Canções

Foto de Carmen Lúcia

Reminiscências

De repente bateu-me a saudade.
Viajei pelo túnel do tempo e me vi criança.Feliz, esperançosa, risonha, saudável.
Andava por um caminho ladeado de frondosas árvores.Altas, tão altas que alcançavam o céu.Circundavam-nas florinhas de todas as cores, todos os tamanhos, todas as fragrâncias.
O ranger de um carro-de-boi...e a expectativa de um passeio diferente para mim.Sonho realizado!Acomodei-me nele como se fora um carro-de-boi-alado.
Um riacho murmurava lânguidas canções que pareciam apaziguar o gado, que bem pertinho dali, pastava serenamente.Uma cachoeira despencava pelas montanhas, num festival de águas cristalinas, qual grinalda de noiva.
Pássaros, em grande profusão, ornamentavam o pequeno rincão e faziam algazarra; festa para os corações.Pousavam nos galhos e voavam pra todos os lugares, como se brincassem de esconde-esconde.
Quando passava por uma casinha branca de telhado quase grená, eu não resistia.O cheirinho de doce de cidra e de abóbora, anunciado pela fumacinha de uma chaminé, me fazia descer do carro-de-boi e pedir uma porção à doceira, pessoa que sempre me encantava com suas
histórias fantásticas de duendes,fadas e assombrações.Ali eu permanecia, deslumbrada pela magia de seus contos e saciada da vontade de seus deliciosos doces.
Ao soar o sino de uma capelinha de arquitetura rústica, construída no alto de uma colina, eu e todos os que habitavam o lugar, íamos, como em romaria, fazer nossas orações, pedir alento e agradecer a Deus por tudo que nos havia concedido.Eram momentos de graça.Hora da Ave-Maria.
Antes do sol se pôr, um berrante chamava o gado, que obedecia docilmente, parecendo estar cônscio de ter desempenhado sua função diária.E ia descansar lá no estábulo.
À noitinha, da janela de meu quarto, eu me sentia pertinho das estrelas, vendo-as mudar de lugar, chamando a atenção da lua, que sorria de suas traquinagens.
Na varanda, verdejante por samambaias em xaxins, sentados numa namoradeira, meus pais trocavam juras de eterno amor, iluminados pelo prata do luar.
Volto ao hoje.Tais lembranças adocicaram minha alma,apesar da realidade triste que reina no local do lindo rincão.
A tecnologia acabou com tudo, dando lugar à modernidade de fábricas poluentes,barulhos incessantes,pessoas irritadas, subordinadas a horários, regras, burocracias e competições descabidas.A luta desleal pelo poder.
A auto-destruição do homem.

Foto de Carmen Lúcia

Ah...saudade!

Ah...saudade!Não fosse ela...
Como sorrir ao relembrar o passado?
Ou chorar um grande amor inacabado?
Como ouvir nossas canções enluaradas?
E sob o luar...dançar ...voar...imaginar...?

Ah...saudade!Veio ocupar o seu lugar...
Preencher as lacunas em meu coração,
A pulsar vazio,sem nenhuma emoção,
Velar meu sono,colocar-te em meu sonho,
Fazer-me pensar que tudo pode voltar,
E eu ...acreditar...e sonhar...e desejar...

Ah,saudade!Doce companheira!
Que dói e sopra as feridas...
Que amarga e adoça a vida...
Que sempre fica quando existe a partida
E que parte quando a hora é derradeira!

Carmen Lúcia

Foto de opoeta josé carlos martins de lima

dor

como eu te amei ! te amei o bastante para esquecer de me amar.por você eu fiz tudo em que hoje me arrependo.deixei valores morais caminhei em direção ao nada.e quando eu estava ao seu lado,o amor que eu sentia por você transformava-se em angustia e medo de perder algo,que eu não possuia.tentei ficar longe de você mas estando distante ou perto a dor era a mesma por que esse amor me faz tão mal ?as canções que eu escuto só me entristece. bem dentro em meu coração eu sei que não é sua culpa tento viver com minhas feridas contando os dias,meses e anos na esperança em poder te esquecer,fechar essa ferida aberta em meu coração e finalmente voltar a viver.

Foto de Carmen Lúcia

Por quê?

Por que tremo tanto ao te ver?
E me vem aquela vontade súbita
De correr pra bem distante...
De sorrir a todo instante, sem querer...
E nas tardes...Enlevar-me com a brisa leve...
Que me leva, que me eleva,
Que me sopra suavemente pra você...
Por que me desconcerto ao te ver?
E um calor me invade o peito
Me deixa sem jeito, a me incitar trejeitos...
Pego-me a cantar, sem perceber...
Letras de canções que nem mesmo sei...
Invento, engano...sou Chico,Caetano...sou Ney.
Por que meu coração me denuncia tanto?
Tento disfarçar,me afastar desse ardiloso encanto,
Mas tu lês o meu olhar,entendes meu sorriso,
Percebes o tremer de minhas mãos,
Ouves a voz de meu coração...
E ris dessa incontrolável emoção...
À noite, te vejo em cada estrela...
Consigo ouvi-las...e conversar com elas
De minha janela...sem perder o senso,
Peço-lhes versos, pro meu amor intenso.

Mas ...Por que me descontrolo tanto?
Bastaria dizer-te:Te amo!

Foto de Mauro Veras

Temporal

.
Trago nas veias não sangue
o beijo partido de dentes e marcas
a carne ferida, o aroma dos mangues,
o temporal que encharca a mente
e transforma em pântano
o âmago do que era afago.

Trago essa bebida mórbida
de desilusão e salvias apodrecidas,
uma saraivada de trovões e órbitas
azuladas na boca hoje nada, onde
reinaram versos e que agora pétreos
são grilhões de uma tórrida paixão.

Trago raiva.
Sou seu prisioneiro.

Hoje eu queria as calçadas
marés de pés ligeiros, casais namorados
corriqueiros de mãos dadas e luas
assanhadas e nuas a consagrá-los ... e

trago raiva.
Sou seu prisioneiro.

Hoje eu precisava um roçar de lábios
e não roçar os lábios em palavras
lixas, sentidos sórdidos e prolixas
piras de angústias e decepções...

trago mentiras
de mil corações

que entoavam canções reconfortantes,
que reinavam diamantes na boca juvenil
de cantigas de roda infantis, mentiras
imperiais, ardilosas prostitutas, mentiras
abruptas e ilações. Trago mentiras
de mil corações.

O pôr-do-sol mediterrâneo que, se foi
a semente do jasmineiro, hoje vidrino
e por inteiro rasga com seus cacos e iras
o destino subcutâneo do sonho atro
pelado coração, exposto, mentiroso....

Trago mil corações
de mentiras.

Foto de Fernanda Queiroz

Oi Mãe

Que bom dizer teu nome
Mesmo que não possa me ouvir
Que bom contornar os dedos pela tua face
Mesmo que você não possa sentir
Que bom percorrer teu álbum de foto
Maior herança de tua presença
Que bom poder te amar tanto
Sabendo que mesmo distante ira sentir

Um dia Deus determinou
Que eu iria existir
E deste amor intenso que brotou
E na semente fecundou
Em momentos de profundo amor
Vencendo a maior corrida da vida
Para tua alegria infinita
Em teu útero me alojei

Neste pequeno habitat
Que por tempos passei
Conheci tuas ânsias
Ou profundo mal estar
Que mesmo querendo evitar
A natureza ou a sábia ciência
Sempre soube explicar
E em teu ventre, gerei

Ouvia tua voz baixinha
Acompanhava teu caminhar
Que depressa ou lento
Levava-me a embalar
Tuas canções de ninar
Sempre a me acariciar
Onde teu toque singelo
Ensinou-me a te amar.

Mas os melhores momentos
Foi te acompanhar a bordar
Sentadas nós duas no lago
No enxoval a trabalhar
Com os teus pés a banhar
Onde teus pensamentos
Era parte do momento
Aguardando meu chegar

E em uma noite de verão
Onde o frio estarreceu
Trazendo sinais de vida
Mas de morte também
Onde meu primeiro choro
Foi acompanhado em coro
E depositando-me em teu leito
Silenciou teu coração no peito

Hoje sei de tua dor
Que é minha também
Queria me ter em teus braços
Apenas por um momento
Fecundando teu anseio
Ofertando-me teu seio
Como se amamentar
Fosse protocolo de amar

Mas Mamãe!
Você me passou tudo isto
Quando me alojou em teu ventre
Pude ouvir teu coração
E este amor infinito
Chegou que nem um grito
Que me deixou de herança
Que sempre será mais que lembrança.

Mãe!
Muitos versos existem
Muitos poetas escrevem
Tentando te completar
Falam de você em três letras
Comparam-te tamanho do céu
Ou um pouco menor que Deus
Só te digo Mãe querida
Meu coração sempre será teu.

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Lou Poulit

Ao Largo

Ao largo, o veleiro se desabriga

Do sonho frágil do cais viçoso

Olhando a lua, em seu caminho vicioso

Ao rés dos telhados da vila antiga;

Suas lonas, de estrelas abarrotadas

Túmidas vergam amadeirados mastros

Porque não são estrelas, são astros

Que lhes esgarçam de canções desatadas.

Mas são imensos os perigos insuspeitos

De se amar ao largo assim, e tanto

Os olhares plenos vagueiam estreitos

E a boca beijosa já basta ao espanto.

Então, ao cair da lua sobrevem o escuro

No chão da rua, de destino incerto

O poeta mendiga d’alma o pão duro

E uma gota de orvalho que sacie o deserto.

O silêncio da madrugada é soberano

E sob a clava transita a alma em julgado

Pois vem ao mundo para amar, humano

Mas nem tanto, por ser humano, é amado.

O rosto antes plácido agora lateja

O golpe súbito, que à dignidade exila

Mas o mar revolto, de água ainda beija...

O exílio é melhor que a mágoa de ferí-la.

Ao largo, o poeta trama a amada em prece

Se fortalece, recompondo areias suas;

Abarrota de céu suas veias, exíguas

Que o galo já canta... Em breve amanhece.

Foto de Anjinhainlove

Alma de poeta, minha infiél desgraçada!

A minha alma afogou-se,
Deixando-me vazia, sem palavras.
Sonetos deixei fugir
Quando se tornaram fruto
De um amor platónico meu;
Senti o meu coração ser espremido de letras.
Oh! Como voavam!
Redondas, perfeitinhas,
Se agrupavam em palavras.
Palavras essas que me tocavam
E arrastavam.
Borrões de tinta
Numa folha de papel rasgada.
Versos incompletos
E poesias omissas.
Cantos roucos de canções desafinadas
Ecoam à minha visão,
Fazendo voar os meus cabelos.
Hoje, morri,
Ó alma minha de poeta,
Infiél desgraçada!

Foto de NiKKo

Jurei te esquecer.

Jurei para mim mesma te esquecer
Nunca mais, nem mesmo teu nome pronunciar...
Mas te recordo a cada passo que dou
Dentro da saudade que você me fez entrar.
E dentro desse vazio que me gela a alma
Sinto cada vez mais a solidão me acompanhar
Perdi a alegria que tinha em viver
Meu sorriso nas lagrimas foi se esconder.

Perdi a inocência te procurando conquistar
Mil tramas o destino me fez engendrar
Todas só tinham um único objetivo...
Para sempre te fazer me amar.

Fiz poemas de amor e desejo
Canções que rimavam alegria e felicidade
No entanto de você eu nada consegui
A não ser engano e falsidade.

Porque razão me fizeste crer em teu amor,
Me diz porque não assumiu que não me amava
Bastaria um simples gesto sincero
E embora chorando eu a deixava
Mas não você quis me iludir
Fingiu que seu coração era meu
E hoje so com minha tristeza..
Admito mesmo sofrendo que o meu ainda é seu.

Mas eu vou te esquecer
Juro que tirarei você do meu pensamento
E quem sabe um dia eu recomece novamente
A viver sem sentir esse vazio esse tormento.

Foto de Ricardo felipe

Loucura

Translúcida é água e nas ladeiras desse suave branda e leve que o vento leve que tudo se releve na relva desta selva vá e me tenha nos planos campos como nos meus sonhos mais estranhos e belos não trema pelo frio da noite não me tema pois nosso amor é meu tema e é pra ti que canto meu poema vá como a água leve qual pena meu amor nos encontraremos na próxima cena lava teus olhos roxos que meu peito seja teu encosto que lindo rosto as razões são canções de sentimento grita geme corre tome seu porre vai te desespera foge tudo você pode morde lambe o sangue do teu amante a morte é sorte pra quem nada pode salvação deste coração seja a visão as palavras a canção minha prece oração loucura ódio prazer raiva desejo fazer ensejo pra tirana vida vai fica minha querida vês que louco sou solto bicho do mato quase morto por dentro meu remédio seu alento vem meu alimento mãe avó e filha e tudo a família brilha nessa trilha do caminho companheiro desatino desespero perca sem eira nem beira de nada só a cascata indecifrável louvável e amável geme treme eu sou teu amor monstro bicho solto filho pai irmão e toldo segura meu rosto que eu estou ficando louco,
Sem você.

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