Expressão

Foto de Chuva Heavy

Esta lágrima

Esta lágrima
que do meu olho desceu
meu coração enterneceu
meu colo aqueceu
me trouxe um momento de calma.
esta lágrima
que do meu olho caiu
em angústia explodiu
minha personalidade infringiu
revelou um pedaço da minha alma.
esta lágrima
estampou meu ardente desejo
apareceu como um lampejo
revestiu-me de pejo
demonstrou minha carência
esta lágrima
que pelo meu corpo derramou
minha dor afogou
renovou minha crença.
quero mesmo é sentir
minha alma pelos olhos transbordar
minhas angústias na expressão afogar
de sentimentos minha roupa umidecer
deixar a lágrima à tona escorrer.
e notar
que não há como parar
a lágrima do seu escoar
por mais que eu a enxágue
não há como impedir
que no rio do sentir
a lágrima desague.

Chuva heavy
05/07/2007

Foto de Liperrrr

Mudanças Independentes

Na suave face onde meus olhos fixam,
está a mais perfeita boca dizendo que me ama,
mostra uma expressão de felicidade, sem ódio,
ao máximo de raiva, que quando sentires
finalizará com risos.

Se a vida é uma sobrevivência
basta ter coragem para enfrentá-la,
se o destino é um comum
entre o bem e o mal, você esta fazendo parte do meu,
diferente de todas garotas que fizeram um dia,
pois se o amor existe,
você é quem tornou o impossível realidade,
torna as coisas mais fáceis durante o dia,
que durante a noite, olhando pra você e vendo um expressão
de uma anja cujo me apaixonei...

Se o Destino mostrou você pra mim,
não importa as regras dele, pois meu sentimento
é maior q toda curva que ele faz, porque você Paloma,
fez me perceber q mudanças é preciso fazer, e se fazer ou nao,
só d uma coisa eu sei, que nunca vou deixar morrer o meu amor por você .... s2
Filipe Ribeiro

Foto de Sonia Delsin

O PREÇO DE UM SORRISO

O PREÇO DE UM SORRISO

Tem preço um sorriso?
Não.
Sorriso é gratuito.
É porta aberta pro paraíso.
Dizem que vivo a sorrir.
Já fui de muito chorar.
Até o dia que descobri que sorrindo é mais fácil a vida levar.
Não é um sorriso leviano o meu.
Na face eu trago a expressão de quem já entendeu.
Entendeu que estamos aqui tão só vivenciando um papel.
Que estamos apenas galgando degraus.
Somos nós que construímos o nosso inferno.
Ou o nosso céu.

Foto de angela lugo

Um mundo caminhante

 

Um mundo caminhante, desprovido de amor
É este o chão em que hoje pisamos
Talvez uma boa parte tenha esquecido
O que faz este mundo girar
Tão mais forte e bonito
Que é somente o amor...

Um mundo tão cheio de tristeza
Onde a maldade de muitos
Põe em colisão o pensador
Que pensa que tudo gira
Em torno do amor...

Um mundo onde existe pesadelo
Não é preciso dormir para tê-los
Basta olhar com atenção
Vendo como muitos morrem
Pela famosa desnutrição
Quanta falta de amor.

Um mundo com imagens distorcidas
Onde o pior cego é aquele que vê
Mas faz questão de não enxergar
Principalmente quando não sentem
Aquele grande sentimento
Chamado amor...

Um mundo capaz de explodir bombas
Tudo em nome da paz
Como podem ser tão inescrupulosos
Utilizar guerras falando em liberdade
Se não conhecem a verdade
O amor incondicional...

Um mundo onde todos poderiam ser felizes
Bastava apenas conhecer a felicidade
De estar aqui vivo... A vida é a plenitude
É o alvorecer de sentimentos
É a sabedoria do conhecimento
Desta chama que incendeia
O amor puro

Um mundo cabisbaixo sem fronteira
Cada ser poderia uma vez ao dia pensar
Que o corpo que envolve este sentimento
É na verdade uma casca que temos
Para cobrir a nudez de nossa alma
Por amor daquele que embalsamou

Um mundo onde ainda bem temos
Liberdade de expressão, cada ser fala
Como lhe condizem os pensamentos
O respeito também faz parte do amor
Sem ele nada pode existir

Assim é um pouquinho do nosso mundo
Aqui, aí, ali, acolá... Por este mundo afora
Tudo é baseado no amor
A amizade, companheirismo, envolvimento
De todos os seres deste mundo em que vivemos

Talvez hoje seja aquele dia especial
Quando eu, você, olharemos para dentro de si
E descobriremos que o amor é tudo que temos
Que sem ele não pode existir a nossa Paz interior
E muito menos a Paz Universal


Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 5)

A novamente recolhida em si, a montanha não se conformava. Como podia ser aquilo? Um pintassilgo tão lépido e inteligente tinha obrigação de encontrar a saída providencial. Será que a velhice roubara a sua visão? Claro que não, para outras coisas não! Medo de vento ele sempre tivera, mas ante a possibilidade fortuita de recuperar a sua sagrada liberdade, não poderia titubear em optar pelo vento que, diga-se de passagem, não seria mais perigoso fora do que dentro da gaiola, onde já havia entrado. Não, tinha que haver uma outra razão plausível.

De repente, ela se recordou de um detalhe que lhe pareceu importante: durante o imenso minuto em que tudo aconteceu, em nenhum momento o pintassilgo lhe dirigiu sequer um único pensamento. Foi como se ele não ouvisse os seus apelos agoniados, para que fugisse pela portinhola entreaberta, antes que fosse tarde demais. Por que tal comportamento? Será que não mais considerava valiosa a especial e já manifestada amizade de uma montanha? Ora, não havia dado a ele nenhum motivo para tamanho desprezo, muito pelo contrário.

Sua indignação contudo ainda se transformaria em perplexidade: algum tempo depois a montanha foi arrebatada das suas reflexões pelo canto, agora de fato inconfundível, do seu pintassilgo. Lá estava ele novamente. A gaiola fora reposta no mesmo arvoredo, reabastecida de sementes e água, parecendo que nada havia acontecido ao passarinho. Até se poderia deduzir que estava mais feliz do que antes da ventania. Coisa mais absurda ― disse ela a si mesma. Porém, era evidente, nenhum pintassilgo deprimido poderia cantar tanto nem com tamanho virtuosismo, nem dar cambalhotas no ar e fazer outras piruetas. Até um banhinho ele tomava. Sucinto, como são os banhos dos passarinhos, que não têm muita intimidade com líquidos e nem muito o que lavar. Mas bem diante dos arregalados olhares da montanha, o bichinho espirrava água para todos os lados, enquanto, literalmente, mostrava ser também um entusiasmado cantor de banheiro.

Quando a tarde já se preparava para anunciar a sua partida, uma cena insólita mais uma vez surpreendeu a montanha. Vieram os dois caçadores na direção do arvoredo. O velho, ensimesmado, apertando as pálpebras como que por impaciência, não respondia uma só palavra, ao passo que o jovem, mostrava-se inconformado. Alguma coisa o levava a gesticular muito e a despejar no vento repetidos argumentos, tão atropelados que era difícil entender o mínimo. Até mesmo interpor-se no caminho do outro o jovem tentou, inutilmente. Para espanto até do pintassilgo, não apenas o caçador mais velho retirou a gaiola do galho em que estava pendurada, como ainda meteu a mão pela portinhola, apanhou o bicho apavorado entre os dedos, grosseiros mas cuidadosos, e em seguida simplesmente abriu a mão e esperou que ele voasse. O passarinho atônito demorou a entender, porém depois de poucos e longos segundos, mais assustado do que feliz, lançou-se no vazio, seu natural quase esquecido pelos anos de cativeiro. Com um sorriso contido no rosto também marcado pelo tempo, o homem ficou olhando onde ele pousaria. Por seu lado, aborrecido, o jovem virou-lhe as costas e com as mãos na cabeça, numa expressão de perda, foi-se embora a passos duros na direção do vale.

O pintassilgo não chegou muito longe em seu primeiro vôo. Não mais reconhecia a liberdade, suas possibilidades e perigos. Logo percebeu que praticamente nada estava tão perto e disponível, e que necessário se fazia agora dosar o esforço de se deslocar. A satisfação das necessidades dependeria de ser capaz de reconhecer seus limites. E aí estava uma coisa que não lhe parecera importante durante muito tempo: teria que olhar para dentro de si, em vez de conhecer, por dentro, apenas a gaiola. Mas a prática de todas essas coisas teria que ficar para o dia seguinte, pois já estava completamente escuro. A noite, fora da gaiola, era terrivelmente assustadora, até porque, embora estivesse acomodado em um lugar bem seguro contra predadores, ele não sabia disso. Perdera as referências para avaliar a sua segurança e, desse modo, tudo parecia potencialmente perigoso. Os múltiplos sons da noite, assim mais se assemelhavam a uma sinfonia macabra. Fora das paredes da casa do velho caçador, o mundo se tornara quase desconhecido. Não havia mais o acolhedor teto de sapê seco. Não havia ali, na verdade, nenhum teto e o sereno já se mostrava ameaçador. Em compensação não havia nenhuma ventania (Céus! Uma ventania no meio dessa escuridão seria morte certa e dolorosa!), contudo a aragem natural e constante da noite, resultante do resfriamento, tornava difícil manter uma camada de ar, aquecido pela temperatura do corpo, entre as penas e a pele delicada. Apesar de ser pessoa de intelecto muito simples, o caçador sabia que os passarinhos dependem disso para sobreviver e tivera sempre o cuidado de manter a gaiola em algum lugar bem protegido.

Porém, todas essas perdas decorrentes do cativeiro prolongado pareciam secundárias, do ponto de vista de alguém que não poderia caber em gaiola nenhuma. A montanha passara as últimas e desesperadas horas tentando se comunicar com o pintassilgo. E assim foi, ainda por outras horas. Era alta madrugada, ela resolveu que devia armar-se de mais paciência. Decepcionada, viu afinal que as tais perdas tinham uma magnitude bem maior. O seu velho amigo passarinho perdera grande parte da percepção do seu meio natural e exterior, porém, perdera também parte da percepção interior. Que triste era isso.

(Segue)

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 7)

Lendo os pensamentos do gato e do gavião, a montanha deduziu que estava se repetindo ali outro fundamento da natureza: a competitividade. Pois que o gato, que antes havia adotado uma postura cautelosa, ao perceber que o gavião já vinha voando rápido e rasteiro na direção do pintassilgo, resolveu que teria de ser ainda mais rápido do que o gavião e aproveitar-se da distância bem menor a que estava do passarinho. Porém ainda mais rápida foi a montanha. Numa atitude muito condenável para qualquer montanha, no entanto, naquela situação, para ela plenamente justificada, puxou com força para dentro de si as raízes do arvoredo onde estava o pintassilgo. Assim, todos muito assustados, o passarinho levou um tombo, o gato deu um bote no vento e rolou longe, e o gavião por pouco não quebrou a asa no lajedo, ao desviar subitamente o seu rumo.

Algum tempo depois, como sempre acontece na natureza, tudo voltou ao normal e a vida prosseguiu sem grandes traumas. Mas não foi assim para a montanha. Ela havia agredido a natureza com seu ato impulsivo. Cometera uma transgressão. Usara o seu poder indevidamente e sabia que, de alguma forma, um dia pagaria um preço por isso. Até que esse dia chegasse, não obstante a distância física que havia entre elas, saberia que outras montanhas a veriam com outros olhos. Criara para si uma imagem de montanha passional, e ferira o sentimento de identidade das demais montanhas, que por isso não saberiam mais quem ela realmente era, e nela não confiariam mais. Seria pois discriminada e devia se preparar.

Para uma montanha tudo é bem mais demorado do que para um pintassilgo. É como se formassem os dois um grande lago. A tona da água seria como o pintassilgo, sua expressão externa, visível e inconstante, susceptível a uma enorme gama de fatores capazes de provocar grandes transformações em pouquíssimo tempo. Já o fundo do lago, protegido e isolado de tais fatores, onde nem mesmo pode chegar plenamente a luz solar, bem mais se assemelha à montanha. Nele nada é tão breve e tudo é mais verdadeiro e confiável. Muito a propósito, nessa dimensão da vida, não se provocam violações da naturalidade e por isso a montanha sentia-se pejada. Ela sabia que a natureza é sustentada por princípios ativos, que sempre conduzem tudo a bom termo, com base em uma sucessividade também natural, cuja mensuração chama-se tempo cronológico. A aceitação disso como verdade depende, entretanto, de que se tenha a consciência ancorada num nível universal e coletivo. Embora por inusitado e admirável sentimentalismo, ela priorizou as consciências individuais, do pintassilgo e dela própria, e por isso transgrediu. Esqueceu-se de que todas as soluções já fazem parte do todo, que ela própria representa nessa analogia. A supervalorização do nível individual da consciência, ou da sua auto-identidade, não é um comportamento adequado para uma montanha milenar, embora seja muito comum em seres que vivem menos como, por exemplo, os pintassilgos e os humanos.

O sol já ia bastante alto mais uma vez, quando a montanha estranhou o comportamento do seu tão amado amigo. Ele parecia estranhamente movido por uma força difícil de identificar, no entanto muito poderosa. Começou a piar cada vez mais forte e com maior freqüência, sem propriamente cantar, movimentava-se mais, expunha mais as penas à luz do sol e até os seus olhinhos negros pareciam brilhar mais. Impressionada e ao mesmo tempo preocupada com ele, já que assim despertaria mais o instinto dos seus predadores naturais, a montanha pôs-se a investigar mais de perto o que estava acontecendo e em alguns poucos minutos tudo começou a ficar claro.

Subindo lentamente a picada mal definida e íngreme que vinha do vale para a montanha, o mais moço dos dois caçadores, que a montanha já conhecia bem, chegava próximo ao lugar onde estava o pintassilgo. Tratava-se, com absoluta certeza, daquele mesmo que mostrara-se inconformado com a soltura do bichinho. E ele não podia estar bem intencionado, pois trazia consigo novamente uma daquelas gaiolas de caça, providas de rede, e dentro dela três outros pintassilgos, que também não paravam de piar apesar dos trancos e escorregões da subida. Não era para se acreditar que viera soltar mais pintassilgos. Seria bom demais se fosse verdade. Cansado da subida, assim que chegou ao lugar que julgou satisfatório, o homem pendurou a gaiola em um toco de galho quebrado e afastou-se, indo acomodar-se por trás do capim que cobria um pequeno lajedo, de modo a não ser visto.

Por algum tempo a montanha sentiu-se muito feliz. O seu pintassilgo cantava loucamente, como nos velhos tempos. Cantava muito e alto, eriçando as penugens do peito, esticando as pernocas e o pescoço. Parecia à montanha comovida que nunca ele cantara tanto, com tanta eloqüência, tanta emoção. Era como se estivesse cantando pela última vez na vida, reunindo todas as forças para isso, e sua consciência coletiva, entrelaçada à da montanha, o fizesse cantar compulsivamente, como se dissesse ao mundo: Eu sou o pintassilgo e esse é o meu canto, o meu papel nesse mundo e o que sei fazer de melhor!

De tal forma o seu cantar se apossou do ambiente, que todos os demais animais se calaram. Até o vento parecia quedar-se a tão bela e sonora efusividade. Com dois olhos arregalados, o caçador mal acreditava no que eles viam e no que seus ouvidos escutavam.

(Segue)

Foto de Carmen Lúcia

Libertação

Se minha vida é uma prisão,
E trago contida minha verdade,
Sorriso nos lábios é simulação,
Prazer no que faço, dissimulação...
A espontaneidade cabal falsidade...

Armo-me de coragem,
Cobre-me a camuflagem,
Esperando o momento oportuno
De rebelar-me, soltar-me, achar-me...

Nesse papel em branco, caneta em punho,
Traço meu plano de fuga, um tanto soturno,
O meu desejo insano ou mesmo profano
De correr ao encontro da liberdade,
Braços abertos à própria vontade...

Libertar em poesia tudo o que sou...
Recolher a fantasia que ainda restou,
Num expressar escancarado, nada forçado,
Dançando anseios na chuva que molha
E limpa meu corpo do que o deflora...
Trazendo de volta a alma que agora
Chora a emoção, liberta a expressão,
Sorri o livre-arbítrio, afaga o que aflora.

Carmen Lúcia

Foto de Daemon Moanir

Falta de tempo – sensações

Conheço cada expressão
Cada traço ou suspensão
Cada linha fina de teu rosto,
Lábios.
Cada flor ou toque,
Ou cheiro e cheiro…
Até já sinto a falta dele
Quando no pescoço te beijo.

Sinto a falta dos teus carinhos,
Abraços… Tanto desejo,
Tanto te quero,
Tanto em ti eu vejo.
Anseio de uma só vez
Todas as verdades
Que me fazes sentir
E acabar simplesmente.

Foto de CarmenCecilia

ACRÓSTICO: QUATORZE DE MARÇO DIA DA POESIA

QUIS AQUI FAZER UM ACRÓSTICO PARA DEIXAR UMA MENSAGEM PRA NOSSA MUSA MAIOR: A POESIA...

QUATORZE DE MARÇO DIA DA POESIA

Q UISERAM TE HOMENAGEAR...
U M DIA PRA TE COMEMORAR...
A QUELA EM QUE BUSCAMOS...
T RASNSPORTAR SENTIMENTOS...
O S MOTIVOS SÃO VÁRIOS...
R IMA COM TODA SUTILEZA...
Z ERA O INCONTESTÁVEL
E SEMPRE GERA BELEZA...

D ELA PROVÉM INSPIRAÇÃO...
E NOS ENTREGAMOS DE CORAÇÃO

M ESCLAMOS...
A LMA..
R ECHEIO DE ASPIRAÇÕES...
Ç MESMO INSOLÚVEIS SITUAÇÕES
O MAIS IMPORTANTE... EMOÇÃO

D EDICAMO-NOS A TI...
I NSTANTEAMENTE ENTREGAMO-NOS
A PAZIGUANDO PENSAMENTOS MIL...

D E TI O VERSO E...
A PROSA...

P OIS TU ÉS A EXPRESSÃO MAIOR...
O OSTENTÁCULO DO AMOR...
E XTASE...
S EMENTE DE PAIXÕES...
I NEBRIANTES REFLEXÕES...
A BRINDO CAMINHOS E A PALAVRA NO SEU MELHOR!

CARMEN CECILIA

Foto de Gideon

A mulher do Metrô

Dias desses consegui viajar sentado no metrô. Abri o livro do Wittgeinstein, e comecei a ler.

Em alguma estação à frente entrou uma mulher pobre, morena, cabelos molhados provavelmente do banho da manhã, meio ondulados e soltos. Parte caindo pela frente dos ombros, parte por trás. Braços musculosos e as veias das mãos bem salientes sugerindo trabalho árduo. O semblante era rígido. Não percebi qualquer vestígio de maquiagem. Lábios soltos e frequentemente mordidos pelos dentes inferiores. O vestido era simples com flores estampadas de baixa qualidade. O formato dos seios era sugerido pela falta de sutiã, contudo nada indecente. A barriga um pouco maior que o normal para uma pessoa magra. Diria que era meio barrigudinha, mesmo assim ligeiramente sexy.

O vestido descia até próximo os joelhos. Não tinha qualquer enfeite. Os pés rugosos com as veias também à mostra. Os dedos enfileirados, mas indecentemente separados do maior pela tira da sandália rosa. Unhas dos pés pintadas de gelo, única vaidade que notei. Uma bolsa de plástico aparentando falso couro estava pendurada pela alça, bem acomodada em seu ombro esquerdo, que por sua vez estava à mostra.

Parei de ler Wittgeinstein para observá-la atentamente. Ela estava recostada entre o final do banco à minha frente, do outro lado do vagão, e a beira da porta do trem. O ombro cuidava em manter o resto do corpo um pouco distanciado da parede do trem. Devia ter não mais que vinte e sete anos. Bonita mulher, rosto bem desenhado, mas sem brilho e expressão. Fiquei tentando adivinhar a sua profissão. Julguei que fosse uma empregada doméstica, mas pela hora, quase nove da manhã, percebi que não devia ser.

Enfim, fiquei imaginando aquele corpo por baixo da roupa. A sua barriguinha protuberante formando um colo acolhedor. Como disse, os seios bem formados e provavelmente um umbigo discreto.. Vez outra, pelo balançar do trem, ela mudava a posição dos pés me chamando a atenção os seus dedos enfileirados sobre a sandália. O trem estava cheio e tive dificuldade em continuar reparando-a. Talvez isto tenha-me feito forçar o olhar, e ela percebeu-me. Me olhou naturalmente. Apertou mais uma vez os lábios e desviou logo o olhar. Outra vez trocou a posição do pé de apoio e passou a mão direita sobre o cabelo. Aproveitou, ainda, para arrumar a alça da bolsa, que teimava em escorregar de seu ombro esquerdo.
Voltei a leitura de meu livro. Quando tornei olhar para ela, não mais a encontrei. Descera em alguma estação. Fiquei meio frustrado. Me ajeitei no banco, curvei um pouco mais a cabeça e voltei à minha leitura.

Bem, não a perdi, claro. A descrevi aqui.

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