Ninguém pode dizer que me conhece.
Jamais alguém me pôde ver por inteiro,
Aquela que surge depois que a cortina desce,
Nem aquela plena, inteiramente verdadeira.
Quem conheceu a amiga, não conheceu a irmã;
Quem conheceu a estudante, não conheceu a filha;
Há aqueles por quem tive uma amizade vã
E há outros que, de lembrar o nome, o olhar brilha.
A nenhum ou nenhuma me mostrei por inteira,
Não por não merecerem ter-me conhecido,
Há contatos de diferentes níveis, mas verdadeiros,
Desde a amiga leal, ao famoso e esperado cupido.
Sempre fui sincera, com tudo e com todos.
Pequei. Não me valorizei durante toda a vida.
Doei as mãos, pensamentos e orações para todos,
Tornei-me triste, uma ilustre desconhecida.
Se alguém perguntar: Tu a conheces?
E responderes que sim, te digo: Mentes.
Conheces apenas a amiga que arrefece
E acalma, das pessoas, os milhões de sentimentos.
Cada um de nós é um universo inteiro
Dividido em muitas partes para progredir
Cada parte, boa ou má, é de todo verdadeiro,
Manifesta-se aqui na Terra, para então, evoluir.
24/01/98
Publicado - Ano I – n.º 06 – 21-03-99 – p. 05
Publicado no livro “Jogo da Verdade, de Álvaro Castro. Itajaí, SC. Reviva, 1999