Capacidade

Foto de Carmen Lúcia

Impeça-me!

Tire-me o chão,
O rumo, a direção...
Corte minhas asas,
Impeça-me de voar...
Arrebata-me os sonhos,
O meu direito de sonhar...
Veda-me os olhos
“O que os olhos não vêem,
O coração não sente...”
Mas, pressente...
Lacra-me o sorriso,
Sorrirei com a alma, com a mente...
Escreva o meu destino,
Registre-o em seu pergaminho...
Cerque meus caminhos,
Obstrua o meu caminhar,
Excite a minha sede
Mostrando-me água a jorrar,
Prenda meus sentimentos
E o pranto que a alma quer lavar,
Cale meus pensamentos
Onde habitam desejos, ensejos...
Mas jamais poderá me roubar
A capacidade de amar.

(Carmen Lúcia)

Foto de Dirceu Marcelino

LEMBRANÇAS DO MENINO QUE QUERIA SER MAQUINISTA DE TREM

***

"Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
P’ro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar."
( O trenzinho caipira: Heitor Villa Lobos)

***

Eram três crianças de 8, 6 e 4 anos de idade.
Iriam viajar da cidade de sua infância para outra grande metrópole regional.
A viagem de trem:
Enquanto aguardavam na estação a chegada do trem que os levaria para uma cidadezinha próxima, um importante tronco ferroviário que interliga várias ferrovias que vem do interior do estado ao litoral, mais propriamente ao Porto de Santos, o que viam.
Viam as manobras das locomotivas a vapor.
Entre várias, tal como a chamada “jibóia” enorme, gigante, com várias rodas, as “Baldwins”, a que mais chamava a atenção do “menino” era uma “Maria Fumaça” pequenina. Tão pequena que nem tender ela tinha.
Ia para frente apitando, estridentemente:
Piuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuu!
Retornava, repetia os movimentos para frente para trás, tirando alguns dos vagões de várias composições estacionadas nos diversos trilhos da estação ferroviária.
E o Menino sonhava. Queria ser maquinista de trem.
Tanto que ele gostava, que em outras ocasiões, quando levava comida em marmitas para o pai, que trabalhava nas oficinas, permanecia várias horas sentado nos bancos da estação.
Via as manobras das “marias fumaças” e também a passagem das longas composições de carga puxadas por máquinas elétricas, verdes oliva, chamadas “lobas”.
Até que um dia sua mãe resolveu levá-los em uma viagem.
Nesse dia enquanto aguarda o Menino avistou ao oeste um único farol que surgia no horizonte da linha ferroviária, amarelado e a medida que se aproximava ouvia-se o barulho característico daquela famosa locomotiva elétrica, que zumbia como um grande enxame de abelhas: “zuuummmmmmmmmm”
A locomotiva devagar passava do local de aglomeração das pessoas e aos poucos deixavam em posição de acesso os carros de passageiros de segunda classe e lá quase ao final da plataforma um ou dois vagões de primeira classe.
Eram privilegiados, filhos de ferroviários.
O Menino sentia orgulho desse privilégio.
Lembra-se que naquele dia sentou-se no último banco do lado direito.
Dali podia ver que poucas pessoas permaneciam fora da composição. Alguns parentes, que gesticulavam se dirigindo aos parentes acomodados nos carros de passageiros.
Ao longe. Via um senhor uniformizado de terno azul marinho e “quepi”, com o símbolo – EFS.
Aos poucos esse Senhor vem caminhando pela plataforma, desde o primeiro carro até próximo da janela em que o Menino se encontrava.
Para e tira um apito do bolso superior de sua túnica e dá um apito estridente: “piiiiiiiiiiiiiiiirrriiiiiiiii”
Em seguida, a locomotiva apita “Foohhooommmm..”
Novo apito.
A seguir, começam a ouvir-se os sons característicos dos vagões que retirados de sua inércia estrondavam um a um e começavam a se locomover lentamente até que o carro e que o Menino está começa a se locomover, mas, sem fazer o barulho característico, o seja, o “estralo” ao ser acionado, pois os solavancos que se sentem nos primeiros vão diminuindo gradativamente e quando atingem o ultimo praticamente são imperceptíveis.
Justamente, por essa razão é que os vagões de primeira classe são colocados no fim da composição.
Este carro diferia dos demais por ter os bancos revestidos, corrediços, que permitiam serem virados e propiciar as famílias se acomodarem em um espaço particular.
Assim iniciava-se o percurso até a cidadezinha, onde passariam para outra composição, a qual seria tracionada por uma locomotiva a vapor.
Como era linda a paisagem.
Muitos locais dignos de cartões postais, o primeiro, por exemplo, a ponte sobre o rio Sorocaba, que nasce na serra de Itupararanga e desemboca no rio Tietê
Lindos lugares que por muito tempo permaneceram esquecidos, mas que hoje podem ser registrados em fotos e filmes das câmeras digitais.
Fotos que nos fazem afagar a saudade dos dias de outrora.
Mas, além dessas fotos antigas ou digitais, temos a capacidade de guardar no fundo do nosso inconsciente outras imagens e filmes de nossas lembranças.
Revendo tais filmes, verificamos que inconscientemente queremos alcançar trilhar os nossos sonhos, mas, geralmente em razão das dificuldades da lida, não o atingimos, ou então, ultrapassamo-nos e exercemos outras atividades ou profissões que nada tem a ver com aqueles sonhos.
Eu, por exemplo, adoro trens.
Simplesmente, queria ter sido “maquinista de trem”.
Mas termino este conto, simplesmente, para dizer:
À poucos dias, nesta cidade, de onde o Menino iniciou a viagem teve oportunidade de ver, aquele Senhor, em uma comemoração do retorno da “Maria Fumaça” que estava em outra cidade, onde permanecera sob os cuidados da Associação de Preservação Ferroviária, ser chamado entre outros velhos aposentados, pelo Prefeito:
_”Agora para comemorar o retorno de nossa Maria Fumaça - “Maria do Carmo” - chamo o mais velhos dos aposentados.
Puxa! Que felicidade do Menino, ao ver aquele Senhor caminhando pela plataforma da estação.
Sim. Era motivo de felicidade.
Pois o menino, já não é mais tão criança, já é um envelhescente e aquele Senhor continua vivo.
Oitenta e quatro anos.
Era o “Chefe da Estação”.
O mesmo “Chefe de Trem” que vira caminhando a quarenta anos pela plataforma da estação.

Para assistir video - poema relacionado entre em:

http://www.youtube.com/watch?v=7fE5aNx-zQ4
e em
http://www.youtube.com/watch?v=knPPSfHNm2U

Foto de Carmen Lúcia

Só quem sabe...

Só quem sentiu na carne, o espinho,
Sabe expressar a beleza de uma flor...
Só quem pisou as pedras do caminho,
Sabe que ao chegar, supera a dor...
Só quem molhou a terra de suor,
Sente na chuva, gotas de frescor...
Só quem se perdeu no breu da escuridão,
Vê, mais intenso, das estrelas, o clarão...
Só quem viveu o rigoroso inverno,
Consegue ver de perto a primavera...
Só quem sobreviveu a um fracasso,
Sabe do calor de um abraço...
Só quem sabe realmente perdoar,
Revela sua capacidade de amar...
Só quem faz de seus sonhos, poesia...
Sabe que tem asas pra voar,
Só quem sofreu a dor de uma partida,
Sabe que apesar da dor, é lei da vida...
Só quem sentiu o fogo do inferno,
Sabe da felicidade de se alcançar o céu...

Foto de Dirceu Marcelino

O MISTÉRIO DA VIDA - I (nascimento de meu neto CAIO )

Os homens nascem como um livro aberto.
Como em uma página em branco.
Não são eles que descreverão nele o seu destino.
Por mais que tentem não se lembram.
Alguns se recordam das lembranças passadas,
Desde quatro, cinco, seis anos
E outros de nada se lembram.
Felizes os que têm capacidade de recordar.
Mas quando olham o passado
Percebem.
Não foram eles que escreveram os seus destinos.
Não são eles os escritores de suas vidas.
É um mistério.
Mistério divino.
Divino como o nascimento.
Como a vida que se inicia.
Por isso lhes dão
Hoje o nome de Caio.
Caio na vida.
Meu filho, meu neto
Mistério da vida.

Foto de ek

AutoClean

Na verdade, sou um admirador inveterado da tecnologia. De toda e qualquer tecnologia.
Mas a que mais admiro é a utilizada nos liquidificadores, sim, me deixa absurdado a tecnologia dos liquidificadores. Eu poderia perder horas usando o tal do AutoClean. E fico ali parado, imóvel, perplexo (e chega e de adjetivos), quase incomodado com a capacidade deste botão.
Penso, que algumas outras coisas também deveriam usar desta tecnologia.
Pense você, se o espelho do banheiro tivesse o AutoClean. Você não perderia tempo jogando agua no espelho (e não deveria fazer isto mesmo, estraga o espelho e embaça de novo), ou quem sabe passando papel higienico até ele secar para só então poder fazer a barba. Diria mais, deveria ter um AutoClean escondid... Não escondido não! Não se deve esconder algo tão incrivel como o AutoClean. Mas deveria haver um AutoClean na barba, simples assim, preciso fazer a barba 'AutoClean', pronto esta feito (alias, para que fazer a barba se me sinto melhor com ela?).
Outra coisa que poderia ter um AutoClean é as conversas chatas que temos diariamente eestragam o resto da nossa convivencia duarnte o dia com aquele climão xarope.
Também poderia haver um AutoClean no final deste texto, para mim não publica-lo e você não perder seu tempo lendo-o.
Mas já que chegamos até aqui, e digo isso, porque se você esta lendo esta parte é porque ja clicou em ler mais, e admiro isso também, use o AutoClean em sua vida. Use o AutoClean toda vez que chegar em sua casa e deixe os problemas la da rua para a rua. Use o AutoClean em seus relacionamentos. E use o AutoClean em seus grilos, pois é isso que são, são somente grilos. AutoClean!

Foto de NiKKo

Amor, amizade e respeito

Tenho em mim um coração que pulsa.
Em minhas veias eu sinto o sangue a correr.
Tenho vinte e quatro horas, sete dias por semana,
a minha mente feliz por simplesmente viver.

Eu sou capaz de amar e tenho sonhos
Tenho capacidade de compreender e perdoar
E lamento quando encontro pessoas pequenas e vazias
Que vivem sem saber o que é amar.

Eu mesmo quando estou sozinha,
no céu, mesmo estrelas encobertas eu consigo ver
Mas tem pessoas que são sozinha mesmo em meio a outras
Fingem que são felizes, mas estão sempre a sofrer.

Essas pessoas não sabem, isso é certo
que existem varias formas de se amar.
Que a amizade é apenas uma delas
Mas em todas tem que se saber o outro respeitar.

Infelizmente essas pessoas não conseguem ver
Que brincam com os sentimentos alheios,
Fazem tudo como se fossem, o centro do mundo
E escondem ate de si mesmo, sua dor, seus receios.

Essas pessoas infelizmente não descobriram
que o amor é uma flor que com cuidado se deve tratar.
Por isso eu tenho pena de pessoas como essas
Por que na verdade não sabem o significado da palavra amar.

Por isso eu sou feliz, não minto ou escondo,
Que já sofri por amor e sei que muitas vezes vou chorar
Mas o amor é sentimento que preenche meu coração
E tenho muitos amigos e sozinha, eu sei, nunca vou estar.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"O OBSERVADOR"

O OBSERVADOR

Senhor, o que tenho para relatar não será de seu agrado, O que, ouvi e senti nesta viagem a que fui por vós incumbido, não é digno de ti. Vaguei por todas moradas que me mandastes, percorri vales e aldeias, visitei cada coração existente na terra, perdoe-me Senhor, mas poucos serão salvos. Ainda que fosse dotado de tua capacidade de amar e perdoar, ainda assim não me agradaria com tudo que vi e que agora a ti relatarei.
Era inverno no continente Africano, quando aportei para esta missão de observação, cheguei a um vilarejo onde havia muita movimentação, as pessoas corriam de um lado para outro sem se entenderem, tudo acontecia nos arredores de um pequeno hospital. Aonde as pessoas chegavam as centenas, das mais variadas maneiras, no lombo de animais, na carroceria de caminhões, em ônibus, a pé, em fim, todas enfermas, estavam contaminadas por uma virose que em poucos dias ceifaria a vida de milhares de africanos.
Ali vi a precariedade das instalações, o pouco material de primeiros socorros, e, sobretudo o despreparo e a falta de amor dos profissionais envolvidos, Senhor, mesmo sabendo bastaria um gesto e muitas vidas seriam salvas ,nada pude fazer, pois a função a que me foi outorgada não me dava direito à interferência.
Era noite e a lua já ia alta quando cheguei ao continente americano, às portas de uma grande cidade dos Estados Unidos da América, minha condição era de um cidadão invisível, via e ouvia a todos, inclusive o que se passava em suas mentes, mas não era visto e nem ouvido por ninguém A minha função era de observar tudo e relatar ao meu Senhor, criador de todas as coisas.
Perambulei pelas ruas, vi roubos, assaltos, crimes, prostituição, vícios e muita pouca solidariedade, muito pouco amor, nem parecendo à terra de meu Deus. Visitei alguns lares a que fui incumbido e parti sem demora para outras localidades. Estive em todo o continente Europeu, Ásia, América do Sul, Oriente, em fim, visitei cada cidade de cada País de todos continentes, visitei também cada coração existente na terra, e o que vi Senhor, muito te entristecerá, vi irmão matando irmãos, vi incesto, presenciei catástrofes promovidas por lideres por pura vaidade, estive ao lado de pessoas que tombavam de fome em frente de armazéns lotados de comida se estragando.
Senhor, mesmo dotado por ti de sabedoria, muitas foram às vezes que tombei em prantos por saber que não foi isto que desejastes para teu povo.
Meu Senhor, vi também aquele menino se consumir em prantos pela perda de seu animalzinho de estimação, vi uma mãe com andar tropeço de fome levando as mãos o pouco alimento que conseguira para sua prole, vi também Senhor poucos homens comprometidos com grandes causas, vi mulheres com os rostos inchados preparando remédio para curar a bebedeira de seus algozes, Senhor de tudo que vi, poucas são as coisas que são dignas de ti.
Clemência meu Pai, é o que precisa o traficante, aquele que aniquila a família pela fome do dinheiro fácil, Clemência Senhor é o que precisa o político que trai a confiança de seu eleitor, clemência Senhor, é o que precisa o ladrão quando rouba a dignidade do seu semelhante.
Conheci homens ricos que varias gerações não seria suficiente para gastar toda sua fortuna, mas mesmo assim continuava a se aproveitar dos menos favorecidos.
Meu Pai, se é que posso opinar, se faz necessária uma interferência, que a majestosa benevolencia que emana de seu cérebro criador, varra toda extensão da terra para acudir aquele povo sedento de amor, compreensão, honestidade, mansidão e inteligência, que a justiça que teu nome é sinônimo seja uma constante na vida daquele povo, que se divide entre injustos e injustiçados.
Meu Pai, Senhor dos tempos, Criador de todas as coisas, Senhor absoluto de todo Universo, dono incontestável do passado, presente e futuro, perdoe-os, ensine-os e proteja-os de suas próprias falhas e ignorâncias.
Em certo lugar Senhor, via uma mãe se prostituindo para levar o alimento para seu filho, seu olhar era de satisfação, mas seu coração gritava de dor.
Conheci pessoas encarregadas de passar a tua palavra meu Pai, mas na verdade mentiam em proveito próprio.
O teu nome meu Pai, ainda é o mais falado em toda vasta extensão da terra, mas nem todas pessoas sabem do quão grande és tu.
Faz-se necessária, Senhor uma visita, para que os terráqueos relembrem a sua devida Divindade, muitos são os que chamam por ti, o resto precisa urgentemente de teus ensinamentos.
Meu Pai, tudo que vi e ouvi sempre terás acesso ao meu intelecto e ao meu coração, mas Senhor, se é que posso te farei um único pedido, continue abençoando o povo Brasileiro.

Edson Paes

Foto de Izaura N. Soares

Alma obscura

Alma obscura
Izaura N. Soares

Entre os prazeres de um corpo
Descobre-se uma alma obscura.
Que verseja em pensamentos frágeis
De tanto sonhar perde-se na própria
Loucura.
Os sonhos devaneiam por caminhos
Sem brilho, e põe-se a lamentar.
Lamentar um amor que perdeu a
capacidade de amar!
Tantos sentimentos, tantos desejos,
Ficaram sem respostas.
Palavras duras foram pronunciadas para
Afogar-me no meu silêncio
Que cada vez mais se prende numa
Saudade permanente.
Olho para o espelho da vida...
Não vejo minha imagem refletida,
O que vejo é apenas um espelho embaçado
E nele vejo um vulto passar rapidamente
Diante do meu olhar!
Penso ser minha sombra, mas não era.
Era o vulto de um amor que partiu, sem que,
Pelo menos me dizer; até breve... Irei voltar!

Foto de PoderRosa

Homem

Homem...
Quem é que te inspira...?
Quem te faz sorrir na madrugada fria?
Quem te traz os doces sonhos como melodia...?
Homem...deves estar triste, melancólico.
Onde foi parar a tua inspiração
que te trazia alegria e paixão?
Homem, vem...me dá tua mão...
Me conta tua decepção.
Posso não ser a tua musa inspiradora
Mas tenho coragem, força e capacidade
pra te conduzir à felicidade
Vem...dá a mão, poeta
Vem pra liberdade...
Sonha comigo e transforma tudo em realidade.

Foto de Raiblue

Mil e uma luas...

Se você viesse
Eu lhe daria mil e uma noites
Nossa Bagdá de Ali seria aqui
Jardins suspensos
Babilônias
Templos de amor...
Bombas de açoites
Nossos beijos vermelhos...
Bagdá à beira
Dos rios do desejo...
Sobre o tapete
Voaríamos sem descanso
Em direção aos prazeres
Mais insanos
Sem pressa...
Rezaríamos por todos os cantos
Nosso mantra mais profano
Ritual sagrado
Orgástico...
Descobriríamos divindades
Dionísicas nesse misto
De carne e espírito...
Devassaríamos os caminhos
Dessa viagem sem volta
Apagaríamos todas as portas
Inundados pelo cio
Levados pela correnteza
Dos rios...
Seríamos represas
De águas doces... salgadas
Naturalmente mornas...
Te daria mil e uma luas...
Sempre cheias
Nesse crescente amar...
Que nossa Bagdá resista
Até esse dia chegar...
Que nenhum ataque destrua
A capacidade de sonhar...

(Raiblue)

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