Enviado por cafezambeze em Qui, 27/08/2009 - 22:03
PANDORO - INCULO E OS HOMENS LEÃO
NA SERRA DA MURRUMBALA, A NOITE NA PEQUENA ALDEIA SE AGITOU.
LUZES DE TOCHAS E CANDEEIROS SURGIRAM NA ESCURIDÃO,
ZANZANDO DE UM LADO PARA OUTRO, QUAL VAGA-LUMES.
O LEÃO BATERA NA PORTA!
ELE ARRANHARA A PORTA!
O LEÃO LEVARA A VELHA MULHER!
OS HOMENS SE REUNIRAM ARMADOS COM AS SUAS AZAGAIAS.
DE MANHÃ NÓS VAI E PEGA ELE! NÓS PEGA ELE!
NÃO! AGORA! TEM QUE SER AGORA!
GRITAVA, IMPLORAVA DESESPERADO INCULO, O FILHO DA VELHA SENHORA.
MAS A NOITE ESTAVA ESCURA COMO BREU...AMANHÃ NÓS VAI! INSISTIAM.
INCULO CHAMOU SEUS DOIS FILHOS.
NÓS VAI SÓZINHO! PEGA O CANHANGULO E AS AZAGAIAS!
INCULO E SEUS FILHOS SE EMBRENHARAM NA MATA QUE LOGO ENCOBRIU A
CHAMA DAS SUAS TOCHAS.
DEVAGAR, ATENTOS A UM RAMO QUEBRADO, UMA PEDRA VIRADA, UM FARRAPO
DA CAPULANA DA SUA MÃE...
HAVIA UMA TRILHA RECENTE SIM, MAS DE LEÃO?
INCULO ACREDITAVA EM FANTASMAS, MAS ERA A SUA MÃE E NÃO SERIA
FANTASMA OU O TEMÍVEL PANDORO QUE O FARIAM PARAR.
HORAS DE AGONIA SE PASSARAM. INCULO, NÃO SÓ DE NOME, TEMIA O PIOR.
NA SUA MENTE SE FORMAVA UMA IMAGEM DE HORROR. OS HOMENS LEÃO!
GENTE QUE COMIA GENTE. ELE JÁ OUVIRA FALAR E NÃO ACREDITARA.
JÁ RAIAVA O DIA, QUANDO ELE FINALMENTE OS AVISTOU NUMA PEQUENA CLAREIRA.
ERAM CINCO, OS DESALMADOS REUNIDOS À VOLTA DOS RESTOS DE UMA FOGUEIRA.
O CORPO DESCARNADO DE SUA MÃE, JAZIA ABANDONADO PERTO DELES.
INCULO SOFOCOU O CHORO. CHAMOU SEUS FILHOS E TIROU-LHES
DA MÃO O VELHO CANHANGULO. A ARMA ESTAVA PRONTA.
MIRANDO CUIDADOSAMENTE, ELE DISPAROU UMA CHUVA DE
METRALHA NOS FAMIGERADOS BANDIDOS.
DE PRONTO, ELE E SEUS FILHOS SE LEVANTARAM URRANDO E
ARREMESSANDO SUAS AZAGAIAS.
OS COVARDES HOMENS LEÃO, FORAM TRUCIDADOS SEM PIEDADE.
ENTÃO, INCULO CHOROU COMO UMA CRIANÇA.
RECOLHEU CARINHOSAMENTE OS RESTOS MORTAIS DE SUA MÃE
E VOLTOU PARA A ALDEIA. NÃO FALOU COM NINGUÉM.
NO MESMO DIA, ENTERROU SUA VELHA MÃE E FOI EMBORA COM
TODA A SUA FAMÍLIA. DO INCULO, NINGUÉM MAIS NA ALDEIA FALOU.
A VERGONHA QUE SENTIAM OS IMPEDIA.
NOTAS:
PANDORO = LEÃO
INCULO = GRANDE
AZAGAIA = ARMA DE ARREMESSO
CANHANGULO = ARMA DE FOGO DE CARREGAR PELA BOCA, NORMALMENTE DE GRANDES DIMENSÕES
CAPULANA = PANOS COLORIDOS QUE AS MULHERES ENROLAVAM NO CORPO À LAIA DE VESTIMENTA
Enviado por Joaninhavoa em Seg, 17/08/2009 - 03:05
*
Poesia breve.
*
Queria dizer-te tantas coisas
mas o tempo vai passando e nada digo
Queria dizer tanto por ter receio que o desejo
do conciso possa dar às palavras
Um toque de indesejada obscuridade
e escuridão
Ah este meu desejo de precisão
transparência e clareza
Tem algo de nobreza!
Ensina-me a ser breve
E certeira! Ensina-me a tua maneira
De captar poesia como se fosse comida caseira
Com o tempero divino! Suave e leve
Acaricia meus olhos no silêncio descortina dor
Desse olhar derramado de amor
Como se assim já nascesse
Só para te ver! E depois adormecesse
Num sonho numa poesia breve.
Joaninhavoa
(helenafarias)
17/08/2009
Publicado no Recanto das Letras em 16/08/2009
Código do Texto: T1757901
Águas nascem dentro de mim!
Brotam do subterrâneo de mim!
Das profundezas da dor,
Águas cristalinas de amor!
Águas que nascem de mim!
Transbordam de mim!
Nascem da luz que brilha na escuridão,
Fluem do solo seco...Meu coração!
Do sinuoso leito do rio que surgiu de mim,
As águas fluídas espalham vida nas margens de mim!
E por dentro e por fora me colorem de esperança!
Águas cobrem de verde a minha herança!
A vida que surge das águas de mim!
Mananciais de emoções de mim!
Jorra em queda livre na imensidão,
Enche de luz meu coração!
Eu vivo feliz pleno de mim!
Das águas que brotam em mim!
Do amor que surgiu da dor!
Da dor que me deu o amor!
Venha com suas asas me cobrir o peito.
Meu anjo bom perfeito.
Abraça-me com as plumas.
Dessa alma leve que sempre me protege.
Meu anjo protetor; que só me trás amor.
Guia-me com teus vôos para que eu encontre
Todos meus caminhos.
Deixe-me sentir a brisa que anuncia tua chegada.
Meu anjo bom protetor.
Deus te enviou para que eu pudesse;
Dar meu passo a frente.
Tua luz me ilumina, tua paz me contagia.
E sua proteção conforta meu coração.
Meu anjo que me tira da escuridão.
Anjo de luz e proteção.
Não me deixe pecar;
Protege-me sempre.
Sei que é um anjo enviado por Deus.
Cubra-me com tuas asas.
Mundo meu!
Sonhos... Romance...Fantasia!
Rabiscos de emoções em retalhos de papel, encardidos pelo tempo.
Um traçado de revoltas,
Dores...
Conflitos de amores inesquecíveis,
Perdidos em meio à tantas desilusões.
Cárcere das aspirações, dos desejos íntimos do "Eu" que sonha.
Que sorri da simplicidade da vida, por vezes, tão complicada!
Do "Ser" que chora, comovido com soluços inconformados de crianças que imploram,
Um afago...Um pedaço de pão.
Um mal vaga nas sombras... Nas sombras!
Lamenta mundo meu!
Grita um brado de revolta!
Soluça, geme e chora!
Debaixo do sol há dor,
Que ninguém consola.
Lamenta mundo meu!
Grita o brado do "Basta!"
Do "Chega!"
Do "Nunca mais!"
Estenda a mão, lança teus braços por sobre a tua cabeça.
Acenda a tocha ardente do "Amor...Do perdão!"
Lança longe a escuridão, desfaça as "Sombras!"
"As Sombras!"
Errante no caminho
da escuridão
e a busca,
ao sinal da luz.
O estampido, aguçar
do medo,da solidão!
A horda centelha
faíscas letais
advindas à insentatez!
O brilo da luz
o raio do sol,
a dor infinita
em lume de paixão!
Hiberna esperança
no riso d'outros
hipocris semelhança..
E o amanhã
futuro incerto
a saudade e tormento.
Tarde demais!
A tristeza
os sonhos dividir
sutil singeleza,
clamor do advir
sufrágio da inocência
e assaz redimir.