Tento não te olhar para não me lembrar
Da tua imagem que nada tem de bom p'ra mim.
Da tua imagem que nada tem de certo nem de seguro terá,
Mas de beleza e perfeição chegas tu à vista de todos
Pois não sou só eu que o sinto
Mesmo assim,
Gostava que me olhasses nos olhos
Que falasses e que eu te falasse
Para saberes o quanto penso em ti
E o quanto eu queria que isso não acontecesse
Talvez tenha apenas medo
Medo do que possa ser a tua resposta
Medo de não mais te ver no meu futuro.
Medo de não te ter por perto.
Medo de falhar.
Medo de saber a verdade.
Medo de tentar.
Medo de ser humano.
E é assim que detrás da tua carteira
Me tento demover a esquecer
Do teu real, cheio de beleza e perfeição,
Mas estás tão linda que fraquejo por uma palavra tua.
Por um olhar teu.
Um aceno.
Dava o mundo
Por um beijo meu em teus lábios pregados
Quando volto à realidade
Contento-me, apenas, olhar teus cabelos doirados.
Este é o terceiro dia
Desde aquela promessa insana e fria
Em que proferi palavras que não queria
Não sentia, naquele momento mentia
Naquele momento e em todos os que lhe seguiram
O coração me partiram, estilhaçaram e pisaram
Sem arrependimentos. Nem desculpas me pediram
As palavras traíram
A quem lhes dá bom uso,
Assim, condenei-me a falhar, a perder
A olhar, a sentir, a amar!
E não falar.
A andar, a correr, a escrever
A sonhar, a amar!
E não tentar.