Fome

Foto de Joaninhavoa

BUQUÊ DE QUÊ

É um buquê eu sei que é
Resta saber do que é que é!...

Eu tinha rosas, rosas encantadas
Nasciam no dia dos namorados
Brilhavam de noite pela lua ao luar
Gritavam de fome por ter de passar

Regava-as! Com águas!...
Mas elas queriam mais muito mais
Queriam-se fundir em amores de Oxóssis
Em sóis de osois! ricas moléculas plenas

Vidas! eram minhas rosas encantadas
Todas vermelhas aveludadas, safiras
Macias no toque com`a mão, enamoradas
Todas sensíveis sensuais, delicadas

Umas vezes emaculadas outras bem
fadadas outras encabuladas até à raiz
E ao Sol Pôr! Estas ninguém
ousara tocar por sorte ou por triz!

Eu juntava-as maravilhada, enusitada
Cremava-as ao sentir esvaírem o néctar
Pó! a seiva toda a vida em si per si, acostumada
E mais que cheirando snifava perfumes pairando no ar!

Eram rosas encantadas, metamorfoseando
Eram vidas vivenciadas, refazendo
Suas vidas! Radical a todo o instante
Eu só sei que era um buquê
Ainda hoje não sei de quê!...

JoaninhaVoa, in “Valquírias, meus amores”
(2008/03/02)

Foto de Henrique Fernandes

ESPÍRITO DO DAR

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Hora zero de uma noite fria, acalentada pelo brilho de enfeites luzidios que reflectem o piscar multicolor de lâmpadas vigorosas de sustentáculos cintilantes, como estrelas que iluminam a noite numa bonança que pernoita diante de um sublime manto branco de neve; todo pintado a gelo.
A alegria vagueia pelas ruas sem deixar pegadas, flutuando um silêncio interrompido por uma sinfonia de emoções, escutando melodias que tilintam no espaço e no ego o espírito do Dar!
Ao olhar através da vidraça que expunha a rua nessa noite, encontrava-a trajada de encantamento, como sucedia em todas as ruas, encontrei-a coberta por um costume de mil pigmentações em combinações de paz e concordância! Eu estava solitário, vigilante e submisso a este prodígio que a alma compreende, a qual nos transfere no bater do coração.
Ao ecoar a décima segunda badalada dessa noite gélida, escutei o ranger da minha porta e uma voz de silêncio que já havia ousado mostrar-se, proferiu à minha mente:
- Sou o Dar, esquecido pelos povos trezentos e sessenta dias por ano. Tenciono esta mácula desabafar.
Não sei se hipnotizado ou se havia enlouquecido, mas prescindi minha mão a regular-se pelo Dar e ortografei o seu desabafo descontente e tão penetrante, que se podia escutar o pesar que me ditava:
- Sou feto concebido no ventre do nosso carácter, sob a forma de um sentimento que dais à luz num costume de horas contadas num impar. Deveis decepar ao Dar o cordão umbilical, e deixá-lo coabitar menino a crescer em vós, dando-me voz todos os dias do ano.
Dar deambulava na minha alma à procura de se libertar, ou de juntar-se com o seu irmão - Receber - na aberta de uma consciência que soltamos numa comoção, que manifestamos quando dissolvidos na áurea Natalícia que nos transmuda a moral superabundante de uma indigência de asserção humana conquistada pela razão. Sem senão, o nosso ser quer partilhar o receber com o Dar.
Dar passou o tempo à janela do meu olhar, presente num estender a mão a quem não espera por nós e de nós carece como alimento à esperança, desaparecida na fome de contentamento, evacuada numa lágrima que inunda um rosto de solidão e esgotada num clamor mudo em demanda de paz.
Dar brinca no nosso sorriso quando sorrimos despretensiosos, intencionados a ajudar sem imodéstia, numa troca de emoções compartilhadas num pranto de alegria. Como suspiro de satisfação entregue por veneração a um fascínio natural sem ilusionismos ao obséquio de ser gente.
Dar é uma criança que se agiganta adulto nas nossas carências ou aptidões, de receber sem anseio o beijo do sorriso de uma criança, abrilhantado num olhar que agradece inocente a nossa melhor oferenda, agasalhada de quentura despretensiosa, dádiva de amor humano.
Dar está aceso em nós quando sabemos receber o Dar de alguém. O Dar não se dá, partilha-se cedendo o que recebemos: um olá num olhar sincero, a carícia de uma mão sem interesse, um beijo que não impõe retorno numa oferenda que não aguarda restituição, um sorriso de uma cooperação autêntica, um abraço que compreende a adversidade de qualquer um, o interiorizar uma palavra graciosa, o aceitar da incorrecção e imperfeição do comparável simples mortal…
De repente, acordo recheado de existência em mim sobre um papel manuscrito sem memória, e já o Sol da manhã me dava um benéfico dia. Sem saber se havia devaneado, sentia-me desconforme por algo que me havia alegrado o profundo do meu ser, soberbo pela mensagem do Dar.
Considerei estar demente, mas não. O espírito do Dar murmurou para mim. E lá estava eu, na vidraça, enxergando a minha rua trajada pela luminosidade de um Sol que fazia jus à concórdia de um mundo por sensibilizar.
Elevo-me em harmonia e entorno meu olhar lá para fora… Via -a agora guarnecida de crianças turbulentas de júbilo, arrojadas de uma glória, inábeis de ocultar a sua transparente e radiante felicidade.
- É o Dar! É o Dar! - Ouviu-se…

Foto de Raiblue

Inv(f)ernais...

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Sempre gostei do inverno, seu hálito de mofo e cheiro de sombras frescas com as quais adorava brincar de adivinhar o que havia por trás delas. O mistério das coisas sombrias me fascinava!Talvez existisse em mim um lado desconhecido, submerso em águas profundas do meu ser inquieto e inconstante.
Alguma coisa acontecia, quando chegava o frio, era como se rompesse a placenta naquele momento e eu nascesse ali, naquele instante, ele era aquecedor para as geleiras da minha mente,irrigava mais intensamente o sangue que parecia parado nas demais estações,as mãos formigavam como se começassem a existir a partir dali...
Finalmente, resolvi sair de casa, estava ansiosa por rondar a cidade à noite, após meses de silêncio quase fúnebre. Foi quando,de repente,o avistei,atravessamos o mesmo caminho.Destinos cruzados?Almas gêmeas ou corpos desesperados ,ansiando carne...? Seu olhar parecia perfurar meu corpo, um punhal rasgando impiedosamente meu coração há muito tempo enclausurado nos porões da alma.Cada um seguiu seu caminho,retornei para casa com uma estranha sensação,estava ardendo,tudo em mim era só chama vermelha, incandescente...,.tudo era só desejo....uma vontade de devorar aquele desconhecido,e,quando pensei nisso,senti um gosto diferente na boca, um cheiro forte impregnava em todo meu quarto,era dele,eu sei,eu reconheci,ficou no ar,ficou em mim...
Acendi velas brancas, coloquei lençóis vermelhos na cama,e me deitei,completamente nua,cheirava apenas à carne crua...fresca...estava ali pronta para ele,num ritual apocalíptico,iria exterminar a solidão. Em meio às sombras da noite, entreguei-me àquele desconhecido, senti seus dentes em minha carne como se quisesse mastigar-me em pedacinhos e aquilo deixou-me louca!De repente, um gosto de sangue na boca e um orgasmo misturado à dor da carne arrancada por suas presas afiadas, prazer infernal!!Despertei gritando!Um misto de sensações me tomava, passei a mão no pescoço, procurei o sangue jorrado ou alguma marca, mas só havia suor, quente,cheirando à coisa antiga,um incenso talvez...As contrações no meu corpo continuaram por um certo tempo,meu sexo estava vivo e explodindo...Como poderia tudo ter sido apenas um sonho?
Levantei absorvida pelo tédio dos dias sempre iguais. O sonho trouxera o gosto amargo da decepção, ao acordar.Continuava sozinha, na minha escuridão de sempre.Antes, ela não me incomodava,mas agora era dilacerante,deixava-me angustiada e faminta...uma fome esquisita que nenhum alimento saciava...
Na noite seguinte, tornei sair, porém,dessa vez,parecia determinada a encontrar algo ou alguém específico,alguma coisa me impulsionava e me atraia de forma irresistível...morte! Essa palavra se repetia em minha mente como um mantra mórbido,eu sei,mas de salvação,eu adorava seu eco, engraçado, ela tinha um sentido diferente...,de vida...,de algo que pulsava,vibrava...
Entrei num botequim situado na esquina de um beco chamado Beco dos Imortais, cada bar tinha um nome de um célebre imortal, escolhi o Bar do Baudelaire,pois estava bem baudelaireana naquela noite,até cairia bem um vampiro...Algo me puxava para lá,farejava qualquer coisa indefinida,começava a sentir aquele gosto na boca novamente...aquele do sonho,e aumentava a minha fome...
Entrei, sentei, não vi nada no cardápio que me agradasse, contudo, na mesa em frente à minha, vi um homem de olhar fulminante a me fitar insistentemente.E, de repente,misteriosamente,vi-me sentada ao seu lado.Ele era de poucas palavras,mas despertava cada vez mais minha fome com seu olhar de serpente, seu veneno era apetitoso...Acho que estava obcecada,tarada ,depois de tanto tempo em reclusão,precisava urgentemente de uma noite orgástica!Então veio o convite tão desejado... e eu aceitei de imediato,é claro!Quando saíamos do bar, ele me abraçou subitamente, um abraço quente, de arrepiar cada poro da pele.Ao abrir os olhos,mirei um espelho que ficava bem na minha direção,para minha grande surpresa,só havia uma pessoa refletida...
Enquanto ele me apertava contra seu corpo, e o seu sangue parecia se concentrar todo no seu sexo,minha boca sentia intensamente aquele gosto daquele dia...estava muito gelada e tonta ,talvez de desejo,não sei,só sei que necessitava de algo quente urgentemente, e ele estava ali,eu podia deixá-lo ir,mas foi inevitável o beijo...a mordida...,ele precisava morrer para que eu sobrevivesse...

(Raiblue)

Foto de Bira Melo

FOME, SEDE e AGONIA

Meus olhos têm fome
De um mundo melhor
Donde o coração hominal
Seja igual a do animal,
Seja dos insetos, ou melhor,
Das abelhas, as operárias
Que em seus grupos não há desarmonia
Tudo pulsa em sintonia
Porque sabem que seu Criador
Fê-las para amarem-se
Produzir do alimento ao remédio
Sem agredir a natureza
Em balés e em canções de alegria!!!

Meus ouvidos têm sede
De ouvir uma melodia
Como Carinhoso, Tarde em Itapuã...
Sede de músicas de verdade
Tipo : Alvorada de Cartola ou Chega de Saudade
Quero "A noite do meu bem"
Mesmo que seja em dissonantes
"Regra três" e "Por causa de você"
Com cadência e compassos,
Bonitos e marcantes.
Sede de Gal cantando Tom,
"Antonico", "Vapor barato", "Índia", "Dez anos"
E Bethânia em "Chão de estrelas"
Ou simplesmente qualquer um cantando :
Que "Estão voltando a flores"!!!

A minh'alma está agoniada e fadigada
Dessas modinhas horripilantes
Que a ninguém não dizem nada
É o "Arrocha", o "Tapa na cara"
E a "Égua pocotó" com "Pressão mamãe"
Além das medíocres lambadas...
É verdade!... Onde chegamos?!
Será que erramos pra essa moçada
Que só pensam em drogas auditivas,
Roupinhas da moda, fuligem de som
E dizem que românticos como eu
São quadrados e não estão com nada?!

Foto de Martorano Bathke

Desvio Intencional de Conduta

Desvio Intencional de Conduta

Conta à lenda que “Dienógenes, toda noite saia pelas ruas de Atenas com uma lanterna na mão, a procura de um homem cem por cento honesto.” A lenda deixa a interpretação por nossa conta.
Como toda história tem três versões: a minha, a tua e a verdadeira.
Também eu ficarei com as três: Para ver se existia algum, para quebrar-lhe a lanterna na cabeça, e com o sofisma, a união de ambas as duas primeiras.
Diversos autores tentaram definir o homem, a definição que mais me chamou a atenção foi a de Karl May. Em seu personagem Winnetou, cacique dos apaches mescarelos.
A que: o homem branco não é um ser humano, mata por prazer destrói tudo, enfim o câncer da terra, e por fazer isso não estava integrado com a natureza.
Talvez quando a última árvore secar e não der mais frutos e o último rio a ser envenenado, o homem se lembre que o dinheiro não lhe poderá matar a fome e a sede.
Ha, as naturezas multicoloridas, miscigenadas, férteis, procurando sempre a evolução e a mistura implacável de tudo querendo chegar a um denominador comum. Ha, a natureza o primeiro grande mestre que Deus deu para o ser humano. E nós ainda por cima de tudo somos mamíferos.
Uns vão para o morro outros para o aeroporto e atualmente até no centro dentro do carro conforme a hora.
Se a natureza ingênua como uma criança tem seus desvios intencionais de conduta, imaginemos nós, seres humanos. Só com uma diferença nós e algumas espécies de macacos nossos parentes mais próximos nessa cadeia evolutiva, nos escondemos para tê-los.
Qual será a nossa desculpa, o peso do “eterno retorno”. Ou a “insustentável leveza do ser” e assim fortuitamente e esporadicamente, não estou falando aqui do DIC doença, nos tornamos um personagem do autor Alain Kundera, em seu livro: A Insustentável Leveza do Ser.
Didi foi o craque da folha seca, Vavá agora quer ser reconvocado, inventou a folha verde.
Ha, irmão, se tiveres a hombridade de ter um DIC, publicamente, jamais serás meu irmão. Mas se tiveres a hipocrisia de tê-lo escondido será meu irmão, e não te negaremos como Pedro até a terceira hora, pelo contrário te defenderemos até a décima primeira.
Qualquer semelhança deste texto com fatos reais é mera coincidência, é assim que se tapa o sol com a peneira, ou escrevendo utopicamente é a realidade?

Ronald Martorano Bathke.

*Puplicação permitida: desde que conste o nome e o e-mail do autor.

Foto de Henrique Fernandes

ESSE ALGUEM SOU EU

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Há alguém que sonha contigo e suspira
Sentindo-se completo por existires
Que por ti sua solidão partira
Pelo teu olhar que sem mentires

E sorri destravadamente por te encontrar
Alguém perdido de amor e emoção
Que canta até tarde pelas ruas sem parar
Canções românticas de um só refrão

Pensando em conforto no teu ser
Imaginando-te como sua
E sente-se sexy por ti mulher
Dizendo olás á superfície da lua

Há alguém a quem preenches o vazio
Querendo o seu eu ocupado por ti
Alguém a quem teu sorrir tira o frio
E que apenas diz “ que bom que nasci”

Há alguém que escreve o teu nome
Na razão especial dos seus sentimentos
Alguém que de paixão não passa fome
E faz de ti a musa dos seus momentos

Que na tua ausência partilha contigo
O melhor da vida exposta no céu
Alguém que sem te ver é castigo
E sabes que esse alguém sou eu

Foto de Paty Fraga

Quero ser para sempre uma ilusão.

Quero ser para sempre ilusão

Quero ser apenas o sonho de alguém.
Quero ser uma imagem desconhecida.
Um abrigo no relento.
Uma lembrança na solidão.
Quero despertar olhares curiosos,
Sentimentos inexplicáveis,
Emoções incontroláveis,
Mas não quero ser tocada, não quero ser possuída, não quero ser conquistada.
Quero ficar para sempre num pensamento alheio,
Num coração assolado...
Quero ser profunda nas palavras e tocar almas com os dedos do meu espírito,
Quero ser coroa de ceda no reino de espinhos.
Quero ser ponte para a travessia daqueles que precisam transitar para o alto.
Quero ser inesquecível aos olhos
Quero ter corpo desejável,
Quero ter lábios enfeitiçadores,
Mas nunca mais quero estar enfeitiçada.
Todos se viciam em emoções,
Sempre querem mais, suplicam veemente para seus corações palpitarem paralelamente a tremores e calafrios, sentem sede de feromônios, sentem fome de “carne humana”, mas são todos animais, por isso quero ser apenas uma arte, um quadro pintado na parede, uma ilusão, uma projeção psicológica.
Enquanto eu for apenas uma doce ilusão, serei perfeita, terei beijos de mel, terei perfume de bálsamo, terei pele de algodão, cabelos de veludo e sedução das flores,
Mas se eu deixar de ser ilusão e passar a ser verdade, descobrirão minhas fraquezas, saberão que sinto fome, que adoeço, que penso, que choro, que sinto dor, que amo e que odeio.
Quero viver para sempre escondida por trás do rosto de boneca, esculpido por mãos divinas,
Quero ser para sempre a menina dos olhos do pai,
A menina que corria pelos corredores com sorriso nos lábios, gritando “saiam da frente!”
Não quero que fujam de mim, por isso não lhes darei oportunidade, saberei fugir quando meu coração me avisar.
Não vou mais me enganar com as outras artes espalhadas por aí, um dia descobrirei que elas têm mal-hálito.
Então...
Deixe-me ficar, pois, quero ficar
Mas não da maneira que me queres,
Deixe-me no deserto
Lá eu sempre serei sua
Não me leve para casa, porque certamente morrerei ou tu me matarás
Deixe-me ao vento, ele sabe o que fazer comigo
Não me abrace,
Porque teu abraço me prende
E eu quero apenas ser livre!

Foto de Raiblue

La rue du désir...

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Noite
Navalha
Partindo
Algemas
Liberando
In pulsos
A dor
A fome
Pedaços de sonhos
Perfuram
A escuridão
Des cobertas
Nuvens
Passagens...
Ao som de Piaf
Perfume francês
Em um Café barato
Cigarrilhas
Fumaça
Nos olhos
Fogueira...
Dançam
Sussurros
Na veia
Principia
O cio
Precipício
Viagem...
In sanidade
Dos corpos
Em um copo
A mais de vodka
Vesúvios
Explodem
Lavas
Lavam
A epiderme
Erupção
Da realidade...
Transbordando o Sena
No meu quarto
Fim da cena...
Acordo...
Entre
Acordes
Franceses
Tocando
A carne...

(Raiblue)

P.S.:Poesia registrada na Biblioteca Nacional.

Foto de Rose Felliciano

PERDAS

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"Perder algo é uma sensação
Que nos incomoda muito...
As lembranças insistem em se fazer presente
Avivando a saudade, abrindo feridas e sangrando a alma...

É importante passarmos por todas as fases,
Não ignorando uma sequer....
Não se maquia a dor
É como um alimento...

Temos que mastigar bem, engolir,
Esperar a digestão e a completa eliminação.
Assim, ficamos limpos e famintos novamente....
Com fome de viver e ser feliz!!!!

Não pule etapas da sua vida.
Não finja que está tudo bem...
Não deixe que situações mal resolvidas
Atrapalhem o seu caminhar...

Tenha um encontro com você
E termine esse capítulo da sua vida
Para que assim,
Consiga escrever sua história.

Não queira nada menos
Que a sua FELICIDADE!!!!
Chore apenas para lavar a alma!
Qua a dor seja apenas para romper barreiras!

E que a perda finalize,
No início da sua vitória!" (Rose Felliciano)

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*Mantenha a autoria do poema*

Foto de Cabral Compositor

Miragem

Uma nuvem
Uma nevoa
Embaçado tempo
Antena sem televisão
Uma fome
Umas pernas que não andam
Embaraço, lentidão
Um alto no baixo
Escada sem corre-mãos
Um reto, um contorno
Um sol, nem quente, nem morno
Uma ascendente
Umas pedras
Um rio sem corrente
Um corpo que não sente
Um rosto sem formas
Um chão doente
Ao leste do continente
Uma fonte, na alma, na calma, na mente.

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