Cabelos

Foto de Cecília Bailarina

Sede de ti

Sede
do beijo
que não senti
o gosto
do corpo
que não provei
o suor
das mãos
que ainda
naum toquei
da pele grudada
em mim
dos cabelos
a roçar a nuca
as coxas
famintas de ti
sede do licor
que ainda não
bebi.

^^Ceci.

Foto de Sonia Dias de Freitas

DO JEITO QUE VOCÊ GOSTA

DO JEITO QUE VOCÊ GOSTA

Nosso beijo...
Nossas línguas que se trançam no prazer...
Seu corpo em cima do meu...
Deslizando com gemidos ardentes...
Minha alma anseia pelo seu corpo quente...
Agora dentro de minhas entranhas, suados de tanto amor...
Você me leva ao sofá, do jeitinho que você gosta...
Sua boca desliza em minhas costas...
Meus cabelos em suas mãos invadidas de paixão...
Eu insaciável, grito de amor...

SoniaDias

Foto de Neryde

Desejos...

Nesta noite espero,
Que invadas meu quarto
E, num desejo ardente
Urgente...
Me faças tua de uma só vez.

Quero teu cheiro em minha tez!

Te beijar por horas
E, sentir-te aqui dentro...
Quero que te deleites em minhas quentes entranhas
E, me possuas de formas estranhas...

Deslize suas mãos pelo meu corpo,
Coxas, ancas, seios, cabelos...
Me ponha de quatro qual fêmea no cio,
Cubra-me com teu corpo e se faça meu macho.

Que de prazer enlouqueço pouco à pouco!

Nossos corpos ardendo com tanto calor...
Sem preconceitos, pudor ou receios
Apenas desejo, carinho, paixão e amor...

Foto de Cecília Santos

MINHAS LEMBRANÇAS

MINHAS LEMBRANÇAS
#
#
#
Os anos passaram.
Do ontem tenho saudades.
Sigo só com meus pensamentos.
Buscando no passado,
Os sonhos da vida que um dia vivi.
Ah! sinto tantas saudades.
Ah! sinto vontade de chorar.
Tenho saudades dos meus pais,
Dos meus irmãos,
Dos banhos de cachoeira,
Das brincadeiras à luz do luar.
Caminho só pela vida.
Vou seguindo o caminho do vento.
Vou pra onde ele me levar,
Encontrando em cada curva .
Uma realidade pra ser vivida.
Com o tempo pincelando
meus cabelos.
Com o relógio marcando os segundos
da minha vida.
Com o espelho refletindo meu destino.
E seu reflexo me mostrando as marcas
que o tempo em meu rosto deixou.
Vou caminhando só ao encontro
do meu destino.
Sonhando sim!!!
Mas não esquecendo da realidade!!!

Direitos reservados*
Cecília-SP/01/2008*

Foto de Daemon Moanir

Buscar prazer

Tenho na ideia algo, uma dúvida,
Algo que não me deixa dormir seja noite ou dia
Esteja a cama quente ou fria,
Porque continuo sempre a perguntar-me.

Será errado buscar prazer
-A pergunta que me vale dias perdidos –
É vil querer-mos algo precioso apenas pra nós
E conservá-lo e amá-lo. Será isso pecado?

Mal não há-de haver
Por favor que mal não haja nisso...

Que haverá de mais prazenteiro
Que deitar na relva húmida da noite,
Com a mão nos cabelos de quem é mais que tudo
E deslizar colina acima e colina abaixo
Até não ter forças pra dizer o quanto a amas.
Depois sonhar sob as estrelas e sorrir ao futuro
E sorrir ainda mais sabendo que ela faz o mesmo.

Se me chamam tolo
Oh Deus que eles perdem uma vida.

Nada pode haver de errado em pedir,
Pedir aos Deuses que não m’a levem
Ser egoísta pelo seu odor,
Pedir por uma só vez amor.

E o futuro sob as estrelas...

-Despir-nos-emos de preocupações
Fá-lo-emos demais, sentindo;
Sentindo-te em mim,
E sentir-me em ti.

Nada haverá de mais doloroso,
De mais belo.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"CABELOS BRANCOS"

CABELOS BRANCOS

No auge da experiência
Com os cabelos já grisalhos
É que vem a consciência
De que já estou ficando velho

Com a carteirinha na mão
E uma fila pra encarar
Não vejo mais solução
Por que é que fui aposentar

Na conversa com companheiros
É que você se da conta
O assunto é só remédios
E o descaso te afronta.

Para que servimos nós idosos
Se nem podemos trabalhar
Somos jogados pros cantos
E ninguém pra nos respeitar.

Mas há de chegar o dia
Que vão nos redescobrir
Levantar nossa auto-estima
E quem sabe nos readmitir.

Somos todos competentes
Cada um em sua área
Voltar trabalhar nos deixara contentes
A ociosidade é que nos atrapalha.

Foto de ek

Meu Poeta

Na fronte de meu poeta,
há uma grave expressão de tristeza,
seus cabelos já não são negros como a noite
e em seus olhos há um estranho brilho.
A mão de meu poeta já não escreve,
e seus lábios não compõem os mais belos versos.
De alma tão nobre não sobrou quase nada,
em suas veias já não corre o amor
hoje seu coração bombeia toda a mágoa do mundo.
Foste poeta,
viveu, amou e até creu,
tu mesmo o disseste.
Tu, talvez o mais triste dos homens,
tu, que emocionou e fez chorar,
hoje seu nome esta escrito em paginas que o tempo manchou,
teus versos hoje são consumidos pelas traças
teu nome que grande foi um dia,
hoje apodrece nos livros de história e poesia.
Foi poeta?
Sim foi, um dos grandes,
mas o que és hoje?
Desperdiçou sua vida
tudo que conseguiu foram algumas poucas lágrimas
de pessoas que não valiam o sacrifício.
Tudo que és hoje
é uma vaga lembrança da literatura.
Mas que importa,
foi poeta, viveu, amou e até creu.
E nestas páginas amarelas que outrora escreveste,
resta ainda um pouco de ti
restam os sonhos que não realizaste
resta o amor não correspondido
resta a ironia.

Foto de Civana

All About Lovin' You...

Hoje meu filho instalando um jogo no PC, conversava com um amigo e olhavam uns clips que ele havia baixado, até que o amigo perguntou se ele gostava do Bon Jovi, pois estava vendo na pasta. Nesse momento entrei no quarto e ouvi meu filho responder:
"_Não, isso é coisa da minha mãe, ela é doida por esse cara, tem todos os cds, vídeos, sabe tudo da vida dele, pergunta pra ela qualquer coisa", e riram...rs.

E ainda completou, "esse cara é velho", o que eu respondi prontamente: "Ele é perfeito, isso sim! Quem dera todos chegassem aos 45 anos como ele, olhos, dentes, corpo, tudo lindo"! Aí ele completou, "mas é porque tem dinheiro", e eu respondi, "nada disso, muitos têm dinheiro e estão uns bagaços na idade dele". "Desiste, ela adora ele"...completou meu filho, rs.
Depois coloquei mais uma vez o clip de "All About Lovin' You" (traduzindo: "Só tenho amado você", ou algo parecido). Realmente, "Eu I Love You Demais Jon Bon Jovi"!!! rs

Lembrei que acompanho tudo dele desde 1984, desde o início, quando quase não dava pra enxergar seu rosto, com tanto cabelo que ele tinha...rsss. Era moda nos anos 80, aqueles cabelos imensos, cheios, todo desarrumado, roupas coloridas, calças justas...ai, as calças justas, que problema Sr John Francis Bongiovi Jr, rs. Como é bom lembrar desse tempo! Quantas esperanças, sonhos, coração batendo forte no peito, e agora...vazio. É bom olhar pra trás e ver quantas coisas boas que vivi, quanto amei, sorri e sonhei. Não é fácil não ver muita coisa à frente, depois de tudo isso. Agora sou mulher, mãe e divorciada, coisas difíceis de conciliar. Só quem passa por isso sabe do que falo, a mãe esmaga a mulher, tem que sobressair, emergir forte, com garras imensas para defender sua cria e esquece, apaga a menina que um dia sorriu, chorou, sonhou com a voz maravilhosa de Jon Bon Jovi ao ouvido.

Outro dia escutei na TV uma escritora, que infelizmente esqueci o nome, dizer mais ou menos o seguinte: "Não perdi minha juventude, conquistei minha maturidade!". Achei interessante ela dizer que as pessoas insistem em só olhar para o passado e contabilizar as perdas, mas acredito que isso aconteça porque muitos não têm orgulho de ter conquistado a maturidade. Não pelo fato de envelhecer fisicamente, isso é natural, todos passarão por isso. Mas por ter as mãos vazias, aquela sensação de que faltam muitas coisas, de não ter feito o que deveria, de não ter um bom emprego, ou sequer um emprego, de não ter um companheiro, de não ser amado, de não ter um amor. Nem todos têm a chance de poder somar os ganhos na maturidade, então, só lhes resta contabilizar as perdas do passado...

(Civana)

Foto de Maria Goreti

A HISTÓRIA DE ANA E JOAQUIM – UM CONTO DE NATAL.

Chamavam-no “Lobo Mau”. Era sisudo, magro, alto, olhos negros e grandes, nariz adunco, cabelos e barba desgrenhados, unhas grandes e sujas. Gostava da solidão e tinha como único companheiro um cão imundo a quem chamavam “o Pulguento”. Ninguém sabia, ao certo, onde morava. Sabia-se apenas que ele gostava de andar à noitinha, sob o clarão da lua.

Ana, uma pobre viúva, e sua filha Maria não o conheciam, mas tinham muito medo das estórias que contavam a respeito daquele homem.

Num belo dia de sol, estava Ana a lavar roupas à beira do riacho. Maria brincava com sua boneca. Eis que, de repente, ouviu-se um estrondo. O céu encobriu-se de nuvens escuras. O dia, antes claro, tornou-se negro como a noite. Raios cortavam o céu. Ana tomou Maria pela mão e correu em direção à sua casa. Maria, no entanto, fazia força para o lado oposto. Queria resgatar a boneca que ficara no chão. Tanto forçou que se soltou da mão de Ana e foi arrastada pela enxurrada para dentro do riacho. Desesperada, Ana lança-se nas águas na vã esperança de salvar a filha. Seu vestido ficara preso a um galho de árvore e ela escapara, milagrosamente, da fúria das águas. Desolada, decidiu voltar para casa, mas antes parou na igreja. Ajoelhou-se e implorou a Deus que lhe tirasse a vida, já que não teria coragem de fazê-lo, por si. Vencida pelo cansaço adormeceu e só acordou ao amanhecer. Ana olhou em derredor e viu a imagem do Cristo pregado na cruz. Logo abaixo, ao pé do altar, estava montado um presépio. Observou a representação da Sagrada Família: Maria, José e o Menino Jesus. Pensou na família que um dia tivera e que não mais existia. Olhou para o Menino no presépio e depois tornou a olhar para o Cristo crucificado. Pensou no sofrimento de Maria, Mãe de Jesus, ao ver seu filho na cruz. Ana pediu perdão a Deus e prometeu não mais chorar. Ela não estava triste, sentia-se morta. Sim, morta em vida.

Voltou à beira do riacho. Não encontrou a filha, mas a boneca estava lá, coberta de lama. Ana desenterrou-a, tomou-a em suas mãos e ali mesmo, no riacho, lavou-a. Depois seguiu para casa com a boneca na mão. Haveria de guardá-la para sempre como lembrança de sua pequena Maria.

Ao chegar em casa Ana encontrou a porta entreaberta. Na sala, deitado sobre o tapete, havia um cão. Sentado no sofá um homem magro, alto, olhos negros e grandes, nariz adunco, cabelos e barba longos e lisos, unhas grandes. Ana assustou-se, afinal, quem era aquele homem sentado no sofá de sua sala? Como ele conseguira entrar ali?

Era um homem sério, porém simpático e falante. Foi logo se apresentando.

- Bom dia, dona Ana! Chamo-me Joaquim, mas as pessoas chamam-me “Lobo Mau”. Mas não tema. Sou apenas um homem solitário. Sou viúvo. Minha mulher, com quem tive dois filhos, Clara e Francisco, morreu há dez anos e os meninos... Seus olhos encheram-se de lágrimas. Este cão é o meu único amigo.

Ana, muito abatida, limitou-se a ouvir o que aquele homem dizia. Ele prosseguiu:

- Há muito tempo venho observando a senhora e o zelo com que cuida de sua menina.

Ao ouvir falar na filha, os olhos de Ana encheram-se de lágrimas. Lembrou-se da promessa que fizera antes de sair da igreja e não chorou; apenas abraçou a boneca com força. Joaquim continuou seu discurso:

- Ontem eu estava escondido observando-as perto do riacho, quando começou o temporal. Presenciei o ocorrido. Vi quando a senhora atirou-se na água, mas eu estava do outro lado, distante demais para detê-la. Também não sei se conseguiria. Pude sentir a presença divina naquele galho de árvore na beira do riacho. Quis segui-la, mas seria mais um a nadar contra a correnteza. Assim que cessou a tempestade vim para cá, porém não a encontrei. Queria lhe dizer o quanto estou orgulhoso da senhora e trazer-lhe o meu presente de Natal!

Ana ergueu os olhos e comentou:

- Prometi ao Senhor, meu Deus, não mais chorar. Mas o Natal... Não sei... Não gosto do Natal. Por duas vezes passei pela mesma situação. Por duas vezes perdi pessoas amadas, nesta mesma data.

Joaquim retrucou:

- Senhora, a menina está viva! Ela está lá dentro, no quarto. Estava muito assustada. Só há pouco consegui fazê-la dormir. Ela é o presente que lhe trago no dia de hoje.

Ana correu para o quarto, ajoelhou-se aos pés da cama de Maria, pôs-se em oração. Agradeceu a Deus aquele milagre de Natal. Colocou a boneca ao lado de sua filhinha e voltou para a sala. O homem não estava mais lá.

Um carro parou na porta da casa de Ana. Marta, sua irmã, chegou acompanhada de um jovem casal – Clara e Francisco, de quinze e treze anos, respectivamente. Alheios ao acontecido na véspera, traziam presentes e alguns pratos prontos para a ceia.

Ana saiu para recebê-los e viu o homem se afastando. Chamou-o pelo nome.

- Joaquim, espera. Venha cear conosco esta noite. Dá-nos mais esta alegria.

Joaquim não respondeu e se foi.

Quando veio a noite o céu estava estrelado, a lua brilhava como nunca!
Ana, Marta, Clara e Francisco foram à igreja. Ao retornarem a porta estava entreaberta. No sofá da sala um homem alto, magro, olhos negros e grandes, nariz adunco, sorridente, cabelos curtos e barba bem feita, unhas aparadas e limpas. Não gostava da solidão e trazia consigo um companheiro - um cão branquinho, limpo, chamado Noel.
Antes que Ana pudesse dizer alguma coisa ele disse:

- Aceitei o convite e vim participar da ceia e comemorar o Natal em família. Há muitos anos não sei o que é ter família.

Com os olhos marejados, Joaquim começou a contar a sua história.

- Eram 23 de dezembro. Minha mulher e eu saímos para comprar brinquedos para colocarmos aos pés da árvore de Natal. As crianças ficaram em casa. Ao voltarmos não as encontramos. Buscamos por todos os lugares. Passados dois dias meu cachorro encontrou suas roupinhas à beira do riacho. Minha mulher ficou doente. Morreu de paixão. A partir do acontecido, volto ao riacho diariamente para rezar por minhas crianças. Ontem, mais um 23 de dezembro, vi sua menina cair no riacho e, logo depois, a senhora. Fiquei desesperado. Mais uma vez meu “Pulguento” estava lá. E foi com sua ajuda que consegui tirar sua filhinha da água e trazê-la para cá.

Clara e Francisco se olharam, olharam para Marta e para Ana. Deram-se as mãos enquanto observavam o desconhecido.

- Joaquim, ouça, disse-lhe Ana. Há dez anos, meu marido e eu estávamos sentados à beira do riacho. Eu estava grávida de Maria. Eu estava com os pés dentro d’água e ele estava deitado com a cabeça em meu colo. De repente ouvimos um barulho, seguido de outro. Meu marido levantou-se e viu duas crianças sendo levadas pela correnteza. Ele conseguiu salvá-las, mas não conseguiu salvar a si. Entrei em estado de choque. Fiquei sabendo, mais tarde, do que havia acontecido por intermédio de minha irmã, que mora na cidade. Foi ela quem cuidou das crianças. Não sabíamos quem eram, nem quem eram os seus pais.

Aproximando-se, apresentou Marta e os dois jovens a Joaquim.

- Joaquim! Esta é Marta, minha irmã. Estes, Clara e Francisco.

Ana e Joaquim olharam-se profundamente. Não havia mais nada a ser dito. Seus olhos brilhavam de surpresa e contentamento.

Maria brincava com sua boneca e com seu novo amiguinho Noel. E todos cantaram a canção “Noite Feliz”, tendo como orquestra o som do riacho e o canto dos grilos e sapos.

Joaquim, Ana e Maria formaram uma nova família. Clara e Francisco voltaram com Marta para cidade por causa dos estudos, mas sempre que podiam vinham visitar o pai.
Joaquim reconquistara sua fama de homem de bem.

O povo da região nunca mais ouviu falar do “Lobo Mau” e do seu cachorro “Pulguento”.

Autor: Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 23/12/07

Foto de Sirlei Passolongo

Por saber que você existe

Por saber que você existe.

Todas as manhãs,
Tenho um motivo para abrir os olhos
e enfrentar mais um dia...
Saber que você existe me faz existir
Saber que você caminha
sobre o mesmo chão que eu,
me faz desejar continuar.
A esperança de ter você
é a razão que encontro para sorrir
mas também para chorar.
Te sinto tão perto...
Por onde quer que eu vá,
no ar que me rodeia...
Fico feliz por saber
que o sol que aquece minha pele
tem a mesma chama dos raios
que aquecem a tua ...
A chuva que molha meus cabelos,
molha os teus...
O vento que toca meus cabelos
traz o perfume dos teus cabelos.
E agonizante...
Vivo a esperar por você...
Ironicamente,
meu peito grita em silêncio
repleto da sua presença...
E tudo me leva a você.
Me perco sem chão
quando vez por outra me vêm a razão.
E não há como descrever
essas sensações que me tomam...
Não há poesia
que possa definir essa vontade de você,
Não há canção
que posso narrar esse querer,
Não há nada que possa explicar
a força desse amor não correspondido,
a dor que rasga o peito... A loucura de sorrir
por saber que você existe,
e de chorar por não te encontrar.

(Sirlei L. Passolongo)

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