentos que outrora se vivia.
E trazê-los na noite na Lagoa em magia,
Sem mistério e no silêncio,
Entre abraços de harmonia.