Inocência

Foto de Lucíola

Reencontro

Era uma linda manhã de verão. O sol iluminava a paisagem, enquanto Celina caminhava lentamente pelas ruas da cidade em busca do seu destino.
A vida lhe reservara sempre grandes surpresas, pois Celina acostumara-se a esperar o oposto do que queria. Isto facilitava nas decepções e propiciava alegrias inesperadas. Resolveu então pensar que aquele era um dia comum, com pessoas comuns ao seu redor e que seus passos comumente lentos a levariam tão somente na direção do mar.
Chegou, finalmente. Seu destino estava ali traçado naquele calçadão. Em seu peito, a ânsia da incerteza atravessada no coração feito faca afiada que corta a carne ainda viva. Não podia mais recuar. Não tinha forças. Restava apenas esperar até que tudo terminasse. Queria apenas encontrar uma última chance de poder falar o que realmente sentia.
Pensou então em buscar as palavras que usaria para dizer tudo o que desejava tanto. Mas as palavras sumiram instantaneamente de sua cabeça. Como num passe de mágica, tudo ficou branco, por um momento, tudo parou.
Celina, então, simplesmente ouviu:
- Oi, bom dia!
Foi difícil acreditar naquela voz ao seu ouvido. Desejou por um momento o fracasso de uma longa espera sem esperança. Seria então esta uma grande surpresa, ou uma decepção? Não sabia explicar.
Seu coração bateu tão forte que teve medo que todos pudessem ouvir. Não conseguia se mover. Não sabia como. Como conseguiu chegar então até ali? Precisava criar coragem. E após uma longa pausa, enfim, respondeu:
- Bom dia.
Seus olhos de repente alcançaram a plenitude nos olhos dele. Naquele momento, as palavras já não eram mais necessárias. Tudo estava tão profundamente explicado que o mundo parou um instante para ver aquelas almas se tocarem silenciosamente, imaterialmente, irracionalmente, num momento pleno de amor.
- Pensei que você não viesse. - Disse ela com a voz trêmula, rompendo o grande silêncio e trazendo o mundo ao seu devido lugar.
- Eu disse que vinha. – Respondeu ele com certa impaciência.
Era estranho imaginar que aquele ser tão próximo, tão conhecido seu, de certa forma, em algum momento, denunciava-se tão estranho. Mas se o peso dos anos tinha a força de mudar tudo de lugar, como então poderia explicar aquela sensação de estar revivendo um passado tão distante? A circunstância permitia mesmo sensações ambíguas. O momento era tenso. O sentimento, intenso. O tempo seguramente não pudera remover ou mudar o amor contidamente existente nas almas daquelas duas pessoas.
Como nos tempos idos, os olhos dos dois falavam mais do que as palavras. Não se importaram sequer em identificar as marcas do tempo em seus rostos. Parecia que nada havia mudado - nada. Até mesmo as dúvidas e receios eram os mesmos de antes. Apenas a ansiedade dera lugar à serenidade daqueles que verdadeiramente se amam para além dos tempos e da própria existência terrestre.
- Eu não acredito que estamos aqui, agora. – Disse Celina, com um largo sorriso no rosto e um brilho nos olhos inconfundível.
- Por quê? – Perguntou ele, mesmo sentindo no peito a mesma emoção de quem racionalmente não consegue mensurar a plenitude de um momento tão raro, onde o sentimento é quem comanda cada palavra, cada gesto, cada pensamento.
- Porque imaginei que a nossa história havia terminado, mesmo que ainda inacabada, assim como uma criança que morre em tenra idade, de qualquer mal súbito, ou por qualquer fatalidade. Então, dessa criança, restam apenas as doces recordações e a lembrança do seu sofrimento, de sua dor e de seu triste fim.
Em seu coração, Celina temia ouvir duas palavras: sinto muito. Estas palavras quando ditas em certas ocasiões produziam conseqüências quase que letais para quem as ouvia. Ouvira uma só vez em sua vida, o suficiente para lhe trazer noites intermináveis de angústia, pelo peso de um amor fracassado.
O momento de êxtase agora dera lugar a uma inquietação, daquelas que trazem ardor à alma e a insatisfação antecipada de quem imagina agora tudo perdido, sem conserto mesmo.
- Você disse que me esperaria... E eu acreditei. Você não só não me esperou, mas também me esqueceu. Seu amor por mim foi tão sincero e tão verdadeiro como um feriado que cai no domingo. – Respondeu ele, visivelmente perturbado. Naquele momento, por um instante, arrependeu-se de estar ali entregando tudo o que de mais profundo carregara durante todos aqueles anos. Arrependeu-se. Aborrecido, achava-se um tolo. Não suportaria aquela situação por mais tempo.
Celina sentiu o mundo sobre suas costas, temia profundamente aquela reação. Desejava que tudo fosse mais fácil. Mas a inocência dos velhos tempos de juventude havia perecido. Agora não havia mais tempo. Tudo deveria ser esclarecido. Tudo. Não poderia hesitar nem um só minuto. Precisava sinceramente falar para ser compreendida e desejava mais do que tudo que ele soubesse que o seu amor, um feriado num dia de domingo, foi, era e sempre seria um domingo sem fim.
Então, ela retrucou:
- O domingo, o sétimo dia ou o primeiro dia da semana, é o dia do descanso. A semana vai passando e ele lá, inerte, parado. Ou ele espera por você ou você espera por ele. Feriado ou não feriado, de uma forma ou de outra, inevitavelmente ele está lá. Seja você feliz ou triste. Durante um passeio, ou uma viagem, numa festa ou no sofá da sua sala, é domingo. Eu sei, você sabe, todos sabem. É domingo. Às vezes temos sono, às vezes não. Às vezes queremos que a segunda-feira venha nos salvar, ou que o domingo seja o único dia da semana, se estamos cansados. Mas se eu estiver feliz é porque você não só está em mim, mas eu também estou com você verdadeiramente. É por isso que eu quero que você saiba, independentemente de tudo e de todos, eu te amo. E nada nesse mundo poderá mudar essa triste realidade que me corrói a alma e me faz viver sempre esperando a realização desse amor, que eu sei, não tem mais futuro, apenas passado. Não pense em como tudo aconteceu, pois não há racionalidade para as coisas do amor. Eu apenas amo e nem sei como. Eu amo tão simplesmente que até parece complicado. Meu amor por você está além de onde se pode ir. Vive e revive a cada dia que se passa, com maior intensidade. Eu sei disso porque quando encontro você é tudo tão inexplicavelmente mágico! O tempo parece não ter passado. O dia não parece dia, as pessoas parecem não estarem lá, a vida parece ganhar outra dimensão. A partir daqui, eu sei, tudo vai mudar. A magia será enfim explicada e então perderá o encantamento. Mas o amor, esse sentimento que carrego dentro de mim e que só eu sei o quanto é puro e verdadeiro, esse não mudará. Eu sim, não serei mais a mesma. Imagino que deixarei de sonhar com você, meu grande e eterno amor. Mas saiba, eu te amo, te amo, sinceramente...
Depois dessas palavras, não havia mais o que ser dito. Todas as dúvidas não podiam ali ser esclarecidas. O amor e sua verdadeira face envolveram de tal sorte aquele homem e aquela mulher, que eles, do magnetismo do momento, não puderam mais fugir. Arrebatadoramente, abraçaram-se, em corpo e alma. Beijaram-se e, na mais completa plenitude, enfim, compreenderam que não há explicação para o amor. Ama-se e fim.

Foto de Paulo Gondim

Vala comum

VALA COMUM
Paulo Gondim
20/01/2010

Eu tento não me decepcionar
Mas vejo que é impossível
Desvio-me da realidade, arrisco um sonho
Busco acreditar na bondade humana
Talvez por pura inocência

O importante é o hoje. Não há futuro...
Como abrir mão de tanto consumo?
A felicidade tão efêmera se resume num cartão
Na porta do shopping, numa vitrine...

Valores e virtudes desapareceram
Família, amizades não contam mais
Primeiro, o falso conforto
Um telefone novo, uma roupa que nem se usa...

Aos poucos, se mergulha na solidão...
Os desejos são tantos, como são fúteis
Primeiro o “EU”, não há espaço para o todo
O egocentrismo virou religião

Acho que estou ficando velho
Pois não consigo entender tanta pressa
A vida não antecipa fatos, nem motivos
Ela corre lenta e nunca se estressa

Por isso, tento não me enganar
Com a falsidade de tanta oferta
E vejo em minha volta tanto vazio
Tanta mágoa, tanta solidão
Acabo na vala comum
Com a falta de paz e de compaixão.

Foto de DENISE SEVERGNINI

CRIANÇA DO VENTO

CRIANÇA DO VENTO

O cata-vento gira... O passarinho canta...
O gatinho mia... A poesia na janela
Chama por ela a criança que eu sou...

Lá vem ela!
Correndo livre como criança do vento.
Não há em seu pensamento:
Falsidade, maledicência, dor!

A chuva cai... A florzinha desabrocha...
O cachorrinho late... O tempo, na janela,
Chama por ela a criança que eu sou...

Lá vem ela!
Correndo livre como criança do vento.
Há em seu pensamento:
Bondade, inocência, amor!

Na janela,
Poesia e tempo chamam por ela:
... A criança que ainda sou!

(Sou criança, aos cinqüenta,o corpo não agüenta,
mas a alma brinca....às vezes trinca...)

Foto de Anderson Maciel

MINHA FELICIDADE

em um momento distante la estava eu cansado de tudo o que passei e vivi não sabia de nada nem por onde andava meus caminhos estavam sem pontes para me ajudar a atravessar pois ja não me via podendo vencer nada lutando contra tudo e todos sobreveio sobre mim um homem que ao caminhar pela rua ele me diz que algo vai mudar a minha vida e que eu me preparace pois iria receber algo maravilhoso então eu ja em minha inocência continuava a caminhar sem rumo até que um dia eu me lembrei das palavras do homem e ouso um som em minha porta quando abro ela vejo dois homens gritando por meu nome ai eu intervir e falei já estou aqui e eles me falaram a sua felicidade chegou e eu meio que sem saber não respondia nada e calado deixei eles falarem dizendo pra mim olha a sua felicidade chegou você acaba de ganhar na loteria sozinho uma bolada ai eu mesmo assim não dei reação nenhuma e ficaram desconfiados e perguntaram porque não fiquei feliz e eu respondi não fiquei feliz pois eu não sou quem vocês falaram eu moro na casa da frente e eles disseram mais é la mesmo e eu falei sim mas é a casa da frente de la da outra rua e eles falaram é isso mesmo ai eu respondi como ganhei se não aposto em nada ai eles me disseram um homem vio o seu sofrimento e resolveu te ajudar e eu nossa que alegria sem saber que quem me ajudou foi o homem que vi a dias atraz e que para mim era um mendigo mais quando na verdade este mendigo me trouxe a minha felicidade. Anderson Poeta

Foto de Fernando Poeta

Tão Forte Assim

A vida é tão incerta,
Com caminhos e destinos ignorados,
Deslizamos por ela,
Como raio, relâmpago e cometa,
Na velocidade de um turbilhão,
Como o olho do furacão.

Despedimo-nos de nossa infância,
Deixando para trás nossos brinquedos,
Inocência e tolerância,
Crescemos e aprendemos, agregamos valores,
E no fim nos perdemos,
Deixamos de ser o melhor, deixamos de ser crianças.

E vivemos em nosso mundo de adultos,
Com nossos problemas, dores, angústias e solidão,
E buscamos aquilo que não sabemos,
Alegria, satisfação, cuidado e proteção,
Porque por mais que tenhamos aprendido,
Por mais que tenhamos crescido,
Nosso coração ainda é o coração de uma criança.

E podemos esquecer por momentos,
Mas então surgirá alguém que te lembrará o que é,
Que te fará sorrir e sentir novamente desejo de brincar,
Que fará com que se lembre de sua infância,
E abrirá novamente teu coração,
Fazendo pequeno a dor, tristeza, angústia e sofrimento,
É um anjo enviado por Deus, na personificação de amigo!

E ele estará ao seu lado, mesmo na distância,
E em alguns momentos, lágrimas deslizarão por tua face,
E encontrarão com teu sorriso,
E você perceberá o quão forte é o sentimento,
De amor, carinho, cuidado e amizade,
Que vem acompanhado e arraigado no coração,
Deste amigo...

E você então perceberá,
Como a vida é bela, mesmo sendo corrida,
Mesmo sendo curta, mesmo sendo sofrida,
Que em todos os seus dias,
Você é mais que abençoado,
E que este amor tão forte assim,
Vem de alguém, a quem chamas de amigo...

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"PRESENTE DE NATAL"

“PRESENTE DE NATAL”

Hoje eu quero um presente...
Um presente muito especial...
Quero o perdão de todos que ofendi...
Como um lindo presente de natal!!!

Quero o carinho de uma lagrima verdadeira...
Quero o olhar de pureza total...
Quero pro resto da vida inteira...
Viver como sempre se fosse natal!!!

Quero o milagre da solidariedade...
Estampado na face das pessoas...
Quero viver com simplicidade...
E que todos vivam uma vida muito boa!!!

Quero a paz entre todos os povos...
Que a vaidade seja moderada...
Quero que os homens renasçam de novo...
E parem de fazer coisas erradas!!!

Quero também como presente...
Que o amor vire epidemia...
E que nunca mais ninguém se ausente...
E que vivamos em plena harmonia!!!

Quero a inocência das crianças...
Permeando a vida de todo ser vivente...
Que seja extinta toda ignorância...
Quero tudo isso como presente!!!

Foto de NEOQJAV

A justiça e a bondade

A Justiça nasce da sabedoria
A bondade nasce da inocência
A justiça vence a maldade
a bondade não vê maldade
A Justiça é sempre boa
A bondade nem sempre é justa
A Justiça necessita do mal
A bondade não necessita de nada
A justiça ainda não existe
mas a bondade está desaparecendo
O justo ama quem ele conhece
o bom conhece a quem ama
A justiça vencerá o mundo
A bondade não lutará... [ Tg 2:13]

AUTOR: NEOQJAV (JEREMIAS 9:23,24)
http://neoqjav.dihitt.com.br

Foto de Metrílica

Fragmentos da "Loucura"

#
(inspirado no livro "Elogios da Loucura" de Erasmo de Rotterdam_1509*);

De quem se trata este ser?!!!
Que ganhou vida, personalidade e alma,
Que ganhou destaque em terceira pessoa!
Que o diga “Erasmo de Rotterdam"!!!
A "Loucura"! viva, presente e necessária "Loucura"!

Fragmentos da “Loucura”

A “Loucura” nasceu,
Cresceu, tornou-se criança levada,
Conheceu a luz, a terra, a chuva, a água
Conheceu a vida, o calor do dia, o mornar da tarde,
Conheceu o mistério da noite e o frio da madrugada,

Quando criança,
Só pensava nas cirandas...cantigas de roda,
Não conhecia o que é o medo, a moral, não conhecia a hipocrisia,
Inocência, Liberdade, bem estar, leveza,
Doçura, encanto, descobertas e alegria,
Faziam parte do seu dia a dia,

“Loucura”! inocente, doce e levada “Loucura”,

A "Loucura" se desenvolveu, descobriu o mundo,
Tornou-se jovem, adolescente, homem, mulher,
Descobriu na luz do dia, o riso, a alegria, o brio, o orgulho, a poesia,
Descobriu na escuridão noturna, o perfume, o carnal!
Descobriu a luxuria, a libido, a liberdade dos sentidos!

Quando jovem, adolescente,
A “Loucura” se rebelou!
Satisfez todas as suas vontades, matou todas as suas curiosidades,
Riu, chorou de alegrias, chorou de tristeza! Mas viveu plenamente!
Livre!
Liberta, expressou-se das mais variadas formas,
Satisfez-se para que não lhe sobrasse uma emoção sequer que não tivesse sentido,
Amou, Amou, Matou e Enlouqueceu!!!

“Loucura”, jovem, apaixonada, extasiada, louca “Loucura”

A "Loucura" envelheceu,
encontrou sua essência,
Tornou-se idosa, velha, obsoleta, caduca!
Tornou-se “Louca”,
Concluiu que dessa vida nada se leva!
Concluiu que “o que mais vale é viver plenamente”,
Mesmo que isso seja contrário ao que se prega como: “bons costumes”!
Concluiu, que "o que vale são suas idéias, seus ideais e nada mais!”

A louca e insana “Loucura”!

Tornou-se um ser vivente,
Louca mas coerente,
Nasceu, viveu, envelheceu,
Invadiu as mentes dos poetas,
Induziu as vontades dos Deuses, dos Loucos procrastinados!
Povoando suas mentes, regendo com maestria suas vontades!
Dando-lhes vida e personalidade!
Embriagando-os de idéias, das mais belas às mais toscas, cruéis e “loucas”!

A “Loucura”!

Insana, insensata, amada,
Livre, sem escrúpulos, preguiçosa, corrupta!
Destemperada, sem reservas, sem pudor algum!
Alegre, pura, limpa, branca, branda,
Poética,
Linda, leve e doce,

Aquela, que alimentou o sonho de inocentes crianças,
Aquela, que invadiu pensamentos de mulheres rechaçadas,
Aquela, que embriagou de desejo e sentimentos os homens, os poetas,
Aquela, que fez ferver nas veias o sangue dos idealistas,
Aquela, que regeu a vontade de homens poderosos e corruptos,
Aquela, que levou consigo muitos por ela infectados!
Aquela, que abraçou docemente a velhice, que abraçou e a morte!
Aquela...Eclética, Prazerosa, Incansável, Extasiante, Excitante,
Contraditória mas Necessária,

A “LOUCURA”!

By Metrílica ;-* _dezembro de 2009.

(inspirado no livro "Elogios da Loucura" de Erasmo de Rotterdam_1509*);

* http://es.wikipedia.org/wiki/Erasmo_de_Rotterdam

Foto de Carlos Magno

INSÂNO DELÍRIO

PROCUREI TUA MÃO, ENCONTREI TUA BOCA E ME PERDI...
NAQUELE INSTANTE TODO MEU CORPO FOI TOMADO EM EXTASE
E O QUE SE EMANAVA DE MEUS POROS SE TRADUZIA MUITO ALÉM QUE UM MERO GOZO TÊNUE E EFÊMERO.
E NO PAROXISMO DA LOUCURA, ABRACEI TEU ÂMAGO SEM ME ATREVER A PERGUNTAR TEU NOME...
AMAMO-NOS COMPLETAMENTE UNICAMENTE NUM INSTANTE,
NO ETERNO SEGUNDO EM QUE TEUS LÁBIOS EFERVECERAM NOS MEUS...
COMO SE FORA UM CATACLISMA PERSONIFICADO EM FÚRIA DE UM DEUS GREGO ULTRAJANDO QUALQUER INOCÊNCIA ATÉ ENTÃO ADORMECIDA.
NO LABIRINTO DE TEUS LÁBIOS ENCONTREI A PERDIÇÃO,
DEIXE-ME ENVOLVER NA DANÇA SERPENTINOSA DE TUA LÍNGUA...
NA CINTILAÇÃO NEGRA DE TEUS OLHOS,
FIQUEI CEGO PARA TUDO QUE NÃO ERA CONVERGÊNCIA DO PRAZER.
E NO TOQUE ERUPTIVO DE TUAS MÃOS,
COMPREENDI OS VULCÕES COMO MESTRES NA BELA ARTE DO AMOR.

Foto de Marsoalex

ENCONTRO-ME EM TI

ENCONTRO-ME EM TI

Quando me procuro,
Sempre me encontro em ti.
Em tua tristeza, em tua alegria,
Em tua solidão, em tua companhia...

Estou em teu olhar absorto,perdido, distante...
Nas recordações do passado,
No vazio do presente, na incerteza do futuro...
Estou em teu sorriso enigmático,
Na lágrima retida,
Na insônia cheia de presença...

Estou na música que ouves, no livro que lês,
No carinho que expressas,
No que externas, no que escondes...
Estou em teu desejo, em teu medo,
Em tua lucidez, em tua loucura,
Fora dos teus limites,
Além de tua imaginação...

Estou reduzida ao teu ontem,
Esgueirada no teu hoje,
Projetada em teu amanhã...
Estou em tua emoção mais sincera,
Em tua tristeza mais profunda,
Em tuas recordações mais felizes...

Estou em teus sonhos sem fantasias,
Em tuas ilusões inconstantes,
Na saudade que finges não sentir...
Estou em teus devaneios passageiros,
Nas tuas buscas inconscientes,
Na memória de tua pele,
No desejo de tua boca,
Que ainda guarda o sabor
E a avidez dos meus beijos...

Estou perdida em tua descrença,
Esmagada pelo teu desamor,
Distorcida em teus conflitos,
Escondida nas tuas dissimulações...
Estou inteira em teus pedaços,
Cravada em teus espinhos,
Espedaçada em tua complexidade...

Estou concreta em tua verdade,
Diluída nas tuas mentiras,
Real em tua abstração...
Estou em algum lugar de ti
Onde ninguém nunca esteve,
Em caminhos por onde ninguém andou,
Em estradas que ninguém se atreveu a percorrer...

Estou em teu sim, no teu não,
No teu ir, no teu vir, no voltar...
Estou intácta em tua pureza,
Pura em tua inocência,
Iluminada pela visão mágica do amor do menino,
Refletida na maturidade, na racionalidade,
Na lógica do homem...

Estou nas tuas perdas, nos teus ganhos,
Fóra de tua vida, dentro de teu viver,
Desmentida pelas tuas palavras,
Reafirmada pelos sentimentos...
Estou como quem nunca deixou de ser
Ou como quem sempre esteve
Apesar de nunca ter estado...

Estou no teu tudo, no teu nada, no sempre...
Estou apagada de teu programa mental
Mas refeita em holograma
Que vives a deletar e os neurónios
Continuam a refazer a imagem
Arquivada no profundo da mente
Onde o pensamento não alcança
Para a razão desfazer definitivamente...

Quando me procuro em ti
Sempre me encontro,
Mesmo que me negues, que finjas,
Que mintas, o amor faz de cada negação
Uma afirmação, e eu me vejo em ti
Cada vez que me procuro...

O destino me riscou de tua vida
Para me escrever na tua história
E me fez poeta,
Para que eu fizesse dessa história
O mais belo poema de amor
Que alguém já escreveu...

MARSOALEX

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