Andando pela rua,
Vi uma cidade nua,
Despida de suas máscaras.
A vida corre rápida,
Entre veículos que se cruzam,
Entre pessoas anônimas.
Não podemos ver,
Tamanha velocidade,
As mazelas da cidade.
Porém estou caminhando...
Ando devagar,
Olhos bem abertos,
Sentidos alertas.
Vejo a miséria,
Ouço o lamento,
Dos que têm fome.
Fome de justiça,
Fome de alimentos,
Fome de sustento.
Sinto o desespero,
Dos que se acotovelam em sinais,
Tentando sobreviver.
Pressinto a morte,
Vagando sorrateira,
A procura de nova ceifa.
Tenho medo...
De não ser capaz,
De ajudar a quem precisa,
Doar um prato de comida.
De não entender,
Que um simples cobertor,
Alivia a dor.
O frio fere,
A distância impele,
Ao ato cruel e desumano.
De tentar pela violência,
Por desespero e carência,
Conseguir o que não há como obter...
Nosso respeito,
Nossa atenção,
Nosso comprometimento.
Continuo caminhando,
Sigo minha vida,
Afasto-me...
O que vejo,
O que vi,
É passado.
Cada dia mais presente.