De tudo que tenho na vida, teu riso
É meu sustento, bálsamo para minha dor
Devolve-me o ritmo, dá-me calor.
O dia de trabalho me espreme.
Pessoas tristes, amigos carentes,
Socorro como posso, esses viventes.
Sociedade que só busca o poder
De humilhar, de fazer o outro sofrer,
Esmaga minha alma. Preciso sobreviver.
Sem saber me doar, volto cansada.
Tento recuperar o riso na estrada.
Só o encontro em nosso altar, a nossa casa.
Entre teus braços abertos estala o riso,
Como a onda que cresce e espraia-se em rendas,
Feito o botão de flor que sua beleza desvenda.
Subo ao céu, encontro-me a mim mesma.
A hora mais escura do dia, agora clareia.
Teu sorriso é uma queda de água fresca.
Uma água no corpo e teu riso de cascata
Tudo transmuta. Meu Eu divino volta a reinar.
Faz-me eu, a flor azul, em risos, desabrochar.
Já estou curada das mazelas do dia.
Leve como as asas dos cisnes, posso me entregar.
És a flor azul, alma gêmea do meu altar.
Ria, querido. Nas manhãs e nas noites,
Nas estações dos dias escuros e claros.
Teu riso é o amor que eu esperava.