Abro agora os olhos,
Liberto a noite...guardo a aurora...
Oh lua que beijas minha dor,
Oh peito que é brasa e ardor...
Peço ao mar...
Não me priva de vento e esperança,
Da sensibilidade de criança,
Deixes-me voar!
Que o verde de teus olhos...
Que me traga e me envolve,
Me libertes pra voar...
Pois minhas asas são tinta,
Minhas palavras brisa...
Meu sentimento turbilhão.
Escuta com a alma!
É que palavra chorada por poeta,
Lava o espírito...aquece...acalma...
Talvez seja meu último suspiro,
O pote de tinta...tão vazio!
E a caneta teima em não dançar...
Não cravejo,pois,jóias em minha arte...
Só banho de sangue...
A sinceridade que pra ti guardas-te
Salva-me virgem...com teus olhos de verde oceano
Tua boca ...de sol no fim da tarde..
E teu colo que é leito da vaidade,
Suplico-te..me aguarde..
Vejam! O último suspiro de um poeta!
A tua alma vegeta?
Que espetáculo para a incrédula minerva..
A minha poesia está certa?
Deixes apenas eu voar...
Dou a ti o vazio...
Que em meu peito se acostumou,
Seu sorriso acalenta minha dor...
Sou pó,viro tinta...bato as asas com furor!
Despertas-te,virgem,a detestável esperança...
Rainha dos povos desesperados,
Conforto dos mal-amados,
E inspiração de um poeta apaixonado...
Abra seu peito e escute..
Não és tua dádiva...é só um bater de asas
O vôo da verdade..o acalento da vaidade,
O salto do torpor...
Sinto as memórias cortando meu rosto,
No vento gélido do sofrimento..
Mas aproveito o vôo..
E te dou meu último amor.