Grito

Foto de carlosmustang

ASAS DE BORBOLETA

Minha cabeça, afim de nauflágar, por amor
Perdida, a todos os tempos
Num mar, que a tudo tende a vencer
Mas eu tenho a coragem...

E mesmo nesta ilha
Eu grito que sou eu...
Pra amar pra carâmba
Um só garota!!!!

Porque evolúir, e você me basta
Es minha menina, que fara- me
Irradiar como um sol...

Tenho o meu fim(PROGRAMADO)
Mas enquanto isso, você é meu mundo
Mesmo estando largado. no tapete!

Foto de Teresa Cordioli

Na estrada da vida...

Na estrada da vida
(Teresa Cordioli)

Corri por entre ruas e alamedas
Cruzei esquinas, fugindo do teu olhar perturbador...
Viajei pelas veredas das emoções,
Ao deixar para traz:
Teus carinhos, teus abraços,
Tuas palavras.

E, na corrida da estrada da vida,
Não ouvi meus passos e não vi meus rastros,
Atravessei pontes,
Cruzei fronteiras, pulei precipícios.
Fechei os olhos diante do perigo,
Estava eu tão só, que chorei e que sorri.

A chuva de minhas lagrimas,
Molhavam meus cabelos que dançavam com o vento...
Minhas únicas companhias eram os pássaros,
Que em seus vôos perdiam suas penas ao vento.
E cantavam enquanto eu chorava.

Fiquei parada pensando:
Por que estava eu ali... Ali, tão só....

Neste momento lembrei-me do teu olhar....
Ah, o teu olhar! Este desnudava meu corpo!
Teus beijos, teu cheiro, tudo ficou lá..
Ficaram lá na esquina.
Pedi socorro,
Mas meu grito se perdia num grande eco,
Onde ninguém me ouvia...

Adormeci, deitada em folhas secas
E nos meus sonhos derramei, a minha saudade...
Foi uma espera de muita dor
Porque se eu voltasse, saberia que não estaria,
A me esperar.

Pássaro, cante, cante, cante para eu te ouvir.
Quero ouvir teu canto,
Nesta espera do nada..
Pássaro, voe, voe bem alto e diga a ele:
“ela ainda te ama”

Foto de Carmen Vervloet

Violetas Silvestres

Violetas Silvestres

Debruço-me sobre meu coração
Que canta de alegria...
Indago de tanta euforia a razão
E entre questionamentos e analogias
Encontro entre as pequenas violetas
A resposta desta feliz reação...
O segredo desvenda-se...
Junto ao nascer do sol no infinito...
Ecoa dentro de mim como um grito
Banhando minha alma
Com lágrimas cristalinas
Que evoluem como bailarinas...
Prendo a respiração...
Liberto a tensão...
E anuncio o porquê
De tanto benquerer...
É o prazer do dar...
Do realizar...
O sonho de uma criança carente...
Oferecendo-lhe a dádiva...
O presente...
Sem alarde... No anonimato...
Às delicadas violetas do asfalto
Em nome de papai Noel.
O bom velhinho
Lá do céu
Que atende aos seus pedidos
Escritos a lápis...
Num pedaço qualquer de papel...
Onde desenharam seus sonhos
Em versos de esperança...
E ansiosas aguardaram...
Nas asas da sua louca fantasia
Que concretiza com poesia a magia...

E a confiança desta criança
Trouxe-me a paz... A bonança...
E a lembrança
Da minha longínqua criança...
Que me devolveu o brilho...
A luz... O sentido da vida...
Encontrado entre as silvestres violetas
Que teimam em florescer
Nesta selva de pedras!
Esmagadas pela indiferença de tantos!...

(Projeto Papai Noel)
Carmen Vervloet

Foto de Raiblue

Conectados (ou 'Seu corpo,meu destino...')

Anelos
Pensamentos se conectam
Num grito
Num gesto
Confidências
Segredos
Encontro marcado
No meio da noite
Janelas fechadas
Estrelas no teto
Diálogo não verbal
Os olhos ,o canal
Sensações, movimentos
Dos corpos em desalinho
No chão
Na cama
Tudo é chama
Que nos consome
Fome que não cessa
Amor que tem pressa
Sexos latejantes
Encharcados
Delirantes
Gozo que explode
No céu da boca
Mar e firmamento
E o sentimento nascendo
Infinito horizonte
Sem nenhuma
Linha dividindo...
Apenas as curvas do seu corpo
Meu destino...

(Raiblue)

Foto de Claudia Nunes Ribeiro

MEU GRITO DE PRAZER

MEU GRITO DE PRAZER

Fiquei em silêncio
Porque não tinha mais o que falar.
Todas as palavras me secaram a boca,
Em meio aos sussurros e gemidos
Proferidos em nossas loucuras e prazeres.

Nada mais tinha a dizer.
Meu silêncio tudo dizia.
Minhas mãos que passeavam pelo teu corpo,
Liam braile na tua pele
E em libras falavam o quanto
Estavam adorando aquele momento especial:
O toque do meu corpo no teu corpo.

O silêncio gritou mais alto.
E no escândalo que meus olhos faziam,
Súplices a te implorar amor,
Tu só ouvias as batidas do meu coração
Que, em tuas mãos,
Estava a gritar mais alto ainda...
Vem...
Vem...
Vem...
Ame-me...
Ame-me...
Ame-me...

Foto de Carmen Vervloet

EU AINDANÃO ENCONTREI O QUE PREGUEI

EU AINDA NÃO ENCONTREI O QUE PREGUEI

Eu caminhei de um lado a outro...
Atravessei continentes...
Procurei nas aldeias distantes...
E também no centro das metrópoles...

Mas ainda não encontrei o que preguei...
Procurei no sorriso da criança...
Ou na consciência do adulto...
Em cada vulto... Um indulto...
Uma esperança...

Mas ainda não encontrei o que preguei...

Viajei... Naveguei...
E novamente solucei...
Pelo que não encontrei...
Uma paz em uníssono...

E ainda não encontrei o que preguei...

Voltei em silêncio...
Vi tantas guerras... Tanto calafrio...
Tanta morte anunciada em vida...
Vestida de Midas...

E ainda não encontrei o que preguei...

Vasculhei as cidades...
Vi tanta desigualdade...
Mesas cheias, frutas importadas...
Árvores coloridas, tão iluminadas...
Enquanto em tantas casas falta
O pão de cada dia...
Morrendo de fome tantos Josés e Marias...

E ainda não encontrei o que preguei...

Percorri todos os distritos...
Vi crianças pedindo esmolas...
Crianças sem escolas...
Rostos contritos... Pais aflitos...

E ainda não encontrei o que preguei...

Procurei por todas as ruas...
Vi tantas almas nuas...
Adolescentes drogados, abandonados...
Idosos nas calçadas jogados...

E ainda não encontrei o que preguei...

Fotografei cada coração...
No lugar da alegria e do perdão
Só enxerguei mágoa e tristeza...
Vi muita dureza e aspereza...

E ainda não encontrei o que preguei...

Ainda não encontrei o que procurei...
Um eco constante a cada ano...
Que ressoa aos meus ouvidos...
Vem-me o desânimo...

Os ideais de fraternidade...
Irmãos dêem-se as mãos...
Não fiquem na contramão do amor...
Semeando angústia e dor...

Porque o que preguei...

Foi à festa da libertação...
A igualdade entre os homens
Sem discriminação...
O direito à vida...

Toda gente por mim foi redimida!

Porque o que preguei...

Foi o direito a conscientização...
A luta para extinguir o mal...
E o desejo de um mundo ideal...

Porque o que preguei...

Foi o grito de protesto a opressão...
O dia a dia lutando com ardor...
Para a morte da miséria...
Para a ressurreição do amor...

Eu preguei a paz... O respeito... O amor...

E como nada disso
Entre os homens encontrei...
Continuo procurando o que preguei...

Carmen Cecília & Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

Cidade Sem Cor

Cidade Sem Cor

Com seus olhos de progresso
A cidade caminha
Pelas minhas veias
Com seu andar assassino.
Percorre meu corpo
Que resiste
Com seu jeito menino
Que teima em acreditar
No homem... Em Deus...
Na verde esperança
Que se mistura ao cinza
Da poluição...
Ao negro do petróleo... Do minério...
Indício de morte... Cemitério...
Sinto cada pedaço de mim
Arrancado do meu ser...
Num triste padecer
Entre lamentos e dor...
A cidade está sem cor!
E meus olhos vermelhos
De tanto chorar!...
Ruínas... Destruição...
Sinto-me um corpo estranho
No corpo da cidade aniquilada...
Mas não perco a fé!...
Não me rendo!...
Acredito nesta nova geração
Atenta...
Ela nos libertará do caos...
Disseminará o mal...
E embarcará nesta nau
Quase naufragada...
E com a força do seu jovem coração
Segurará com firmeza o timão
Na perspectiva de uma vida futura
Reerguerá com outros ideais
E nova arquitetura, esta cidade...
Com zelo... Respeito... Devoção...
Enquanto resisto... Liberto meus versos...
Estes, a poluição, não pode me arrancar...
Liberto-os devagar!...
Para que ecoem no ar
Num grito de socorro
Enquanto aos poucos... Morro.

Carmen Vervloet

Foto de Sonia Delsin

SOLIDÃO

SOLIDÃO

Um grito dentro da noite.
Foi meu coração.

Sonhei.
E o sonho foi tão bom.
Sua voz eu ouvia.
Que me amava você dizia.
Repetia.

Acordei.
A cama vazia...

Você partiu para nunca mais voltar.
Fiquei a pensar.
Comecei a chorar.
Por que nosso maior bem o mundo vem nos tirar?

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"CONTROVERSIA"

CONTROVÉRSIA.
O inverso da versão
Irreverente decisão
Cisma que persiste
Na abundancia das duvidas
Grito que se cala
No escorrer das lagrimas

Ser ou não ser
Eis a questão
Ter ou não ter
Oh cruel decisão

Nascer ou morrer
Oh sufocante missão
O certo é o inverso do que fostes e do que és.

Foto de Carmen Lúcia

O grito

Lancei o grito...
Estridente, sibilante, penetrante...
Assim, à queima-roupa...
Que cala a boca...
Causando estardalhaço,
Saído do profundo
Vulcão em erupção
Lançando labaredas
E agitando o mundo
Como um terremoto
Cuja trepidação
Cessa a respiração...
Leva à perplexão.
Lancei o grito...
Há muito tempo contido,
Escondido, reprimido,
Represado na garganta
Que inflava minha alma
Sufocada num gemido...
Lancei o grito de vida
Que replica, que revida,
Que dá vida...
Mostra a alma...
Grito de liberdade,
Que invade...
Do livre-arbítrio,
Da minha vontade
Da minha verdade!

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