Em um momento de perda, não há quem não precise de colo.
Por favor, não me abandone agora!
Fala-me só do amor, mas não dos anunciados
Em meio a bebidas alcoólicas.
Nem daqueles traduzidos em suores e gemidos
Pela nossa brutal mídia.
Ou daqueles que traduzem o sagrado e manso amor
Por gosto de carne e suor.
Peço-te: fala-me só de amor, do amor dos voos dos cisnes
Que nos elevam deste mundo triste.
Daqueles de barcarolas, cujos amantes nos prendem
No instante, na lentidão dos remos.
No encontro com teus braços, acolhe-me nesta ternura tua,
Tu, que conheces minha alma nua.
Tua alma, presença sagrada, traz o beijo doce, num estalo,
A me acordar de um pesadelo.
Fala-me mais! Fala de amor! Há um mundo tão descrente
Pululando ao nosso redor.
“Senti tua ausência, querida! Nas caminhadas dos dias,
Nas noites, dos balanceios.
Nas chuvas de diamantes, nas fogueiras flamejantes,
Do teu amar, ungido de beijos.”
Este teu amor tão doce, de céu puro, intenso azul,
Que o mundo de hoje desconhece,
Traz-me a leveza das nuvens, esvoaçantes pétalas de rosa,
De um dia claro de sol.
Feito a alma que se foi, a tocar no firmamento
Sem dor, sem corpo, sem doença.