Culpa

Foto de NiKKo

Decepção

Meus caminhos hoje são de poeira e espinho,
marco meus passos com lagrimas que teimam em cair.
Levo nos olhos o vazio que trago em minha alma,
os lábios cerrados por não saberem mais sorrir.

Hoje minha vida se resume em fracassos.
Minha voz em minha garganta se calou.
Perdi o interesse que eu tinha pela minha vida,
tudo porque você me deixou.

Guardando para mim as lembranças do que vivi
eu busquei encontrar forças e sobreviver.
Mas confesso que sua falsidade me feriu fundo
que me fez a esperança perder.

Hoje eu sigo pela minha vida a passos lentos
E levo a alma ferida e decepcionada.
Acreditei que tinha em você mais que um amor
mas descobri que para você eu nunca fui nada.

Não digo que você tem culpa pelo meu fracasso
pois eu sei você jamais me enganou.
Eu é que fiz de ti uma imagem tão sincera e bela
que meu coração inocente e tolo, acreditou.

Eu te amei e mesmo hoje ainda sofro por ti.
Isso eu jamais vou negar ou esconder,
mas minha alma hoje está tão decepcionada
que confesso, você conseguiu me abater.

E tal qual uma ave ferida de morte
buscarei meu ninho forças para me curar.
Hoje colocando em minha poesia a dor que sinto
juro-te, é a ultima vez que por você vou chorar.

Foto de Carmen Lúcia

Procura-se...

Encontra-se perdida na imensidão,
Na vastidão celeste... Espaço sideral,
Orbitando entre astros, vácuos, galáxias,
A minha poesia!
Voou tão alto que transcendeu
Fronteiras, barreiras, limites, anos -luz ...
Ascendendo cada vez mais alto
A emergir no espaço, nave que a conduz...
Sem conseguir parar, poema a girar.
Soltei as rédeas... e ela se foi...
Qual disco voador, mais longe do que eu...
Deixei-a fluir, inflando-a de anseios...
Febris e loucos devaneios...
Acreditei poder um dia a igualar a Deus!
Agora apenas um sol já não lhe basta,
Muitas luas não abrandam os sonhos seus,
Nem mesmo as estrelas podem convencê-la
A pôr os pés no chão, voltar aos braços meus...
Fez-se parte do universo, reluzindo versos
Que se misturam com poeira cósmica a dourar o céu.
Divaga por constelações, cintilações...
Na Via Láctea faz tour...esnoba seu glamour...
Possui luz própria, rejeita a lei da gravidade
Pretensiosa, quer ser o alvo da atração
Tornou-se criatura... Despreza o criador...
Vagueia pelo mundo de ostentação.

E eu aqui a esperar em vão,
Alma vazia, isenta de ilusão...
Peito sangrando, morreu a inspiração.
Pena máxima de um poeta.Condenação!
Contaminada pela vaidade e ambição,
Por minha culpa, a poesia se perdeu...

Foto de uhum

Medo de amar...

MEDO DE AMAR....
Medo de amar ? estranho néah ? é tão fácil dizer "eu te amo", mais o que realmente é importante é o que eu sinto por dentro...e o que eu sinto por dentro?...Xiiiiiii essa pegou de jeito....o que eu sinto por dentro? Eu sinto um monte de coisas...raiva...(por q raiva?) quando você não aparece....medo...(medrosa!)quando você diz certas coisa uéh....(MeLdEls)..angústia...(angústia?)...é claro, quando eu penso que disse algo errado...(dãã)Tristeza...(há naum tristeza, por q?) Por que eu sei que uma hora eu vou ter que ir...( talvez ele que vá T_T)...impaciencia...(impaciencia? quando?) quando eu sei que você vai aparecer...mais demora mtuuu ( até vc chegar jáh num tenhu mais unha) alegria...quando vejo que finalmente vc chegou...(aleluia)...amor....quando finalmente eu percebo que você me ama..(amor que por sinal é mtu bem retribuido).....isquisito néah ? esse tanto de coisa num ♥ tão pequeninho....(pois é...eu que o diga...)

E depois de passar issu eu digo que te amo...(e amo mesmo)
Cai um lágrima...(ai que melancolia) mais é verdade...(táh, continua)e eu tenhu que ir....
Combinamos outro dia agente se ver...e....( e o que ?)........e.....(fala loguuu) eu digo xau...(aaaaaaaaaa pensei outra coisa hehe)...q mente você tem....prontu...começa a choradeira...por que mesmo depois de todas as declarações eu tenhu medo.....e naum pergunte por q .....(por q ?)....num sei...algo dentro de mim...sente medo...num sei...só espero que esse medo naum me atrapalhe....(Deus ajuda)...

E assim eu passo a noite em claro..pensando em você.....(de vez em quando eu num consigo e durmu....rsrsrsr....num tenhu culpa néah?)

Mais aí fico louka pra chegar o dia marcado da gente se encontrar....

Lesgal...(aham)
Amei...(eu tbm)
Maneiro...(táh bom eu jáh entendi!!!)
E fui eu q fiz.....( mais legal ainda)

Bju pra quem táh lendo, e mais uma coisa......Mechendo no meu orkut néah??Danadinhuuuu......(ou pode ser minina tbm....q coisa feia...rsrsrs))

Complicada...porém perfeita...quem conhece naum esqueçe e se esqueçer....(tem problema de memória).....O_*

Hááá´mais uma coisa (outra?? kreduuu)
Se quiser um textinhu pra você é só pedir......

Foto de matematicoAzevedo

"Ânsia de viver"

Como qualquer pessoa, também tenho meus desejos, desejos estes que há muito estavam mortos, mas ressurgiram e, eu, espero ter forças para realizálos. Digo, com toda a certeza, que o motivo maior para que eles ressurgissem foi eu mesmo, porque se eu não me importasse com eles, jamais alguém iria fazer tal coisa por mim.
Foi por isso que resolvi retomá-los e tentar levá-los adiante, mas tudo isso quero fazer com muita cautela e precaução pois, sei que a minha ânsia de viver é muito grande, sou como o rio que jamais, alguém conseguiu interromper o seu curso...
O que faz com que eu leve adiante todos os projetos é o que vem do meu interior, pois somente dele é que sei que realmente brota o amor e a dedicação.
No começo foi tudo muito difícil, pois tive que aprender a confiar nas pessoas para ver meus projetos e desejos se realizarem, mas o tempo fez com que eu percebesse que sou capaz de conquistar o que busco e almejo pois, afinal de contas, a maldade que em nós existe, humanos, é na maioria das vezes, culpa de nós mesmos! Se nós fôssemos capazes de destruir toda a maldade que em nós existe, o mundo seria melhor, pois assim não haveria injustiças sociais que fazem tantas vítimas e nós, seres humanos, teríamos capacidade o bastante para aprendermos a viver, pois na realidade o que falta em nós é o ato de aprender a olhar o interior dos outros.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"RETOMADA"

RETOMADA

Acordei estranho...
Acreditei que estaria arrasado...
Mas cantarolei até na hora do banho...
E isto acabou me deixando preocupado!!!

Você foi indo embora...
Apostando no meu completo fim...
E que faço eu agora...
Se a alegria insiste em tomar conta de mim!!!

Como administrar este complexo de culpa...
Ao me sentir mais aliviado...
Será que esta vida que é tão maluca...
Decidiu que não quer mais você do meu lado???

Sábado ainda nem chegou...
Um novo perfume já comprei...
Estou pronto de novo para o amor...
E do passado nem se quer lembrei!!!

Vejo o sol, vejo a lua...
Tudo me parece muito novo...
Minha vida não é mais sua...
Comecei a respirar de novo!!!

No abandono eu encontrei a estrada...
Na solidão eu achei carinho...
A lua agora e minha namorada...
E o horizonte é o meu padrinho!!!

Foto de sagitariana.mgs

Educação

Educação

Um dia desses lemos em um adesivo colado no vidro traseiro de um veículo a seguinte advertência: "minha educação depende da tua"!

Ficamos a imaginar qual seria o conceito de educação para quem pensa dessa forma.

Ora, se nossa educação dependesse dos outros, certamente seria tão instável quanto a quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos.

Ademais, se assim fosse, não formaríamos jamais o nosso caráter. Seríamos apenas o resultado do comportamento de terceiros. Refletiríamos como se fôssemos um espelho.

A educação é a arte de formar caracteres, e por conseguinte, é o conjunto de hábitos adquiridos. Assim sendo, como fica a nossa educação se refletir tão somente o comportamento dos outros como uma reação apenas?

O verdadeiro caráter é forjado na luta, na luta por dominar as más tendências, por não revidar uma ofensa, por retribuir o mal com o bem.

Um amigo tinha o costume de dizer: "bateu, levou!" Um dia perguntamos se ele admirava os mal-educados que tanto criticava. Imediatamente ele se posicionou em contrário.

- É claro que eu não aprovo pessoas mal-educadas. Então questionamos outra vez:

- Se não os admira, porque você os imita?

Ele ficou um tanto confuso, pensou um pouco e respondeu:

- É, de fato deveríamos imitar somente o que achamos bonito.

Dessa forma, a nossa educação não deve jamais depender da educação dos outros, menos ainda da falta de educação dos outros.

Todos os ensinamentos do Cristo, a quem a maioria de nós diz seguir, recomendam apresentar a outra face. Imaginemos se Jesus tivesse ensinado: "se alguém te bater numa face, esmurra-lhe a outra", ou então "faz aos outros tudo aquilo que não desejas que te façam". Nós certamente não O aceitaríamos como modelo a ser seguido.

Assim sendo, lutemos por nos educar segundo os preceitos do Mestre de Nazaré, que diante dos momentos mais dolorosos de Sua vida manteve a calma e tolerou com grandeza todas as agressões sofridas.

Não nos espelhemos nos que não são modelos nem de si mesmos. Construamos o nosso caráter com os exemplos nobres.

Quando tivermos que prestar contas às leis que regem a vida, não encontraremos desculpas para a nossa falta de educação, nem poderemos jogar a culpa nos outros, já que Deus nunca deixou a Terra sem bons exemplos de educação e dignidade.

..............................

Não adotemos os constumes comuns que nada tem de normais. O normal é cada um buscar a melhoria íntima com os recursos internos e externos que Deus oferece.

As rosas, mesmo com as raízes mergulhadas no estrume, se abrem para oferecer ao mundo o seu inconfundível perfume.

O sândalo, por ser uma árvore nobre, deixa suave fragrância impregnada no machado que lhe dilacera as fibras.

Assim, nós também podemos dar exemplos dignos de serem imitados

Foto de Ezequiel-Mano

DINAMISMO

É agora que a saudade, aperta que eu sinto a solidão
Veja quanto perdi, em meu tempo de vivência aqui no chão
Sempre me senti tão firme, com os pés no solo
Hoje penso em minha mãe, oferecendo- me colo
Para mim era um consolo, poder abraçar alguém
Achava que tinha poderes , mas sei que só uma pessoa os tem
Nunca preocupei- me, com os problemas existentes
Nunca enxerguei, nem o que estava à minha frente
Hoje noto muito mais, o que se passa a minha volta
Vou acabar explodindo, por motivo de revolta
Sei que isto é pior, que até me atrapalha
Sempre que falo algo, a turma toda me malha
Não tenho culpa de não saber agir
Um dia irei fazer todo Mundo me ouvir
Tenho que recuperar- me e sair deste buraco
Só assim poderei mostrar o que hoje está opaco
Vou criar mais resistência, vou lutar pelo futuro
Se não der para pular, ponho abaixo este muro
Toda esta energia me fará sobreviver
Ela não se acabará, enquanto eu não vencer
Alguns terão- me como louco, outros como fanático
Alguns até acharão...que o que digo é fantástico!

Foto de Marta Peres

Versos, Nada Mais

A primeira vez que eu lhe vi,
Pode ter certeza
Quase morri,
você ali tão perto
e ao mesmo tempo tão longe...

A segunda vez que lhe vi,
foi quando morri
E
você não estava por perto.

Nem vela foi preciso,
Os vaga-lumes teimavam em acender
Um ou outro verso,
E fora de mim, tudo seguia a fria rotina.

A terceira vez que lhe vi,
Desejei que chegasse de repente,
Espantasse os encantos, quebrasse copos
E me amasse em lençóis de areia.

Nada disso aconteceu,
você não me tomou como vinho
nem me espalhou como cartas na mesa,
nem como seu pão, se fartou.

Foi apenas sonho,
Nem como sua música embriagante
Dançando nua e você pegando meus pedaços,
Sem culpa, no arco íris da rua eu lhe vi.
Marta Peres

Foto de neiaxitah

Um Dia para Sempre

Quem sou? Uma louca? Ando de um lado para o outro sem nada a fazer, sem nada perceber…
Só me lembro daquele horrível dia… o dia em que te vi morrer… morrer aos poucos, ouvir as tuas palavras de socorro, e eu pouco podia fazer.
Sim, lembro-me como se fosse hoje!
Era fim da tarde, e tu ias-me levar a casa, ia-mos com aquele olhar que só nós tínhamos, que só tu conseguias provocar, e aquele sorriso único que só tu fazias que eu tivesse.
Sim, lembro-me de tudo, o tempo estava muito estranho nesse dia, e tu tudo fazias para que eu estivesse bem, sorrias e dizias que tudo farias para me ver sempre assim, com aquele brilho que só tu conseguias fazer nascer em mim.
Estava tudo bem, bem até me pedires para ir para casa só, sem ti… coisa que nunca farias…

Disses-te que ias ter com uns amigos, os mesmos que nos estavam a seguir até então. Estranhei, mas quando me fizeste prometer que não voltaria para traz por nada e que acontecesse o que acontecesse para nunca te esquecer, ai temi. Temi por ti, e por mim…
Sim foi a resposta que te dei, embora não concordasse com ela.
Deste-me um beijo, o ultimo beijo. Estavas sério, mas mesmo assim sorris-te apenas para me acalmar. Não consegui dizer nada, virei costas e comecei a andar, mas sempre muito atenta; os homens que nos tinham seguido tinham parado.
O meu coração batia depressa demais para pensar, deixei de ter controlo em mim, e quando virei a rua, só me lembro que o meu coração parou de bater; a rua estava deserta, e o teu grito ecoou por todo o lado, mas mesmo assim parecia que só eu o tinha ouvido.
Inevitavelmente os meus pés deram a volta, o meu corpo transpirava de medo e ansiedade.
Quando te vi, tudo em mim parou, deixei de ver tudo o resto, deixei de respirar até. Não senti o vento na minha cara, nem o meu cabelo a esvoaçar. O tempo parara quando te vi deitado no chão a jorrar sangue do corpo e aqueles homens com facas ensanguentadas do teu sangue. Tudo isto se passou numa fracção de segundo, pois logo depois o meu corpo, o meu ódio e a raiva respondiam por si. Gritei o mais que pude a pedir ajuda enquanto podia e atirei-me para cima do homem que te tentava novamente apunhalar.
No mesmo instante agarrei numa pedra e atirei-a a um outro homem que se aproximava de ti. Ele caiu no chão e não se mexeu mais. Os outros fugiram.
Estava finalmente a voltar a mim quando já estava a rua cheia de gente, já tinham chamado a ambulância que nos levou para o hospital. Incrivelmente ainda estavas vivo, mesmo depois de todo o sangue que perderas. Fui contigo na ambulância, nunca mais te ia deixar.
Mal chegamos ao hospital levaram-te para seres operado, e eu só queria chorar, mas as lágrimas estavam secas… como é normal perguntaram-me o que tinha acontecido e eu pouco consegui contar. E ainda faltava contar aos teus pais, mas só eu o podia fazer, por isso liguei-lhes. A voz deles mudou, a tua mãe chorou, desligou, e logo depois já estava comigo, e trazia com ela o teu pai, e os meus pais. Desesperei, a voz falhou, não consegui falar, imaginar tudo de novo era duro de mais. Para a minha salvação a médica explicou o que eu já tinha dito e assim eu não tive de falar. Quando a médica acabou de contar, vieram todos ter comigo, abraçaram-me e eu gritei, gritei e fugi…
Não queria sentir pena, eu é que afinal não estava lá contigo para te ajudar, queria trocar de lugar contigo, jamais me perdoaria se não sobrevivesses. Foram 5 horas nem mais nem menos, foi esse o tempo que estiveste no bloco operatório. Quando foste para o teu quarto ainda dormias, mas eu estive sempre lá contigo, e quando acordas-te eu estava lá, adormecida a teu lado, deste-me a mão, e chamas-te por mim.
A tua mãe que tinha ido apenas comer algo quando chegou e te viu acordado chamou-te e foi a voz dela que me acordou. Não podias falar, estavas muito fraco, no entanto notava-se que estavas melhor. O medico entrou no quarto e disse-nos que te ia examinar para ver como estavas e que por isso nós teríamos de sair. A tua mãe agarrou a tua mão, e depois largando-a ia recuando até à saída. Eu ia fazer o mesmo, mas tu não deixaste, voltei à tua beira, dei um beijo na tua face, sorri enquanto te olhava nos olhos... como sempre fazíamos para dizer que ia correr tudo bem. O teu olhar acalmou e eu vim embora… não sei o que se passou depois, visto que desmaiei por fraqueza e perda de sangue por ter sido também ferida quando me atirei para cima de um dos homens que te tinham posto assim. Quando acordei, estava tudo a minha volta. Vi o medo na cara de cada um deles. Preocupei-me. Levantei-me e embora fraca e tonta caminhei aos “Ss” pelos corredores até ao teu quarto. Ninguém me impediu. Sabiam que não valia a pena. Quando cheguei perto de ti tu estavas rodeado por toda a tua família, avos, tios, primos…
Finalmente as lágrimas ganharam vida e caíram face abaixo. Estavas em coma. O mundo caiu-me aos pés e nada o poderia levantar senão tu mesmo. Toda a tua família, excepto os teus pais, me culpou do teu estado. Fui por isso proibida a visitar-te. Toda a minha vida estava perdida, e eu estava morta, viva no vazio. Nada fazia realmente sentido, e a culpa era realmente minha, não tinha de te ter deixado.
Já estavas à 3 dias em coma quando me ligaram a dizer para ir ao hospital com urgência.
Eram 2 horas da manhã, mas nem isso me impediu, pedi aos meus pais e eles logo me levaram.
Quando cheguei corri para o teu quarto, passei por toda a gente e ouvi-te gritar o meu nome.
Agarrei a tua mão e tu acalmaste. Mais ninguém se atreveu a falar. Tu acordaras do coma a gritar o meu nome.
Adormeci a teu lado, não sai a tua beira até voltares a acordar.
Dormis-te imenso e por fim acordaste. Agarrei-te, não deu como não o evitar.
Chorei tudo o que até então não tinha chorado, e tu silenciaste-me e disseste que tudo estava como deveria estar, e acrescentas-te que voltavas a fazer o mesmo. Todos os que te ouviram choraram. Pediram para te deixar porque tais emoções te faziam mal. Tive medo de te voltar a largar, mas percebi a tua situação e achei por bem afastar-me.
Passaram-se mais 2 dias e eu não te pude ir ver, estive no tribunal para que os homens que eu feri depois de te esfaquearem fossem presos. Tudo correu bem. Passei por tudo mais duas vezes, mas voltava a repetir toda a história desde que eles fossem presos.
No sexto dia, desde que tinhas dado entrada no hospital, quando te fui ver, não me deixaram. Estava tudo a chorar, os teus avós rogavam-me pragas, e os meus pais tentavam levar-me para casa. Não percebi o que se passava, mas era algo muito mau, mas acabei por não conseguir resistir aos meus pais e fui para casa.
No dia seguinte o advogado da tua família quis falar comigo. Mais ninguém teve coragem para me falar.
O advogado disse-me que tinhas morrido, e sem esperar muito acrescentou que as tuas ultimas palavras tinham sido “amo-te” e logo depois o meu nome. Cai de joelhos, e bati com toda a minha força com os punhos no chão. A dor era tanta e o meu corpo já não respondia. Cada esperança ou recordação estavam a ser apagadas. Já não havia nada a fazer, e antes que eu me perdesse mais ainda, o advogado entregou-me três cartas. Disse que as tinhas escrito nos dias em que eu estive no tribunal. Não as abri. Em vez disso levei-as para junto dos teus familiares, e visto que os teus pais eram os únicos que me conheciam e me apoiavam, dei-lhes as cartas para eles as lerem para toda a gente. Foi a tua mãe que leu a primeira carta. Era um texto pessoal, mas mesmo assim toda a gente ouviu. Dizia o quanto gostavas de mim e que nunca mo tinhas dito por não quereres estragar a nossa amizade… contava histórias, momentos nossos, aquelas brincadeiras boas e más. Dizia também que eu tinha sido toda a tua vida e que se morresses não fazia mal porque sabias que eu viveria pelos dois, mas se fosse ao contrário, e morresse eu, tu não aguentarias e morrerias também. Toda a gente da sala limpava e escondia as lágrimas que ocasionalmente caíam face abaixo. Eu não chorei, queria chorar, mas não consegui.
A segunda carta foi bastante “chocante”. Disseste que todos os teus valores eram para mim. Porque? Tudo era para mim porque não gostavas da maneira da tua família tratar o dinheiro. Eles ficaram fulos e tu sabes disso.
A terceira carta, ninguém a quis ler e acabei também por me esquecer dela.
Fui com o advogado e disse para ele dar todos os teus bens a lares, para dar tudo em anónimo, os teus pais não se opuseram, e as tuas coisas pessoais foram todas doadas também, só fiquei com uma fotografia tua.
A tua família soube finalmente de tudo, da nossa história que ninguém percebia se era amor ou amizade, talvez porque era algo mais forte que isso, mais intenso. Tão importante que apenas bastava um olhar, ou aquele gesto para o coração bater mais depressa, mas embora isso, à face de todos não passava-mos de eternos apaixonados sem o admitir.
Embora por vezes nos quisesse-mos beijar, nunca o fazia-mos com medo de estragar o que já tínhamos. Podia-mos até nem nos tocar, mas fazíamo-lo no pensamento e isso bastava… como sempre…
Todos os teus familiares vieram ter comigo, pediram desculpa, e disseram para não faltar ao teu funeral.
Estive mesmo para ir… sim estive mesmo para ir, e tu sabes, mas no último momento a força falhou, a tristeza aumentou e ficou infindável… impossível de combater, e fui para o sítio onde mais perto de ti podia estar.
Sim, fui para o sítio onde nos conhecemos. Aquela praia à noite onde o meu irmão te levou com os vossos amigos e onde apenas tu olhas-te para mim sem ser apenas como rapariga, mas como irmã do teu melhor amigo que tu tinhas de respeitar.
Recordei todos os momentos, aqueles em que me apanhavas lá a chorar, ou aqueles em que nos atirava-mos para a areia e rolávamos praia abaixo até a água. Uma lágrima brotou, e um sorriso nasceu…
Passaram-se meses, em que eu permaneci calada, triste, meia morta e meia viva.
Hoje faz um ano desde que morreste, e eu olho para a fotografia da tua campa. Estou finalmente a recontar toda a história. Está cá o teu pai, a tua mãe, os teus tios, primos avós. Já ninguém chora, mas todos imaginam como teria sido a vida de cada um se tu estivesses vivo.
Eu já não penso nisso, sei que não gostavas que vivesse agarrada ao passado. Hoje tudo o que sou devo-o a ti, ainda sinto a culpa da tua morte, está cada vez mais leve, mas ainda me pesa nos ombros.
Tenho a terceira carta na mão e só hoje a vou finalmente abrir, mas quando a abrir será na praia, no nosso sítio, no nosso mundo.
Já tudo se afasta, e eu vou embora também. Mas sem nunca me esquecer de ti. Volto daqui a um ano, nem antes porque seria sinal de fraqueza e tu nunca me quiseste fraca, nem depois, porque seria sinal de esquecimento e eu nunca me vou esquecer de ti, por isso daqui a exactamente um ano vou estar de novo contigo aqui.
“O amor não se vive, sonha-se, o que se vive são os momentos de felicidade e esses quero vive-los contigo” foi a primeira frase que me disseste.
Adeus e até para o ano.

A.C. *

Foto de Carmen Lúcia

Começar de novo

Saio da escuridão...
Titubeio,piso em falso...
A luz ofusca a visão,
Persisto no encalço
De ir de encontro à luz!
Esforço-me, cambaleio,
Corpo pesado, passos cansados,
Descompassados, sem precisão...
Recomeçar é preciso,
Livrar-me do castigo
A que me condenei...
Livrar-me dos pecados
Que me foram atirados
Sem eu mesma saber porquê...
Sem direito de me defender...
“Eu, pecadora, confesso...”
A culpa que não cometi,
As dores que muito sofri,
As lágrimas que tanto verti,
Agora volto e protesto...
Quero a absolvição!!!...
Se amar demais é pecado
Morro sem pedir perdão...
Pois amar foi o que mais fiz,
Não me importa se a pessoa errada,
Não me importa se fui enganada...
Mas foi o amor que eu sempre quis!

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