Coração

Foto de Sonia Delsin

PÁRA, TEMPO

PÁRA, TEMPO

Se eu pudesse ordenar ao tempo.
Ó, se eu pudesse ordenar!
Daria ordens ao tempo.
Para parar.
Aquele momento eu queria imortalizar.
Morreu meu melhor momento?
Flutuou no vento?
Tudo vira lembrança, pensamento?
Não. Engano meu.
Não morreu.
Volto a ele.
Meu coração dispara.
Dispara.
Se aquieta.
Quase pára.
Por aquele momento anos eu esperei.
E para a vida inteira guardei.
Quando a saudade muito grande ficar a ele vou voltar.
E ele conseguirá a fornalha da minha alma alimentar.

Foto de Gideon

Sem Rascunho

Veio-me a palavra “rascunho”...
é isso mesmo: “rascunho”…
Não deu tempo de fazer rascunho.
Não deu tempo de ensaiar palavras bonitas.

Não deu tempo de comprar um perfume novo,
Ajeitar o cabelo (pode? risos)
Ensaiar gestos no espelho…
Nem dar uma corridinha para sentir-se atleta…
Não teve rascunho…
isso mesmo, sem “rascunho”!

O turbilhão de sentimentos
Pôs-me de ponta-cabeça,
Como dizem os paulistas,
E nem as unhas dos pés tive tempo de aparar…

Não teve rascunho e nem terá…
Tudo é novo, diferente,
E completamente desconhecido para mim…

Questiono hoje se eu amara antes…
Pois o que sinto agora não tem nada a ver
Com o que já sentira no passado…

Meu coração teve de ensaiar, às pressas,
novas batidas, novos ritmos...
A minha mente não teve tempo
De convocar faxineira
Para varrer lembranças esquecidas por lá…

A enxurrada da paixão invadiu-me dentro afora
E está lavando tudo…
Acho que terei de aprender novas palavras,
Comprar novos mapas… tudo novo..

Não teve rascunho,
Só lamento, meio desajeitado,
Não poder ter preparado um poema rimado,
Metrificado e bem formatado…

Não teve “rascunho”...
E nem terá com esse amor urgente
Que arrebata o meu ser sem piedade.

Foto de Gideon

A Solidão e o Celular

Bip do celular. A Solidão tomou um susto.

- Afinal, quem ousa invadir a minha guarda. Pensou ela, rapidamente
Outro bip no celular. Ele, o celular, está lá, sempre bem perto de mim. Não sei pra quê. Não toca nunca. Vazio, feio, sem graça e sem capa. Bateria já meio fraca, mas está lá. Ganhei de presente de amigo que queria me achar. Reclamava que nunca me encontrava. A bem da verdade, ele já estava na estrada de ida, mas era amigo de coração.. Cruzou por mim e se tornou amigo, mas o seu destino era lá pro outro lado… bom amigo.

Bip novamente. Outro susto na Solidão. Ameaço atender o celular. Ela fica ali, olhando e tentando ouvir. Má educada. Que coisa!. Apanho o celular. Ela se apressa em chamar sua irmã, a Decepção. Esta, cheia de liberdade, arranca-o de minha mão.

Ah sim, deixa-me contar. A Decepção é irmã mais velha da Solidão. No início eu a estranhava. Tinha cara feia e jeito de debochada. Não ia muito com a sua cara. Mas, enfim, a Solidão, minha velha e boa companheira de longos anos, queria, que queria me apresentá-la. Enfim, um dia cheguei cansado e desesperado. Lá estavam elas. A Solidão ao lado da Decepção me esperando para dar-lhes um pouquinho de atenção. Disse-me ela, mais tarde, que desde cedo estava ansiosa para a minha chegada. Já vinha insistindo com a sua irmã, há tempo para vir morar conosco.

Neste dia, lembro bem, eu estava me despedindo de coisas que tanto acreditava. Que tanto me fizeram feliz. E que, agora, ruíam, acabavam e transformariam profundamente a minha rotina. Meu coração estava ferido. Não tanto como hoje, mas era o início de uma ferida profunda...

Bem, mas como eu ia dizendo, sentei-me no sofá, como sempre fazia quando chegava em casa pra acolher a Solidão। Levantei os olhos, assim meio sem vontade de cumprimentá-las. Não queria mesmo me tornar íntimo da Decepção. A Solidão me bastava e já fora difícil aceitá-la na minha vida. Já havíamos conversado longamente sobre este assunto. Estava vivendo um momento que parecia feliz, e na minha vida não teria espaço para mais ninguém. A Solidão, sim, esta eu já me convencera que jamais me deixaria apesar de várias tentativas frustradas no passado. Ela é muito insistente, e parece um carrapato. Quando gruda não quer sair nunca mais, mas pra dizer a verdade, uma grande companheira.

Eu estava muito pra baixo naquele dia, somente queria o aconchego da Solidão. Queria estender-me no sofá, com a roupa do trabalho mesmo. Pegar uma coberta bem pesada, ligar a Tv, abraçar-me com a minha Solidão e ficar ali, esquentando da tarde fria, quieto, durante horas e horas, até dá fome e ter que levantar pra comer alguma coisa…

Mas lá estavam as duas. Não tive escolha, estendi a mão direita, torcendo para que o peso do meu antebraço logo fizesse a minha mão escorregar do cumprimento indesejado, mas a danada da Solidão, deu pulinhos de alegria e também agarrou a minha mão. Agora as duas sacudiam o meu braço como adolescentes brincalhonas.

Enfim, a Decepção estava devidamente apresentada a mim. Besteira minha, essa indisposição de fazer novos amigos. A Decepção se mostraria, mais tarde, uma grande amiga e companheira. Ciumenta que só ela, mas enfim, amigona do peito. Agora eu teria de acomodar as duas. Imaginem, duas criaturas na minha vida. Bem, mas dizem que pra tudo na vida tem um jeito. E tem mesmo. Hoje já não a estranho mais. Até me acostumei com elas. E quando elas não estão por perto sinto muita falta.

Bem, mas voltando para a história do celular, que eu já ia esquecendo, ameacei resgatá-lo das mãos da Decepção. Mas aí desisti e pedi, com um gesto no rosto, para ela me ajudar. Ela, feliz e com cara de vencedora e debochada, que insiste em fazer nessas situações, agora já super íntima, claro, riu no canto da boca.
Sabe aquela cara que dá ódio quando alguém a faz para a gente? Pois é, ela é especialista nisto. Estendeu o celular para eu ver. Olhei. Não consegui distinguir bem quem era.Ela, com aquela postura desengonçada de debochada. Pezinho esquerdo batendo no chão. Braço esticado na minha direção, e com o celular em riste. A outra mão na altura da cintura, ria, mas não muito, ria com aquela carinha de debochada mesmo, como eu disse. Ela já tinha olhado, meio de soslaio, para ver quem era, ciumenta do jeito que sempre foi..

Como eu disse, não consegui enxergar bem, mas fingi que não me importava em saber quem era, e continuei fazendo a minha partitura no Encore. Ela, chata e insistente do jeito que sempre foi e sempre será, levantou mais ainda o celular para eu ver, virando o rosto ligeiramente para o lado...

A Solidão se intrometeu, esticou o rosto e apressou-se em me dizer com a voz pausada e de deboche.

- É a Te-le-mar… Men-sa-gem da Te-le-mar…

Era mesmo a Telemar. Sabe aquelas mensagens chatas que ela insiste em nos enviar, como se tivéssemos tempo e dinheiro para ficar entrando em seus joguinhos idiotas, feitos por programadores idiotas, e concebidos por analistas mal pagos da Telemar… idiotas também!!?.

Calma, calma, calma e calma… É isso, ufa! Sempre que a Telemar subestima a minha inteligência e importância eu fico assim. Irritado.

Espera aí! Eu disse Inteligência? Importância? Não, não disse, ainda bem, só pensei. Senão as duas, iriam me chavecar a tarde inteira. Bem, mas enfim, era a Telemar! Fingi que não via a Solidão ali, parada, pertinho de mim e esperando alguma reação.. Mas a danada, sei lá como, conseguiu perceber a minha cara irritada, e fez questão de dizer em voz alta para eu ouvir…

- Você não tem amigos, seu bobo… quem poderia ser?

Ameacei, com raiva, sem olhá-la, dar-lhe um peteleco.! Ela deu dois pulinhos para trás, se juntou à Decepção, que já tinha se afastado para recolocar o celular no lugar, e ficaram repetindo…

- Você não tem amigos, seu bobo..
- Você não tem amigos, seu bobo..

Fiquei em silêncio, fingindo não ligar. Com um sorriso sem graça, e sem graxa, no canto da boca. Teclava o “j” repetidamente na partitura do Encore, meio esperando elas se irem para continuar o meu trabalho.
Veio-me a lembrança um quase amigo que fizera, dias desses. Deu vontade contar para elas, só para matá-las de raiva.…

Até conversei uns minutos com ele, lembrei. E, p-e-l-o c-e-l-u-l-a-r… Deu vontade falar assim, soletrando mesmo. Para deixá-las morrendo de raiva…
Acho que elas perceberam que eu não estava bem, e então a Solidão se aproximou devagarinho, com medo de outro peteleco, e.chegou bem pertinho. A Decepção também veio, me olhando pelos ombros da Solidão. É sempre assim, quando uma se aproxima, a outra acha que tem o direito de participar, e para piorar tudo, sempre combinam as coisas contra mim. Ufa, que raiva que tenho delas, nunca se desentendem por nada. Enfim, a Solidão me perguntou..

- O que foi Gimago, você quer dizer alguma coisa e não está conseguindo?
Então eu disse. Tomei coragem e contei..

- Vocês são umas idiotas mesmo. Dia desses quase fiz um amigo, suas bobas...

Elas recuaram olhando uma para a outra sem acreditarem. A Decepção ainda com aquela cara de deboche, e a Solidão com a cara de espanto exagerada que sempre faz.. Perguntaram-me, quase em coro…

- Quando foi isso. Qual o nome dele?

Eu, relutei, gaguejei, mas tinha de dizer, senão iria passar por mentiroso. Disse meio que enrolando as palavras, para elas não entenderem…

- Foi um tal de E-n-g-a-n-o…

Elas ficaram sem ação e em silêncio. A Solidão quebrou o gelo, olhou para os lados, e disse para a Decepção..

- Acho bom a gente deixar ele um pouco só…

E se foram, não para muito longe, pois sabem que eu preciso delas em todos os momentos.

Foto de Sirlei Passolongo

Pra você Brilhar!

Um sorriso
uma flor
um anjo de Luz
um cheirinho
de pétalas
no seu travesseiro,
um toque de sol
entrando na fresta
do teu coração

Uma melodia
que te faça cantar
A Paz no teu dia
Muito amor
no teu lar
O sol de novo nasceu
pra você Brilhar!

(Sirlei L. Passolongo)

Foto de angela lugo

Pensando em você

Vou fazendo viagens imaginárias
Entregando-me as imagens que faço
De quando estamos entrelaçados
Naquela nossa cama aconchegante
Com os lençóis desalinhados
Em nossa pequena ilha de amor
No meu pensamento somente você
Sentindo teus carinhos a me enlouquecer
Fazendo-me sentir no seu interior
Navegando num rio de paixão
Onde a parada é o seu coração
Ouço-a pedir... Toque em mim
Deixe meu mundo com o seu fundir
Navegando em profundezas sem fim
Assim vou deixando as imagens vagar
Até o dia em que te encontrar
E não mais precisar sonhar
Somente em teus braços me aninhar
E como no conto de fadas
Para sempre contigo estar
Na viagem da vida real


Foto de Henrique Fernandes

FAROL DA AMIZADE

.
.
.

Detenho o silêncio com um gemido
Que verte a falta da tua presença
Anulo a escuridão num verso sentido
Comprimo distâncias na tua confiança

Vou encontrar o por descobrir em ti
Hipnotizo a vida no fio da tua afeição
Destranco a autonomia de te ter aqui
Deambulado no planear do coração

Cais água no lago das minhas ideias
És flora que me adorna de energia
Tua virtude é resplendor das candeias
Que afogueia a cegueira do meu dia

Falas um silencioso clamor de amor
Alma sibilante ao tímpano da verdade
Abraço estendido a colher teu fulgor
Neste baile ao farol da tua amizade

Foto de DAVI CARTES ALVES

ESSE AMOR RESSUCITARÁ EM TI

Triste,
não é arfante e pressuroso
transpirando a tua luz deleitosa,

beber o desprezo
em sua taça coleante de triunfo
marchetada de serpentes com cinta-ligas
e aranhas sem ferrão

triste mesmo,
é saber que,
pode não haver espaço
para mais um jazigo
em seu faminto,
porém gélido e sepucral,
coração.

poesiasegirassosis.blogspot.com

Foto de DAVI CARTES ALVES

MAS VOU TENTAR DE NOVO

Que pretensão a minha
conquistar você,
tuas virtudes & encantos ,
me instilam a vestir-se com
confiança e coragem de leão

pretensão
que possui o mesmo
sentimento da eficácia
do escorpião negro, depois do bote

entretanto,
partis-te meu coração
em seu punhal de naja altaneira
e ainda tenta costurá-lo
com seu salto - agulha - de arraia.

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Cecília Santos

MEU LADO CONSOLADOR

MEU LADO CONSOLADOR
#
#
#
Queria poder me dizer,
tantas coisas.
Tirar essa angústia do meu peito.
Tirar toda dor do meu coração.
Queria me devolver a alegria.
Queria ver o sorriso bailando
em meu rosto novamente.
Ah! Como eu queria me devolver.
o amor perdido.
A paz já esquecida.
Queria me devolver o
brilho do sol.
Me fazer ver que o arco-íris
é mais lindo.
Depois que passa as tempestades.
Que o balanço do mar, continua
embalando todos os sonhos.
Com suas vestes de renda,
e seu perfume salitrado.
Queria me dar a calmaria
de um dia feliz.
Como a areia branca sempre pronta
pra receber as ondas do mar.
Ah! Como eu queria ser eu novamente...!

Direitos reservados*
Cecília-SP/02/2008*

Foto de Dirceu Marcelino

INSPIRAÇÃO II - DILEMA DA INSPIRAÇÃO

*
* Homenagem a Fernanda Queiróz
* - Nossa Professorinha -

Um dia levo uma rosa em botão,
No outro levo uma maça corada,
No outro, já levo meu coração
E no quarto uma rosa perfumada.

Sou assim, não adianta: emoção,
Amizade há que ser dispensada
Com ternura e muita devoção,
Não só aquela mulher com nós casada,

Mas sim aos frutos da inspiração,
Às musas e poetisas encantadas,
Que trazem-nos toda a recordação,

Dos fatos e atos de vidas passadas
De alegrias, de amores e paixão
Lá no fundo d’alma acondicionada.

Páginas

Subscrever Coração

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma