Há em mim coisas que queria mudar
Há em mim coisas que queria manter
Mas, no fundo, a verdade
É que tudo o que quero mudar, mantenho
E tudo o que quero manter, mudo…
Porquê?
Às vezes, é estranha a forma
Como, dentro de um único corpo,
Podem habitar tantas almas,
E nenhuma ser melhor que a outra
É estranho como o certo e o errado
Se misturam dentro do ser
E formam uma mistura a que chamamos:
Humanos.
É estranho como o seguro e o inseguro
Batalham numa guerra sem fim
Usando o cérebro como campo de batalha
E o coração, inocente, como arma.
É estranho como, por vezes
Aquilo que mais odiamos,
é o que tendemos a ser
e não conseguimos mudar isso
É estranho como acabamos por sofrer
Seja qual for o caminho que escolhemos
E dizemos que o sofrimento nos faz crescer
Mas, se é para estar sempre a sofrer,
Porque crescemos?
E de um momento para outro
Conseguimos criar em nós
Mais uma alma
Diferente das que já tínhamos
Porque, as que temos, não chegam
Mas o mais estranho é sem dúvida
O facto de haver tantos, com tantas almas
E tantos outros
Sem nenhuma.