Cara

Foto de Fatima Cristina

Nao quero mais!

Sei q menti, sei que a mentira te matou, e a tua reencarnacao foi adiada.Nao foi verdade, foi mentira e ilusao, a dor foi real porque mesmo vivendo um sonho, consegui sentir a dor, uma dor enorme, que me matou, que me quebrou o coracao.E que foste tu???Que fomos nos os dois???Nao foram actos nem palavras, nao foi certo, nem foi errado...Eu quis te, eu me entreguei mesmo sabendo que nao serias nunca realmente meu, no entanto continuei a amar te, a querer te, colhi o q plantei, plantei o meu amor e colhi o teu odio, a tua indiferenca.Que fui eu pra ti?Diz me porque quero saber!Diz me mesmo q seja mentira, eu nao me importo.Melhor que tudo foi olhar te e nao poder tocar te, foi querer algo que nao tive jamais, um amor, um rosto, um corpo, um sorriso, um sentimento.Rezei, rezei pra que tu e eu fossemos imunes, no fim apenas tu foste imune, a mim, ao meu amor, ao meu sentimento, conseguiste porem usar meu corpo, meu sorriso.Nao quero mais!Nao quero mais pensar em ti, pensar que te perdi, pensar que nunca te tive, e porque raio continuo eu a dizer que te perdi, se nunca te tive aqui??!!!
Das palavras que afirmavas, da loucura dos teus gestos, de quando me viravas a cara, e me deixavas desfeita em lagrimas, por isso tentei vezes sem conta arrancar a alianca do meu dedo, esquecer me que entre nos existe um compromisso, do qual Deus foi testemunha.Digo que n quero mais, mas ainda n sei como estar sem ti, sem sentir a dor que me causavas.No fundo eu amo te, e odeio me por te amar e nao me amar a mim propria.Mas que digo eu sem nada proferir???!!Eu queria poder ter te, minha vida estaria quase completa contigo, mas depois eu vou querer mais, e sempre mais... e entao foi quando eu percebi que por tudo querer, tudo perdi!

Cristina Costa

Obrigado.

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia,
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olhos para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; nem porque estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, não chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como um fantasma – não posso fugir.
Me angustia, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade esta mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido.
Pequenas e grandes coisa, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Te chupo como uva, urino no esgotos - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é me anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão eu espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei onde vou.
Virei olhando seu rosto uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha roupas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância vou embora você – é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marcas os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova sou invisível - nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre roubas um pouco.
Solitário, nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Te chamarei de Rodrigo, pelo menos rima com quem
- da felicidade é mendigo.
Agora te pergunto ou digo; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para este tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura

Foto de Klebber Moura Barcelos

O tempo não Para

Às vezes eu para e penso.
O por que viemos?
Qual o nosso objetivo aqui?
Será que podemos viver com alegria?
Acho que não!
Tem momentos na vida,
Que agente não entende o porquê.
Às vezes o dia e uma maravilha.
Outros um desastre.
O bom e ser amado.
Ai todos os dia fica cor de rosa.
Tudo fica bonito.
Para min os dias estão coloridos.
Eu olhos para qualquer lugar e vejo um rosto...
Um rosto bonito, meigo.
E paixão? Amor? Afinidade?
O que será?
Só sei que vou esperar.
Mas quanto tempo?
Quero muito, penso muito, desejo muito.
Alguém me amarrou.
Não consigo me solta.
Mas soltar para que?
Eu não quero.
O que eu quero mesmo,
E amar, beijar, abraçar.
Tudo que tenho direito.
[...]
Não pense, haja!
Quanto mais demora,
Perdera mais.
A vida r um carro.
Se você para ele para.
Se corre de mais,
Você morre!!!
Leve a vida com cautela.
Avance o sinal.
Mas com responsabilidade.
E como diz um grande amigo meu.
“Sangue na veia de jovem não corre, tira racha.”
Jovem apaixonado, e um caos total.
Fica com medo.
Mas no fim da tudo certo.
Eu estou amando.
Eu estou com medo.
Se der certo, “beleza”.
Mas, se der errado.
Cara o mundo vai desabar.
Não sei se conseguirei viver,
Sabendo que tem alguém sofrendo por min.
Mas tudo bem.
Se tiver que ser assim, assim vai ser.
Não vou ficar insistindo.
Mas também não vou me dar por vencido.
Quem ama sofre,
Que sofre sente,
Quem sente luta,
Que luta, “VENCE”.
E por enquanto, os ventos da felicidade estão soprando há favor de min.
Então, deixo rolar.
Só o tempo dirá.
E minha vez vai chegar.
E quando chegar,
Eu aproveitarei ao maximo.
E uma chance dessas,
Não encontramos na esquina.
Mas sim numa brecha que a vida te mostra.
Não tenha medo de seguir.
Porque com certeza, no final,
Estará a felicidade.
E seu nome escrito em baixo.
Mostrando que sua coragem,
Deu-lhe um premio. “Maravilhoso”.
Que você não deve perdê-lo nunca.
Agarre todas as chances que você tem.
Porque o tempo, o tempo não VOLTA.

Foto de jgdearaujo

Cersceu

CRESCEU

Não precisava ter ido até lá, mas foi.
Chegou mais cedo, junto do sol.
Nada no bolso, menos nas mãos.
Cara de quem quer tudo...

Não precisa ter ido tão fundo, mas foi.
Assaltou-lhe um desejo incontrolável de ousar
e, não tendo como suportar, cruzou a linha do arco-íris.
Jeito de quem quer sempre tudo...

Não precisava ter tantas certezas, e não as tinha.
Mesmo que parecesse estranho, incoerente,
Desejava pouco menos que nada.
Contentava-se com as sobras...

O vento o conduziu para o norte,
Para o sul, oeste, leste...
Ao sabor do vento, tomou seu rumo
Construiu seu destino. Escolheu.
Escolheu seguir a direção do vento

Não sabia o que queria... Mirava o horizonte.
Subidas e descidas pareciam-lhe iguais...
Olhos e bocas, feições...
Vozes agudas e roucas,
Rostos, corpos... luz e sombra,
Céu e mar... mar e céu...
Tudo lhe parecia exatamente igual
Tudo lhe parecia seu. Tão seu que não queria nada...

Contentava-se com as sobras... restos de carinho,
Sorrisos amarelos lhe pareciam belos...
A vida parecia bela... a vida, vida...

A vida passou... cresceu!
Agora precisava de certidão de posse,
Exigia dotes... os corpos... ah, os corpos!
Eles não eram iguais... ah, as vozes roucas!
O perfume na penumbra, os toques...

Agora queria tudo... e teria...
Apenas uma certeza, certeza
A morte. A esperar atrás da porta
A espreitar os sonhos e a fazê-lo
Querer que o tempo volte.

Foto de TrabisDeMentia

A moeda do amor

Viro a cara ao céu e a coroa á cara do chão
E eis que de repente estridentemente me salta da mão
E corta o ar, sem parar de girar corta o ar
E corta o ar sem parar de girar

E girando, bailando, radiante, diante do meu olhar
Como se adorando, mostrando que se quer mostrar
Cai áspera e seca na minha mão
Mas tanto salta e ressalta que me escapa e se escapa pro chão

E então me ajoelho e me encho de esperança
E eis que ela canta e comigo engraça
Esperando o desfecho ela quase me abraça
Mas maior que o desejo é a minha desgraça

E deixo-a perdida naquele turbilhão
ao qual uns chamam sorte e outros razão
e deixo-a perdida naquele turbilhão
com mais uma estaca no meu coração

Foto de RLeblanc

FLASH DA VIDA.

Ao se deslumbrar, piscar os olhos,
Por não acreditar
em ver a graciosidade e a doçura de alguém,
que te conquista com um simples sorriso,
tão simples quanto piscar os olhos.

Da negação ao mal trato,
do sorriso a cara fechada,
Tudo para ocultar o desejo carnal,
Proibido e inconseqüente.
Num piscar de olhos.

Vejo..
o falar macio e o sorriso da mentira,
A fala fácil ao pé de ouvido,

Até conseguir o que deseja...
A indiferença mostrada,
sem se importar com suas conseqüências,
e ver a prepotência contida,
que explode não forma de um tapa.. plapt
Toda a fé difundida e exercida
num ato simples, tão simples como
...piscar os olhos

Piscar pra acordar pra realidade,
ao acordar e ver o passado de volta,
que pode te ligar, conversar e relembrar,
Que de uma forma ou outra é razão do nosso presente,
E traça o nosso futuro

Frio e calculista, te rodeia,
Analisa, procura,
Prepara-se para dar a mordida fatal.
Na displicência, a aprendizagem da adolescência.
Presa fácil para alguém oportunista,
Experiente, inescrupuloso,
a procura de um alvo fácil,
é destroçado...
...num piscar de olhos.

By R.LeBlanc

Foto de Catarina Cathy

pelo cigarrinho...

Por momentos pensei que te tivesses ido, que nunca me tinhas ouvido, que aquilo que para mim era importante, para ti não fosse mais.
Pensei que tinha sido em vão. A tua voz, onde estava, naquele momento de aflição?! Mas não… respiraste, suspiraste e chamaste: “Amor?”
Chorei de alívio. Não tinhas morrido, desanimado, desaparecido. Mas então que acontecera?? “Amor?” – a tua voz de novo. Respondi. Disseste que tinhas adormecido!
Chorei ainda mais. Ao menos que tivesses desaparecido! Agora adormecido?? Num momento daqueles?? E ainda querias que não duvidasse do teu amor…
Por momentos pensei que não te importasses, mas lá te explicaste: “fumei”.
Ainda por cima! Fumaste…
Sabias o quanto detestava isso e foste a trás do prazer do momento. Ao menos tivesse sido tabaco… mas adormeceres por causa duma gansa?? Chorei. Era mau…
Mandei-te coisas à cara, coisas que não sentia. Não queres saber de mim, dizia eu, não te preocupas! Entre soluços, lá te maltratava.
E choraste também. “Prometo que é a última vez! Nunca mais lhes pego amor! Prometo-te!”.
Se antes de mim não pegavas, porquê agora?! Estarias infeliz comigo?
Mandaste-me aquela carta, com o maço de tabaco para deitar fora. Guardei-o. Foi um gesto bonito, o teu.
Agora andas irritado e dizes que é de não fumares… que coisa tão estúpida. Ao menos põe as culpas noutra coisa! Não tivesses começado… não tivesses experimentado…
Paras com isso? Eu amo-te e estou farta de me sentir culpada.

Foto de JOSE LUIS FERNANDEZ

Eu amo

Eu amo,
Adoro o mar,
As nuvens,
O sol,
Tua cara envergonhada perante ele,
Tua duçura expressa em palavras,
Os amigos que nos acompanham nesta tarefa,
Enfim!
Eu amo a vida,
O mundo e a verdade.
Principalmente a tua,
Contada na primeira pessoa,
Sem enfeites,
Sem rodeios,
Quero saber na verdade quem tu és,
Teus pensamentos,
Tuas perguntas,
Teus desejos mais intimos.

Foto de Fernanda Queiroz

Antes que o Ano Termine...

Conto Literário

Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.

O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.

A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.

O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.

Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.

Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...

Fernanda Queiroz

Direitos Reservados

Foto de Luís_F1

A um grande amor

Amor pouco a pouco me conquistou,
uma garota com quem qualquer cara sempre sonhou.
Qualquer cara a amaria,
por que eu não o faria?

Essa gata me faz pirar,
com sua beleza e simpatia,
eu estou a amar.
Se não fosse ela eu não sei o que seria.
A ti faço essa poesia.

Você é muito legal,
eh a mais bela.
Em um mundo irracional,
não és somente aquela.

Amei te conhecer,
e agora amo você,
como você deve saber,
por você é bom viver.

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