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Aos dezoito anos, era terra fecundada,
Susto a modificar a vida da professora ainda não formada.
Aos dezenove, o nascimento da filha.
E, seguiram-na, mais sete filhos.
Na vida de professora, sem ajudante certeira,
As que iam surgindo só pensavam em brincadeira.
O astro-rei adoecido precisou de grande ajuda.
A maior cuidou dos menores, fazendo as coisas miúdas.
Nas férias da escola, julho de cada ano,
Costurava, limpava casa, reformava velhos panos.
Transformava-os em cueiros, fraldas e fronhas.
Roupas e sapatos dos grandes, ficavam para os pequenos.
Cadernos a corrigir, roubaram nosso carinho.
A atenção aos alunos, tirou-nos a alegria.
Plantava, no quintal, frutas, verduras, legumes,
Não tínhamos comidas chiques mas nunca passamos fome.
A arte de reciclar, moderna nos dias de hoje,
Aprendemos no dia-a-dia, entre bananas e repolhos.
Hoje, apenas cinco filhos. Os outros seguiram caminho.
Viúva recentemente, aprende a viver sozinha.
Sua presença, a cada instante, nos ensina:
Perseverança, trabalho e fé são o caminho.
Marilene Anacleto