Esperança

Foto de Carmen Vervloet

INSISTENTE

Amanhã encherei o céu de vôos encantados,
minha alma voltará a se levantar...
Meu coração, por Deus abençoado,
boa energia disseminará no ar.

A alegria despertará junto ao sol
e a esperança soltará suas correntes...
De longe vislumbrarei um novo farol
e seguirei sua luz, outra vez, insistente.

Os gerânios estarão mais vermelhos
e todos serão mais felizes sem saber por quê...
A luz se refletirá num imenso espelho
que envolverá em brilho minha psiquê.

Caminharei sorrindo pelo caminho
de mãos dadas com a vida outra vez,
semeando pela estrada carinhos,
colhendo amor em vez de tanta insensatez!

Carmen Vervloet.

Foto de Carmen Vervloet

PAISAGEM SEM COR

Tanto foi... mas tanto foi o sofrimento...
Que meu coração secou!
Hoje sou um grão de areia ao vento,
tão perdida que já nem sei quem sou.

A falta de paz é meu tormento.
A insônia nas noites me persegue.
Peço a Deus que me faça um acalento
ou então que faça meu momento breve.

Meu silêncio é feito de agonia,
minha alma entregue à dor...
Meus sonhos não voam sobre as pradarias,
minha vida é uma paisagem sem cor.

A esperança acorrentada no meu peito.
A chave perdida no deserto e sua imensidão.
Meu corpo debatendo-se sobre o leito,
meus olhos perdidos na escuridão.

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

NOSSO TEMPO

O tempo pressentido precipita-se sobre nós.
Tempo antecipado pela nossa assassina mão,
costurado pelas linhas do mesmo retrós...
Pecado, cometido pelo homem, sem absolvição.

Outrora o tempo era de paz, sabedoria e harmonia!
Tempo de águas limpas, de nascentes cristalinas...
Hoje o coração pulsa no ritmo de sentida agonia,
vendo a vida se acabar entre motos-serras e toxinas.

Lixo, agrotóxicos, dióxido de carbono poluem o planeta.
Aterros, desmatamentos, pedreiras explodidas sangram a natureza!
A esperança esconde-se entre densa fumaça preta,
sinal de tantos medos e de plúmbeas incertezas.

Ontem, tsunami era coisa apenas do oriente,
do outro lado do mundo, tão distante da gente!
Hoje todo o planeta reage com intensa valentia
à agressão do mais egoísta ser vivo que o fere e asfixia..

Por que agredir quem sustenta tão fartamente
as bocas que sugam da terra frutas, verduras, sementes?
Por que matar lentamente quem gratuitamente nos dá a vida?
Por que contaminar e exterminar a nossa própria comida?

Nenhum governo deveria autorizar tão ignóbeis atos!
Lesões irreversíveis que vão afetar a saúde das espécies e do planeta...
Mas a avidez não dispensa luxos e seus respectivos aparatos,
só mesmo Deus para nos livrar das mãos que empunham tão pesada marreta!

Hoje é tempo de efeito estufa aumentando a temperatura do planeta,
é tempo de chuvas ácidas que matam e destroem...
É tempo de mudanças climáticas, é tempo de pouca colheita,
é tempo de alagamentos, maremotos e tufões,
mas, sobretudo é tempo de muita reflexão e orações!

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

MEIO A MEIO

Minha vida é uma colcha de crochê
tecida ponto a ponto, dia a dia...
Tranço uma malha resistente
numa luta insistente,
hoje, no presente...
Com total ausência de covardia!
Mas sou dual!

Com dúvidas, mas esperança
busco sempre a pura criança
que em mim habita,
sonha e acredita que a vida é linda!
Mas também sabe que
a luta é infinda!

Um gerânio a florescer
cultivado por um simples verbo: amar!
Mas como é difícil apenas amar!!!
Mas se nisso não persisto,
não correspondo aos apelos do Cristo,
à sua ideologia e,
assumo a demagogia dos egoístas
que só querem ter!

E entro num túnel atraente,
cheio de luzes que cegam...
Um lugar envolvente
onde dificilmente existe retorno.
Queimo-me no forno da ambição!
E então desperdiço minha preciosa vida
que terá sido inútil, vazia, em vão...

Descarto a bondade,
perco a tranqüilidade,
aniquilo a vontade,
e sou apenas mais um
no infinito mar de tanta podridão!
E sei que isso eu não quero pra mim, não!

Ah! Sou uma tola poetiza,
partida ao meio, perdida em devaneios,
metade defeitos, metade qualidades,
que sonha destruir a maldade
com tão simples versos!
Como se a poesia
pudesse exterminar as tentações!

Carmen Vervloet

Foto de Osmar Fernandes

O mar está zangado

O mar perdeu a cabeça.
Os terráqueos o sentimento.
O sonho está sem planeta...
A luz sem pensamento.

O mar está zangado.
As matas fogo engole...
O fim já foi anunciado.
Perder a esperança não é mole.

O preço do progesso é caro.
O tsunami no Japão foi um caos...
Nos escombros tudo virou trapo.

Precisamos nos reciclar.
A dor da perda é um fato.
Só nos resta orar.

Osmar Soares Fernandes

Foto de airamasor

Quero acreditar...

Quero acreditar...
Que o vento que toca minha face,
é a brisa que te desperta...
Na luz que envolve meu ser,
é teu carinho a me aquecer...
No sombrio do luar...
seus sonhos é com meu sonhar....
Quero acreditar...
Que as palavras que professas,
é a verdade de meu existir...
No sorriso que decora sua face,
é a alegria de meu próprio ser...
Na esperança que me envolve...
seja sua realidade a me sustentar...
Quero acreditar...
Que o Universo é tão extenso,
mas pequeno em distância de nosso querer....
Na conquista superada da dor vencida,
é vitória a suprir...
No murmúrio calado...
O Amor verdadeiro a silenciar...
Quero acreditar...
Que neste teu coração,
seja o meu amor a te envolver...
Na sua felicidade desejada,
seja comigo a compartilhar...
No beijo secreto...
Em teu pensamento permanecer...
Quero apenas...
Que destes versos
De meu coração a brotar...
Em palavras sentidas,
estejam o teu sentir...
No pulsar de minha alma...
Em sua emoção permanecer...
(Aira, 24 de março de 2011)

Foto de airamasor

Alma Feminina

Vivo nossa paixão...
Esta sensação de ternura,
Invade minha alma
Me conduz nesta ventura...
Vivo um sonho...
Estar em seus braços
sentindo seus beijos...
Me entregando ao teu amasso...
Vivo teu desejo...
Me transporto...
Enlouqueço na ansiedade de ser sua
Meu Amor te ofereço...
Sou Alma feminina,
Que Ama...
Que dança...
Que vive de Esperança...
Que espera
E não cansa
Que precisa sentir-se amada
Para continuar
Se sentindo viva.
Aira, 24 de março de 2011

Foto de airamasor

Procurando o Amor

Em meu despertar....
Um pedaço de mim chora...
Laços que partem,
Uma parte que implora...
Esperança vazia...
Uma lágrima escorre...
Soluços ocultos,
Em meu sangue percorre....
Formosa vida...
Proibida a ilusão....
Sonhos de menina,
Calados na oração...
Brilho nos olhos...
Sorrisos em vão...
Alma feminina,
Pedindo paixão....
Existência em luz....
Coração sem pudor...
Sobrevivo,
Procurando o Amor...
(Aira, 24 de março de 2011)

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Metade.

Cavaleiro errante sou, Quixote sem Sancho, Napoleão com estratégias de paz. Ônibus espacial com paradas estrelares e terminal na lua. Mundo deserto e florescido, ser noturno outrora habitado. Pedaços colados, sobrevivente do holocausto da paixão. Porém lutando na certeza que tudo que importa à um guerreiro é manter-se vivo. Mas ao mesmo tempo crente que o amor é o oxigênio de um poeta, mesmo que de versos roucos e nem sempre com rimas, porque nem todo tempo a luz do dia rima com alegria. Se metade de mim parte, a outra metade procura se recompor com as células tronco da esperança. Se a metade que parte for mais do que a metade e sim o todo, o nada que fica em mim renasce, assim como o Universo nasceu do nada.

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Pedaços

Junto meus pedaços fragmentados e tento uni-los de novo com a cola forte da esperança no amor.

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