Gesto

Foto de Homem Martinho

A MINHA BAILARINA

Braços bem elevados,
Mãos sobre a cabeça,
Olhares concentrados
Num misto de indiferença.

Alheia de tudo à volta,
No tronco um corpete,
Saia comprida e à solta,
A dança lhe ocupa a mente.

Um cinto começa a tinir,
Movimentam-se os braços
A musica faz-se ouvir,
Fico suspenso dos seus passos.

Um movimento de ancas
Me deixa maravilhado,
Parecem leves penas brancas.
È tão lindo o seu bailado.

Um gesto de ventre sensual
Me deixa extasiado,
É linda a dança oriental.
Deixa qualquer um conquistado.

Não é uma dança qualquer,
Muito menos a bailarina,
Afinal é a minha mulher,
Num sonho, lindo, de menina.

Francisco Ferreira D’Homem Martinho
2007/03/25

Foto de Camillinha

Liberdade

Ainda que doa em mim, eu te liberto desse coração, que insiste em ser seu.
Que dói...
Em cada gesto mudo
Em cada palavra calada
Em cada olhar distante
Nessa pobre mortal de alma calejada, que de alma já não resta mais nada...
De tão desacreditada...Coitada!

Foto de Lou Poulit

São Jorge e o Dragão

Sentados em bancos tipo meia-bunda, Hermes e Cuia haviam acabado de chegar ao balcão da birosca. Cuia era bebedor dos bons. Mulato quase negro, de fala mansa e bigodinho de chinês. Bom malandro, sobrevivente a tudo. De terno e gravata daria um excelente relações públicas. Só bebia cachaça e tinha preferência: Ô Portuga, dá meu marimbondo aí! Já seu amigo Hermes era letrado. O Vela, como era chamado na adolescência, era magérrimo, branco como um defunto, parecia meio lento em tudo. Havia se afastado dali por alguns anos e nesse tempo fez faculdade, arrumou emprego, casou, separou, casou de novo, separou de novo, casou mais uma vez... Continuava mal bebedor, pedindo a mesma marca de uísque: Ah... Bota qualquer um aí, Portuga.

O Cuia só observando. Em sua cabeça um silêncio era bom conselheiro: gozado, o tempo passa e as pessoas vão se misturando. Aquela que conhecemos desde dos tempos das pipas e peladas, agregam-se com outras que não conhecemos ainda, mas parecem tão importantes quanto as antigas, senão mais. E todas se dão muito bem umas com as outras, dentro do mesmo corpo.

Era manhã de domingo, dia de decisão no campeonato local de futebol. A birosca na encosta da favela já parecia lotada. Se a polícia chegasse de repente, com certeza ganharia o dia, porque já era quase impossível aos de dentro vigiar os que viessem de fora. O tumulto pacífico da birosca era como o Hermes. Com o passar dos anos alguns não arredam pé. Outros, desconhecidos, chegam, depois voltam e vão ficando. E outros tantos somem, por algum tempo ou definitivamente. Mas a birosca ainda era a birosca do Portuga e as alterações individuais não modificavam muito a mistura. Fora a fauna birosqueira, tudo mais parecia continuar nos mesmos lugares: as garrafas de bebidas mais caras, os salames e enlatados cobertos de poeira, no nicho de táboa a lâmpada devia estar iluminando o São Jorge que, a despeito da ausência de uma lança, não fora ainda comido pelo dragão, apesar de tantos anos de luta. O próprio Portuga sempre se dizia convencido de o aquele dragão enchia a cara de madrugada, depois que fechava as portas, e que só por isso não conseguira ainda comer o santinho.

O Hermes agora tinha uma identidade virtual, a julgar pelo palavriado que estava usando e que provocava a indignação dissimulada dos bebuns mais próximos: sabe, Cuia, o Portuga devia deletar aquele mictório compactado... Como é que é? – Espantou-se o amigo. É verdade, mermão... Aquilo é um banco de vírus! O Portuga é meio lento mesmo. Ele quer que esses caras acertem uma latinha daquelas. Já viu bêbado bom de mira?... Não – Cuia achou melhor não interromper – Nunca vi não... Então, Cuia, pra começar você tem que se espremer pra passar na portinhola. Só nisso já vai um risco. Depois tem que segurar a bebida, o cigarro, a portinhola... A portinhola?... Claro, mermão, vai que alguém deixa pra última hora e entra lotado. É uma senhora “portada”!... Riram-se os dois e o Cuia completou: É o que chamo de um arranca-rabo!... E o cara que não queria encostar em nada... Vai chegar em casa todo molhado – Hermes interrompeu - e a dona encrenca vai inserir o cara na casinha do quintal, vai passar a noite junto com o Totó!

Ô Hermes, por falar nisso, cadê a Laurinha?... Laura? Ô Cuia, que estória é essa de “por falar nisso”? Eu nunca dormi com o Totó não. Você precisa ler as atualizações do meu perfil... Ler as atualizações... – Repetiu o outro perplexo. E faz isso rapidinho, porque eu tô saindo, Cuia... Você tá saindo... Já vai embora?... Que vou embora, cara? Quis dizer que tô desistindo das mulheres dos outros... – e aproximou-se do ouvido do amigo – Estou apostando todas as fichas na mentirinha... Que mentirinha, Hermes?... Ô rapaz, aquela gata gorducha, que trabalha na “lan house”, vai dizer que nunca viu?... Sei, da loja de internet ali no fim da ladeira. Mas não era a Laurinha a razão da sua vida?... Laurinha nada... Se arrumou com o dono da firma, agora desfila de gerente... Ô meu irmão... – O Cuia mostrou-se penalizado – Que azar... Azar? Você não sabe da missa a metade. Depois dela já tive a Mariazinha, a Teresinha e a Socorrinho... É mesmo Hermes?... Tô te falando, Cuia, mulher dos outros agora pra mim é homem!... Nenhuma delas deu certo, né?... Não podia dar: A Mariazinha só queria saber de ganhar coisas caras... Ih, mermão, isso ia te deixar na miséria... Deixou mesmo. A Teresinha no início era uma santinha, o marido tinha sido atropelado, vivia numa cama, e ela passava o dia fazendo sexo pelo computador... Mas isso não resolve, Hermes... Não, a gente saía toda semana... Então, qual foi o problema?... Ela acabou viciada, Cuia. Perdeu a fibra... Como assim, não era a sua mulher?... Não!! Era mulher do computador!!... Ô Portuga, dá mais um aqui pro Hermes!

Cuia precisou pedir mais bebida para dissimular. Tinha muita gente em volta olhando, querendo saber quem era aquela tal mulher do computador. Sem se dar conta e parecendo soterrado de alguma culpa, Hermes foi se explicando: Mas a Laura, ô Cuia, ela não foi a única culpada, sabe? Porque quando comecei a desconfiar dei de ficar deprimido. Depois, sabe... Eu não dava mais cem por cento, depois nem oitenta, e foi diminuindo, diminuindo a transmissão dos dados... Entende?... Os dados? Ah, sim, acho que entendo. Mas e a outra?

Quem, Cuia? Já te falei, depois foi a Mariazinha... Me deixou numa miséria de dar gosto. Ô acesso caro aquele, sô... Aí eu não podia mais fazer outras coisas das quais gostava e sentia falta, não tinha grana pra nada. Estourei o cartão de crédito. Ninguém olhava mais pra minha cara, mermão... Tentando entender melhor, o Cuia perguntos pelos dados... Ah, a transmissão voltou a cair, né? Chegou a menos de um quilobite por segundo! Ô desespero o meu... Por que você não fez uns programas, pra variar?... Programa, não fiz nenhum, Cuia. Mas baixei tudo que pude baixar. Todo dia era dia de “down”... E nada de “up”... Nem um cachorrinho? – O Cuia perguntou brincando, para tentar levantar o astral do amigo... Nem um, era só cavalo-de-tróia!... Essa eu não conheço ainda, mermão... Nem queira, Cuia. Depois você tem que fazer uma faixina geral. É muito chato mesmo. E se perdesse o HD nunca mais vinha aqui beber com você. Em falar nisso, ô Portuga! Cadê o meu uisquinho?... Já vos dei, ó pá!... Tão dá outro!

Da posição em que estava, Cuia percebia o interesse crescente dos bebuns em volta na estória do Hermes, mas achou melhor não interromper. O amigo devia estar precisando desabafar. Depois, eles não poderiam mesmo entender aquele dialeto de informática. Também não entendia bem. E o Vela continuava falando: Agora a Teresinha, Cuia, nas primeiras vezes aquilo chegava sem jeito, olhando pro chão... Mas dali a pouco a santinha virava o demônio com rabo e tudo. Caraca, mermão! – O Cuia completou – Você só no piloto-automático... É isso, Cuia, o navegador era dela. Ela que escolhia a página... E num tinha anúncio não!...

Ao ouvir tais palavras, um dos bebuns já bastante calibrado, amigo dos tempos das pipas, chegou-se ao ouvido do Cuia e perguntou: Ele tava vendo televisão ou o que?... O Cuia dissimulou: Ainda não sei, mermãozinho. Fica na tua aí, na moral. Deixa o cara acabar de falar, valeu? O bebum voltou meio inconformado pro canto dele e o Hermes falando: Mas foi assim só nas primeiras vezes. Pôxa, Cuia, eu já tava apaixonado por ela quando, numa tarde, começou a balbuciar umas arrôbas diferentes... Que arrobas, Hermes?... Endereços, Cuia... Ah, dos outros amantes dela?... Que outros amantes? Amante era eu, o resto era virtual! - Hermes indignou-se, deu um murro na táboa do balcão e pediu mais uísque. Do seu canto, sentindo-se desprezado, o bebum disse com a voz lenta: Taí... Que machão que ele é... E recebeu um olhar enviezado do Cuia.

O Vela nem se dava conta do que acontecia à sua volta, ia desfiando o seu rosário enquanto a audiência dos bebuns aumentava: Eu não queria bloquear nem excluir a Teresinha, mas a cada nova tentativa ficava pior... Aí conheci a Socorrinho, que também era Maria, Maria do Socorro... E qual era o problema dela, mermão?... Não era ela não, Cuia. O problema era o marido dela... Ué, por que?... Porque o cara tinha mais de dois metros de altura, era muito forte e ruim que só o cão... E ele sabia que era chifrudo?... Sabia, mas era apaixonado pela Socorrinho e já tinha mandado dois pra lixeira, cara!... Ih, canoa furada, Hermes... Então uma tarde ela me chamou na casa dela... E você foi, maluco?!... Fui, ela me disse que estava precisando de um desencanador... Ocê é doido... É foi doidice mesmo. Quando eu pensei que ia carregar o arquivo, a trezentos kilobites por segundo... O cara te deu o flagrante... Não, tocaram a campanhinha... Ô mermão, ninguém toca a campaínha pra entrar na própria casa... Pois é, mas já derrubou a velocidade, né? Era o filho da vizinha. Ela despachou o moleque a agente voltou pro matadouro...

O bebum desprezado era um bebum respeitado. Toda hora fazia uma careta, ou um gesto, e os demais bebuns, formando já uma meia-lua às costas do Hermes, trocavam impressões. Percebendo tudo, o Cuia tentou levantar a moral do amigo: Aí você fez o couro comer... O bebum balançou o dedo indicador e fez beiço, querendo dizer que não acreditava. O Hermes respondeu: Mais ou menos, Cuia... Os bebuns metidos a jurados dissimularam uma estrondosa risada, quando o bebum desprezado saiu da birosca fazendo uma porção de gestos. Mas não demorou muito, alguns minutos depois lá estava ele novamente, pedindo licença para passar e voltar ao seu canto. Que mais ou menos é esse? – Perguntou o Cuia. Eu disse mais ou menos porque quando o programa estava quase carregado, ela me sussurrou que ouvira um barulho na cozinha. De repente o cara entrou no banheiro, já tirando a roupa, e quando me viu perguntou o que eu estava fazendo ali... E você, mermão, por que não pulou a janela?... Que janela, Cuia? Primeiro porque não tinha uma por onde eu pudesse passar. Segundo porque o banheiro era tão pequeno e o cara tão grande, que eu tinha a impressão de que éramos duas sardinhas numa lata. Ou melhor, uma sardinha e um tubarão! Que coisa, rapaz. Ele entrou tirando a roupa e eu tentando vestir a minha!... E aí?... Ai eu disse que já sabia qual era o problema... Como assim, Hermes?... É, mermão. Vou explicar: Quando corri pro banheiro, logo vesti a cueca. Aí ouvi o cara falando que havia chegado o caça-vírus. Então, em vez de por a roupa, eu desenrosquei o sifão da pia e abri a torneira. Só não deu tempo de abotoar as calças... E o cara caiu nessa? Mas que otário!... Bem isso eu não sei. Porque eu disse a ele que no dia seguinte voltava pra tirar o entupimento. Ele me pediu que saísse do banheiro porque queria olhar o serviço. Enquanto ele olhava eu fui saindo. Quando pus o pé na rua, mermão, desembestei que nem a mula-sem-cabeça! E ainda passei uma semana correndo. Vendo o cara atrás de tudo que era poste.

A turma de bebuns já não dissimulava mais as risadas e os julgamentos. E já não era composta apenas de bebuns, nem somente de homens. Haviam chegado mais torcedores e algumas prostitutas mas, devido a bebida já em conta alta e ao peso das lembranças, o Vela não se importava. Expunha-se ao ridículo, despertando a piedade de alguns. Cuia não sabia mais o que fazer. Pensava em como levar o amigo para casa, enquanto ele ainda pudesse andar com as próprias pernas. Mas de repente o Hermes se empolgava e recomeçava a falar, sem tramelas na lingua já melosa. Estava claro que ele não se submeteria a nenhum conselho: E tudo por causa daquela piranha, Cuia! A gente era feliz. Eu percebi muito antes e falei com ela. Disse que o Afrânio ia querer lotar o disco, secretária novinha, com tudo no lugar, se sentindo importante... É, o cara foi esperto... Ela é que foi uma vagabunda! Eu avisei antes, ela aceitou porque se entusiasmou com as gentilezas do Dr. Afrânio – disse o Hermes com desdém... Mas clama, mermão, isso agora já é passado. Esquece essa estória e vai em frente. Você não quer pegar agora a mentirinha? Então pega e esculacha, mermão. Vai te fazer esquecer as outras. Inclusive a Laurinha... Ah, a Laura não, Cuia. Eu não consigo esquecer o que ela me fez. Nunca, jamais vou perdoar aquela mulher. Se encontrar com ela na rua eu arrebento a piranha de porrada.

Sem sair do seu canto, o bebum desprezado balançava o dedo e fazia beiço. Os demais, já em franco debate, se dividiam. As prostitutas, em grupo, se defendiam. Alguns torcedores defendiam as prostitutas, para que tivessem o que fazer depois do jogo, afundar a mágoa em caso de derrota. O Portuga não tomava partido, bastava-lhe vender bebidas para todos. No fundo todos se divertiam, aproveitavam o fim-de-semana. Até o dragão se divertia com aquele São Jorge sem lança! Menos o Vela. Estava realmente consternado, não parava de imaginar formas alternativas de trucidar a Laura. E usava as opiniões dos bebuns para reorientar as suas tramas, curtindo a dramatização da sua desgraça, como se lhe causasse prazer. Numa dessas, ao dirigir-se ao grupo de prostitutas para ver sua reação, percebeu que uma delas saia de trás do grupo e atravessava em sua direção. Ele não queria falar com ela, era apenas uma puta, como dizia ser também a Laura. Tudo farinha do mesmo saco! – Disse em definitivo.

Quando o Hermes escutou aquela voz de mulher lhe dizendo um curtíssimo “Oi” pelas costas, imaginou que o mundo havia parado de repente. Um silêncio palpável preencheu o ambiente. O Vela tentava decidir o que fazer, sob o peso de muitos olhares. Quando se voltou para trás, viu que havia uma mulher muito bonita no centro de um pequeno espaço, obviamente aberto para ela. Apesar do congelamento generalizado, apenas o bebum desprezado balançava a cabeça, mas agora positivamente. O Hermes não conseguia articular uma só palavra. Dentro do seu íntimo encharcado de uísque “qualquer um”, tudo era escuridão, uma multidão de vultos ia e vinha, sem que ele pudesse organizar o pensamento. Não teve coragem de dizê-lo, mas não restava nenhuma dúvida: só podia ser a Laura. Queria olhar dentro dos seus olhos, pois conhecia-lhe o olhar, mas a bebida já não o permitia. E quando a mulher lhe estendeu docemente a mão, com um sorriso calmo e soberano no rosto, o Vela não conseguiu fazer resistência. E deixou-se levar lentamente para fora, pela mão, como uma criança ingênua. Atravessando o silêncio estupefato e o julgamento sem veredicto de cada um dos presentes, sumiram os dois entre os torcedores que, na rua, preparavam-se empolgados para tomar o caminho do estádio. Como se houvessem ali dois mundos paralelos, o casal e os torcedores não se confundiam, mal se notavam. Era de se pensar que não estivessem no mesmo tempo e no mesmo lugar. Uma mão imensa e irresistível parecia abrir aquele mar de gente, enquanto o casal sereno e mudo escapava dos julgamentos, sem que se molhassem sequer no suor dos torcedores.

Na birosca, foi o bebum desprezado que quebrou a perplexidade. Deu um tapa na lateral do balcão, fazendo um estrondo que deixou o Portuga furioso. Ô Portuga! Dá outro marimbondo aqui pro meu amigo Cuia, que ele está pagando o meu também – e virando-se para o mulato, que se mantinha pensativo, sussurrou - como nos bons tempos, hem Cuia? Uma a uma as pessoas foram se reacomodando pela birosca. O bebum sentou-se no banco, que o Hermes deixara morninho, disse com ar sábio: Ah, o amor. Coisa mais linda é o amor... Encafifado, o Cuia não respondeu mas quis saber: Sabe, você até pode me achar com cara de panaca, mas eu não tenho certeza de que aquela mulher era a Laurinha. Se bem que era muito parecida, não vejo há anos, mas acho que não era não... O bebum virou a sua cachaça toda de uma vez e depois ficou olhando para o chão, reflexivo, com um sorriso torpe nos lábios. Depois de um tempo, finalmente falou claramente: Não era ela mesmo, Cuia... Mas então, quem era ela?... Depois de fazer uma careta, como se rebuscasse o passado, explicou: Você não se lembra da Fátima? Não, né. A menina que vendia bala na estação do trem... Não, não me lembro mesmo... Eu conheci as duas desde pequenas, desde quando eu era um homem respeitado. A Fátima é mais nova, mas sempre foi parecida com a Laura. Depois meteu-se com aquele bandido, famoso por cortar as orelhas dos seus desafetos... O Pinga-Fogo... Isso, ele mesmo. Ele sustentava a ela e a outras molecas. A Fátima engravidou para se sentir mais segura, mas o cara apareceu cheio de buracos pouco antes do bebê nascer. Ela então andou na mão de um e outro bandido, pra manter o pirralho. Depois desapareceu de repente. Passou uns anos fazendo programas com gente endinheirada, gerentes de banco, diretores de empresa. Tem três meses que ela reapareceu, está morando no bairro aí de trás... Mas por que ela tomou aquela iniciativa?... Porque, como lhe disse, coisa mais linda é o amor...

O Cuia estava inconformado, não conseguia entender direito. Não vai me dizer que ela está apaixonada pelo Hermes?... Que apaixonada, Cuia. Ela nem conhecia ele direito... E como ela veio parar aqui na birosca?... Eu chamei, ora. Ela é puta, não é adivinha. Mas eu conheço ela muito bem. Você sabe que conheço as putas daqui. Não posso mais pagar pelos serviços delas, mas conheço bem várias delas e sou amigo delas... Que coisa de doido, quem vai pagar? Quando o Vela entender tudo não vai tirar um tostão do bolso... Nada de doido não, Cuia. Ela não veio receber dinheiro não... Como não?... O bebum parou, se ajeitou no banco e continuou: Cuia, meu velho Cuia... Eu já vivi um pouco mais que você. E lhe digo com toda a convicção: As mulheres que vivem de programa não são todas iguais. Mas são seres humanos todas elas, têm sentimento. Eu não pedi, apenas perguntei se ela queria fazer isso. Ela confiou em mim e topou fazer... Mas o Hermes não ama essa mulher... Já deve estar amando, Cuia... Não é a Laurinha... Que diferença faz, Cuia? Ele precisava amar, se regenerar, tirar o paredão de dentro dele. Você acha que o amor dele, que ele não pode exercer e não serve pra nada, é mais amor que o da Fátima, dado de graça, pela necessidade dele e por amizade a mim? E ademais ela não tem nada a perder, tem a dar. Qual o pecado nesse caso? Mas o Vela podia ter perdido a vida, lá no banheiro do caça-vírus. E noutras vezes, porque ficar pegando as mulheres dos outros...

O Cuia ainda não aceitava plenamente a conversa do amigo, porém reconhecia certa razão. E será que o Vela vai segurar a peteca? Do jeito que saiu daqui, não sei não... Ora, Cuia, ela é uma mulher sofrida, experiente, com certeza vai dar o jeito dela... Mas ele não vai se casar com ela, né?... Casar? Acho que ela não ta pensando nisso, não. Prostitutas nunca pensam em casamento numa primeira ocasião. Não é esse o trato. Se você sair com uma delas e falar em casamento, nunca mais ela sai contigo, pra não apanhar do cafetão... Mas vai que a Fátima pensa... E daí? Eu não sou cafetão, não ganho dinheiro com ela... O Cuia pediu a conta ao Portuga, pagou a cachaça e pendurou o uísque, reclamando do preço. Depois, com ar de satisfeito, disse ao amigo: bom, tomara que pelo menos você esteja certo e ela saiba acender velas. Senão, quando ele voltar aqui, vai dizer que de repente bateu um vento... Que nada, Cuia, você num entende nada de velas. Ele vai dizer que quando o programa estava carregado, caiu a conexão!

Foto de Helô Abreu

O dia em que as lágrimas se juntaram...

O dia em que as lágrimas se juntaram...
HELÔ ABREU

O dia em que as lágrimas se juntaram
foi num dia com o sentir das dificuldades...
e tentadas estavam a esquecer
a dor que suportavam
que simulando uma chuva miúdinha nas verdades
enganavam qualquer um
e navegavam
ansiosas sobrevivendo na prisão.
Se este era o tal destino traçado
sem mais rumo e direcção imaginado,
aquele que não desejaria
nenhum mortal
na viagem soluçada um sentir inesperado
flutuando e refletindo como o sol
que sem pensar que existisse gesto igual...
fez com que voltasse de novo então a sensação real
de luz e liberdade,
a água apartada
evaporada com vontade,
um calor inundando
profundamente o coração.

Foto de Thyta2000

Pouco tempo

Pouco tempo,
não sei bem ao certo.
Talvez o minimo para eu poder ter um só sorriso, um só olhar.
Queria poder tocar-te,
Sentir seu perfume,
Sua pele, até mesmo um simples gesto teu.
É como a serena, calma e cristalina água que vem descendo até se formar numa grande correnteza de alta queda, e depois se acalma novamente.
Assim é o meu amor por você, hora estou cansada, mas esta água calma e cristalina tem toda a força de passar pelas pedras e altas quedas, se acalmar num bosque com raras flores de perfume suave para ouvir e ver os enamorados, deitados no gramado.
Bem proximo de mim, pouco tempo, não sei bem ao certo.
Há tempos não te vejo, mas ainda sinto você, seu perfume, talvez venha outra correnteza, mas se preciso for, parar ver-te em algum lugar do bosque, me salvarei...

Foto de HELDER-DUARTE

O mais importante

Neste existir
O que vou fazer?
O que é importante construir?
Que acção ter?

Perguntei-lhe eu,
O qual me respondeu:
A única acção de valor,
É amar com o meu amor.

Pois tudo passa...
Só o amor não acaba.
E me disse ainda:

Cumpre tua missão de amar,
Num gesto que não finda...
Num gesto sem terminar!...

Helder Duarte

Foto de Marilac

Bebê!!! Você é muito especial pra mim

Bebê!!! Você é muito especial pra mim
Quero te acercar de mim, acariciar sua pele...
Quero sentir o perfume que vem de você
Quero ouvir sua voz baixinho em meus ouvidos,
E ficar assim, abraçada a você.....
E falar de nossos sentimentos, de nossas emoções,
E deixar que nossas mãos nos explorem,
nos toquem...
Quero deixar que a pele arrepiada lentamente
Vá substituindo a calma pelo desejo...
Quero sentir o toque dos seus lábios...
em minha orelha,
E esse seu jeito gostoso de ser, homem carinhoso, amante, amigo, namorado e tudo que uma mulher deseja....
Quero te tocar devagarzinho,
te excitar, nos sentir
Quero te afagar inteiro e ao mesmo tempo
um só pedacinho....
Quero te profanar e violar seu desejo,
seu corpo.....
Quero que você se doe numa entrega total,
louco, apaixonado.
Depois quero a paz e a calma,
com cheiro de manhã de primavera,
Quero seu beijo, calmo.... quente...
uma carícia terna, um olhar...
Quero conhecer seus mistérios,
sua alma, seu coração...
Quero te envolver, me aproximar...
Quero dizer numa voz baixa,...
Eu amo você, paixão...
Sabe eu daria tudo...
Por um só olhar de carinho
Por um único momento ao seu lado
Por um só beijo seu
Por um gesto de carinho
SIM daria de tudo só para ouvi-la dizer um só te amo
Mas como nada disso acontece
A única coisa que posso lhe dizer é que, queria ser um pássaro, para voar até você;
Queria ser o sol, para iluminar seus dias;
Queria ser a lua, para clarear suas noites;
Queria ser uma estrela, para brilhar em seu coração;
Queria ser seus passos, para seguir seus caminhos;
Queria ser sua companheira, para lhe fazer feliz...
Beijos muitos..beijosssssssssss.........
Marilac
17/02/2007

Foto de NiKKo

Jurei te esquecer.

Jurei para mim mesma te esquecer
Nunca mais, nem mesmo teu nome pronunciar...
Mas te recordo a cada passo que dou
Dentro da saudade que você me fez entrar.
E dentro desse vazio que me gela a alma
Sinto cada vez mais a solidão me acompanhar
Perdi a alegria que tinha em viver
Meu sorriso nas lagrimas foi se esconder.

Perdi a inocência te procurando conquistar
Mil tramas o destino me fez engendrar
Todas só tinham um único objetivo...
Para sempre te fazer me amar.

Fiz poemas de amor e desejo
Canções que rimavam alegria e felicidade
No entanto de você eu nada consegui
A não ser engano e falsidade.

Porque razão me fizeste crer em teu amor,
Me diz porque não assumiu que não me amava
Bastaria um simples gesto sincero
E embora chorando eu a deixava
Mas não você quis me iludir
Fingiu que seu coração era meu
E hoje so com minha tristeza..
Admito mesmo sofrendo que o meu ainda é seu.

Mas eu vou te esquecer
Juro que tirarei você do meu pensamento
E quem sabe um dia eu recomece novamente
A viver sem sentir esse vazio esse tormento.

Foto de PoetaProfeta

Jamais Penssei!!!

Jamais pensei que eu fosse te escrever estas palavras, porque o meu peito sempre esteve repleto de amor por ti e, ainda hoje, nesta madrugada em que me sintia tão sozinho, é ele que me move a dizer que amo-te e, infelizmente, também, é ele que me diz para dizer o mais dificil, mas enivitavel franquesa da situação que te leverá à desilusão.... É... é verdade…Há distância entre intenção e gesto porque eu sei que sempre quis te fazer feliz, do mesmo modo que eu sei que esta também era a tua intenção.Hoje, o meu peito ainda guarda a tua marca. Nele ainda está inscrito o seu nome, mas meu coração passou a bater em outro ritmo, sem o doce tom da sua voz a embalá-lo.Querida, tudo o que eu desejo é que tu sejas muito feliz, que consigas continuar esta vida de bons projetos e infinitos sucessos. Mas, nunca te esqueças de que o AMOR é a coisa mais bela e rara que existe e que, às vezes, é preciso um pouco de paciência e dor para alcançá-lo. Como tu sabes, a distância maltrata o coração de quem ama, a ausência da pessoa amada transforma o dia mais ensolarado no mais cinzento dos dias e só a perspectiva de um breve reencontro ameniza essa saudade.A saudade é um sentimento que nos vai corroendo aos poucos por dentro e por mais que tente lembrar dos lindos momentos que passamos juntos a tristeza da ausência acaba se sobrepondo a tudo de bom que vivemos.Chegou a um ponto que a espectativa de nos vermos não era mais o suficiente e não só a minha vida pessoal começou a ser afetada por este sentimento, mas também o meu emocional, fisico e até mesmo o trabalho começou a se ressentir.É muito difícil pra mim admitir, mas uma outra pessoa axo que começa a ganhar aos poucos espaço no meu coração fragilizado, substituindo a angustia da distância pelo conforto da presença.Por mais que me entristeça ter de escrever estas palavras, tu mereces toda a minha consideração e respeito.Eu acredito que esta separação, embora difícil no começo, vai acabar por fazer bem para ambos. Tu vais poder encontrar alguém que te possa dar todos os dias o amor que mereces.
Espero sinceramente, que com o tempo, nós possa-mos manter uma amizade, pois és uma pessoa muito especial para mim.

PoetaProfeta

Foto de Mabel

Meu amor por você é...

Meu amor por você é...
Tão grande quanto que qualquer gesto, ou palavras...
Que quando te olho dormindo em meus braços, penso o quanto é gratificante estar comigo...O quanto doce é sua presença...
Esta noite dormi com seus carinhos em minha cabeça...Com meu corpo junto ao teu, é mágico e magnífico, as palavras não conseguem se descrever sozinhas...Meu amor, que considero não só isso...Porque seria pouco um amor ser somente um amor...Mas é meu amante, meu amigo... com você... Aprendi a sorrir...A ser feliz...Aprendi a amar...E desaprendi a viver sem você...Além de que talvez eternamente é um espaço curto de tempo, para aproveitar tudo que eu quero de você...Imagino nós velhinhos...Com bengalas, mas estaremos dormindo juntos ainda...E lembrarei o quanto fico segura em seus braços e que nenhuma preocupação estará comigo enquanto eu estiver com você...Que nenhuma tristeza conseguira abrigar meu coração enquanto estiver por perto... Quando eu te olho, te admiro, cada gesto seu, cada movimento seu, pra mim é como se eu olhasse o paraíso... Seu abraço é como se um anjo viesse me abraçar pessoalmente...A sensação seria a mesma....E quando fala no meu ouvido, eu flutuo, eu saio do mundo... Sentir, te beijar...E te ter foram as melhores sensações do mundo...Foi a melhor coisa em que me aconteceu em 9 meses de namoro, com muitas felicidades, muito amor, muito carinho.....

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