Família

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UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

Em época não muito distante, duas mulheres se encontram na maternidade de um hospital.
Joelma chega de uma cidade do interior e é internada, pois estava próximo o dia em que deveria dar a luz a uma criança. Lúcia, a enfermeira que atendeu Joelma sentiu naquele momento uma sensação estranha que nem sabia explicar.
- Qual é o seu nome?
- Joelma, Cláudia da Silva.
- Solteira ou casada?
- Solteira.
- É o seu primeiro parto?
- Sim.
- De onde é natural?
- Carminha.
- A que município pertence essa localidade?
- Canto Novo em Santa Catarina.
- Tem algum plano de saúde?
- Não tenho, vim encaminhada pelo SUS, meu parto pode ser difícil por esse motivo fui encaminhada para uma maternidade que tenha mais recurso.
Carminha fica no interior do estado sem qualquer recurso, nem Posto de Saúde existe naquele ermo sertão.
Fez o prontuário da futura mamãe e encaminhou a mesma para o setor de internação da maternidade.
Logo em seguida fez o relatório da situação da paciente, nos mínimos detalhes para ser entregue ao ginecologista de plantão daquele dia.
- Doutor a paciente vem do interior do estado, cuja localidade não tem condições de atender em caso de um parto difícil, o médico da cidade encaminhou a mesma para um hospital que tenha mais recursos.
- Você trouxe roupas para usar aqui na maternidade?
- Não, só trouxe comigo roupas que vim vestida e uma outra para quando retornar como também para o bebê, já tinham me informado que aqui na maternidade as roupas de uso durante a internação são fornecidas pela maternidade.
- Nem sei bem porque a maternidade fornece as roupas?
- Aqui temos os mais rigorosos controles de infecção hospitalar, para garantir a saúde da mãe e do bebê.
A enfermeira da ala de internação da maternidade recebeu Joelma, anotou seus dados levando-a ao quarto indicando a cama que por ela seria ocupada, mostrou o local onde ficava o botão para acionar a campainha em caso de emergência.
Joelma levava consigo somente as roupinhas para o futuro bebê, que ficaram guardadas no setor de internação.
As roupas para seu uso, bem como para o futuro bebê eram fornecidas pela maternidade, com isso evitaria o problema de infecção hospitalar. A maternidade tinha um bom conceito em relação ao problema citado.
Mais tarde, Lúcia a enfermeira plantonista, que recebeu Joelma foi até o quarto, para saber se tudo estava em ordem.
Ela ainda estava impressionada com o que tinha acontecido quando da chegada de Joelma, pergunta:
- Está bem acomodada não falta nada para você? Estava preocupada, pensei que não tivesse um bom atendimento, muitas pessoas que chegam do interior são relegadas a um segundo plano no atendimento.
- Até parece que seu relato mostra que o atendimento pelo Sistema Único de Saúde deixa algo a desejar.
Despediu-se de Joelma dizendo:
- Se necessitar de alguma coisa durante sua estadia aqui na maternidade, peça para a enfermeira de plantão me chamar, meu nome é enfermeira Lúcia, meu plantão está no fim logo eu retorno para casa, até amanhã.
E Joelma responde:
- Até amanhã e bom descanso.
Lúcia chega ao final do seu turno de trabalho, bate o ponto, troca sua roupa e vai para casa pensando:
- O que aconteceu comigo hoje? O que tem aquela mulher que vi pela primeira vez até parece um imã a me atrair, nunca me vi numa situação dessas.
Lúcia entra em seu carro, demora para acionar a chave e seguir em frente, até parece hipnotizada, diante daquela situação liga a chave e aciona o carro, sempre pensando:
- Será que o caso de Joelma é tão complicado? Como vai ser o nascimento da criança?
Claro que Lúcia como boa profissional estava preocupada, mas será que era só isso?
Finalmente chega a sua casa, entra no condomínio estaciona o carro e fica imóvel dentro dele e pensa:
- Como cheguei aqui, nem sei por onde passei, nem me lembro de quem encontrei no caminho.
Estava realmente fora de si diante de tal situação, finalmente sai do carro, dirige-se para o elevador e sobe para o seu apartamento.
Joga-se sobre a cama e fica delirando:
- Como pode acontecer tal coisa comigo, quem é ela, de onde veio, porque logo fui eu que tive que atender essa pessoa? Ela vai ser bem atendida, o caso dela pode ser grave se vier a falecer durante o parto, com quem vai ficar o bebê, será que vai nascer sadio?
Finalmente depois de algumas horas naquela situação Lúcia acorda daquele torpor e se levanta toma um banho e vai preparar o jantar, pois morava sozinha e não tinha companhia.
Sua mente ainda não tinha se acalmado daquela situação, continuava pensando.
- O que vou fazer, como vai ser amanhã quando chegar na maternidade, como terá ela passado a noite, certamente é a primeira vez que é internada em um hospital.

...

O pessoal da cozinha serviu o jantar para todos os doentes.
No hospital, ao cair da tarde, serviram o jantar para Joelma que estava calma, mas pensativa pela acolhida dada pela enfermeira Lúcia.
- Que bondosa ela foi comigo quando cheguei à maternidade, que primor de atendimento, muito diferente do atendimento dado nos Postos de Saúde do interior, me impressionou.
A enfermeira de plantão passa no quarto faz as recomendações necessárias e fala:
- Em caso de emergência acione a campainha que logo atenderemos.
Ela respondeu.
- Obrigado pelas orientações.
No quarto do hospital tinha televisão, assistiu o noticiário depois desligou, e fez suas orações.
- Senhor, protegei-me nesta noite, bem como meu bebê que está prestes a nascer, a todos que trabalham nesse hospital, principalmente a enfermeira que me recebeu quando aqui entrei, que ela seja feliz, peço pela minha família que ficou no interior, agradeço por tudo meu bom Deus Pai nosso que estais nos céus...
Logo em seguida adormece.

...

Lúcia em seu apartamento continua a pensar em Joelma.
- Será que serviram o jantar? Como deve estar pensativa longe de seus parentes.
A imagem daquela mulher não sai da sua memória, mas finalmente ela adormece.
...

Durante o sono já de madrugada acorda assustada, pois sonhara que a paciente que havia atendido a tarde tinha morrido na hora do parto naquela noite. Ao acordar fica pensativa:
- Será que esse sonho significa? Terá ela morrido, ou só foi um sonho meio maluco desses que sempre acontece comigo de vez em quando?
Vira para o lado e logo dorme novamente. Quando acorda com o ruído do despertador pensa:
- Vou levantar tomar banho e depois tomar meu café.
Em seguida ela vai até a garagem retira o carro; sempre impressionada com o sonho da madrugada, estava um pouco fora de si, na saída da garagem quase bate em outro automóvel que ia passando na rua pensa:
- Meu Deus o que estou fazendo? Quase bati meu carro.
Sai com mais calma e segue até a maternidade, ansiosa para saber como está passando a paciente que tinha chegado para a internação, estaciona o carro e vai direto até o setor da Maternidade e fala com a enfermeira chefe:
- Como vai Joelma aquela moça que foi internada ontem à tarde?
- Ela vai bem, entrou em serviço de parto na madrugada passou um pouco mal, pois o menino era grande pesou seis quilos é muito lindo e gordinho.
- Qual é o quarto que está?
- Está no quarto anexo a enfermaria número 3 e está passando bem.
- Vou fazer uma visita.
Lucia vai até o quarto que Joelma está internada bate na porta e entra.
- Bom dia como está passando?
- Agora estou boa, mas o parto foi difícil, o menino era grande e demorou mais, para nascer.
- Há pouco, ele estava aqui mamando depois levaram para o berçário.
- Qual é o número que tem no braço?
- É o número 3A.
- Depois eu vou lá ao berçário ver o menino.
Lúcia retorna, pois está na hora de começar o seu trabalho na recepção da Maternidade, continua pensando:
- Como será o menino; branco, moreninho e seus cabelos que cor têm, tudo imaginação.
Mas realmente quem não saía de sua memória era Joelma:
- Continuava pensativa. O que vou fazer quando entrar no berçário para ver o menino? Deixa isso pra lá.
Depois do almoço, Lúcia vai até lá, para conhecer o filho de Joelma, nesse horário quem estava atendendo o berçário era sua amiga Maria. Chegando Lúcia fala:
- Oi! Maria que bom que é você que está aqui, vim ver o menino que nasceu essa noite passada.
- Você sabe o número que ele tem no braço?
- Sim sei é o número 3A.
- Ele está no berço número 6.
- Lúcia chegou perto do berço e viu um menino robusto gordinho bem claro cabelos pretos ele estava enrolado numa faixa e dormia.
Lúcia se despede de Maria e volta para seu posto de trabalho. Quando na portaria chega um senhor de mais o menos 50 anos e pergunta:
- É aqui que está internada Joelma?
- Ela responde sim, é aqui que ela está internada e ontem a noite deu a luz ao um lindo menino, ela está passando bem.
- Quem é senhor?
- Sou o pai dela.
- Qual é o seu nome?
- João da Silva.
- Posso visitar ela?
- Sim pode, espere vou preparar seu crachá.
- Aguardo.
Lúcia chama uma atendente:
- Nair venha aqui leve o senhor João até o quarto anexo da enfermaria número 3 ele é o pai da Joelma que deu a luz a um menino ontem à noite.
- Sim, por favor, senhor me acompanha até o quarto.
Nair bate na porta e pede licença e fala:
- Joelma seu pai veio lhe visitar.
- Obrigada por ter trazido ele até aqui.
- Até logo, eu já vou.
O pai de Joelma entrou, cumprimentou a filha e perguntou:
- Como foi o nascimento do menino?
- Apesar de ter sido um pouco difícil ele nasceu forte e robusto.
- E onde ele está?
- Está no berçário.
- Ele não fica com você?
- Só vem aqui na hora de mamar e só faltam cinco minutos para o trazerem aqui, quando o papai vai conhecer seu neto.
Nesse momento Maria a atendente do berçário chega com o menino para ser amamentado e pergunta:
- Dona Joelma quem é esse senhor?
- É o meu pai ele veio me visitar e conhecer o seu neto.
- Pensei que fosse o pai do bebê.
Maria por curiosidade olha a ficha no pé da cama e nota que Joelma é mãe solteira e quem sabe nem saiba de quem é seu filho e pensa:
- Posso ter cometido uma gafe, em não ter olhado essa ficha antes, posso ter melindrado os dois com essa minha pergunta boba.
Maria aguarda até o final da amamentação, e do avô ver seu neto e ficar um pouco com o bebê no colo para, na volta, contar a sua esposa Virginia. Seu pai pergunta:
- Quando vai ter alta e voltar para casa?
- Não sei bem certo, mas devo ficar internada segundo o médico por mais quatro dias, mas depende de quando vem à ambulância para que eu possa voltar.
- Logo, que chegar à cidade irei falar com o prefeito para saber esses detalhes para telefonar e informar o dia que eles vêm.
- Quando o senhor for sair fale com a enfermeira Lúcia e ela lhe dá o telefone da Maternidade com todos os detalhes do dia da alta.
Estava chegando o fim do horário de visitas e o pai da Joelma iria se retirar à noite retornaria a sua cidade de origem, e disse:
- Eu vou até a Portaria falar com a enfermeira e depois vou voltar com a Ambulância da Prefeitura, espero que logo você retorne para casa, todos querem conhecer o bebê.
- Boa viagem papai; que Deus o proteja um abraço para a mamãe. Quando eu voltar vou relatar o que aconteceu aqui.
- Fique com Deus minha filha.
Chegando à Portaria a enfermeira Lúcia já tinha tudo pronto, entregou todas as informações ao pai de Joelma e disse:
- Obrigado por tudo que fez pela minha filha, que Deus lhe proteja em sua atividade profissional.
O senhor João partiu de volta para sua cidade de origem no interior do Estado, levando a lembrança do bom atendimento que recebeu quando da visita que fez a sua filha e pensava:
- Vai ser uma festa quando ela voltar no dia do batizado. Vou começar a preparar tudo antecipadamente. Qual será o nome que vamos dar a esse pimpolho? Bom, isso eu vou deixar para quando ela voltar.
Durante a viagem de regresso no final de outono início de inverno, as noites eram frias ainda mais a cada cem quilômetros ia subindo até chegar à altitude de mais novecentos metros acima do nível do mar. Em alguns trechos durante a madrugada se via fina geada nos campos quando o sol raiou trazendo um calor que foi aquecendo aos poucos e derretendo a geada. Quando já chegava o fim da viagem de retorno, o senhor João perguntou ao motorista:
- Quando será a próxima viagem a capital?
- Não sei bem certo temos alguns pacientes que tem que fazerem exames especiais, mas temos um pequeno problema, no momento esses exames estão suspensos, por falta de verba; pode ser que surja alguma emergência, porque da sua pergunta.
- Você sabe a Joelma está internada na Maternidade e deve receber alta dentro de poucos dias e ela poderia voltar na ambulância para casa, depois vamos conversar com o pessoal da prefeitura.
Finalmente chegaram à cidade. O motorista foi até a prefeitura, para saber se tinha alguma coisa a fazer com a ambulância o responsável pela saúde disse:
- Vá para casa dormir, viajou toda à noite e tem que descansar. Volte amanhã no horário normal.
O Senhor João foi para casa e sua esposa já o esperava para saber as notícias de sua filha e também saber se tinha nascido o filho (a) de Joelma. Na chegada foi uma festa e todos a rodeavam fazendo perguntas:
- Como foi a viagem?
- A viagem foi boa com muito frio na volta.
- Como vai a Joelma?
- A Joelma vai bem, nasceu o seu filho é um pimpolho muito lindo, gordinho e saudável.
- Quando ela vem daqui a alguns dias depois de estar recuperada o parto não foi fácil.
Na capital ficou a Joelma na maternidade pensando em seu pai que viajou de volta para casa, ela pensava:
- Como foi a viagem essa noite foi fria lá na serra devia estar mais frio, será que tudo correu bem e quando chegou em casa quais foram às perguntas?
De manhã serviram o café e logo mais tarde a enfermeira Lúcia veio visitá-la e saber com tinha passado aquela noite e perguntou:
- Seu pai viajou ontem à noite?
- Sim ele retornou com a ambulância da prefeitura deve ter chegado hoje de manhã em casa.
- Quando ele vai voltar para levar você de volta para casa?
- Vai depender de saber o dia da minha alta e se a prefeitura naqueles dias tem uma viagem até a capital para eu retornar.
- Posso fazer uma pergunta?
- Sim, pode fazer.
- Você gostaria de ficar morando aqui?
- Como vou ficar aqui longe de meus pais e como vou cuidar de um filho? Sem emprego isso seria difícil.
- Sei que pode ser difícil, mas não impossível.
- Com pode ser isso se não tenho ninguém por mim aqui?
- Isso se dá um jeito.
- Qual seria o jeito?
- Depois vamos falar sobre o assunto.
Tinha chegado a hora da enfermeira começar seu turno de trabalho, então se despediu dizendo:
- Antes de você voltamos a falar sobre esse assunto.
Joelma ficou pensativa todo o dia a imaginar o porquê daquela proposta da enfermeira Lúcia pensava em tudo:
- O que realmente ela quer fazendo essa proposta para mim, mas nem posso fazer isso e minha família o que vai dizer? Na certa, papai foi preparar a festa para quando eu chegar e já tenha marcado o dia do batizado do meu filho. Nem posso imaginar alternativa para ficar aqui, deixa para depois quero ver em que vai dar.
No dia seguinte quando o médico fez a visita de rotina, como vinha fazendo todos os dias desde sua internação, ele disse:
- Dona Joelma, eu vou marcar o dia da sua alta para que você comunique a seu pai para providenciar seu retorno para casa.
- Qual vai ser o dia Doutor?
- Daqui a três dias será o suficiente para se comunicar com ele?
- Ele deverá ligar amanhã para a portaria da maternidade.
- Eu vou falar com a enfermeira Lúcia e deixo o comunicado com ela.
- Assim ele terá dois dias para providenciar com a prefeitura para mandarem a ambulância me buscar.
- Nesses dias farei as visitas normais até o dia da alta.
- Doutor muito obrigado pela sua amável atenção.
- Tenha um bom dia.
Joelma fica a pensar:
- O que vai acontecer quando o Doutor falar para enfermeira Lúcia que vou receber alta daqui a três dias, ela vai vir aqui insistir naquela sua proposta, mas não posso aceitar sem voltar para casa, quem sabe depois.
Naquele dia a enfermeira não visitou Joelma, como de costume. Ela estava preocupada pensou:
- Deve estar com muito serviço por isso não veio até aqui.
No dia seguinte cedo seu João telefonou para a Portaria da Maternidade, para saber noticias do dia da alta de sua filha Joelma. Quem atendeu foi à enfermeira de plantão:
- Alô! Que fala?
- É a enfermeira Lúcia.
- Aqui é o pai da Joelma queria saber se o médico marcou o dia da alta.
- Sim ele marcou ontem e deu a contar de hoje três dias.
- Ontem fui à prefeitura saber do dia a ambulância vai até a capital informaram que vão viajar daqui a três dias chegarão aí no amanhecer do terceiro dia, ela que fique com tudo pronto para voltar para casa, aqui todos estão com saudades dela. Vou comunicar para ela daqui a pouco.
- Obrigado pela sua atenção e tenha um bom dia.
- E o Senhor também.
Naquele momento a enfermeira Lúcia levou um choque, não sabia o que fazer, ir logo ao quarto avisar Joelma? Seria uma saída, iria ela tentar mais uma vez convencê-la da sua intenção. Chega lá discretamente e pergunta:
- Já tem uma resposta para a proposta daquele dia?
- Pensei muito nesses dias, mas vai ser difícil estou esperando que ele telefone para saber do dia da minha alta, ou ele já telefonou?
A enfermeira Lúcia fica num êxtase nesse momento sem saber o que responder Joelma pergunta:
- O que aconteceu Lúcia? Parece que morreu, meu pai ligou ou não ligou?
- Ele ligou agora de manhã eu passei todos os dados que o doutor deixou comigo ontem e ele disse que a prefeitura está mandando a ambulância para buscá-la no dia marcado.
- Quanto a sua proposta depois que eu voltar para casa e ajeitar tudo por lá voltamos a conversar sobre o assunto com mais detalhes.
Naquele momento chega ao quarto a chefe do berçário com seu filho e diz:
- Está na hora de amamentar o nenê.
Lúcia sai cabisbaixa sem nada falar. Joelma amamenta o nenê e no final entrega dizendo:
- Daqui a três dias retorno de volta para casa.
A chefe do berçário tomou o menino no colo e levou para sua cama sem nada falar. Aquele foi o dia mais nefasto para a enfermeira Lúcia, uma noite interminável, estava mesmo atordoada e só pensava:
- Porque ela não aceitou a minha proposta, nem me deixou apresentar o que e tinha a dizer a ela.
Chegou o dia da partida de Joelma tudo tinha sido preparado na véspera recomendações médicas e quando deveria retornar para uma nova consulta. O motorista da prefeitura chega à portaria da maternidade e pergunta:
- A dona Joelma está pronta para viajar?
Lúcia responde que tudo está pronto.
Logo ela chega na portaria cumprimenta o motorista:
- Bom dia o senhor veio me buscar?
- Sim daqui a pouco vamos partir tudo está pronto para carregar na ambulância?
- Sim tudo está aqui às malas e mais o meu filho que ainda não escolhi o nome dele.
Joelma se despediu de todos e também da enfermeira Lúcia. Agradeceu a atenção e o atendimento que deram a ela no tempo que esteve internada embarcou e partiu de viagem. Lucia com os olhos cheios de lágrimas ficou pensando.
- Será que ela vai voltar um dia...
A viagem transcorreu dentro da normalidade e no final da tarde chegaram à cidade, em frente à prefeitura estava a família de Joelma esperando-a. Quando ela desceu sua mãe falou:
- Que bom minha filha que você voltou com um neto para sua mãe.
- Obrigada mamãe por essa recepção.
- Filha, no domingo será batizado o meu neto, o padre vem rezar missa na Igreja e seu pai já providenciou tudo só falta escolher o nome e os padrinhos.

Foi a mais bela festa realizada na cidade. Com muita comida, churrasco, porco assado e galinha recheada.

São José/SC, 9 de maio de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

Foto de Mor

EXPERIÊNCIA

EXPERIÊNCIA

Mário Osny Rosa

No mundo da experiência
Você tem experiência
O ser humano começa
Sua grande experiência
Quando da concepção
A primeira experiência
Viver nove meses no escuro
Num lugar bem seguro
É a maior experiência
Que o deixa mais maduro
Logo quando nasce
A sair daquela penumbra
A experiência de chorar
Experiência é ciência
Logo de muita vivência
Que começa na inocência
Em cada passo da vida
Até o demente vive sua experiência
Nem sabe bem porque
Vive a nova experiência
Numa família unida
Isso que é vivência
Num mundo de experiência.
Quem cai e levanta
Logo passa por uma experiência
Formula um é uma experiência
Na melhora da tecnologia
Tudo em volta do homem
É uma experiência
Ninguém vive sem ela
Essa linda donzela
Que é a experiência.

São José/SC. 9 de maio de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

Foto de Gata Apaixonada

Aproveita cada momento...

Um amigo meu abriu a gaveta da cômoda da sua esposa e pegou num pequeno pacote embrulhado com papel de seda:
- Isto - disse - não é um simples pacote.
Tirou o papel que o envolvia e observou a bonita seda e a caixa.
- Ela comprou isto na primeira vez que fomos a Nova York, há uns 8 ou 9 anos. Nunca o usou. Estava a guardar para uma ocasião especial. Bem, creio que esta é a ocasião.
Aproximou-se da cama e colocou a prenda junto com as outras roupas que ia levar para a funerária, a esposa tinha acabado de morrer. Virando-se para mim, disse:
- Não guardes nada para uma ocasião especial. Cada dia que se vive é uma ocasião especial.
Ainda estou a pensar que estas palavras já mudaram a minha vida. Agora estou a ler mais e a limpar menos. Sento-me no terraço e admiro a vista sem me preocupar com as pragas. Passo mais tempo com a minha família e menos tempo no trabalho. Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiências a desfrutar, não para sobreviver. Já não guardo nada. Uso os copos de cristal todos os dias. Se me der vontade ponho uma roupa nova para ir ao supermercado.
Já não guardo meu melhor perfume para ocasiões especiais, uso-o quando tenho vontade. As frases "algum dia..." e "qualquer dia..." estão a desaparecer do meu vocabulário. Se vale a pena ver, escutar ou fazer, quero ver, escutar ou fazer agora. Não sei o que teria feito a esposa do meu amigo se soubesse que não estaria aqui na próxima manhã, coisa que todos nós ignoramos. Creio que teria chamado seus familiares e amigos mais próximos.
Talvez chamasse alguns amigos antigos para desculpar-se e fazer as pazes por possíveis desgostos do passado. Gosto de pensar que teria ido comer comida chinesa, sua favorita. São estas pequenas coisas deixadas por fazer que me fariam desgostoso se eu soubesse que minhas horas estão limitadas.
Desgostoso, porque deixaria de ver amigos com quem iria encontrar cartas... cartas que pensava escrever "qualquer dia destes". Desgostoso e triste, porque não disse a meus irmãos e aos meus filhos, com suficiente freqüência, que os amo.
Agora, trato de não atrasar, adiar ou guardar nada que traria risos e alegria para nossas vidas. E, a cada manhã, digo a mim mesmo que este pode ser um dia especial. Cada dia, cada hora, cada minuto, é especial.

Foto de Canceriano apaixonado

Mudança positiva

Amor da minha vida,

Antes de mais nada, queria pedir do fundo do meu coração que me perdoe por tudo que venho trazendo de sofrimento a mim e a vc, minha amada. Você sempre esteve presente apesar de que sua profissão muitas vezes faz com que você suma por um tempo.

Invés de entender você, eu fiquei remoendo o seu sumiço. Sinto me envergonhado com isso. Deveria ter um pouco de compreensão da minha parte. Estava sendo egoísta demais. Praticamente culpando você pelas suas ausência e vc nunca me culpou por nada.

O problema é que vc surgiu muito súbito e me trouxe esperanças de uma grande amor. E voltei a ser aquele menino apaixonado, enlouquecido pela fúria da paixão. Querendo-te 24 horas por dia. Isso definitivamente não é maturidade para um homem de 31 anos de idade.

Não estou querendo me justificar desse meu erro. Apenas refleti bastante com a sua ausência. Estava muito magoado e estava quase que culpando vc de novo, por não enviado nenhum email, nenhum sinal de vida, ou um telefonema.

Mas uma luz iluminou meu coração e sempre comigo através da música, não desmerecendo a minha reflexão em si. Ouvi uma música que me acalmou e me fez pensar no quanto é lindo o nosso amor. Vou passar a tradução ao fim deste email.

Um amor tão puro, forte e maravilhoso, que causaria inveja aos deuses. E por quê não valorizar isso. Afinal em todos momentos de sua ausência, nos quais fiquei aflito, você sempre veio com uma compreensão maternal. Um diálogo calmo e tranqüilo, além de nunca me culpar por te cobrar.

Quando caiu esta ficha, percebi o quanto você realmente especial. Uma pessoa única que tem o verdadeiro amor na sua pureza angelical. Uma pessoa dotada de todas as possíveis qualidades, que ilumina em todos os sentidos creio que não só minha vida como as de todos ao seu redor.

Desculpe pela minha fraqueza sentimental. Quis dizer isso tudo acima como fraqueza sentimental, em momentos de aflição que confudem com o fato de as vezes no fundo do meu psique, de duvidar do seu amor por mim e da sua fidelidade.

Você sempre mostrou o contrário. E hoje coincidentemente, quando acabei de refletir e ter tomado a postura te escrever, para me desculpar, ao abrir caixa de email, me deparo com seu emails.

E vc me emocionou, meu amor, as lágrimas escorreram em rios, e chorei em silêncio...estático olhando para seus emails.

A luz que já havia me iluminado dos meus erros, tornou-se muito mais forte agora que vi teus emails. E foi muito difícil conter minhas emoções. Mais uma vez você provou com teus gestos como acredita em nosso amor. Além de me ENSINAR o que eu acreditava que era amar.

Agradeço ao destino, ao Deus, por tê-la posto no meu caminho. Mesmo jovem, você está ensinando me a viver, e o que siginificar amar um pessoa, de um modo sincero, puro e maduro.

Obrigado pela lição de hoje. Me arrependi profundamente pelos 2 emails de desespero que te mandei antes dessa. Mas não tinha mais volta.

Me perdoe por tudo meu amor...
Fique sabendo que estarei sempre ao seu lado te apoiando, e te esperando mesmo que seja uma eternidade. Parar de choramingar feito um adolescente, e lutar para tornar real este amor lindo que brotou em nós.

Simplesmente..não tenho palavras pra adjetivar o quanto você é especial e o quanto você representa para minha vida, a não ser me prostrar a sua sabedoria.

Te amo muito mais e tenho certeza que formaremos uma grande família e viveremos uma grande história de amor.

Obrigado por despertar em mim a mudança positiva.

Te amo muito, muito mesmo.

Com carinho e amor,

Foto de Coyotte Ribeiro

Desprezar ou amar!?!?

Dois irmãozinhos brincavam em frente de casa, jogando
bolinhas de gude.
Quando Júlio, o menino mais novo, disse ao irmão Ricardo:
- Meu querido irmão, eu te amo muito e nunca quero me
separar de você!
Ricardo, sem dar muita importância ao que Júlio disse, pergunta:
- O que deu em você moleque? Que conversa besta é essa de amar? Quer calar a boca e continuar jogando?
E os dois continuaram jogando a tarde inteira até anoitecer.
À noite, o senhor Jacó, pai dos garotos, chegou do trabalho.
Estava exausto e muito mal humorado, pois não havia conseguido fechar um negócio importante.
Ao entrar, Jacó olhou para Júlio, que sorriu para o pai e disse:
- Olá Papai, eu te amo muito e não quero nunca me separar do senhor!
Jacó, no auge de seu mal humor e stress, disse:
- Júlio, estou exausto e nervoso. Então, por favor, não me
venha com besteiras!
Com as palavras ásperas do pai, Júlio ficou magoado e foi chorar no cantinho do quarto.
Dona Joana, mãe dos garotos, sentindo a falta do filho foi procura-lo pela casa, até que o encontrou no cantinho do quarto com os olhinhos cheios de lágrimas.
Dona Joana, espantada, começou a enxugar as lágrimas do filho. E perguntou:
- O que foi, Júlio? por que choras? Júlio olhou para a mãe, com uma expressão triste e lhe disse:
- Mamãe, eu te amo muito e não quero nunca me separar da senhora!
Dona Joana sorriu para o filho e lhe disse:
- Meu amado filho, ficaremos sempre juntos!
Júlio sorriu, deu um beijo na mãe e foi deitar-se.
No quarto do casal, ambos se preparando para se deitar, Dona Joana pergunta para seu marido Jacó:
- Jacó, o Júlio está muito estranho hoje, não acha?
Jacó, muito estressado com o trabalho, disse à esposa:
- Esse moleque só está querendo chamar a atenção...Deita e dorme mulher!
Então, todos se recolheram e todos dormiam sossegados.
Às duas horas da manhã, Júlio se levanta e vai ao quarto de seu irmão Ricardo e fica observando-o dormir...
Ricardo, incomodado com a claridade, acorda e grita com
Júlio:
- Seu louco, apaga essa luz e me deixa dormir!
Júlio, em silêncio, obedeceu o irmão, apagou a luz e se dirigiu ao quarto dos pais...
Chegando lá, acendeu a luz e ficou observando seu pai e sua mãe dormirem.
O senhor Jacó acordou e perguntou ao filho:
- O que aconteceu Júlio?
Júlio, em silêncio, só balançou a cabeça em sinal negativo, respondendo ao pai que nada havia ocorrido.
Daí o senhor Jacó, irritado, perguntou ao Júlio:
- Então, o que foi, moleque?
Júlio continuou em silêncio.
Jacó, já muito irritado, berrou com Júlio:
- Então vai dormir seu doente!
Júlio apagou a luz do quarto, dirigiu-se ao seu quarto e se deitou.
Na manhã seguinte todos se levantaram cedo. O senhor Jacó iria trabalhar, a dona Joana levaria as crianças à escola.
E Ricardo e Júlio...
Mas Júlio não se levantou.
Então, o senhor Jacó, que já estava muito irritado com Júlio, entra bufando no quarto do garoto e grita:
- Levanta, seu moleque vagabundo!
Júlio nem se mexeu.
Então, Jacó avança sobre o garoto e puxa com força o cobertor do menino com o braço direito levantado, pronto para lhe dar um tapa, quando percebe que Júlio estava com os olhos fechados, e que estava pálido.
Jacó, assustado, colocou a mão sobre o rosto de Júlio e pôde notar que seu filho estava gelado. Desesperado, Jacó gritou, chamando a esposa e o filho Ricardo, para verem o que havia acontecido com Júlio...
Infelizmente o pior.
Júlio estava morto e sem qualquer motivo aparente.
Dona Joana, desesperada, abraçou o filho morto e não conseguia nem respirar de tanto chorar.
Ricardo, desconsolado, segurou firme a mão do irmão e só tinha forças para chorar.
Jacó, em desespero, soluçando e com os olhos cheios de lágrimas, percebeu que havia um papelzinho dobrado nas pequenas mãos de Júlio.
Jacó, então, pegou o pequeno pedaço de papel. E havia algo escrito com a letra de Júlio.
- "Outra noite Deus veio falar comigo através de um sonho.
Disse a mim que, apesar de amar minha família e de ela me amar, teríamos que nos separar.
Eu não queria isso, mas Deus me explicou que seria necessário.
Não sei o que vai acontecer, mas estou com muito medo. Gostaria que ficasse claro apenas uma coisa:
- Ricardo, não se envergonhe de amar seu irmão.
- Mamãe, a senhora é a melhor mãe do mundo.
- Papai, o senhor de tanto trabalhar se esqueceu de viver.
- Eu amo todos vocês!"

“Quantas vezes não temos tempo para parar e amar, e receber o amor que nos é ofertado?
Quantas vezes no ano lembramos que PAPAI existe e nos ama mais do que nós a nós mesmos?
Será que amamos alguém com tanta intensidade a ponto de se necessário, avisar-lhe de nossa ida para o eterno?
Talvez quando acordarmos possa ser tarde demais e o tempo não nos dará outra oportunidade outrora perdida por insuficiência de nossos delitos.
A quem respira há tempo; A quem vive há esperança; A quem ama há eternidade de existência
Muitas pessoas vão entrar e sair da sua vida, mas somente verdadeiros amigos deixarão marcas em seu coração!
Para se segurar, use a cabeça; Para segurar os outros, use o coração. Ódio é apenas uma curta mensagem de perigo.
Aquele que perde um irmão/amigo, perde muito mais.
Aquele que perde a fé, perde tudo.
Seja esperto, seja humilde, seja simples, seja eficaz,
Não recuse uma oferta de amor, não menospreze o carinho de alguém
O amanhã não vem a nós, mas nós vamos ao amanhã sem o conhece-lo
No mais observe o que lhe falta e ajude-se a não destruir o que de melhor foi designado pelo PAPAI...
De todos os frutos semeados, o amor é único e dele surge mais semente
Não deixe o tronco da vida ser como árvore cortada e lançada ao fogo por insuficiência platônica
Enraíze os sentidos deste bosque e permita nascer os frutos do espírito
E lembre-se, ama até mesmo sem ser amado!!!!!”

Por MJPA o coração de um coyotte

Foto de laurinda malta

Salada Russa

Salada russa

Ingredientes vários,
Sabor aberto na alma,
Palato igual a salários,
Não é doce nem tem sal.

Refeição salteada,
Paladar de bom odor
Colheres de garfadas,
E hálito de bom humor.

Nesta noite de jantar,
Reino de gastronomia,
Vão os cristais a brindar,
Amar amor com sabedoria.

Gustativo e deleitoso petisco,
Mescla combinada de recheios,
Família em união de turismo,
Ambiente engole bons meneios.

Olhos buscam um bom prato,
A boca procura os aperitivos,
O nariz já ingere arroz de pato,
O estômago pede bons digestivos.

Prato de peixe é amor na grelha,
Prato de carne é desejo cozinhado,
A sobremesa é união de groselha,
Lar elite de fragrância requintado.

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor.
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia.
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua, estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olho para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; só porquê estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir? – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, no chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como fantasma – não posso fugir.
Angustia-me, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade está mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz, eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido
pequenas e grandes coisas, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Chupo-te como uva, urino no esgoto - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é meu anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei aonde vou.
Virei olhando seu rosto; uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha penas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme!.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância, vou embora - você é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – lá você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marca os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova; sou invisível, nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre rouba um pouco.
Solitário ou nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Chamarei-te de Teresa, ela também cansa a minha beleza.
Responda-me com certeza; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Sim mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para estes tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio.
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda; me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura.

Foto de Welington de Haia

Queria e não queria

Queria eu...

Queria que vc acordasse querendo receber um bom dia, e te restasse xingos e maus tratos.
Queria que vc acordasse sentindo-se o objeto de zombaria
Queria que vc acordasse sem alegria, acordasse chorando todos os dias.
Queria que vc acordasse e olhasse no espelho e se sentisse a mulher mais feia
Queria que vc durante o dia percebesse que ñ é querida
Queria que ninguém te ligasse nem ao menos pra te dizer...
Oi como vai o seu dia?
Queria que vc acordasse e ficasse de frente do seu maior medo, e se encontrasse sem saída, e de tanto medo reagisse, e um fim em tudo daria.
Queria que vc acordasse e se perguntasse se tem valido a pena o que passa nos seus dias de rotina.
Queria que vc acordasse e visse que vive uma mentira, que tem um lar que tem uma família.
Queria que vc notasse que todo esse tempo que vem desde o passado e que esta passando, vc tem se tornado sega pra ñ ver sua dor, muda pra ñ ouvir seu choro, surda pra ñ sentir o calor de um abraço de quem te quer, aleijada pra ñ sentir os seus passos ao rumo do encontro de quem tem amor.
Queria que percebesse que o tempo infeliz que passa pela sua vida, é vc que permite enquanto ñ houver a contrapartida.
Te amo muito.

Eu não queria...

Não queria que vc acordasse sem receber um bom dia, seguidos de abraços, beijos e caricias pelo seu corpo, um sorriso, ouvindo bem baixinho as palavras de amor, meu anjo, minha amada, minha vida, minha concubina, minha encantadora mulher, minha gostosa, meu grande e único perfeito amor.
Não queria que vc acordasse sem saber que és a mulher perfeita para minhas manhãs, tardes e noites.
Não queria que faltasse no seu rosto a alegria de ter tido a mais gostosa das noites, e acordasse junto a mim sentindo o prazer de ser amada pela manha e cortejada durante todo o dia... Feliz? Não sabe o quanto serias!
Não queria que vc acordasse sem me ouvir te dizer que és a mulher mais linda, é a imagem mais perfeita, que não há espelho no mundo que possa reproduzir com perfeição as belas e sinuosas curvas do seu corpo.
Não queria que ficasse um só momento do dia sem sentir a mulher mais querida, mulher da minha vida.
Não queria que te ligassem e roubassem o meu tempo de euforia, de tezão, só em saber que és minha, que só o meu telefonema atenderia.
Não queria que vc acordasse ao lado do seu maior medo, e por tanto medo, não reages, nem em mim confias, queria que em mim confiasse um pouco mais...
Queria que vc dormisse comigo e acordasse agradecendo a Deus, sentindo quanto vale a pena estar em meu domínio, porque juntos não tememos a rotina.
Não queria que vc precisa-se acordar na mentira de ter e viver por essa união familiar.
Queria que vc desse a chance de passar a notar os tempos que esta ao meu lado, querendo enxergar, porque é lindo o que vê, e, é o que sempre quis ter... a chance de não ser muda pra dizer que me ama e que sou eu seu amor, não se fazer de surda pras minhas frases criadas pra vc falando do nosso amor, de sentir-se em meus braços, e ter o meu gozo inundando o teu ser, caminhando o caminho do prazer sem querer saber aonde vai chegar.
Não queria que se lembrasse do tempo que se passou, e que passa, quero acreditar na sua contrapartida, mudando os rumos, os sonhos, o costumes, as mentiras, as tristezas, os erros, as indecisões, as lagrimas, as dores, os amores, os desejos contrários aos meus, aos apegos, as saudades, etc.

Não quero só o seu corpo, desejo ardente por sua alma.
Pela primeira vez que amo...
Ofereço-te e quero o seu amor.
Amor incondicional

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia,
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olhos para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; nem porque estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, não chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como um fantasma – não posso fugir.
Me angustia, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade esta mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido.
Pequenas e grandes coisa, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Te chupo como uva, urino no esgotos - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é me anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão eu espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei onde vou.
Virei olhando seu rosto uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha roupas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância vou embora você – é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marcas os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova sou invisível - nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre roubas um pouco.
Solitário, nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Te chamarei de Rodrigo, pelo menos rima com quem
- da felicidade é mendigo.
Agora te pergunto ou digo; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para este tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura

Foto de CELIO

Você

Você pode viver muitos anos
Mais nada vai fazer com quem me esqueça,

Você pode viver grandes paixões
mais nenhuma vai ser tão forte quanto a nossa,

Você pode olhar em vários olhares
Mais nem um olhar será tão profundo,

Você pode alcançar seus objetivos profissionais
Mais sempre lembrara da nossa juventude,

Você pode constituir uma família
Mas no fundo da sua alma eu estarei presente,

Você pode encontrar muitos amores
Mais ninguém vai ti amar como eu ti amei,

Por que eu sou você,
e sem mim eu não vivo...

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