Choro

Foto de Sonia Delsin

INTOCÁVEL

INTOCÁVEL

Acaricio levemente meus lábios macios.
A pele de minha face...
Fecho os olhos.
Acaricio meu nariz, as sobrancelhas. Os cílios.
Deslizo os dedos por entre os meus cabelos, afago minha testa...
Me pergunto:
O que me resta?
Continuo acariciando meu rosto.
Se bem que tem hora que isto me traz um desgosto.
Me traz lembranças.
Tantas mentiras.
Ou não foram?
Quem é que sabe a verdade inteira.
Choro por besteira.
Desço os dedos pelo pescoço. Busco meu colo macio.
Os ombros ossudos.
Noto que estou mais magra.
Desço pros seios.
Ainda belos.
Ainda.
Desço mais.
Paro a mão no umbigo.
Penso na minha mãe.
Num dia tão longínquo.
O dia que cheguei aqui.
Ela diz que eu sou uma sobrevivente.
Que nasci de forma diferente.
Mas que dia aquele!
Chegava uma poetiza no mundo.
Já nascia fazendo poesia.
Trazia alegria.
E também dor.
Continuo a deslizar a mão pelo meu corpo.
Membros, curvas...
Converso a beleza.
Agora eu quero falar de uma beleza intocável.
Aquela que não se alcança com dedos.
Mas com o coração.
Houve um homem que me acariciou assim um dia.
E pra ter de novo este homem o que eu não daria.

Foto de Marcos Pinto

Como?

Como é que houve entre nós amor
E deixou de haver?
Não era um sonho, eras real e eu também
E não sei como isso foi acontecer

E até hoje pergunto a mim
Quem foi que amei, beijei e entreguei o meu destino
Mas agora depois do fim
E eu acreditava em contos de fada, pobre de mim
Coisas de menino

O que mudou? Onde mudou?
Se tu és a mesma, o teu sorriso é o mesmo de sempre
E o mesmo ainda sou, aquele que sempre te amou
Tenho este sentimento que continuará para sempre

Hoje choro, porque te procuro e te encontro
Queria tanto que deixasses de existir um dia
O que vai acontecer no dia do nosso re-encontro?
Mas isso parece uma utopia

Porque tu fojes e eu sei que o fazes
Tu não queres encarar-me e eu não sei porquê
Será que ainda existe amor? Será que sobrou?

Foto de Marcos Pinto

Resistência

O barulho já não me faz mal
agora é o silêncio que me ensurdece
O meu choro já não é normal
E o meu dia sempre escurece

As saudades viram dor
E aquilo que antes se chamava amor
Hoje chama-se rancor
Pois conseguiste machucar a flor

A flor que outrora regaste
E com ternura e carinho cuidaste
É a mesma que hoje deixaste
Sozinha e jamais voltaste

E agora ela murchou, perdeu a cor
Mas não chegou a morrer
Mas está a procura de um novo amor
Pra faze-la renascer

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

INTUIÇÃO:

*
*
*"INTUIÇÃO!
*

Senti certo aperto no peito,
Uma falta de ar a me sufocar.
Uma angústia me tomava,
Minha alma suspirava.

Febre eu tive, Cali frios,
Parecia que algo estava a me avisar,
Que hoje comigo você não iria estar.
Derrepente o vento me tocou,
Como se a mim por algo você se aproximou,
Mas quando prestei atenção
Era tudo em vão,
Apenas minha imaginação.

Por um momento senti o vento forte
A me envolver,sentia que perdia
Você....Seria minha imaginação?
Ou uma intuição?

Horas se passa, eu na aflição:
Num batimento acelerado,
Sofria meu coração.
Quando me chega a noticia;
Que pra sempre eu teria
Perdido você então:

Da vida só me restou lembranças,
Choro feito uma criança.
Sem nunca mais ter esperanças,
De te ver-te de novo então:

Entre a vida e a morte,
A vida me mostra o que vivemos,
Me trás boas lembranças,
A morte levou um pouco de mim,
Junto contigo.
Eu tive intuição:
Mas infelizmente, não
Pude ajudar-te meu coração:

Não vou te esquecer então:
Essa intuição que me pois a sofrer,
E por você nada pude fazer:
Apenas a minha intuição:
Veio me alertar.
Pra sempre irei te amar!

Anna: 23/04/08 ( A FLOR DE LIS )*-*

Foto de Dirceu Marcelino

ROSAS AMARELAS DO AMOR

*
* Homenagem à VANESSA BRANDÃO
* e a minha co-autora da inspiração
* desta singela poesia: "SEMPRE-VIVA"

Amigas são os espinhos das Rosas...
Elas são tão lindas e têm espinhos,
Mas elas são tão meigas e graciosas
Que não espetam sequer passarinhos.

As rosas são flores esplendorosas,
Símbolo do amor e dos quentes ninhos,
Onde se aquecem nas manhãs radiosas,
Os singelos e tenros filhotinhos.

Assim são Mulheres lindas e graciosas,
Destemidas a guardar os pequenininhos.
Corações: Sempre-livres de todas as rosas

“Te imagino”, uma flor, um pedacinho,
Do céu e com outras, num buquê-de-rosas
Formam a áurea do amor amarelinho...

.................................................Do A M O R

NB. Sugiro que ouçam como fundo desta singela poesia a música: 'TE IMAGINO", de ROSANA, que eu ouvia no momento em que a escrevia, logo após recebê-la de minha amiga SEMPRE-VIVA, lá do EUA. e, lógico, também, com a música ROSAS, de "Pixinguinha", mas que peço que minha amiga VANESSA BRANDÃO, em caso de fazer vídeo-poema, utilize a música ROSAS, cantada por minha prima Márcia Mah, que consta do CD "CASA DE MARIMBONDO", CHORO CANÇÃO.

Foto de Civana

Vazios (Coletânea de poemetos)

**Vazio**

Saudade de tudo
que não conheço.
Vontade de nada
que já tive.
Gosto docemente lindo,
que amarga cruelmente.
Sons puros e melodiosos,
que embalam a desarmonia.
Lembranças sufocantes
do...nada.

**Vazio II**

V ento frio
A migos perdidos
Z elo esquecido
I nsatisfação...
O mal que fere o coração.

**Vazio III**

Desprezo, raiva
decepção
mentira, falsidade,
traição
desconfiança, abuso
desilusão
mesquinharia, futilidade
omissão
cobiça, inveja
pretensão
trapaça, deslealdade
dor,
foi o que restou.

**Vazio IV**

Calada
inerte
fico
GRITO!

Após tantos vazios...

A lua se despe
e deita na rua,
encontro de corpos
vazios,
vorazes,
vida crua.
Choro de almas
sonhadoras,
sofridas,
morte nua.

(Civana)

*
*
OBS: Fiz essa coletânea de poemetos, formando um único poema, mas retirei do "5º Concurso Literário" os mesmos que havia postado separadamente.
Bjos

Foto de Henrique Fernandes

GELO DA SOLIDÃO

.
.
.

Paira um manto de suspiros
Prolongados por uma angustia
A alegria que me viciou outrora
Neste momento é um palácio em ruínas
Onde pássaros sem asas
Fazem ninhos de espinhos
E o tempo decadente atalha as rugas
Que rubricam a minha tristeza
As minhas horas que já não conto
São de Inverno rigoroso
Aqueço a alma no gelo da solidão
Com um calor mórbido
São múltiplos tesouros por descobrir
E eu tento escapar ao peso da pedra
Que me sepulta nesta cova
Tão escura quão recheada de nada
Envolto por muralhas de batalhas
Embandeiradas de luto e revestidas
De lágrimas que festejam a minha derrota
Sou aposta de um sonho
Que é carta fora do baralho
A vida preza-me veneno puro
Meu choro é um grito sinistro
Atormentando até as serpentes
Que rastejam nos meus desejos
Mas não consigo morrer para a vida

Foto de Cecília Santos

PROMESSAS EU FIZ...

PROMESSAS EU FIZ...
#
#
#
Promessas eu fiz...
Mas não cumpri, desfiz.
Jurei não mais chorar.
Mas é tão difícil parar.
Choro minha vida vazia.
Choro por não saber,
como preenchê-la sem ti.
Noites mal dormidas.
Devaneios sem rumo.
Caminhos atalhados.
Choro por minhas
lágrimas caídas.
Choro por teu
sorriso desfeito.
Choro as lembranças
espargidas.
Sei que promessas, eu fiz...
Juro que tentei cumpri-las.
Mas foi impossível pra mim.
Choro a saudade doída.
Choro a paz que você queria.
Choro a vida que você teria.
E chorando vou seguindo.
Contando as estrelas do céu.
E os grãos de areias do mar.

Direitos reservados*
Cecília-SP/04/2008*

Clip musical (KLB- Ela não está aqui)

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 4)

A se catar, como passara a fazer diariamente durante os últimos anos, a montanha se surpreendeu com algo estranho, entre ramos franzinos de um jovem arvoredo. Já havia visto coisa parecida e sabia não ser nada que a natureza produza de boa vontade. Logo a brisa trouxe um cheiro desagradável e ameaçador de fumaça, e tudo então ficou claro. Aquilo era uma gaiola, dentro havia um pássaro aprisionado e do lado de fora uma rede. O pássaro preso cantaria o seu canto, isso provocaria outro pássaro da mesma espécie, que viria reclamar seu direito aquele território e pronto, ficaria também este aprisionado para o resto da vida. Só pode ser coisa de gente ― asseverou a si mesma ― em nenhum lugar do mundo a natureza é tão cruel por tanto tempo. Embora possa parecer também cruel, o fardo do Criador é leve e o seu jugo é brando. A alguns metros para baixo dois homens, um maduro e outro bem jovem, fumavam os seus cigarros de palha, e riam, sabia Deus do que, tentando não fazer barulho.

Indignada pelo uso das suas encostas para tais fins, ela pôs-se a matutar numa forma de fazê-los correr de ladeira abaixo. Depois, em um segundo passo, encontraria um jeito de libertar o bichinho, de quem já se compadecia por demais. Até porque, ele parecia um pouco com o seu querido pintassilgo. A montanha começou então a produzir uma série de truques, como fogos-fátuos e sismos comedidos, pequenos segredos de uma velha montanha que, entretanto, não surtiram o efeito desejado e ainda assustaram a bicharada. Impaciente, a montanha batucava numa laje com as pontas dos dedos, usando para isso a queda d’água de uma tímida cascatinha que havia por perto, quando o pássaro da gaiola começou a piar a cada vez com mais disposição. Era um indício certo de que logo ele estaria cantando a todo peito. Necessário se fazia que agisse mais rapidamente, o que, para uma montanha milenar, não é lá uma coisa das mais fáceis e cômodas, a se fazer naturalmente.

Como os homens se mostravam inabaláveis, talvez insensatos por sequer imaginar o imenso poder de uma montanha, pensando bem, por demais burros simplesmente, ela optou por tentar impedir que o passarinho desse vazão aos seus impulsos canoros. Para isso, ela se aproveitou de um ventinho e se aproximou do arvoredo dissimuladamente. Chegou-se bem pertinho e, respirando antes profundamente, entrou na gaiola. Todavia, tamanho foi o seu susto, que saltou do ventinho e recolheu-se nas suas profundezas. E lá perambulou durante algum tempo. Aquilo tudo mais lhe parecia uma peça do destino. Vagou por entre as suas lembranças sem fim, relaxou nas suas profundas escuridões, onde os sóis jamais chegaram, e banhou-se nos seus refrescantes lençóis subterrâneos. Reconheceu por fim, que poderia estar fugindo da verdade, e isso é algo que uma boa montanha jamais deve fazer. As montanhas são sábias e fortes. Vivem muito e é justo que o sejam. Não conhecer uma determinada verdade pode ser um direito, mas tentar impedir a sua revelação é uma idiotice, uma fragilidade. A mentira ou a ilusão podem ser mais agradáveis à razão em certos momentos, no entanto corrompem os sentidos de ser e existir. Estava tentando criar uma certa realidade paralela e perdendo com isso um tempo muito precioso, que talvez custasse caro a outros pássaros.

Outra vez tomou-se de ânimo e voltou à gaiola. E lá, todas as suas parcas esperanças se dissolveram, à luz claríssima do sol que já se erguera todo acima do horizonte. Não podia mais negar, era mesmo o seu pintassilgo e, misteriosamente, cantava como um menino. Mas que ironia cruel! Teria que tentar interromper a sua inspiração, depois de tanto tempo lamentando a sua ausência. E nem tinha naquele momento mais tempo para as suas reflexões, pois um outro pintassilgo, pleno dos arroubos naturais da sua evidente juventude, já cantava e fazia manobras rasantes cada vez mais próximas à rede, com intuito de intimidar o outro, um velho inconveniente e abusado, um intruso, imperdoável. Embora não pudesse concordar inteiramente, a montanha percebia os pensamentos e a determinação do jovem, corajoso e afoito como todos os jovens. Mas a Providência concede maior proteção a eles, e ela estava ali para exercer esse papel. Ao antecipar que no próximo rasante ele ficaria preso na rede, numa atitude exageradamente emotiva para uma montanha, ela pressionou suas entranhas com tanta força, que os gases subterrâneos liberados provocaram uma ventania súbita e empoeirada. Correndo para encontrar um abrigo, os homens se afastaram, sem se dar conta de que o ramo não suportara o peso e a gaiola havia caído na relva.

Os segundos tornaram-se angustiadas eternidades. Ela viu os ventos se enfraquecerem até pararem por completo. A gaiola tinha uma pequena porta corrediça que com o tombo se abrira, os homens voltariam para buscá-la a qualquer instante, porém desgraçado era o desespero da montanha, porque o pintassilgo não encontrava a saída. Pulava pra lá e pra cá, estranhava os poleiros que estavam então na vertical, pendurava-se nas varetas de cabeça para baixo, porém nada de sair. Enfim, o mais jovem dos homens chegou a tempo de fechar a portinhola, satisfeito por ver o bichinho ainda do lado de dentro, e voltar ao encontro do mais velho. E a cascatinha afinou-se mais ainda, como o choro triste da montanha, perdeu a ansiedade.

(Segue)

Foto de Drica Chaves

Cenas de Infância

Tomar chuva
Amanhecer sonhando com um doce
Pular corda
Jogar bola
Correr de pés descalços
Viajar achando que o sol pega carona no carro
Ouvir uma melodia
Cantarolar para os vizinhos
Rir até de um passarinho
Caracóis... e lagartas verdes dependuradas em árvore.
Colher flores e enfeitar os cabelos
Boneca aqui, boneca ali
Arruma-se tudo, escola...
Dever de casa.
E deplorar-se num choro sem causa
- Mãe, conta uma história!
- Era uma vez...
E adormecer... e sonhar... sonhar...
Com anjinhos de asas ENORMES!

Drica Chaves.

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