Justos

Foto de Rosinéri

A VIDA EM FATIAS

A idiotice do ser humano,
não está no que ele não faz de errado
Consiste no que ele acha correto e
não faz, por vergonha.
O homem é a alma viva do fruto da alma limpa, porem
ele deixa muita façanha, caridade
de lado por ser austero.
Caridade, não quer dizer dar esmolas a um
pobre, mas sim em não tirar do próximo.
Nem sempre aquele que faz a falsa caridade
pode ser o melhor.
Caridade é aquilo que vem de dentro do peito,
que não mede sacrificios, é caridade honesta.
Nem sempre o rico é o mais poderoso.
Mais poderoso é aquele que tem o carater
fortalecido, em uma base rica de humildade,
humildade é um espinho que se retira de uma
ferida qualquer, sem ver quem e sem pensar
em retorno.
Nossa vida eterna, é considerada curta, porém
é eterna perante os justos e perante Deus.
A mais doce recompensa é aquela que Deus
dará aos justos de coração.

Foto de pttuii

Modinha

senhoras e meios senhores,
de noite começa a mentira,
de que querer penhores,
fica melhor a quem suspira,...

a dormir se fazem os justos,
pessoas de médio porte,
porque quem vive de sustos,
cedo se desfaz do Norte,...

gente faz possíveis,
tocada a lenha mole,
já que de notas incríveis,
vivem os sem pedra de toque,...

tudo a esforço para dizer,
que quem não pensa sofre,
desfazem-se sem querer,
mentiras pintadas a ocre,....

Foto de Sirlei Passolongo

Uma Poesia Para Seu Signo

Áries

Ah! Quem conhece um ariano
Jamais o esquece...
Sorri com a mesma facilidade
Com que grita
É de uma inocência
Sem igual
Vive de alto astral
Sua ingenuidade encanta
E sua energia contagia
Adora fazer birra
Porque quando quer,
quer porque quer...
E às vezes quando conquista
Nem queria tanto assim...
Esses arianos adoram riscos
Lutam pelo que desejam
Mas não esperam ganhar um beijo
Rouba-os.
Saiba que ter um amigo ariano
É ter a certeza que se fores ao fim do mundo
Ele estará sempre com você.

(Sirlei L. Passolongo)
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Touro

Ah! Esses taurinos elegantes
Ao surgirem em nossa vida
Um amor de fé nos garante
Acreditam em si mesmo
Força e talentos únicos
São seres especiais
Buscam seus sonhos
Mais ousados
Para eles limites existem
Para serem superados...
Mas temem o desconhecido
Amam o seu cantinho
E se nele você vier
O receberá com muito carinho.
(Sirlei L. Passolongo)

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Gêmeos

Ah!Geminianos
Tem almas ciganas
De sorriso fácil...
Mas são contraditórios
Num dia amam a vida
Noutro não sabem ao certo
Mas quando amam uma pessoa
Se entregam de jeito único
Querem o bem de todos
Que estão por perto...
Adoram falar, adoram sorrir
Se pudessem conheceriam
Todos os dias um novo lugar
Mas uma coisa é certa
Esses geminianos sabem conquistar.
(Sirlei L. Passolongo)

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Câncer

Cancerianos possuem
Sensibilidade à flor da pele
Aos que amam
Com todo carinho
protegem
Às vezes tímidos
Escondem o riso,
Sentem na alma
A intuição do perigo
São leais e grandes amigos...
Mas não o magoe
Ele se fecha
Quando ferido.
Não esqueça!
Ele é dengoso
Mas é fiel e querido.

(Sirlei L. Passolongo)
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Leão

Esses Leoninos
Tem garra de vida
Brincam com tudo
Num otimismo
De dar inveja
Neles, há sempre
Uma palavra sincera
Um encanto nato
Em sua beleza
Ah! são valentes
Diante dos problemas
Autoconfiantes
E supremos...
Não esqueça!
Nem sempre
Abaixam a cabeça,
Mas é sempre fiel
Com toda certeza.
(Sirlei L. Passolongo)

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Virgem

Virginianos
Ah! Esse confidente sincero
Um virginiano é um adorado anjo
Que olha sempre com a razão
Mas jamais se encontra nas nuvens
Eis seu maior defeito...
Não tira os pés do chão.
O convide para arrumar suas coisas
Ele é de uma organização incrível
Mas não tire as coisas dele do lugar
Ele tem medo de amar...
Ah! Virginianos morrem de medo de desconhecido
Mas o conquiste com muita amizade e sabedoria
E um amigo fiel pra sempre terá.

(Sirlei L. Passolongo)

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Libra

Ah! Librianos são pura harmonia
Justos por excelência
Com muito cuidado
Avaliam
Encantadores por natureza
Elegantes e delicados
Jamais se ouve o grito
De um libriano
E quando falam
São pacifistas
Ah! Esses librianos
São românticos sonhadores
Que correm atrás do seu amor
E quando conquistam
Dá a ele o merecido valor.
Tenha um libriano por perto
e verá o que é um ser humano
de grande afeto.
(Sirlei L. Passolongo)

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Escorpião

Escorpiano!!!
Adorado escorpiano
Esse ser que se apaixona
E todos os teus sonhos
No amor aprisiona
Alguém que ama intensamente
Mas sofre por ser enciumado
Alguém cuja sinceridade salta aos olhos
Cuja fé jamais lhe falta
guarda segredos e mistérios
um apaixonado esotérico
tenha um escorpiano
ao teu lado... e saberás o que
é o amor sincero.
Ah! Mas Esse Escorpiano
precisa perder um pouco do juízo.

(Sirlei L. Passolongo)

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Sagitário

Sagitariano é assim
Um desastrado apaixonado
De coração doce
Mas grito forte
De alma sincera
Mas é uma fera
se lhe provocam
Ama de verdade
Até um novo amor surgir
Se entrega sem regras
Para o amigo fazer sorrir
No seu coração a mágoa
Não faz casa... Briga fácil
Perdoa mais fácil ainda
Às vezes, ele é insano
Outras vezes, todo zen
Tenha um sagitariano por perto
E verás a alegria que a vida tem.

(Sirlei L. Passolongo)

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Capricórnio

Esses calmos capricornianos
Adoram a solidão
Onde se recolhem
E guardam sua emoção...
Podem parecer frios
Não demonstram o que sentem
Mas amam intensamente...
Jamais esquece um grande amigo
E estes levam pra vida toda
Ah! Capricornianos
Adoram estar por cima
Mas jamais passam sobre ninguém
Porque sua melhor qualidade
Está na lealdade que têm.
(Sirlei L. Passolongo)

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Aquário

Aquariano é assim
Um sonhador incurável
Vive além do seu tempo
Ama a liberdade
E o que lhe aprisiona
Não leva mais que um momento...
Tem medo de se apaixonar
Mas se conquistado
Amante igual não há
Adora pensar no futuro
Nas novas tecnologias
Que serão inventadas
Acredita que é no futuro
Que as soluções pra tudo
Serão encontradas...
Não gosta de rotina
E se deseja
ter um aquariano a seu lado
Faça dos seus dias inesquecíveis
E sempre renovados.

(Sirlei L. Passolongo)

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Peixes

Ah! Piscianos
São seres especiais
Se alegram com nossa alegria
Choram com nossa tristeza
Se entregam aos amigos
De maneira impressionante
Gentis e apaixonantes
Sonham o mundo
Num instante
Mas é um indeciso
Viajante
Romântico incurável
Estar do seu lado
É algo incomparável.

(Sirlei L. Passolongo)

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Olá
Há algum tempo escrevi um poema para meu signo que é sagitário...rs,
e vez por outra recebo pedidos para escrever um poema para um signo... Assim, resolvi brincar um pouco e escrevi para os doze signos do zodíaco... Porém, deixo claro que não sou astróloga, o que fiz foi apenas uma brincadeira para atender amigos.

Por favor!
Se desejar copiar para seu perfil mantenha a autoria
e deixe um comentário..rs

Beijos!!!

Foto de Rose Felliciano

A quem temer???

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Estamos vivendo tempos de violência...
Muitas violências.
Resolvemos ou amenizamos este problema, nos protegendo... Protegendo nosso corpo, nossos bens, nossa família...
Construímos muros altos, com cercas elétricas, vidros, alarmes, luzes...
Ambientes monitorados por câmeras, sons...
Seguranças, vigilantes, cães...
Armas, cursos de defesa pessoal...
Moramos em condomínios fechados, apartamentos com portaria 24horas...
Nossos carros têm travas, ar-condicionado para não abrir os vidros, segredos, alarmes e alguns são blindados.
Temos segurança pessoal, seguro residencial, seguro de carro, seguro de vida, seguro funeral...
Ufa! Será que assim estamos protegidos???
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“E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” (Mateus 10:28)
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Muitas vezes, nos protegemos do ladrão que mata o corpo e deixamos dentro da nossa casa, junto da nossa família, bem solto, o ladrão das nossas almas, que mata o corpo e a alma...
Ele está ao nosso lado quando achamos normal ver na televisão, os divórcios, adultérios... E às vezes torcemos pela amante, pois a esposa é muito chata mesmo....
Ele está naquela roda de “amigos”, onde preferimos mostrar os defeitos das pessoas e ainda rimos ou esperamos por suas quedas, para assim, nos sentirmos aliviados e vingados por “Deus”.
Está na internet, que muitas vezes tira o nosso tempo de conversarmos com nossos filhos, passear com nossa família, ler a bíblia, ir à Igreja...
Está matando nossa alma quando não sentimos mais vontade de orar por nós, de orar pelas pessoas...
Quando gostamos e instigamos o sexo sem compromisso, sem amor, por prazer da carne apenas... A libidinagem...
Quando ignoramos as pessoas, simplesmente porque não nos simpatizamos com ela..
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“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.”(Mateus 5:44-48)
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O inimigo está matando nossa alma e tirando nossa vida, quando somos indiferentes aos sofrimentos das pessoas , simplesmente por não nos envolvermos nos “problemas dos outros” e sair da nossa “zona de conforto.”
Quando não falamos de Jesus, para evitar polêmica ou por outro receio qualquer...
Engraçado que ouço muito comentário de críticas sobre o crescimento desordenado de igrejas. Dizem que hoje qualquer porta de casa é uma igreja. Porém, nunca vi ninguém questionar o crescimento desordenado de bares. E olha que qualquer porta de casa vira boteco também....
Vejo questionarem pastores que pedem dinheiro na televisão, mas não vejo críticas às empresas que gastam milhões em propagandas, divulgando suas megas, teles, e bolões da vida. Ao contrário, vejo essas pessoas apostando e apostando e apostando.... Ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, nenhum desses milionários... Ah! Mas dando dinheiro para Igrejas, eu não tenho a chance de ganhar uma “bolada” e nas megas eu tenho (?). Outra dúvida: ah, mas os pastores usam esse dinheiro para benefício próprio. Os outros não (?)
Não quero aqui defender esse ou aquele. Até porque não sou eu quem julga. Mas não façamos dos exemplos ruins, um empecilho para buscarmos a Deus. Pois só com Deus conseguiremos nos proteger do inimigo que pode matar o nosso corpo e a nossa alma também. Até porque,
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"Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." (Salmo 127:1)
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Devemos nos proteger da violência urbana e humana, mas nunca esquecendo que quem vai à frente da sentinela é o Rei dos exércitos celestiais. Jesus Cristo!
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“pois aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeçes em alguma pedra."(Salmo 91:11-12)
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Temos a receita para defendermos nosso patrimônio e nossa segurança pessoal, como já descrito no início desse artigo. E qual seria a receita para defendermos nossa alma?
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Efésios 6:13-17 A Armadura de Deus

http://meditarnabiblia.blogs.sapo.pt/3210.html
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"Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estais, pois, firmes tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz, tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus."

Cinturão da Verdade- Satanás luta usando mentiras. Ás vezes as suas mentiras soam como verdades. Mas somente os cristãos têm as verdades de Deus que podem vencer Satanás.
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Couraça da Justiça- Satanás ataca frequentemente o nosso coração - o centro das nossas emoções - dignidade e confiança. A justiça divina é a armadura do corpo que protege nosso coração e assegura a aprovação de Deus. O Senhor nos aprova porque nos ama... Por isso enviou Seu Filho para morrer por nós.
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Sapatos da prontidão para divulgação do Evangelho- Satanás deseja nos convencer de que relatar as Boas-Novas é uma tarefa inútil e desprezível que o peso dessa tarefa é muito grande e que as respostas negativas serão demasiadamente difíceis de ser controladas. Mas os sapatos que Deus nos deu representam a motivação para seguir proclamando a verdadeira paz que está disponível em Deus, e somente Nele. Essas são as boas novas que todos precisam de ouvir.
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Escudo da Fé- O que vemos são os ataques de Satanás sob a forma de insultos, reveses e tentações. Mas o escudo da fé nos protege sobre as setas inflamadas e invisíveis do diabo. Sob a perspectiva divina, tornamo-nos capazes de enxergar além das nossas circunstancias e saber que a suprema vitória é nossa.
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Capacete da Salvação- Satanás deseja que tenhamos dúvidas a respeito de Deus, Jesus e da salvação. O capacete protege as nossas mentes para que não tenhamos dúvidas em relação à obra que Deus realizou para nós: A nossa salvação.
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Espada do Espírito/Palavra de Deus- A espada é a única arma de ataque nesta descrição da armadura divina. Existem momentos em que precisamos de tomar uma atitude ofensiva contra Satanás. Quando somos tentados, precisamos confiar na verdade, que é a Verdade de Deus - A Sua Palavra.

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Tenhamos todos, ótimos dias....

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Meu carinho,

Rose Felliciano.

Foto de sidcleyjr

Uma Nova contradição

No inverno sou a larva incondicional
No amanhecer sou o escuro formidável
Vivendo a contradição
Realizando a utopia
E construindo a cada dia aquele sentimento magia.
Guerra perpetua na suíte de minhas lágrimas,
Fugindo ao hell-cife
Onde as musas coroam o prazer
E escraviza o Amor.
Bem-vindo a terra dos monstros carentes
Das flores contentes
E dos elfos Alcoólatras.
Permanece cantar a melodia da dor
E a descansar o sono dos justos
A cair para por um fim
Nas frases desconhecidas do poeta

'Macro

Foto de Izaura N. Soares

TRIUNFO DE UM SONHO

Triunfo de um sonho
Izaura N. Soares

Entre sonhos que se tornaram triunfal
Meu olhar vagava perdido
Com pensamentos indefinidos,
Em busca da alma celestial,
Tentando entender o vazio do coração
Que vivia sempre na solidão.

Naquela pequena fresta da porta,
Deixei minha alma entrar
Para que não tivesse uma visão torta
De um mundo tão tristonho
Que na margem do mar,
Navegava num lindo sonho.

De tempo em tempo, a pequena fresta
Da porta se abria,
Para adentrar os raios do sol que cobria,
Como ondas serenas a bailar
Os meus olhos cansados insistiam em olhar.

Observo o movimento do mar
E vejo minha vida dançando,
Dançando a música do lar
Num ritmo acelerado
Que passou a ser desejado.

Deseja o infinito no mesmo ritmo
Com movimento das ondas do amor,
Descobre que a vida foi feita para amar
E que ao adormecer o sono dos justos,
Consegue sentir um bendito calor
E um som remoto; num lindo sonhar.

Foto de João Freitas

CALCINHA

CALCINHA

Ah que calcinha linda
De renda nunca foi não
Os fios todos bem justos
Querendo ser proteção

Uma calcinha bem branca
Bem fina de algodão
Fugindo do cós da calça
Deixando-me com paixão

Chateia-me esta peça
Nos dias de muito tesão
Só serve pra dar trabalho
De tirar molhada ou não

Depois do amor já feito
Volta ela ao lugar
Branca, seca, bonita
Fetiche de me matar

João Freitas - Direitos autorais registrados.

Foto de cafezambeze

O GRANDE DIA - POR GRAZIELA VIEIRA

O Grande Dia

20 de Julho 1953.

Ás quatro da madrugada, quando a pálida luz d’aurora ainda mal fazia a sua aparição, já minha mãe me arrancava aos braços de “Morfeu” onde eu na véspera, prometera a pés juntos não mergulhar.

Chegara enfim o grande dia. O dia do acontecimento mais relevante dos meus franzinos dez anos. Ia, enfim, fazer o meu exame da 4ª classe a Mirandela.

Mirandela!!!!!!!! Uma Vila que eu só conhecia em sonhos, ou de ouvir falar. A azáfama dos últimos preparativos e conselhos dos familiares orgulhosos, as últimas recomendações da senhora D. Ermelinda Rafael, minha professora e irmã do ilustre médico Dr. Mário Rafael, tinham feito com que adormecesse mais tarde e àquela hora, francamente, não me apetecia nada levantar.

- Anda filha que são horas: já tens o caldo na malga. Põe-te a dormir e depois come do sono. Olha que o exame não espera por ti e temos muito que palmilhar. Se tínhamos! É que dos Avidagos, minha terra, até Mirandela são cerca de 24 km os quais tínhamos que fazer a pé:

-Porquê? Pela simples razão de não haver dinheiro para a Camioneta, ida e volta, para a chita do vestido novo que a minha tia Mariana me fez, para os sapatos comprados para a ocasião, para pagar a Pensão onde teria que ficar, etc. Os meus pais para suprir as despesas mais prementes, tiveram que segar manual e prematuramente duas jeiras de trigo e vender o grão ao senhor Regedor.

O sacrifício foi enorme, mas o orgulho de ter uma filha que ia fazer o exame da 4ª classe quando ainda não era obrigatório, compensava-os plenamente.

Engoli o caldo á pressa e pusemo-nos a caminho eu e minha mãe. As nossas socas brochadas faziam barulho nas pedras do caminho quebrando o silêncio matinal. De vez em quando sacudia uma ruga, imaginária, do vestido novo. Por vezes, levava a mão á cabeça a ver se a fita cor-de-rosa que a minha avó materna me oferecera para a ocasião, ainda lá estava. Querida avó! Tinha vindo das Varges aos Avidagos a pé só para me presentear com a fita. Ela queria que a sua neta, fosse a mais bonita de todas. Não estou bem certa, mas penso que a distancia por ela percorrida por caminhos tortuosos, devia rondar os nove ou dez quilómetros, senão mais.

Comecei a tomar noção da responsabilidade em não defraudar, com um chumbo, as expectativas e esperanças que os familiares em mim depositavam.

-Ó mãe ainda falta muito?

-Não, é já ali.

Relógio? Que é dele. Isso era um luxo dos ricos, mas pelas minhas contas, havia mais de duas horas que a minha mãe dizia, é já ali. Eu nunca antes tinha feito uma caminhada daquela envergadura. As minhas fracas pernas, começavam já a acusar o cansaço. Sem querer, invejava os meus cinco irmãos mais novos que haviam ficado no aconchego da cama. O sol começava a despontar no horizonte cobrindo as já louras searas de trigo e centeio que ondulavam com a fresca brisa matinal como se fosse um mar gigantesco de ouro salpicado de papoilas vermelhas mais fulgurantes que rubis. As cotovias, melros, rolas e picanços, saudavam o astro-rei com os seus melodiosos gorjeios, num agradecimento á mãe natureza o fausto banquete que esta pusera á sua disposição e das respectivas proles. De vez em quando, uma lagartixa espreitava por entre as pedras do caminho, curiosa com o sincronizado das nossas socas, trepa que trepa. Ao longe, um ou outro rancho de segadores começava o seu árduo trabalho com os rins dobrados sobre as searas que as seitouras iam dizimando. De repente um frémito de alegria percorreu o meu já cansado corpito ao avistar uma povoação. Aligeirei o passo e pergunte

-Ó mãe, ali já é Mirandela?

-Daqui lá não me doa a mim a barriga, respondeu a minha mãe já agastada de tantas vezes responder, á contínua pergunta de, ainda falta muito?

-Ali são as Lamas, falta quase outro tanto para chegar a Mirandela e temos que andar mais depressa para estar lá ás nove horas senão, não fazes o exame.

Prossegui calada deitando um olhar de esguelha á saquita que a minha mãe levava á cabeça onde a par dos livros e da merenda, iam os sapatos novos que só calçaria á entrada da Vila para fazer jus ao rifão. Menina da aldeia, á entrada da Vila calça a meia A malga do caldo de cebola? Onde é que ela já ia.

Reparando nas minhas espiadelas á saquita e como caminhássemos ao longo de uma parede que circundava uma horta, a minha mãe disse:

- Sentemo-nos só um cibinho para comer que depois já temos força para andar mais depressa. Ó que mágicas palavras para os meus ouvidos. Levantei o vestido quase até á cabeça para não o sujar ou enrugar na parede de xisto, e á fatia de pão centeio, que minha mãe cozera na véspera, e ao punhado de figos secos, foi um ar que lhe deu.

Reconfortada com a frugal refeição e com cinco minutos de descanso, pusemo-nos novamente a caminho. De súbito ouvi o trotar de uma cavalgadura atrás de nós. Voltei-me devagar e disse:

-Ó mãe, vem ali o ti João Vinhais com o filho a cavalo no macho. Na verdade, não era meu tio, mas na minha aldeia, os mais novos tratavam os mais velhos por tios e tias.

-Bom dia senhora Adelina! Madrugaram!

-Bom dia senhor João, que remédio!

Deixei de ouvir o resto dos cumprimentos e concentrei-me no Francisco Vinhais, um rapaz da minha idade e que todo janota em cima do anafado macho também ia fazer exame. Eu bem me saracoteava para ver se o Xico olhava para o meu vestido novo e para o laço que me prendia os curtos cabelos mas o Xico não reparava e eu saltitando, quase me punha á frente do macho. Ó! Vaidade feminina, que tão precocemente te manifestas em futilidades. O ti João vendo os olhares constantes que eu deitava aos cavaleiros e atribuindo-o ao meu cansaço, apeou-se e disse:

-Monta no macho enquanto vou um bocado a pé para esticar as pernas.

-Obrigada senhor João, disse minha mãe: Ela só já ia a ganir que lhe doíam as pernas

-E tem razão, com o estiraço que já fizeram não é para admirar.

Ele mesmo, pegou nos meus vinte e cinco quilos e pô-los em cima do macho. Nunca lhe agradeci o gesto nobre e bondoso que tomou naquela ocasião. Hoje ainda me pergunto se chegaria a tempo do bendito exame sem a sua intervenção. De vez em quando eu, com pouca vontade, ainda lhe dizia:

Ó ti João, quer montar que eu desço?

-Deixa-te ir que vais bem.

O Xico repontava; ó pai, ela não vai quieta com os ovos daqui a pouco caímos os dois.

O que o Xico nunca soube, é que para não amarrotar o vestido, eu estava sempre a puxa-lo debaixo do assento desequilibrando-me.

Por fim, chegamos á entrada da ponte. Já se avistava a Vila de onde sobressaía a então famosa Casa Verde. Depois de deixar o macho entregue a uma pessoa conhecida, o ti João cheio de paciência, esperou que eu calçasse os meus sapatos novos, dois números acima do tamanho indicado para me servirem daí a muito tempo, e começamos a atravessar a ponte, a caminho da escola onde iam ter lugar os exames.

-Ó mãe, deixe-me ir ali a Senhora do Amparo fazer uma promessa para eu ficar bem no exame

-A promessa, dou-ta eu. Se ficares mal, á vinda para cá atiro-te da Ponte abaixo.

-Ó senhora Adelina!.......Disse o ti João apaziguador: Não diga isso á rapariga, que ela pode-se enervar e fazer mal a prova.

-Eu cá sei as linhas com que me coso, isto é falar por falar.

Só alguns anos depois é que me apercebi que a minha pobre e querida mãe ia mais nervosa que eu, e que os meus pais, tinham sido criticados por fazer tantos sacrifícios para que eu pudesse fazer a 4ª classe. Se ainda fosse um rapaz, vá lá, que sempre fazia falta para arranjar um emprego! Agora uma rapariga pobre para que é que queria o exame? Melhor me mandassem ir servir para aprender a ser uma mulher como devia de ser. Isto, diziam aquelas senhorecas de meia tigela que mal sabiam assinar os próprios nomes, e que queriam quem as servisse a troco dos restos da comida que deixavam nos pratos. As “comadres” que as há em todas as aldeias e não só, essas diziam que parecia mal uma rapariga sozinha no meio de quatro rapazes propostos a exame, e outras coisas no género próprias dos meios rurais. Mas a minha ânsia de aprender aliada à boa compreensão de meus pais tudo superaram; o compreensível receio da minha mãe, era que eu ficasse reprovada e depois ter de ouvir as línguas viperinas a rirem-se de nós depois de tantos sacrifícios.

Por meu lado, estava consciente que a oportunidade se não repetiria mas tinha a certeza de estar bem preparada. Graças á minha boa Professora que sem esperar qualquer recompensa além da gratidão, depois das horas de aula oficiais, dava-nos em casa dela mais umas horas de explicações todos os dias. Nunca até essa altura, ela tivera um aluno seu reprovado; e essa era a sua gratificação interior. A meu ver, bem mais valiosa do que se recebesse algumas “luvas” coisa de que nunca houve conhecimento. Nos tempos que correm pode dizer-se que era um exemplo raro de dedicação ao ensino.

Chegamos á Escola dos exames um pouco cedo, mesmo assim já lá estavam algumas dezenas de alunos. Com olhar de lince vislumbrei a nossa Professora e dirigimo-nos para junto dela. Depois dos cumprimentos devidos, perguntei se os restantes rapazes já tinham chegado.

-Ainda os não vi e já estou a ficar preocupada. É que depois da sala de aula fechada para a prova escrita, não entra mais ninguém. De repente, o Francisco Vinhais, aqui já não era Xico, porque a Professora exigia que todos nos tratássemos pelos nomes próprios em vez das usuais alcunhas disse:

-Ali vêm eles.

De facto, o Casimiro, O Viriato, e o Luís Filipe, parecendo os três da vida airada, depressa chegaram junto de nós. Depois das últimas recomendações, e com uma disposição parecida à de quem vai para a guilhotina, entramos para dar início á Prova Escrita. Na Sala repleta de alunos de todas as Aldeias do Concelho, o silêncio era sepulcral. Só se ouvia o raspar dos aparos das canetas de pau, molhadas nos tinteiros brancos, no papel.

Ditado, Problemas, Contas, Redacção, etc., tudo seguia os seus trâmites sincronizados. Os pais ou acompanhantes, esperavam do lado de fora, quem sabe, pedindo a Deus para que nenhum dos seus fosse reprovado. Após três longas horas, abriram-se finalmente as portas e em silêncio, todos esperavam sofregamente os resultados. Ninguém arredava pé. Mais algum tempo e eis que os almejados resultados eram afixados. Começaram os empurrões, o esticar de pescoços, o por em bicos de pés a ver quem primeiro chegava junto dos resultados. A minha mãe teve que pegar-me ao colo para eu ver o meu resultado uma vez que ela não sabia ler e sendo eu tão pequenina, corria o risco de ser esmagada pelos mais matulões ou pelos adultos. Depois de muitos encontrões e pedidos de desculpas, lá chegamos aos famigerados resultados. Olhei atentamente e ao descortinar o meu nome, gritei:

-Mãe!... Fiquei bem! Ela ergueu-me bem nos braços e disse:

-Vê bem filha, não te enganes.

Tornei a olhar e confirmei. Fiquei bem, mãe, é verdade.

Quando me poisou no chão, fiquei como que petrificada ao ver rolar as lágrimas pela face de minha mãe. Intrigada, perguntei:

-Então a mãe está a chorar porque eu fiquei bem?

-Ó filha, não. Tu não sabes que também se chora de alegria? Pois o que eu sinto agora, é uma alegria enorme como há muito tempo eu não sentia. Deus te abençoe.

Entretanto os quatro rapazes, com um sorriso de orelha a orelha, davam também a boa nova. A nossa Professora que se associava á nossa alegria, lembrou.

-Agora toca a ir comer e descansar para estarem fresquinhos para a Prova Oral que é amanhã á tarde.

Não sei onde os outros se hospedaram, quanto a mim, a minha mãe levou-me a uma Pensão pequena, tipo familiar, que embora retenha o seu interior na memória, não fixei o nome da rua onde a mesma se situava. Levava vinte escudos por dia, com direito a três refeições e dormida. A minha mãe pagou o estipulado e preparou-se para o regresso a casa pelo mesmo caminho.

-Então a mãe não come aqui?

-Não, come tu que eu como o resto da merenda pelo caminho. Tenho que ir fazer o caldo para o teu pai e para os teus irmãos mas amanhã cá estarei para assistir á Prova Oral. Entretanto a senhora da Pensão já trazia para a mesa, uma fumegante travessa de batatas cozidas com congro. Lembro-me como se fosse ontem. Comi que me fartei. Á noite, fui para um grande quarto onde estavam duas camas e dois colchões no chão. A mim, calhou-me um dos últimos. Entraram depois uma senhora e duas meninas que rondavam a minha idade pelo que o motivo devia ser o mesmo. Aldeãs para exame. Apoderando-se cada qual do respectivo lugar. Em menos de um credo, já eu dormia o sono dos justos sem sentir as dores das bolhas que os sapatos me haviam feito nos calcanhares. Quando acordei na manhã seguinte, o quarto estava já vazio e arrumado. Ao dirigir-me á casa de banho, vi num relógio de parede que já eram onze horas. Depois do almoço, furtei um guardanapo da mesa, e fui para o quarto puxar o lustro aos sapatos com ele atirando-o depois para debaixo de uma cama. Pedi para me arranjarem o laço do cabelo e toda prosmeira, fui ter com a senhora dona Ermelinda que já me esperava á porta para me acompanhar ao local das Provas Orais. Reparou a Professora que eu andava devagar e com passo inseguro, como quem pisa ovos.

-Que é que tens rapariga? Vais com medo ou fizeste xixi na cama?

-Não minha Senhora, foram os sapatos que ontem me fizeram bolhas. Se calhar, vou-me descalçar.

-Nem penses, quero lá agora uma aluna minha descalça no exame. Calça as socas.

-Não as tenho cá, a minha mãe levou-as.

Ao cabo de uns minutos que me pareceram séculos devido ás dores, lá chegamos ao local. Já estava o que me parecia a mim, um mar de gente junto da Escola, para assistir ás Provas Orais. Naquela época, mesmo quem não tinha familiares a fazer exame, gostava de assistir ás Provas Orais para ver as habilidades dos alunos conhecidos e não só.

Como não descortinasse a minha mãe em parte alguma, trepei ao muro para ver melhor em todas as direcções. Que grande desilusão! Não estava em parte alguma. De certo não pode vir. Era tão longe! Ainda na véspera fizera a pé o caminho de regresso, e com certeza não aguentara outra viagem.

Envolta nos meus pensamentos, nem me dera conta de que já todos tinham entrado.

A sala estava cheia até à porta. Saltei o muro e precipitei-me para a entrada onde algumas pessoas não me queriam deixar entrar.

Que queres tu daqui? Não vês que não podes entrar? Vai brincar para a rua.

-Mas eu vou fazer exame, respondia em altos gritos. As pessoas olhavam para o meu corpo franzino, que não aparentava mais que seis anos, e riam-se.

Chô: - Cresce e aparece.

No meu desespero comecei a distribuir pontapés a torto e a direito, e furando por baixo da amálgama de pernas que vedavam a entrada da sala de Aulas, lá consegui chegar ao meu lugar. Mesmo a tempo… Estavam a chamar pelo meu nome.

Muito esbaforida, com os livros a monte dentro da saquita e toda despenteada, devido à entrada forçada, encaminhei-me para a mesa do Júri. Por instantes, esqueci a minha mãe, e concentrei-me na enorme responsabilidade do momento.

-Abre o livro de leitura.

Fiz o que me era mandado. O livro abriu-se na Lenda da Laranjeira de Santa Isabel. Li com gosto e com voz bem timbrada, era uma das minhas lições preferidas. Até ali, tudo bem

-Vamos à História.

Mentalmente, pedia a Deus que me fizessem perguntas sobre D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil que me fascinava e do qual eu sabia tudo de cor e salteado como se costuma dizer. Calhou-me em sorte D. Dinis. Parecia de propósito, era o rei de quem eu menos gostava.

-Que cognome teve el-rei D. Dinis?

Mas porque cargas de água me haviam de fazer perguntas sobre um homem, mesmo sendo Rei, que era mau para a Rainha Santa? Na minha fértil imaginação, um homem que proibia a Rainha de dar esmolas aos pobres a ponto de ela ter de invocar a protecção divina para que o pão que levava no regaço, se transformasse em rosas, não podia ser boa pessoa. Se eu mandasse, que é o que aqueles que não mandam pensam, se eu mandasse, esse Rei não entrava para a História.

Fez-se silêncio na sala. De novo a pergunta era repetida.

-Então, não sabes?

-Não sei o quê? Perguntei como se tivesse chegado de longínquas paragens.

-Que cognome tinha el-rei D. Dinis

-Sei sim minha senhora, era o Lavrador. E antes que perguntassem mais alguma coisa, comecei a desenvolver o tema ainda mais do que seria preciso. Que tinha reestruturado a agricultura, que mandara plantar o pinhal de Leiria e tudo mais que lhe dizia respeito.

-Então se sabes tudo tão bem, porque não respondias?

-Porque não gosto dele.

-E pode-se saber porquê?

Expliquei as minhas razões acima citadas. Gargalhada geral na sala.

- Silêncio se fazem favor, pediu um professor que de imediato me chamou para avaliar os meus conhecimentos de Geografia.

-Ora vamos lá a apontar aqui no Mapa, o rio Douro e seus afluentes.

Depois de satisfeito com as minhas respostas, levou-me ao Mapa cor-de- rosa.

-Agora diz-me: estamos em Mirandela, queremos ir para Luanda, como fazemos?

-Resposta pronta, não podemos.

-Não podemos porquê?

Porque aqui não há mar e tínhamos que ir primeiro para o Porto ou Lisboa.

Novas gargalhadas na sala.

-Silêncio por favor, senão mando evacuar a sala.

-Então explica-me como poderemos ir para Lisboa.

- Com o dedo, lá apontei no Mapa o percurso dos Caminhos – de - Ferro que nos levaria ao cais da Capital para apanhar o barco que nos levaria a Luanda.

-No Mapa cor-de-rosa, também não me saí mal bem como em Ciências Naturais.

-Podes ir para o teu lugar, e fazer o teu trabalho manual.

Ao voltar-me, vi minha mãe ao fundo da sala, sentada numa cadeira. As mãos postas, como se estivesse rezando e com lágrimas que se assemelhavam a pérolas, deslizando pela face, precocemente enrugada devido ás agruras da vida, mais se assemelhava a uma santa de altar. Afinal, ela estivera ali desde o início, enquanto eu cá fora tentava localizá-la.

Como tivesse chegado muito cansada de tanto andar a pé, pedira para a deixarem entrar mais cedo a fim de arranjar lugar sentada. Fiquei feliz por vê-la.

Fui para o meu lugar e peguei na meia de renda de cinco agulhas. Era o meu trabalho manual. A mãe da minha professora é que me ensinara a fazer aqueles arabescos complicados, mas de um efeito espectacular.

Muito embrenhada na minha tarefa sobressaltei-me ao ouvir a voz da Professora encarregada da avaliação dos Trabalhos Manuais.

-Muito bem, mas que meias tão bonitas que estás a fazer.

-A senhora gosta?

-Gosto sim.

-Então quando as acabar, eu mando-lhas.

-Ficaria muito contente.

Nunca cumpri a promessa. Primeiro, porque não sabia a direcção da simpática Professora. Depois, parece-me que nunca cheguei a acabar as meias.

-Acabaram os exames, podem sair:

Um suspiro de alívio percorreu toda a sala. Já no recinto da Escola, encontrei minha mãe que conversava com um senhor, que ao ver-me fez sinal para me aproximar, o que fiz de imediato, embora um pouco intimidada com a elegância e a respeitabilidade que emanava daquela figura, que me parecia austera. Interroguei-o com o olhar.

-Parabéns pelo seu excelente desempenho disse: Acto contínuo, meteu-me na mão cinco escudos que desapareceram para dentro da saquita dos livros em menos tempo que o diabo esfrega um olho.

-Estava aqui a dizer á senhora sua mãe que se fosse um rapaz, eu encarregar-me-ia de lhe custear os estudos. Sendo uma menina, não poderei fazê-lo porque a responsabilidade a longo prazo, seria enorme.

-Obrigada pelo grande favor, disse mordaz, e voltei-lhe as costas com vontade de arrancar-lhe a gravata, que devia ser de seda, e fazer-lha engolir juntamente com o que acabara de dizer.

-Mãe, vamos embora.

-Não sejas mal-educada, vem pedir desculpa ao senhor doutor.

-Desculpa, porquê? De não ter nascido rapaz para lhe fazer a vontade? Sou por acaso culpada de ter nascido rapariga? Sufoquei na alma um grito de raiva e impotência, que as lágrimas não deixavam de todo esconder.

Nunca tinha sido tão humilhada. Primeiro, porque me tratou por senhora e na minha idade, isso era uma ofensa para mim. Depois, parecia que me estava a acusar por eu não ter nascido rapaz. Na boca das ignorantes “comadres”, não era de admirar o dizerem que a um rapaz nada se lhe pega e que nunca aparecia prenho em casa; agora que um senhor doutor pensasse da mesma maneira, era inadmissível.

Posteriormente, vim a saber que o senhor em questão, sendo rico e sua mulher não lhe podendo dar filhos, já havia custeado os estudos a três rapazes de poucos recursos; mas a sua filantropia e altruísmo não se estendia ao sexo feminino.

-Mãe! Vamos embora que se faz tarde e chegamos a casa já de noite.

-Trouxe as minhas socas?

-Eu não! Então não queres os sapatos? Andavas toda encha com eles!

-Pois, mas fizeram-me bolhas e não os aguento. Vou descalça.

-Tu hoje ainda ficas na Pensão que já está paga e amanhã, vais na Camioneta da Carreira até ao entroncamento, que de lá até casa são só três km e o teu irmão estará lá á tua espera. Eu é que me vou já embora a ver se ainda chego a casa antes do anoitecer. Toma lá o dinheiro para a Camioneta; agora perde-o.

Deu-me o dinheiro certo, sem fazer alusão aos cinco escudos que o tal senhor doutor me dera. Se calhar nem os viu, pensei eu.

Ainda ela mal tinha voltado as costas, já os sapatos estavam na saquita misturados com os livros. Descalça, percorri grande parte da Vila embasbacando-me diante das montras. Nunca vira coisas tão bonitas! E depois, a alegria de saber que no dia seguinte ia andar da Camioneta, era o culminar da suprema magia. Eu, como a maior parte das minhas amigas, nunca tinha-mos posto os pés dentro de um carro; quando eu lhes contasse a aventura, iam-se roer de inveja. De repente, ali perto do Mercado, estava na montra de um estabelecimento uma boneca com um vestido quase igual ao meu. Não é que ela parecia que se estava a rir para mim? Os cinco escudos dentro da saquita começaram a pesar como chumbo. Muito hesitante, e olhando para todos os lados, entrei e perguntei o preço.

-Quatro e quinhentos, respondeu a senhora atrás do balcão.

Nem me dei ao trabalho de regatear, depositei o dinheiro no balcão e esperei que a boneca viesse aos meus braços.

-Queres que embrulhe?

-Não é preciso, obrigada. Ia a sair disparada quando a senhora me chamou.

-Toma lá o troco rapariga, olha que a boneca não foge.

Saí dali direita á Pensão que parecia um foguete. Era a minha primeira boneca a sério. Sá as havia tido de trapos, confeccionadas por mim. Não mais a larguei e será escusado acrescentar que dormiu comigo.

Na Camioneta de regresso a casa, mil sensações estranhas me assaltavam. A paisagem vista de cima, parecia irreal. Era a Camioneta que estava sempre parada, ou eram as serras, árvores e casas tudo a andar para trás? Passados os primeiros minutos de novidade embriagadora, voltei a pensar no que a viagem e a boneca me fizera esquecer.

Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...Malditas palavras; haviam-se cravado na minha alma como uma ventosa de onde não conseguia arrancá-las. E eu que ainda fora comprar a boneca com o dinheiro de quem se me estava a tornar odioso. Se a janela estivesse aberta, atirava a boneca por ela fora. Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...

Comecei a chorar. Ia sentada a meu lado uma Freira que se dirigia ao então asilo para meninas pobres de Pereira, que ficava a um km mais ou menos dos Avidagos que ao ver-me chorar perguntou:

-Tu que tens minha filha? Reprovas-te no exame?

Não Irmã.

-Então, se ficas-te bem e ganhas-te essa boneca tão bonita, porquê essas lágrimas?

Limpei as lágrimas ao lenço de cinco pontas e disse:

-É precisamente por causa da boneca. Estava quase a contar-lhe a verdade, quando “tardiamente” me lembrei do meu egoísmo. Gastei o dinheiro que tinha na compra da boneca e não me lembrei de comprar nada para os meus irmãos e fiz um ar de Madalena arrependida.

-Quantos irmãos tens?

-Cinco, e todos mais novos que eu.

A Freira, meteu a mão numa maleta e deu-me um bom punhado de rebuçados e bombons:

-Toma lá, divide p’los teus irmãos.

-Muito obrigada minha santa. Ela sorriu. Um sorriso tão angélico que não voltei a ver outro igual.

Já a pé, a caminho de casa, parei nas duas capelinhas que ficam de um e outro lado da estrada no cruzamento que vai para Pereira, um km antes dos Avidagos, para com uma pequena oração, agradecer o resultado do exame.

Quando cheguei a casa, estava reunida toda a parentela mais chegada, para me felicitar e participar numa refeição melhorada para a qual tinham sido sacrificadas duas das melhores galinhas.

Passados os primeiros momentos de euforia, a minha mãe começou a relatar toda orgulhosa, as peripécias do exame. Olhem que até os professores estavam admirados com ela. E como todas as mães, até exagerava nos elogios perante as pessoas presentes: quando acabou o exame, até um senhor Doutor, blá, blá, blá

-Era demais. Levantei-me da mesa para não ouvir novamente as palavras que me estigmatizaram ao longo da vida!...Se fosse rapaz!...Se fosse; Outra vez não, por amor de Deus.

Dei a boneca á minha irmã mais nova que delirou com o presente, impondo-lhe como condição, de que nunca brincasse com ela á minha frente senão eu queimava-lha.

Não sei se a minha mãe se apercebeu do meu drama íntimo, quero querer que sim, mas nunca mais tocou no assunto.

Já se passaram muitos anos, mas se Freud ainda vivesse, de certeza que eu desmentiria uma das suas teorias da “Mente”. É que as meninas, segundo ele, não desejam secretamente ser rapazes por no subconsciente terem inveja do pénis, mas sim, por terem inveja da liberdade que os rapazes têm.

Felizmente que as mentalidades no que respeita a sexos opostos está a mudar, ainda que a passo de caracol.

As condições de vida também melhoraram. Os alunos, já não têm que percorrer a pé vários km, sujeitos aos rigores do Inverno ou ao sol escaldante do Verão para irem para a Escola como iam os do Carvalhal, Palorca etc. que por caminhos de cabras faziam diariamente esse percurso para virem para os Avidagos. Segundo as estatísticas, o número de estudantes do sexo feminino, já ultrapassa o masculino. Fico feliz por poderem usufruir de algumas oportunidades que me foram negadas. No entanto, uma pergunta se impõe. Porquê tanto insucesso escolar? O que é que está mal? De quem é a culpa?

Por mais que me esforce, não consigo descortinar respostas adequadas, e julgo que a maioria dos portugueses também não.

Será que fazem falta, umas tantas Donas Ermelindas Rafaéis para se orgulharem de nunca terem um aluno seu reprovado? Que incutia nos alunos o gosto pelos estudos, sacrificando tantas vezes a sua vida pessoal, para se dedicar inteiramente á nobre arte de ensinar? Pode ser uma das causas, mas de certeza que não é a única. Haverá alguém que sem se escudar nos meandros políticos tenha as respostas?

Uma coisa é certa. Há que fazer algo urgentemente para mudar este estado de coisas, nem que para isso se tenham que criar prémios especiais para os mais aplicados.

Se nada for feito, corremos o risco dos homens e mulheres de amanhã, nos acusarem da incúria de hoje.

Graziela Vieira

Abril de 2000

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"LOCALIZAÇÃO"

LOCALIZAÇÃO

Sob o brilho do astro rei
Construí meus alicerces
Sob o manto da mãe lua
Conquistei o meu amor

Sob os ensinamentos do meu pai
Solidifiquei a minha vida
Sobre a terra trilhei o caminho dos justos
E dentro da casa de DEUS
Fiz meu lugar de repouso.

Foto de sergiomorsan

A vida é

A vida é mais pode ser
O que você quiser
E só o que tem a fazer
É lutar pelo o que você quer

Então não fique aí parado
Esperando tudo sentado
Cair do céu
Pois se você quer mudança
Tem que cair na da dança
E provar também do fel

A vida é injusta para os homens justos
Que vivem neste mundo
Mais também é bela
Como a primavera
E o inverno de junho

Então sempre siga o seu caminho
E nunca, jamais desista dos seus sonhos
Pois são eles que nos mantém vivos
Nessa vida nesse nosso mundo

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