Horas

Foto de Lou Poulit

LASO, Cia. de Dança Contemporânea

UMA EXPERIÊNCIA LINDA

O bailarino/coreógrafo/ator/professor CARLOS LAERTE, seus intérpretes e assessores, foram uma das mais felizes surpresas da minha vida.

Estava expondo minhas pinturas no Corredor Cultural do Largo da Carioca. Derrepente chegam um mulatinho e uma mulher, ambos lá pelos trinta. Perguntam quanto tempo eu levava para pintar uma daquelas telas (série Bailarinos Elementais). Descrente, respondo que dependia do grau de elaboração, uma hora... um dia... Eles se entreolham e depois o mulatinho pergunta se me interessava por apresentar meu trabalho num espetáculo de dança contemporânea e quanto cobraria. Confesso: além de não acreditar, na hora também não entendi. Nunca soube que espetáculos de dança apresentassem pintores trabalhando ao vivo!

Acertamos cachê, marcamos data e hora. Me pegariam de van em Copacabana, onde tinha ateliê, e estaria embarcando para Campos, cidade aqui do estado conhecida pelas muquecas e peixadas, onde faríamos uma apresentação no dia seguinte. Só acreditei quando a van chegou, trazendo uma penca de bailarinas tímidas e a tal mulher, que parecia saber todas as respostas mas não era a deusa. O deus era o tal mulatinho, bem quetinho no canto dele.

Pois bem, a gente nasce com dois olhos e ainda assim é muito pouco. Íamos fazer um ensaio técnico de véspera e estava prestes a conhecer um trabalho artístico maravilhoso, seríssimo e cativante. Fizemos aquela apresentação no Teatro Municipal de Campos, depois fui novamente convidado e fizemos outras, no Espaço Sérgio Porto, no Centro Coreográfico da Tijuca... A cada dia tinha a impressão de reencontrar uma aura registrada no meu sangue e da qual não me lembrava mais. Explico para que entendam: minha avó paterna, Nair Pereira, fora bailarina no tempo do teatro de revistas. E dessa história só restava, até há pouco tempo, a madrinha de batismo de meu pai, hoje falecida, Henriqueta Brieba. Também pelo lado paterno, meu bisavô que não conheci em vida, Antônio "Paca" Oliveira, fora homem de circo: o maluco (me perdoe o linguajar moderno) foi o primeiro homem-bala do Brasil, num tempo em que se fazia isso para matar a fome. Só podia ser! E sem seguro?! Em troca de meia-dúzia de cobres e o aplauso de meia-dúzia.

Na hora da apresentação ficava pintando no palco e de costas para o balé, mas durante os ensaios aquela gente me impressionava. Assim descobri o talento inequívoco do coreógrafo Carlos Laerte, a sua memória fantástica de um trabalho artístico que usa vários recursos simultaneamente, e ainda tem registrados todos os pequenos erros das últimas apresentações para que não se repitam. Até eu, que estava ali assim, como vira-lata caído do caminhão, também mereci uma crítica para melhorar o desempenho!

Os intérpretes estimulavam a minha adimiração. Carol, Simone, Yara, Bianca e Rodolfo, o espírito da arte habita, com certeza, todos eles. Não se pode compreender aquela gente de outra forma. Repetem infinitas vezes seus movimentos, perseguindo pequenas eficiências. Tornam-se íntimos do cançasso e, não é exagero dizer, da dor física. Controlam o próprio ego para que o coreógrafo corrija a interpretação de outro bailarino, já que precisam estar sincronizados, e isso é uma espécie de ginástica psíquica. Outra deve ser a nacessidade de por temporariamente na gaveta os problemas de casa, filhos, maridos/namorados, para não perder a concentração.

E tudo em troca de cerca de cinqüenta minutos. Esse é o seu tempo. O tempo em que os intérpretes são os senhores do momento, da luz que explode em seus corpos húmidos, da linguagem do movimento, do ritmo do qual nem o cosmo pode prescindir, enfim, da emoção que paira sobre e em todos, profissionais e expectadores, como uma hóstia artística que paira sobre o cálice do sacrifício e da adoração. Nessa hora a arte é a deusa e o espetáculo me parece uma grande comunhão, porque nos faz comuns uns aos outros, porque amamos isso e nos oferecemos para construir e transmitir a emoção. Incrível isso, eles constróem sua arte complexa em muitas horas de dureza. Ao final é como o velho exercício de imagens feitas de areia colorida nos mosteiros do Tibet, como alusão à transitoriedade da vida humana: o mestre passa a mão na imagem pronta, perde o momento, e nos liberta dela para que possamos recomeçar, com o mesmo amor, a reconstrução do nosso próximo momento. Uma pintura minha pode ser feita por dias consecutivos e depois guardar aquela emoção por décadas, talvez um século. Por isso me parece tão menor do que a arte que esse pessoal faz.

O espetáculo "Caminhos" fala exatamente disso: reconstruir sempre. Recomendaria aos expectadores de primeira viagem que se vistam condignamente. Aos homens que não deixem de fazer a barba e se pentear. Às mulheres que não usem saias demasiadamente curtas, pintem-se com sabedoria, cuidem do andar e do falar. Porque talvez estejam indo na direção de um grande e insuspeito amor. Se em minhas palavras houver poesia, não há mentira. No meu caso particular, como no de muitos outros, esse amor atravessou várias gerações".

Foto de Ana Botelho

REVELAÇÃO

REVELAÇÃO

Como tudo na vida vale o tempo da dedicação,
E por conta das desmedidas e incontáveis paixões,
Companheiras fiéis dos frágeis e descuidados corações,
Que quase nunca sobrevivem aos reveses do amor,
As poesias brotam incessantemente desde os primórdios,
E provam que não existem palavras certas, bastante capazes
De evitarem que os seus turbilhões deixem de nos aniquilar.
Ainda que estejam esmaecidas pelo correr do tempo,
Revelam a dor da morte de um lindo encantamento,
Restos de projetos de vida desfeitos, os mais preciosos,
Ou belas verdades poéticas que não pertencem a ninguém,
São palavras buriladas e contextuadas sem destino certo
E a cada poeta cabe apenas a dor do seu nascimento.

Para quem não tem rima e gosta de encadear com arte,
Ou o que as entona em lindos sons numa marcha sem fim,
Escrevem como quem tropeçasse em vários traços mágicos,
Mostram logo, de cara, todo o bom compasso e enlaçam,
Repousam no papel a sua cria, que cuidaram noite e dia,
Gastam o seu tempo empenhado em dar-lhes belo trato,
Alimentam-lhe com fascínio e esmero mais que exatos.
Muitas são tecidas pelo criador por horas e horas a fio
Algumas ainda jovens, já florescem, formosas e plenas,
Outras chegam até a fase adulta para se perpetuarem.

O ser poeta é um mergulhador do âmago da vida,
Sem comprometer com isso a sua sobrevivência,
É o lançador destemido das máximas cartadas,
No criar, no sonhar e no se envolver nas essências.

Como que levado num redemoinho incandescente,
Com naturalidade, surge o tal clarão inesgotável,
Que ilumina a alma de cada pensamento mais íntimo,
Rasgando-lhe as vestes e deixando-a devassável.

Ele absorve a magia de todas as fases de luzes da lua,
Buscando em zonas abissais todo o mistério submerso,
Energiza-se no sol, sempre, como um amigo maior,
Pondo isso tudo o que lhe alimenta num só verso.

O poeta como ser é um mago inebriado que inebria,
Cantador de encantos, desencontros e da plenitude da vida,
Busca revelar, em palavras, o semblante do seu semelhante
Que ares demonstra e, logo, os descreve-lhe as desditas.

Como se fora um guru especializado em almas,
Segue a sua sina sem reclamar, porque ama,
Ama o outro como a si mesmo e sabe disso,
Porque perpassa as agonias e delas não reclama.

Especialista, é sábio conhecedor da dor alheia sem fim,
Seja esta colhida tenramente, ou até quando madurar.
Mestre em metáforas, em rimas e métricas, mas me vem à mente:
Nunca vi nesta vida, um poeta "expert" na própria arte de amar...

Foto de s3v3n

Renata

Minha companheira de todas as horas!
Em ti me deleito e vivo
Os mais lindos sonhos de amor.

És o meu abrigo e,
Na angústia, a consoladora.

A testemunha fiel dos meus mais puros sentimentos.

Com meu pensamento em ti,
Acordo.
E com o mesmo adormeço.
És o meu repouso do cansaço.

Nas noites até tarde ludibrio o meu sono,
Tentando conter a nostalgia
Que a mim é imposta
Pela distancia de nossos corpos.

Hoje minha mão anseia pela tua,
E meus lábios sonham com os teus.

És para mim um porto seguro,
Um ponto de restauração em que
Transbordo com imenso prazer
Com imensa paixão por ti,
Minha Renata querida.

Foto de Miguel barros

O poetico

São horas a escrever
e momentos a pensar
pois eu não quero esquecer
como eu te estou amar.

Foto de Dirceu Marcelino

INSPIRAÇÃO

Poesias tilintam em minha mente.
Descrevem-se p’ra uma apresentação,
Mas ainda estou meio inconsciente
Sou humano! Ah quanta inspiração.

Penso ainda. Dormi divinamente!
Será que já clareou o dia? Vejo o clarão.
Sete horas. Preciso claramente
Pensar, vazar essa excitação.

Vejo imagens de Francisca sorridente
Também, daquela rosa em botão,
Antes vou lavar-me e escovar meus dentes,

Tomar os remédios p’ro coração,
Mas como sou um homem temente
Agora, ajoelho e faço minha oração.

Foto de helo Paulinha

Saudade !

Queria encontrar-te amor,
Encontrar mais uma vez,
aquele olhar,
aquele respirar,
porque usam a expressao se saudade matasse ?
pois ela me mata,
ela mata meus dias de ansiedades,
mata minhas horas de vontade de encontrar meu amor.
faz meu coraçao parar no momento em que penso em ti.
Somente você pode mudar essa saudade,
fazer ela transformar-se em desejo , em amor,
em uma perigosa emoçao de segundos, de minutos,
de horas, dias meses , talvez anos...emoçao que nao para.
Minha saudade é sua ....somente sua....e apenas você tem o poder de muda-la.
Amo você.

Foto de Sirlei Passolongo

O Relógio e a Vida - Albino e Sirlei

Tantas horas, tanta lida
quando o relógio ameaça.
Com que pressa que tu vais...
nunca te esqueças que a vida
é areia ressequida,
é uma sombra que passa
que vai e não volta mais!...

Tantos sonhos por viver
quando o relógio dispara
e a saudade,
feito pólens no vento espalha
nunca te esqueças que a vida
é como água da nascente
jamais retorna ao mesmo lugar
Viva! cada segundo intensamente.

Albino e Sirlei

Foto de Maria Mamede

NÃO DIGAS...

Não digas ao ouvido
que me amas
o coração tem escutas
pelas veias
não digas amor
das marés cheias
da longa solidão
que desvanece
ao tocares a boca
que anseias
com sofreguidão
e que fenece
sem a tua boca, a tua mão...
não digas ao ouvido
beija apenas
e as horas nos serão
pequenas
para matar saudades
já sentidas
nesta nossa espera
em tantas vidas
neste eterno desejo
sempre em flor...
mas se acaso
não puderes calar
esse amor que sentes
e lateja
não fales, beija
e seremos dois
num só amor!...

Maria Mamede

Foto de Sirlei Passolongo

O Relógio e eu

  
  
Quando a manhã acorda
e o som da vida
se anuncia lá fora
Fico a desejar
que o sol demore

Quase imploro
ao relógio
que não mova
os ponteiros
pra ter você
mais um pouco
me impregnar
do teu cheiro
e te sentir em mim
o dia inteiro

E a manhã
de sol se veste
a cidade
toda desperta
te vejo partir em silêncio
a saudade...
No peito aperta

quase imploro
ao relógio
que mova
ligeiro os ponteiros
transforme as horas
em segundos
leve o sol
pr’outro lado
do mundo
Pra de novo
sentir teu cheiro
e reconquistar
minha lucidez...

Mas o relógio e eu
não nos entendemos
desejo
que ele pare
outra vez.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora
  
  

Foto de Sonia Delsin

PURAMENTE CARNAL?

PURAMENTE CARNAL?

Uma hora, um dia...
Não sei quando.
Mas sei que assim será.
Um dia este ser que eu sou... voará.
Para outro lugar mudará.
Tem horas que eu me sinto uma árvore, cheia de galhos...
Onde cantam pássaros.
Tem horas que me sinto uma raiz buscando o fundo da terra.
Noutras eu me sinto uma antena em busca dos sinais dos céus...
Vou lá no alto.
No infinito azul...
Encontro nuvens, urubus.
Aeronaves...ó quantas eu encontro... nas minhas viagens.
Vou mais além.
Encontro planetas.
Seres desconhecidos.
Perco os sentidos.
Volto.
Penso.
De que material sou feita afinal?
É inadmissível que somos um ser puramente carnal.

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