Dedos

Foto de Fernanda Queiroz

Pedaços de infância

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.

Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.

Meu pai me aconselhou a planta-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.

Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, primaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.

Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de "dentinhos, arrebitadinhos".

Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.

O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.

A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.

Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontra-las.

Papai quieto assistia meu marasmo em deposita-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.

Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escudeiras dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.

Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.

Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na sequência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.

Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.

Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.

Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.

Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.

Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Resernados

Foto de Graciele Gessner

Maré de Prazer. (Graciele_Gessner)



Categoria: Conto




Ela mais uma vez estava envolvida com aquele que não devia. Sentiu-se invadida, submersa pelos desejos que só ele era capaz de despertar. Ela lutou para não pensar, tentou evitar as sensações gostosas que os seus afagos provocavam em seu corpo. Seus corpos agora estavam colados um ao outro, ele a beijou, num beijo de tesão, com pegada. Não perdendo tempo, ele começou a percorrer o seu corpo com as mãos, inserindo os dedos sob sua calcinha. A excitação estava presente.

- Gosta? – ele sussurra em seus ouvidos, e suavemente passa a língua pelo pescoço onde promove uma fantástica adrenalina, deixando-a vulnerável aos seus cuidados.

Ela tentou não sentir, tentou não pensar, mas se arrepiou, gostou! Tentou lutar contra o envolvimento daquela maré de prazer. Tudo parecia estar acontecendo depressa demais, mas não queria mais impedi-lo, não queria mais que ele parasse com a deliciosa invasão.

Ela não conseguiu mais se conter, abraçando-o, percorrendo suas mãos em seu corpo másculo, sentindo os desejos dele aflorando. Sentia-se a vontade, teve a sensação que poderia passar horas tocando-o. Desfrutou das mais eletrizantes ondas de prazer. No olhar dele estava estampado o desejo de tê-la em seus braços.

- Eu a quero! Você me permite? - Não é todo dia que se recebe um convite com tamanha intensidade e desejo.

- Sim... - ela sussurra quase num gemido. Ela deita-se sobre ele. O corpo dele clama por ela. Ele saboreia cada momento, cada mordidinha, cada carícia, cada beijo... Enquanto se livra da roupa.

As palavras desaparecem e o ato de consumir o ímpeto acontece. Aquilo era demais! Nunca sentira um prazer tão avassalador antes. Ela conhecia perfeitamente o seu corpo, e as reações sentidas foi uma explosão de adrenalina que tomou conta de todo o seu corpo. O seu grito de prazer foi ensurdecedor... Um grito inevitável de quem chegou ao céu.

- Oh, Deus... – ela geme.

Com a gentileza que ela jamais esperaria de um homem, após o ato consumado ele ficou ao seu lado. Ambos enfrentaram uma turbulenta maré de prazer. Ele se comportou como um homem na ânsia das suas vontades deveria, pois ele se sentia louco de desejo por ela.



09.02.2010

Escrito por Graciele Gessner.



*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de Arnault L. D.

Sim

Fale-me uma coisa bonita
frases que a ternura dita
uma só oração, ou palavra
mas, que seja de sua lavra

Toque o meu coração
pelos dedos de sua mão
alcança-me a alma
e a tenha em sua palma

Por favor me seduza
abra-me como drusa
exponha as gemas entre os talhos
de sob a casca de cascalhos

Seja minha amante
venha mas não visitante
Pois a quero, e quero ouvir
e a tudo que irá de vir

Fale-me uma coisa bonita
Fala-me do que me habita
Fale-me antes do fim
Por favor... Diga sim

Foto de DINHO CM2

Um sorriso ocultando a dor da alma

Ele morreu afogado com um gole de vinho, onde matava suas magoas e sentimentos doentes.
Na palma da sua mão ele segura uma taça e na outra com a ponta de seus dedos uma caneta, onde na qual relatava seus últimos minutos de vida. Muitos sofrimentos vividos na sua pouca idade, uma relação conturbada e perturbadora para uma única mente, foram relatados em um papel em branco, os traços de escrita mais tenebrosa já lida antes.
Seus pesadelos eram uma bomba atômica destruidora de sonhos e fantasias, almas perturbadas pelo tempo com sacrifícios sangrados pela tortura.
Na sua mente nascia o ódio semeando seu coração e criando raiz na sua alma, pobre ser era aquele escondido nas palavras ressaltadas em poesia, triste fim era o seu, ao lado de uma cadeira vazia.
Sussurrando pedia socorro sem forças para gritar, no seu olho refletia a dor que insistia a maltratar.
“...Tenho medo, vivo em um calabouço rodeado de terror, elas pedem socorro mais não consigo nem me salvar, me retrato na face da lua que necessita de luz para aparecer, sou um pobre mortal morto em vida, esperando a morte para enfim viver...”

Foto de aucenio

passa o tempo

PASSA O TEMPO

tic-tac.passam horas
passam dias,vao-se os anos.
corre o ponteiro do relogio
e mais velhos ficamos.
olha-te no espelho
e diga-me o que vê.
o tempo mudou teu rosto
e tu,nao soube perceber.

vejo a vida escapar
por entre os dedos.
o tempo me leva a vida
e com ela os medos.

vi-me crescer,pular
e brincar
fiz-me adulto e vivido
aprendi a sorrir e chorar.

tic-tac,tic-tac
tilinta o ponteiro do tempo.
em um instante te da a vida
e a roube em outro momento.

todos passam em apressadas passadas
o tempo passa e corre.
e tudo com ele morre
de mim,nao restará nada.

as linhas do meu rosto te mostram que vivi
os olhos cansados,o corpo gasto
te mostram que sofri.

vi nascer paixoes que se acabaram
vi passar pessoas que chamei de amigos
que sorrimos,brincamos.
e delas...
...so as lembranças restaram.

tic-tac.é o ponteiro?
nao.é o meu coraçao.
batendo com o relogio.
juntos segundo a segundo.
só o tempo restará.

corre o tempo,corre a vida.
vai-se o tempo,vai-se a minha vida.

tempo que apaga as lembranças.
tempo que cura as feridas.
que torna adulto a criança
e as tornam velhas e vividas.

vai-se o tempo que passa...
...vai-se o tempo.
ouço seus passos...
...tic-tac.

aucenio v. sousa

Foto de Marola o inigualável max

COISAS QUE DIGO "BY MAROLA"

Pra sabermos o que é o desejo
e de onde ele vem,olhe bem
pra dentro de sí talves
me verás também

Todo o sentimento é delicado
devemos tocalos com as
pontas dos dedos é
só uma questão
de cuidado
pois não
existe
amor
sem
medo

Às vezes ficamos sem saber
o que e como devemos
fazer pois desfaça as
suas duvidas eu te
digo que amor só
é bom se doer

Vamos lá existe uma longa estrada
que distancia ela reserva onde
ela nos levará ,talves um
caminho curto que nos
faça saber como
voltar.Ande,
ande bem
devagar

Pois para se chegar ao amor não
cansa mas é preciso procurar
eu já andei por muitos
caminhos também
na ansia de te
encontrar

Foto de Arnault L. D.

Exposição

Das tramas da história fiz tela,
neutra e alva de ingênua pureza
Tons de branco, lapsos de memória.
Busquei por armação eu e ela
e dos cravos ao peito, a fiz presa,
cavalete, tela sem estória.

Co’o emaranhar de nossa vida
fiz pincéis, juntando-o em maços.
A meu modo aparei as verdades.
Com o fio d’sperança partida
amarrei aos meus dedos por laços,
dez trinchas eu montei de saudades...

Dos planos, extrai pigmentos
e dilui os tons em lágrimas,
da base, ao nada doei gameta.
Cor primária mesclei de fomentos
e menti matizes de obras primas.
Minha pele distendi por paleta.

Do d’oiro de seu cabelo fiz sol,
e da paixão pincelei o carmim,
do céu de ilusão fiz o infinito,
das auroras não tidas, arrebol
e dos planos que ficaram sem fim,
sombras, perspectiva descrito.

Pintei um quadro belo de nós dois,
criei, por estes que não fomos nós.
Do rascunho preenchi os vazios,
sobrepus demãos, antes o depois...
Corrigi proporções e o após,
cores quentes para sonhos frios.

Pintei este painel, cheio de mim,
secando-me de forma espaçada.
Usei do ardor, luz para a exposição,
numa galeria de vazio sem fim.
Apenas nosso quadro e mais nada,
em salão fechado, o meu coração.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"MONÓLOGO DO VELHO MOTOQUEIRO" " DE CARA PRO VENTO"

“MONÓLOGO DO VELHO MOTOQUEIRO”
“DE CARA PRO VENTO”

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Tenho pressa...
Minha idade é meu termômetro...
Atropela-me!!!

Quase sessenta na certidão...
Ainda dá tempo...
Vou correr da solidão...
Vou acelerar meus sentimentos!!!

Vou atrás do meu eu...
Vou encontrar comigo...
Vou de encontro ao que é meu...
Não tenho medo do perigo!!!

O vento bate mais forte...
Já é hora de abastecer...
Estou rumando pro meu norte...
Quero meu limite conhecer!!!

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Que maravilha...
A velocidade é meu delírio...
Estou de volta na trilha!!!

Vou conhecer o jovem...
Que há muito deixei de ser...
Estou reunindo coragem...
Para a morte entender!!!

Que esta reluzente companheira...
Me leve através do caminho...
Um caminho que me de a certeza...
De encontrar meu destino!!!

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Estou chegando...
Já reconheço eu menino...
Estou chorando!!!

Chorando de alegria...
Ou talvez de saudade...
A vida me deu uma anistia...
Para entender o que é idade!!!

Dento e cinqüenta por hora...
É pouco...
Não tenho mais medo do agora...
Estou louco!!!

Estou indo atrás da juventude...
Que teima em escorregar por entre os dedos...
Vou viver na plenitude...
Sou o carrasco dos meus medos!!!

Vou enrolar o cabo...
Vou engolir asfalto...
Vou ver a vida de fato...
Vou viver lá no alto!!!

Cento e cinqüenta no velocímetro...
Já é hora de acelerar mais...
O caminho esta tão lindo...
Desistir, jamais!!!

Foto de sandra galadriel

Jantar com uma mulher

Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de
estresse que isso desencadeia em nossas vidas. O que venho contar aquihoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres.
Acho importanteque eles saibam o que se passa nos bastidores.
Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer..
Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar.

Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo 'Vamos jantar amanhã?'.
Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo:
'Claro, vamos sim'.
Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se
reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisséia. Evidentemente, você também para de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda. Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável!!!

Primeira coisa: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e você
provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés tem que estar feitos - e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar se perguntando 'Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?' Lei de Murphy. Sempre dá merda.

Uma vez pensei assim e o infeliz me levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no ... bonito! Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon! Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato? Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão é pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino. OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é coisa de... Melhor mudar de assunto...

As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum
tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura,
retoque de raiz, etc. Eu não faço, mas conheço quem faça.

Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila, virilha, sobrancelha etc, etc. Tem mulher que depila até o ...! Mulher sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem.

Dia seguinte.

É hoje seu grande dia. Quando vou sair com alguém, faço questão da dar uma passada na academia no dia,para malhar desumanamente até quase cuspir o pulmão. Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar).

Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge
aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se
quer errar para mais ou para menos. Se te serve de consolo, ele não
vai perceber.

Alias, ele não vai perceber nada. Você pode aparecer de Armani ou
enrolada em um saco de batatas, tanto faz. Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê). Mas, é como dizia Angie Dickinson: 'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens'.. Não tem como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem.

Escolhida a roupa, com a resignação que você vai errar, para mais ou
para menos, vem a etapa do banho. Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem. Nessa etapa eu perco muito tempo. Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel.

Depois vem a hora de se vestir. Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda. É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte... PORCA! Não sei o que é (provavelmente nossa imaginação), mas eu juro que acontece. Muitas vezes você compra uma roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica uma merda. Se for um desses dias em que seu corpo está uma merda e o espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe com um pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa gritando 'EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA'.

O chato é ter que refazer a maquiagem. E quando você inventa de colocar aquela calça apertada e tem que deitar na cama e pedir para outro ser humano enfiar ela em você? Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas.

Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da lingerie.
Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita,
ou é confortável.

Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente um método
anticoncepcional. Você pensa 'Eu não vou dar para ele hoje mesmo, que se foooda'. Você veste a calcinha. Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar bem vestida a sofrimento. Aí você começa a pensar 'E se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar vendo a minha calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele... se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo...'. Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda. Melhor prevenir. Os sapatos!! Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou confortável. Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito
mas confortável. FATO: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser
exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Exemplo: Vou
com roupa confortável e sapato assassino. Certeza que no meio da noite o animal vai soltar um 'Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar! Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção. Uma vez, um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar!. Porque eu não dei o sapato? Porra... me custou muito caro. Posso não usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do caralho. Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito coco para ver se evoluo espiritualmente! Mas por hora, o sapato fica.

Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus dilemas do tipo 'será que dou para ele? É o terceiro encontro, talvez eu deva dar...' Começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de um jeito.

Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir.. Não para ele,
ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais
ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia
eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda
em todos os primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na
próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me
acalmar.

Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e
cancela o encontro? 'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?'.

Gente, não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível
uma coisa dessas, a menos que seja algo muito grave! Eu fico puta,
puta, PUTA da vida!
Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham que é
simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro deles. Se
eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido... nunca ousariam remarcar nada.
Se fode aí! Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo!
Até porque, a essas alturas, a dieta radical do queijo está quase te
fazendo desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do
jantar! NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO,

MUITO, GRAVE! DO TIPO...MORRER A MÃE OU O PAI TER UM AVC NO TRÂNSITO.

Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando. Você passa
perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um
eufemismo na lata 'HUMMM... tá cheirosa!' (tecla sap: 'Passou muito
perfume, porra'). Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara em nada, ele acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, porque acho que homem que repara muito é meio viado, mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver. Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda com a rendinha atochada no rego (que por sinal custou muito caro) para nada.. Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem rasgar.

Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos dos pés, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de bico fino. Quando ele conta piadas e ri eu penso 'É, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero'. A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética. Sinto o estômago fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico constrangida de mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira.

Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste
emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca.
Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro.
Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos:

Roupa............... ......... ......... ........... R$ 200,00

Lingerie.... ......... ......... .......... .........R$ 80,00

Maquiagem... .......... .......... ......... ....R$ 50,00

Sapato....... .......... .......... ......... ........R$ 150,00

Depilação..... ......... ......... ......... .......R$ 50,00

Mão e pé........... ......... .......... ............R$ 15,00

Perfume...... .......... .......... ......... .......R$ 80,00

Pílula anticoncepcional. ......... ..........R$ 20,00

Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, R$
500,00 para sair com um Zé Ruela. Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL? A gente gasta muito mais para sair com eles do que ele com a gente!

Por isto amigos, valorizem seu próximo encontro e aprendam um pouco
mais, sobre este ser fantástico, chamado mulher.

Autor Desconhecido

Foto de DENISE SEVERGNINI

SOLIDÃO VIRTUAL

VIRTUAL SOLITUDE

With attention, I feel the time passing
And that embraces the keys of computer
Fingers burned before the need
Wanting happiness! Friendship!
Time rooted in solitude ...
Slavery! Grace! Addiction!
The virtual blood, runs the poetry!

Forgive my mistakes in English language!

In Portuguese

SOLIDÃO VIRTUAL

Atento, sinto o tempo que passa
E que abraça as teclas do computador
Os dedos queimam ante a necessidade
De querer felicidade!Amizade!
Tempo enraizado em solidão...
Escravidão!Carência!Vício!
No sangue virtual, corre a poesia!

Denise Severgnini

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