DEPOIS DE TER PERDIDO UM AMOR
Rosas, Vejo-vos florir, neste acalanto,
do fino orvalho das manhas de inverno...
E vós, me vedes aqui, chorando e terno,
perdendo a noite amargurado em pranto...
Vós que estás florindo nesta hora,
molhadas pelo orvalho, delirando,
não sabeis que estou aqui chorando,
enquanto deleitai-vos à luz da aurora?
E as rosas me disseram, quase em coro:
-- Vê, amigo nosso, em nossas cores,
esse orvalho que vês, não é orvalho, é dor
que em nossas pétalas escorre como um choro..
E eu pedi: -- Porque choras, se o orvalho é doce?
E ouvi das rosas tristes uma promessa:
-- Cansadas, de te ver tão triste, moço
abrimo-nos aos ráios que começam.
Mas, veio o orvalho, em nós e em ti, o pranto.
Não julgues que este orvalho, que aqui escorre
em nós, nos é um doce acalanto.
Porque sem o teu amor, que em nós trancorre
o sol ardente queima e agente morre...
Nestas hastes, imprestaveis e sem proiveito.
Pois, uma rosa, amogo nosso, quando flore,
é para algum amor servir de enfeito.
E eu, pensando no amor que foi perdido,
já misturei o pranto do meu amor
ao pranto das rosas que me deram ouvidos.
ESTE POEMA É UMA HOMENAGEM
A UM MENDIGO POETA DAS RUAS DE ARARUAMA (R J)