Corpo

Foto de Carmen Vervloet

Sem Limites

O minuto que passa já faz mais velha a hora
E o tempo transpassa os anseios da alma
Na pele o sulco feito na quietude das desoras
Desassossega-me e me faz perder a calma.

Ontem eu tinha a benção da inocência
E meus sonhos voavam livres, sem laços...
Mas perdi, entre escalas, minha santa paciência
E nada mais me satisfaz nesse sufocante espaço.

Nem sei se o que desejo tem nome e é real
Busco algo maior, melhor, intenso, sensacional...
São emoções nunca por mim vividas
São desejos prementes desta alma incontida.

Quero agarrar o ilimitado entre as horas que se vão
Quero desprender, do corpo, correntes e laços
Não quero ver minha alma acorrentada por aço
Preciso voar... voar... tirar meus pés do chão!

Agarrar sensações totalmente desconhecidas
Talvez uma verdade inventada
Que pode até não me levar a nada
Mas que mobilize afeto e emoção
Mesmo que me arrisque à vertiginosa queda
E parta em pedaços meu coração!

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 7

Essa noite eu tive um sonho estranho. E esse sonho, por assim se dizer, foi muito complicado de se decifrar. Nele, os absurdos imperaram. Os seres, sem serem claramente separados como na nossa realidade, lutavam entre si. E os fracos subjugavam os fortes, os devoravam, sem que lhes sobrassem sequer os cadarços. Tremulavam estranhas bandeiras, de estranhas causas, e estranhos países. Crianças mandavam em adultos, que as obedeciam. Outros homens, rendidos, suicidavam-se, alegando merecer o falecimento. Hinos desconexos ecoavam nas paredes pelas ruas tumultuadas. Senti, se é que é possível sentir algo com um sonho, um desejo por uma inquieta tranqüilidade, uma tranqüilidade quase que inviável diante da necessidade das evoluções e modificações. Houve uma voz que conclamava, chamava os santos adormecidos para a fúria das incertezas e das discórdias. Carros aceleravam, carros indomáveis aceleravam com um sorriso irônico em sua parte dianteira. Ouviam-se sirenes, buzinas, caos. Não assimilei bem o que o sonho me passou. Também, não deve ser algo importante...
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O tempo se seguiu.

- A dona Clarisse é boa! A dona Clarisse passou para o nosso lado!

O burburinho tinha razão de o ser. Comentava-se, à boca pequena, que o nosso líder estava mancomunado com os seres dominantes. E o nosso líder não deixava por menos. Ele estava bem mais contido nos discursos de contrariedade aos nossos inimigos. Diferentemente da dona Clarisse. Ela, segura de si apesar das provações que lhe ocorreram, se colocava cada vez mais como uma liderança para toda a comunidade, e com o ponto positivo de se impor de maneira pacífica na resolução dos problemas do gueto em geral. Sendo mais específico, ela era a ponte entre a comunidade e o nosso líder. E esse, cada vez mais distante das necessidades, vinha perdendo a sensibilidade que o levou a ascender à branda influência que exercia aos seres de sangue quente.

- A dona Clarisse é a nossa esperança de vitória!

Tomava corpo uma nova representante do existir do gueto.
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A torta me olhava.

- Dimas...

Era a única que me chamava pelo nome.

- Dimas...

Novamente a ignorei.

- Dimas...

Eu me recolhi. Tinha nojo da torta. Engraçado sentir isso dela. O normal é os outros se enojarem comigo.

- Dimas, você pode até me ignorar, mas saiba que eu te amo e isso é uma verdade.

Senti muito medo de ela estar sempre comigo, em todos os momentos que eu precisasse.
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Parece que tudo me é mais sofrido.

- Inúteis! Ou trabalham direito ou não vão poder comer!

Os mais fracos no gueto são os responsáveis pela produção e preparação dos alimentos, pela limpeza de vias e aposentos, pelos reparos gerais e pelos afazeres menos aceitáveis. Já os mais fortes, por sua vez, garantem a segurança e a fiscalização do cumprimento das regras na comunidade, sendo sustentados para tal, e mantendo o equilíbrio da nossa calma convivência comparada ao tormento horrível da subjugação aos seres de sangue frio.

- Trabalhem seus inúteis, trabalhem!

Até eu subir de vida, será assim.
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- Justo, venha.

A voz de Clarisse era doce e acalentadora.

- Justo, beba.

Clarisse poderia seduzir qualquer homem que bem quisesse. Era uma bela mulher. Poderia seduzir apenas com o nome, que de tão belo fazia jus ao seu significado, de clareza, em meio à escuridão do nosso mundo, rochoso, opaco. E Clarisse, uma pessoa de bem, uma figura moldada para conseguir o melhor e sempre o melhor, não simplesmente seduzia ao homem que bem entendesse. Clarisse, ao invés disso, seduzia o homem do qual precisasse.

- Justo, dorme, dorme...

Ele obedeceu, como em poucas vezes em sua vida.

- Morre... Isto... Morre...!

E com presteza nosso líder foi a óbito.

Foto de wenderson amaral

O que o homem de carne quer?!

E ando a caminhar por entre as veredas íngremes de tua sorte, pois tudo que tínhamos já não mais vive, já não há mais. Se de lembranças me tomo, é pelos sonhos que a teu lado não vivi, é pelos destinos que não segui. Ando a caminhar, sem norte e sem abrigo, sem momentos de êxtases profundos ou sem pensamentos inconstantes. Eu me escondo no amargo escudo dos meus vícios paternais, na cama ao lado vejo a nudez do pecado se entrelaçar nas juvenis curvas de meus desejos, e que desejos! Vejo o teu corpo a chamar-me em viril declaração e no meu coração um turbilhão de ansejos eróticos repousa. Nos teus lábios vejo um tempo que não cansa de existir e não aguento mais a ilusão de viver por amores infinitos! Eu me debruço em seus braços, em teu corpo me deleito e nos seus seios ponho meu pecado mais capital. O cigarro queima por entre meus dedos, e nos meus pulmões a fumaça dos mais insanos momentos vibra e nele se projeta em limiar futurístico. Se amor é fogo que arde sem se ver, então não preciso mais vê-lo, não preciso mesmo dele. Em doses alcóolicas sinto o prazer de minhas entranhas ao gozo de suas sinuosas curvas e em seus mais sórdidos gemidos minhas mãos a te tocar. E não tem limites o prazer! Se é pecado tudo isso, então que seja condenado, pois é pela justa condenação do amor que o homem em carne nasce e se sou de carne, já não mais vivo para injusto Amor...

Foto de William Contraponto

Pout-Pourri Meu Garoto/Menino Moreno

Tem certas coisas
Que não consigo explicar
Como meu garoto sorrindo
Sentado a beira-mar
É tão lindo
As palavras fogem
E o corpo fica louco
Quando ele vem
Encostar-se no meu ombro

Naquela noite na praia
A onda pegou, o coração apaixonou
Não há como escapar
O jeito é se atirar e mergulhar
No desejo de um beijo, no desejo de se amar

É moleque bandido, moreno amigo
Confesso quando estou contigo
Me perco inteiro tentando disfarçar
Que será passageiro
O tanto que te quero namorar

Me deixe ficar assim
A tarde inteira abraçado
Sentindo sua pele em mim
Fortalecendo o amor
Que também espero não ter fim

Garoto moreno, lindo pecado
Um pedaço do paraíso
Perdido aqui comigo
Nesse desejo alucinado
Permaneça pra sempre
Bem ao meu lado

Foto de Fabio rude boy

Solidão

Solidão

Ás vezes não me considero parte desse mundo
Tenho vontade de mergulhar bem lá no fundo
Distante da superfície onde eu fico confuso
Prefiro ficar aqui onde o silêncio me diz tudo.

A solidão ás vezes me conforta
Diferente da multidão que me sufoca
Tento me concentrar mais minha mente decola
Mais tenho um método que traz ela de volta.

Eu preciso de uma vacina anti-monotonia
Por que o vírus que me acomoda causa paralisia
Penso em correr mais meu corpo não reagia
Desistir agora seria apelar pra covardia

Muitas vezes já pensei em recuar
Distanciando-me da onde eu tenho que chegar
A vida me ultrapassa e me faz enxergar
O quanto ela se move sem que eu possa notar.

Foto de Rosamares da Maia

Poema dos Amantes

Poema dos Amantes

Insano é despertar
Das horas nuas,
Apear dos lençóis,

Deixar teu aroma
Com o raio da aurora,
Abdicar de tua pele,

Veludo profano,
Toque de absinto,
Favo de mel.

Fere-me a luz.
Nenhuma manhã
Será o bastante.

Deixa-me voar
Para as tuas noites
De puro pecado,

Perder em ti
O rumo abominável
desta realidade.

Quero consumir
Teu fogo, satisfazer
Desejos, derreter,

Para que recolhas
Os mistérios do
Meu ser em concha.

Num beijo úmido,
Profundo, único,
Sugando-me a vida.

Nenhuma manhã
Será grandiosa.
O dia não vale a pena.

Eu vivo da noite,
Da tua cama
Onde a vida se esvai.

Ferida pela claridade.
Escondo-me, espero-te,
Para renascer contigo,

Emergir dos dias vazios,
Das horas desertas,
Da vida perdida,

Do desencontro de almas
Queixume de bocas,
Do frio cortante.

Há pouca coragem
Para mudar, buscar,
Ralar-se em nova dor.

Se te deixo fugir,
Toco a tua ausência.
É tarde demais

És denso, ficastes no
perfume das fronhas e
Lençóis, grudado em mim,

Penetrando-me o corpo,
Fertilizando-me a alma.
Espero-te na penumbra.

Nenhuma manhã, nada,
Terá a beleza
Das tuas noites.

Nenhum raio de sol
Poderá traduzir-te como
o poente que te despe

Teu enigma noturno é
Livro da lua cheia,
Que a nova decodifica

E se este amor de fases,
Sempre e mais se multiplica,
Sou tua lua crescente,

Lua de amor e fel.
Lua dos amantes,
Lua de mel, clara e nua.

Rosamares da Maia
26.06.2000.

Foto de Marilene Anacleto

Caminhos Que Não Terminam

Caminhos que não terminam, veículos que vêm e vão,
Transpassa um monte, vem outro, caminho de evolução.

Aquele que se encontra na vida e aporta em campo ou praia,
Logo se vê em alegria, a seguir em caminhada.

Aquele que não se encontra tem árvores e curvas na estrada.
Os montes, tal qual problemas, alongam a caminhada.

Receita para viver? Curtir toda esta estrada.
Dos montes, direção firme, das curvas, expectativa
De vir o melhor para a vida.

Espargir, para tudo, a poesia, extrair uma única energia,
Indelével, sutil, sem agonia, sentir o amor a cada dia.

A viagem sempre finda. Tudo de humano aqui fica.
Segue, mãos dadas com anjos, amor recebido e doado,
Sem dor e sem corpo, outra vida, mesma alma.

Foto de Edigar Da Cruz

DEBAIXO DO COBERTO

DEBAIXO DO COBERTO

Senti que minhas mãos vasculhavam debaixo das cobertas sentia uma massagem como se prestasse um tributo de paixão,..
Minhas mãos seu corpo debaixo do coberto
Um ritual que percorre todos os caminhos que seguem o distrito intimo dos corpos.
Pele quente serena envolvente sensual,..
Uma orgia de prazer e sedução.
A extração da chama da paixão,.
Uma combustão pura espontânea de corpos sedentos de paixão,..
Debaixo do coberto o desejo infinito,..
O cheiro do afago quente,..
O ardor de farejar o amago da alma fêmea
Seus lábios aos lábios meus
Um sândalo de prazer quente envolvente entre os cobertores que absorver os poros teus
Colados unidos ungindo prazer
Sentindo a dança dos sentidos dos gemidos de sussurros loucos, envolvente a dança do amor alucinante um puxar de gatilho de amor do sentir a nuca encostar no peito as partes que compadecem as mãos que entrelaçam e suam quero um beijo um toque gostoso quero sentir o corpo entrelaçado de amor e paixão os desejos se copilam de prazer da paixão a pele arrepiada de orgia de prazer alcançada.

Autor: Ed Cruz.

Foto de Edigar Da Cruz

Fala Pra Mim

Fala Pra Mim

Fala para mim ,
E diz simplesmente que fui uma palavra mal rabiscada,..
Fui pincelada de forma obliquas sem tons definidos,..
Fala mim..
O que te faz lembra ainda de mim..
Simplesmente tentei poetizar o nosso amor,..
Desse poema maior do mundo de amor e paixão,..
Vem como veleiro livre aos mares navegar,..
Abraça-me junto ao corpo seu,..
Desses lírios brilhantes de olhos castanhos,..
Beija-me com essência do ser.
E sonho e poesia e a saudade que predomina,..
E o eu te amo de pura tentação,..
Sem você as palavras morrem,..
Es como a linda primavera e o rastro do coração
Apenas escolta-me..á
Asas de anjos em volta nos abençoando,..
Bem divagar em toque de boemia
Em papel de lindas palavras em cartas de amor,..
Meu véu de meu céu
Não deixe essa magia se acabar,. Olha!..
Sou o seu tempo,
Sou o seu templo
Sou seu amigo e seu amor,..
Antes de tudo ninguém te quer tanto
ver bem como eu quero,..
Já sei o que precisa, vamos sai e curtir livres por ai,..
Vem vamos sai passear nas praias da vida,.
Deixa o coração abri!Solta ele para mim,..
Pois o meu está ligado somente ao seu,.
A vida é assim a gente chora de amor,.
Por que sente a falta de quem faz bem,..
O meu coração sente falta desse lindo bem..
De um amor puro verdadeiro.

Autor: Ed.Cruz

Foto de Rute Mesquita

Absolvições de lágrimas ensopadas

Sou inconsciente muitas vezes ao agir de coração nas mãos em vez de uma balança que equilibra, mede e distingue o certo do errado. Sou má pensadora, sou imperfeita, sou uma semente que germina gradualmente e que já provou o sabor amargo das tempestades famintas… tempestades que hoje se vêem à transparência do sol, cravadas no meu corpo.
Sou eu, uma vezes tudo, outras vezes odut… Sou, neste papel, um pedido de desculpas sistemático, que sinto que desgasta o seu receptor… Sou um arrependimento dissolvido nas lágrimas brotadas por querer ser o tudo para aquele amor.

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