Lar

Foto de onil

QUERER DE ESPERANÇA

EU QUERIA
VER A MINHA ALDEIA
VERDEJANTE E A FLORIR
EU QUERIA
VER AS SUAS GENTES
E NÃO VOLTAR A PARTIR
EU QUERIA
VER ESSES SEUS MONTES COM GIESTAS E PINHEIROS
EU QUERIA, EU QUERIA, EU QUERIA.

VER NA MINHA ALDEIA
A PRIMAVERA A CHEGAR
PASSEAR NOS MONTES
OUVIR AVES A CANTAR
VER AS SUAS FONTES
MINHA SEDE SACIAR
QUANDO VÊM O INVERNO
VER A NEVE A BRILHAR.

EU QUERIA
COMO NOUTROS TEMPOS
ASSISTIR Á DESFOLHADA
EU QUERIA
RECEBER UM BEIJO
POR UMA ESPIGA ENCARNADA
TER MEU LAR
EM NOGUEIRA, UMA ALDEIA NA ENCOSTA DO CARAMULO
EU QUERIA, EU QUERIA, EU QUERIA.

VER NA MINHA ALDEIA
A PRIMAVERA A CHEGAR
PASSEAR NOS MONTES
OUVIR AVES A CANTAR
VER AS SUAS FONTES
MINHA SEDE SACIAR
QUANDO VÊM O INVERNO
VER A NEVE A BRILHAR.

EU QUERIA
TODO O MEU VIVER EM ALCÔFRA ONDE NASCI
EU QUERIA
SÓ MATAR SAUDADES DOUTRO TEMPO EM QUE VIVI
VER AMIGOS
TER O VINHO VERDE Á MINHA MESA E FESTEJAR
EU QUERIA, EU QUERIA, EU QUERIA.

VER NA MINHA ALDEIA
A PRIMAVERA A CHEGAR
PASSEAR NOS MONTES
OUVIR AVES A CANTAR
VER AS SUAS FONTES
MINHA SEDE SACIAR
QUANDO VÊM O INVERNO
VER A NEVE A BRILHAR.

3/9/91
ONIL

Foto de onil

AOS QUATRO ANOS DA LEILA E DA RUTE

ANJOS DE MEIGAS FEIÇÕES
QUE OCUPARAM TARDIO SEU LAR
MAS QUE HOJE EM NOSSOS CORAÇÕES
TANTA ALEGRIA E PAZ NOS VEM DAR

AMOR TÃO PROFUNDO SENTIMOS POR VÓS
ROSTOS DE ANJOS COM NOMES SINGELOS
LEILA E RUTE ESCOLHIDOS POR NÓS
QUE NA NOSSA MENTE SÃO OS MAIS BELOS

QUATRO ANINHOS QUE SÃO JÁ PASSADOS
DIA A DIA AS VIMOS CRESCER
RECORDO BEM OS PRIMEIROS PASSOS ANDADOS
HOJE COMO É TÃO VÊ-LAS CORRER

TRISTEZA E MÁGUA FICARAM PARA TRÁS
HORAS AMARGAS VAMOS ESQUECER
QUE ENCONTREM SEMPRE NO SEU LAR A PAZ
AMOR E ALEGRIA QUE NOS FAZEM VIVER

BRINCAM RISONHAS SEU DOCE BRINCAR
COM BONECAS E CARROS BRINQUEDOS TÃO SEUS
VIERAM AO MUNDO ALEGRIA NOS DAR
LINDAS A VALER COM A GRAÇA DE DEUS

AQUI REUNIDOS AMIGOS, FAMILIA,
RECORDO A VÓS O QUE SÃO NOSSOS BENS
CANTEMOS POIS COM VOZ DE ALEGRIA
Á LEILA E Á RUTE OS NOSSOS PARABÉNS

17/10/89
ONIL

Foto de onil

NÃO JULGUES SÓ UM MOMENTO

NÃO JULGUES POR UM MOMENTO TODA A VIDA
EM QUE TENHAS INCERTEZA DO AMOR
PENSA SIM NA PAIXÃO QUE É TÃO SENTIDA
NESTE PEITO QUE TE AMA COM ARDOR

E MOMENTOS TÃO FUGAZES DE PASSAGEM
DE INCERTEZA EM PAIXÕES QUE SÃO VERDADE
CORROEM E MALTRATAM-NOS TAMBÉM
E DEIXAM NOSSOS PEITOS COM SAUDADE

POR ISSO EU NÃO JULGO OS MOMENTOS
QUE TRISTES DESLIZAM EM NOSSAS VIDAS
GUARDO EM MIM SÓ OS BONS PENSAMENTOS
TÃO FELIZES HORAS POR NÓS JÁ VIVIDAS

MEU DESEJO É QUE SEMPRE ASSIM SEJA
QUE O AMOR FORTALEÇA ESTA UNIÃO
PULSA NO PEITO UM CORAÇÃO QUE DESEJA
DÁR-TE A TI TÃO SOMENTE ESTA PAIXÃO

NÃO QUERO NEM JULGAR NEM TER RAZÃO
APENAS O SER JUSTO E PERDOAR
QUERO TER SEMPRE O AMOR DO CORAÇÃO
QUE UM DIA EU JUREI SEMPRE TE DAR

E NESSAS HORAS QUE SÃO DE INCERTEZA
JULGA BEM MAS NÃO JULGUES SÓ EM VÃO
TOMA NOTA DOS MOMENTOS DE TRISTEZA
QUE INVADEM NOSSO LAR E TAMBÉM MEU CORAÇÃO

POR ISSO NÃO JULGUES SÓ UM MOMENTO
DE TANTOS MOMENTOS QUE HÁ NA VIDA
DEIXA SIM VOAR SEMPRE TEU PENSAMENTO
NESSA PAIXÃO QUE ENVOLVE E É VIVIDA

E ASSIM NO PENSAMENTO A COMPREENSSÃO
LIGARÁ AS NOSSAS VIDAS COM VALOR
NÃO JULGUES TODOS OS MOMENTOS SEM PAIXÃO
PORQUE EM TODOS OS MOMENTOS PARA TI É MEU AMOR.

ONIL

Foto de onil

FILHO PRÓDIGO

PASSAM AS HORAS DO DIA
VOLTAM AS HORAS DA NOITE
SOZINHO SEM ALEGRIA
NÃO HÁ ALMA QUE ME ACOITE

MAIS UMA NOITE DE AMARGURA
CUMPRO ASSIM O MEU CASTIGO
PORQUE PARTI Á AVENTURA
E DEIXEI O MEU ABRIGO

VIVO SEM PAZ
DENTRO DO MEU CORAÇÃO
PARTI QUANDO ERA RAPAZ
ARREPENDIDO PEÇO PERDÃO

SEM PENSAR MAIS
ABANDONEI MEU ABRIGO
DEIXEI MEUS PAIS
E AQUELE LAR TÃO MEU AMIGO

AI COMO ESTOU SEM ALENTO
POR VIVER A VAGUEAR
QUE SAUDADES DOUTRO TEMPO
E A PAZ DO MEU DOCE LAR

QUIS CORRER CONHECER MUNDO
SEM NOS MEUS PAIS MAIS PENSAR
DEIXEI DE SER VAGABUNDO
HOJE VOLTEI PARA FICAR

UM FILHO PRÓDIGO
QUE VOLTOU PEDE PERDÃO
POR SER POBRE E SER MENDIGO
TEM AMOR NO CORAÇÃO

VIVO COM PAZ
E O CARINHO DE MEUS PAIS
PARTI QUANDO ERA RAPAZ
VOLTEI NÃO PARTO MAIS

ONIL

Foto de onil

DOCELIMA

CHAMAVA-SE DOCELIMA
REZA A HISTÓRIA AQUI EM RIMA
NOS VERSOS DESTA CANÇÃO
VIVIA SÓ POBREZINHA
E QUANDO VINHA A NOITINHA
SENTIA A SOLIDÃO

TÃO CEDO PERDERA OS PAIS
UM DESGOSTO QUE JAMAIS
DO SEU PEITO SAIU
OCUPOU-A A MELANCOLIA
E PASSAVA TRISTE O DIA
SEU OLHAR NÃO MAIS SORRIU

ENTÃO TRISTE CANTAVA
E QUEM SUA VOZ ESCUTAVA
SENTIA SUAS DORES
ERA LINDA A SUA VOZ
HERANÇA DE PAIS E AVÓS
QUE TAMBÉM FORAM CANTORES

COSTUMAVA IR LAVAR
SUA ROUPA E A CANTAR
NA FONTE SE ENTRETIA
E A VELHA FONTE GUARDAVA
OS SEGREDOS QUE ELA CANTAVA
NINGUÉM MAIS DISSO SABIA

ERA TRISTE O PENAR DELA
QUE EM SUA VOZ TÃO BELA
REVELAVA MIL TORMENTOS
SUA ALMA DESGUARNECIDA
DE QUEM A TROUXE Á VIDA
NÃO ESQUECEU NEM POR MOMENTOS

DOCELIMA ERA POBRE
MAS TINHA UM CORAÇÃO NOBRE
DE TERNURA E BONDADE
E A VELHA FONTE COITADA
CHORA AGORA MAGUADA
COM A SUA INFELICIDADE

DOCELIMA JÁ PARTIU
ALGUÉM A DESCOBRIU
JÁ FRIA NO SEU LEITO
O RETRATO DE SEUS PAIS
QUE ELA NUNCA ESQUECEU MAIS
APERTADO CONTRA O PEITO

O OLHAR QUE NÃO VIVIA
PELA DOR QUE A CONSUMIA
PARECIA ENTÃO A SORRIR
A SEUS PAIS QUE AMAVA TANTO
A RAZÃO DO SEU TORMENTO
POR FIM SE FOI UNIR

QUEM PASSAR AQUELA FONTE
NA LINDA ALDEIA DO MONTE
NEM SEQUER IMAGINA
OS SEGREDOS ALI CANTADOS
DOS TORMENTOS PASSADOS
NA VIDA DE DOCELIMA

NUNCA EM SI PERDEU A ESPERANÇA
PELOS PAIS SEU AMOR CRIANÇA
MANTEVE SUA PAIXÃO
EIS A HISTÓRIA TÃO SINGELA
DE UMA MOÇA QUE ERA BELA
TINHA NO PEITO A SOLIDÃO

QUE LUTOU SEM GANHAR NADA
DESTA VIDA AMARGURADA
NEM TÃO POUCO AMOR MATERNO
GANHOU SIM DIREITO AOS CÉUS
COM SEU PAIS JUNTO A DEUS
O SEU LAR SERÁ ETERNO

ONIL

Foto de onil

A MINHA POBREZA

EU NÃO DESEJO A RIQUEZA
SEI QUE NÃO ME FAZ FELIZ
A MINHA ALEGRE POBREZA
SEMPRE ME DEU O QUE EU QUIS

ONDE MORO E EM REDOR
MEU NOME É RESPEITADO
SOU POBRE MAS SOU HONRADO
SÓ ISSO ME DÁ O VALOR

E NUNCA ME FALTE NO LAR
O RISO ALEGRE E SADIO
QUE EU LEVO A VIDA A CANTAR
SOU POBRE MAS TENHO BRIO

A MINHA GRANDE ALEGRIA
SÃO OS MOMENTOS QUE PASSO
SEMPRE EM BOA COMPANHIA
ME INSPIRA NOS VERSOS QUE FAÇO

E SOBRA SEMPRE UM POUQUINHO
DA MINHA POBREZA SINGELA
QUE EU DOU A UM MAIS POBREZINHO
TORNANDO-LHE A VIDA MAIS BELA

ESTE É UM DESEJO PROFUNDO
BASTAVA HAVER O BOM SENSO
SE FOSSE COMO EU PENSO
MATAVA-SE A FOME NO MUNDO

NÃO FOI A NATUREZA
QUE ME ENSINOU ISTO A MIM
NASCI E VENHO DA POBREZA
MINHA MÃE ME CRIOU ASSIM

POR ISSO EU DOU VALOR
A QUEM ERGUE O SEU LAR
LIGANDO SEMPRE AO AMOR
SEM A POBREZA IMPORTAR

TODA A RIQUEZA QUE GUARDO
QUE DEUS ME QUIS OFERTAR
MINHAS FILHAS A QUEM VOU ENSINAR
TUDO O QUE ME FOI ENSINADO

PASSANDO POIS MEU DIA A DIA
TRABALHO NÃO PARA A RIQUEZA
MAS PARA SUSTENTAR A POBREZA
QUE EU VIVO COM ALEGRIA

PARA O MUNDO SER PERFEITO
DEVIA SER TUDO POBRE
MAS CADA UM SER BEM NOBRE
NO CORAÇÃO QUE TEM NO PEITO

NINGUÉM SENTIR AVAREZA
DE TUDO QUERER POSSUIR
MOSTRAR O BEM DA POBREZA
“QUE É O POUCO QUERER REPARTIR”.

8.11.00
ONIL

Foto de onil

FAMÍLIA

(PASCOA ANO 2000)

GOSTEI DESTAS HORAS AQUI VIVIDAS
ENTRE ALMAS CONSOLADAS
QUE SE SENTIRAM UNIDAS
ENTRE TANTAS TÃO DESOLADAS

GOSTEI DESTA UNIÃO FRATERNA
QUE NOS MOSTROU HAVER ESPERANÇA
PORQUE NA CONVIVÊNCIA SE ALCANÇA
A AMIZADE QUE SEM AMOR NÃO SE GOVERNA

ISTO É O QUE EU CHAMO FAMÍLIA
MESMO SEM SANGUES MISTURADOS
MAS COM SENTIMENTOS FUNDADOS
DAMOS Á VIDA PURA ALEGRIA

NÃO QUIS DEIXAR SEM GRAVAR
O TEMPO QUE JUNTOS PASSAMOS
QUE VINDOS DE LONGE NOS ENCONTRAMOS
PARA MAIS A FAMÍLIA CIMENTAR

A MINHA CASA QUE É MEU LAR
É COMO O MEU CORAÇÃO
AS PORTAS ABERTAS DE PAR EM PAR
A TODOS FRANQUEIO SEM DISTINÇÃO

ESTE DIA QUE HOJE FINDA
MOSTRA QUE O MUNDO É PERFEITO
POIS QUANDO EM CADA UM HÁ RESPEITO
PELO OUTRO A VIDA É LINDA

ASSIM FICARÁ COMO HISTÓRIA
ESTA NOSSA VIVÊNCIA PASSADA
A AMIZADE É TODA A GLÓRIA
QUE DO MUNDO LEVAMOS MAIS NADA

HOJE 23 DE ABRIL DE DOIS MIL
NÃO MAIS ESQUECEREI O PRAZER
QUE FOI EM FAMÍLIA CONVIVER
NESTA FESTA DE ÉPOCA PRIMAVERIL

ESCRITO E GUARDADO A RIGOR
NA POESIA QUE ME DESPERTA
TODO O SENTIMENTO DE AMOR
QUE HÁ NA MINHA ALMA DE POETA

É ELE (O AMOR) QUE ME FAZ ANIMAR
PORQUE SEI QUE SEMPRE EXISTE
NO FUNDO DE UMA ALMA TRISTE
UM POUCO DE AMOR PARA DAR

FELIZ POIS FOI ESTE DIA
POR EU PODER PARTILHAR
TODA A IMENSA ALEGRIA
DESTA FAMÍLIA JUNTAR

O MEU CORAÇÃO SE ALEGROU
PORQUE O AMOR ALEGRIA NOS TRÁS
FOI ELE QUE AQUI NOS JUNTOU
É ELE QUE CONSERVA A FAMÍLIA NA PAZ

23.04.00
ONIL

Foto de onil

CIÚME SEM RAZÃO

(dedicado a minha esposa)

TU ÉS O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA
AQUELA DE QUEM NUNCA VOU ESQUECER
E MESMO QUE MINHA MENTE ANDE PERDIDA
TU ÉS SEMPRE A MULHER QUE EU QUERO TER

E SE UM DIA NO MEU PEITO SE FORMOU
A FORÇA E A RAZÃO DE EU SER POETA
COM A MESMA FORÇA O MEU CORAÇÃO TE AMOU
E MAIS NINGUÉM ESTE MEU AMOR DESPERTA

POR ISSO NÃO FIQUES PREOCUPADA
A MINHA MENTE SONHA APENAS PARA ESCREVER
PORQUE SÓ TU NO MEU PEITO ÉS AMADA
MEU CORAÇÃO POR MAIS NINGUÉM VAI BATER

NÃO ESQUEÇO QUE SÃO JÁ DEZASSETE ANOS
DE VIDA EM CONJUNTO QUE LEVAMOS
E NESTE TEMPO EU NÃO VIVI DE ENGANOS
MAS SIM COM A CERTEZA DE QUE NOS AMAMOS

NÃO FOI FÁCIL NOSSA VIDA CONSTRUIR
MAS O ESFORÇO SEMPRE VEIO COMPENSAR
NOSSO LAR EU NÃO QUERO DESTRUIR
DEIXANDO MEU CORAÇÃO VAGUEAR

ÁS VEZES O QUE ESCREVO NÃO CONDIZ
APENAS E SÓ SERVE Á INSPIRAÇÃO
ESCREVENDO MEU CORAÇÃO É FELIZ
E SONHANDO PARA ESCREVER TENHO A RAZÃO

O AMOR COM QUE EU VIVO É TODO TEU
SÓ TU ME OCUPASTE O CORAÇÃO
POR ISSO VIVE E DESFRUTA O AMOR MEU
NÃO FIQUES COM CIÚMES SEM RAZÃO.

6.10.99
ONIL

Foto de Fernanda Queiroz

Pedaços de infância

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.

Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.

Meu pai me aconselhou a planta-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.

Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, primaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.

Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de "dentinhos, arrebitadinhos".

Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.

O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.

A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.

Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontra-las.

Papai quieto assistia meu marasmo em deposita-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.

Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escudeiras dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.

Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.

Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na sequência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.

Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.

Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.

Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.

Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.

Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Resernados

Foto de Ivanifs

Amei de verdade

Uma certa vez, eu devia ter uns seis anos.Morava com minha família no centro da cidade aqui mesmo, São Bernardo.Da casa onde eu morava, avistavam-se todas as avenidas.De lá bem longe eu vi vindo na minha direção, uma cadelinha branca, bem vira-lata, com aquele olhar pidão, só faltava falar: - Ai fica comigo vai!
Então... eu na minha inocência plena não resisti.Coloquei-a pra dentro do portão, e minha mãe não gostou da idéia, chamou-me a atenção mas eu continuei tratando do bichinho com tanto amor que parecia que eu havia ganhado um prêmio na loteira. Os dias se foram, e mal sabia eu que minha alegria estava com os dias contados. Mais uma bronca por estar eu cuidando da coitadinha.Batizei o bichinho com o nome de Dona Filhinha. Ela era branquinha e boazinha, tal qual uma vovózinha que eu conhecia com esse nome. Ai! Como eu amava aquela cadelinha! Sem mais nem menos num dia não muito propício, minha mãe surtou, tomou ela dos meus braços entregou-a ao meu irmão e disse: - Leva pra bem longe, eu não posso cuidar desse bicho!Eu comecei a chorar descontroladamente, meu coração doía tanto, eu não aceitava aquilo daquela maneira não tive reação.Era só uma criança e não tinha autoridade.Assim... lá se foi a Dona Filhinha com o olhar tão triste que parecia que a estavam tirando de sua própria mãe.Continuei chorando por muitos dias, até que passasse a dor, sonhei muito com ela até depois de crescidinha, espero que ela tenha tido uma vida feliz, num lar onde todos a amaram muito. Sinto saudades dessa época da minha infância,tenho certeza que amei de verdade aquele cãozinho.Amei de verdade...

Páginas

Subscrever Lar

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma