Destino

Foto de Wilson Madrid

O SÁBIO DESCAMISADO

*
* CRÔNICA
*
*

19:00' de um dia do mes de maio de 2003.

Tróleibus - linha 4113 - Praça da República – Gentil de Moura, São Paulo.
No interior do tróleibus lotado, os passageiros que estão espremidos e em pé enfrentam dificuldades para andar em direção às portas de saída ou para ajeitarem-se no corredor do veículo para dar passagem aos demais.
Faz calor e as pessoas suam. Algumas que estão sentadas cochilam, cansadas por mais um dia de trabalho. Algumas poucas conversam; a maioria segue calada, cada uma refletindo sobre os seus próprios problemas, sonhos ou ilusões.
O trânsito fica congestionado e o tróleibus fica alguns minutos parado, sem poder continuar sua viagem; sem movimento e sem a ventilação natural das janelas, o calor e o desconforto aumentam.
De repente, na calçada, surge um homem maltrapilho, sem camisa e com barba mal cuidada; aproxima-se da lateral do tróleibus, olha para os passageiros, sorri um sorriso meio desdentado e irônico e começa a cantar, com uma melodia original, toda própria dele: “Ê vida de gado... povo marcado... povo feliz....”.
Como o tróleibus demora a partir, ele repete várias vêzes os mesmos sorriso e refrão: “Ê vida de gado... povo marcado... povo feliz...”.
Os passageiros começam a se entreolhar. A maioria continua séria. Duas moças ao meu lado não resistem e dão risada e eu, também não resistindo, comento contente: "é Zé Ramalho... ele conhece..."; elas não comentam nada, continuam felizes e continuam a sorrir. O tróleibus parte, o mendigo desaparece das nossas vistas e todos voltam para os seus pensamentos, alguns, talvez, refletindo sobre significado do ocorrido.
Eu, de minha parte, fiquei curioso em saber o que passou pelas cabeças daquelas pessoas, principalmente daquelas que riram... Será que elas riram do mendigo? Será que elas riram da situação? Ou será que riram para disfarçar a vergonha? Afinal de contas aquela linha serve apenas bairros de classe média e muitos passageiros trajavam terno e gravada e muitas passageiras também estavam elegantemente vestidas. Será que, apesar de muito conhecida na época em que foi tema da “novela das oito”, conheciam a canção “Admirável gado novo” do genial Zé Ramalho, poeta, profeta e cantador da Paraíba? E mesmo que tenham acompanhado a novela e conheçam a canção, será que elas já tem consciência de "que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do futuro"; e de que "é duro tanto ter que caminhar, e dar muito mais do que receber"?
Tive que me conformar em ficar sem respostas quanto à essas dúvidas, porém, apesar de saber que infelizmente eu provalvelmente nunca mais voltaria a vê-lo, fiquei com a certeza de que, ao contrário do que alguns cidadãos de terno e gravata e algumas cidadãs elegantes que viajavam naquele tróleibus, o homem maltrapilho, sem camisa e com barba mal cuidada, dormiria tranquilo e despreocupado, naquela noite fria que se anunciava, num canto qualquer de alguma praça de São Paulo, tendo por travesseiro a sua consciência e por cobertor a sua sabedoria...
O tróleibus continuou sua viagem e uma última dúvida me surgiu: será que, além de considerá-lo louco e engraçado, algum dos passageiros percebeu, na figura daquele homem, crucificado pela nossa injustiça social, uma das faces pelas quais Jesus Cristo se faz presente atualmente no meio de nós?
Chego ao meu destino, desço do tróleibus, caminho pela avenida Nazaré e sinto, finalmente, uma suave e refrescante brisa, que me faz usufruir de uma pequena amostra do maravilhoso efeito do desfraldar da bandeira branca da paz...

Foto de Wilson Madrid

CERCADO DE AMOR

*
* ( ACRÓSTICO )
*

C aminheiro do mundo,
E u sigo a minha estrada...
R efaço o meu trajeto,
C onstruo os meus sonhos,
A lcanço e vivo realidades,
D esfaço-me das banalidades...
O ntem já foi, o amanhã virá, o hoje é...

D esafios enfrentei, lutei, perseverei e venci,
E m muitas pedras tropecei, mas estou de pé...

A mei, amo, amarei... Fui, sou e serei amado...
M esmo que pensem e que digam que estou errado,
O meu coração sabe e sente que existe sempre alguém,
R eluzindo no céu do meu amoroso destino que jamais se detém...

Foto de Lu Lena

FUGA...

mergulho dentro de mim mesma e fico submersa...
dentro do meu ego...
deixo o destino desitir e que o Criador me encaminhe
para aquilo que Ele me predestinou...
no momento em que adentrei o
ventre materno e ali fiquei...
enclausurei e esperei...
abri os olhos ofuscados pelo brilho da luz
nasci !
agora faço o mesmo...
divago meus pensamentos, que são levados pelo vento...
retorno à ser o óvulo fecundado e fico a li a esperar...
a emergir para o novo mundo que me aguarda...
num choro incontido de lágrimas malfadadas
pelas lembranças ...
de uma menina mulher que quer voltar à ser criança...
das angústias, medos, temores....dores e pela fragilidade
de caminhar com olhos vendados nesse mundo...
o medo do escuro....
e nessa volta me aninho novamente como um embrião...
pois é assim que me encontro nessa minha regressão
de voltas às minhas origens, cortar as arestas que ficaram
nessa fuga....
e aí que me encontro segura e envolta no cordão...
que me proteje desse meu mundo de introspecção...

Foto de Graciele Gessner

Longe de Tudo. (Graciele_Gessner)

Ao seu encontro fui mesmo chegando atrasada.
Interrogada para onde vamos?
Respondi para longe, “quero ir para longe”.
Apenas longe desta cidade, desta multidão.

Determinado, você aceitou este pedido.
Achei surpreendente e fiquei pensativa.
Refletindo, era muito longe;
Não acreditava que havia aceitado.

Foi uma corrida contra o tempo,
Um desafio ao caminho das flores azaleias.
Vento, frio e nuvens ameaçadoras.
Sentimos muito frio, até chegar ao nosso destino.

Fizemos o nosso destino mudar,
Quebramos fronteiras, nada nos impedia.
O tempo passou rapidamente,
Chegou à hora de retornar...

08.09.2006

Escrito por Graciele Gessner.

1* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

2* Maravilhosas recordações!

Foto de Lu Lena

EU SOU

Eu sou alguém que sonha
Que se agarra à ilusão
busco forças oclusas
tateando na escuridão...

descalça trêmula e confusa
corro sem rumo ao relento
lágrimas em minha face caem
congeladas ao sabor do vento...

Eu sou um enigma no ar...
que tenta decifrar os "porquês"
disso ou daquilo acontecer
que sofre, ri e chora...

das coisas da vida aqui dentro
e das coisas da vida lá fora...
sou a transição entre a vida e a morte
num destino em névoa lançado à sorte...

Eu sou como você, uma simples mortal
mas entre eu e você, nada é igual...
apenas em comum na procura de si mesmo
divagando em poesias num'alma imortal...

Foto de Graciele Gessner

Psiu... O Que Eu Fiz? (Graciele_Gessner)

Enquanto estava num sono gostoso,
Você escrevia para mim...
Após o recebimento, fiquei-me questionando.
Devo responder algo?

Sei que havíamos conversado muito,
Praticamente os mistérios foram revelados.
Era necessário marcarmos um novo dia.
Transparência, confiança mútua...

Não conseguiu fazer a sua leitura diária,
Talvez porque estava pensando sobre o “dia memorável”.
Arriscou escrever o que pensava,
Conseguiu apenas escrever algumas linhas.

Concordo que o dia foi de grandes emoções,
Daqueles que nos faz pensar, repensar e refletir.
Mas sugiro não pensar muito
Apenas viva, intensamente!

Ei, o que foi?!
Não fique aí parado pensando.
Finalmente nos conhecemos,
No passado apenas nos víamos.

O tempo passou...
O destino se assim posso dizer
Decidiu nos reencontrar.
Foi o acaso? Talvez, ou não!

Vou encerrando...
Lembrei o que devo responder.
Seja você, siga o seu coração,
Viva a felicidade, não existe contraindicação!

19.07.2006

Escrito por Graciele Gessner.

1* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

2* Momentos jamais esquecidos... Oculta a dedicatória.

Foto de Carmen Lúcia

Flor

Nascera Flor...
Flor-de-maio, Flor-da-noite, Maria Flor...
Em meio aos encantos de oferendas matinais,
Batizada com fragrâncias de essências florais,
Banhada em gotículas orvalhadas de cristal,
Predestinada a realçar o bem e extirpar o mal.

Crescera Flor...
Livre, entre flores tantas de verdejantes prados,
Fora desde a rósea tulipa à camélia descorada...
Seduzida por suspiros de fogosos jasmins...De jardins!
Abandonada!
Perdeu-se pelo campo sangrando o seu pranto.
Conhecera a dor! O primeiro amor...

Vivera Flor!
Rosa se tornara! Vermelha! Rubra estrela!
Brilhante e bela! Insinuante donzela!
Amara mais que a vez primeira! Estremecera!
Rosa rainha, no cais aportou...Desabrochou!
E com soberania, mudou seu destino. Desatino!

Quis aquecer o inverno, o frio da estação!
Florear noitadas, enlouquecer paixão!
Como dama-da-noite, na noite se fartou.
Na dança se encontrou, o tango coroou!
Pelos caminhos se despiu...Despetalou!

Morrera Flor...
Hoje, suas pétalas derramadas inundam...
Seus espinhos cravados causam dor...
Seu néctar desejado, não mais libera...
O perfume desimpregnou a Flor...

Quem sabe ainda renasça n’outra Primavera...
Plena de amor!

(Carmen Lúcia)

Foto de Graciele Gessner

Nosso Reencontro. (Graciele_Gessner)

O destino decidiu brincar conosco,
Quando me deparei estava na sua frente.
Passando por ti, lançamos olhares,
Abri meu largo sorriso.

Continuando o meu caminho,
Refleti sobre a expressão de sua face,
Senti um aperto profundo no peito.

Situação de relâmpago,
Decidi falar um “olá” tímido.
Nada além de um reencontro,
Inusitado e inesperado.

05.04.2006

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

Foto de DeusaII

Esta Paixão

Esta paixão
Que me queima a alma
Que transforma todos os meus sentidos
Que me aterroriza
Que me aquece o coração
Que faz-me vibrar de prazer.
Esta paixão,
Que derruba minha alma
Que entorpece todo o meu corpo
Que está me matando aos poucos
Que confunde todos os meus sentimentos
Que quase me leva a loucura
Este amor que me enfraquece
Não é mais que o meu destino,
Um destino louco,
Vibrante, revoltado,
Transformado.
Tu foges de mim,
Eu procuro-te,
Onde estás?
Não te encontro,
Desesperada, continuo a chamar-te
Ouve-me,
Eu quero-te!
Leva-me à loucura,
Percorre todo o meu corpo,
Faz-me delirar,
Mata-me,
Mente-me,
Diz que me amas,
Diz que não me queres,
Diz que tudo é mentira,
Que nada existe,
Diz-me que este sentimento, é falso
Que nada sentes por mim,
Diz-me que te enganas-te
Deixa-me na ilusão,
Deixa-me a deriva,
Perde-me, perde-te...
Mas não me deixes!

Foto de DeusaII

Uma parte de mim!

Nesta vida sem sentido
Peço uma orientação
Uma parte de mim é segredo
A outra, uma canção.

Sentindo-me sozinha
Neste mundo selvagem,
Uma parte de mim é vazio,
A outra, uma miragem.

O mundo já não é o que era
A vida perde a razão,
Uma parte de mim é história
A outra, solidão.

Sem sonhos, ou ilusões
Sem orientação, ou tino,
Uma parte de mim é viagem
A outra, é destino.

Perdi o meu sentido
Com rasgos no coração
Uma parte de mim é saudade,
A outra, é razão!

Já sem vida
Aqui permaneço
Uma parte de mim é morte,
A outra, é começo!

Sorriso já cansado
Olhar já sem cor
Uma parte de mim é tristeza,
A outra, é a dor.

Vivo assim eternamente
Sem saber para onde vou
Uma parte de mim, é sofrimento
A outra, o resto que ficou!

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