Borboletas

Foto de Karine K.

Herméticos

O corpo aprisiona os resquícios do pó vespertino
grãos incertos que se vão no vento
e nos cometem fazer parte
em forma de carne

que adoece, deseja, enseja no palco inundado no dilúvio
então, quer de volta suas asas que lhe foram quebradas na descida
ardida

Vaidosas borboletas que choram no espelho
vendo a metamorfose formar seus braços de carne seca
suicídio,
morte,
e sangue de lágrimas

Olhando para si...
olhando para si...
o mundo quase toca
as coisas quase ferem
e quase estamos imunes.

Foto de richard

A nossa paixão

Por vezes eu fico simplesmente., pensado em ti, fico imaginando o que será de ti sem mim?., se o teu mundo descambou., como tem sido a minha vida!, será que tu estas nesse momento pensando em mim? Será que perdes horas contemplando o nosso retrato? Será que ainda tens as prendas que eu te dei? Será que ainda existe nós? Queira deus que a tua vida, seja menos deprimente que a minha.,
O Nosso amor ficou reduzido em lembranças., o registo dos nossos momentos, ficara para sempre em minha mente., teu perfume, os teus gestos, teu sorriso os teus braços em meu corpo., tuas carícias, amor., meu corpo, minha alma tornou-se escrava da nossa paixão.
Me entristece saber que eu tenha de te esquecer, não que eu queira! Mas porque assim tem de ser, para que as rosas continuem a florescer, para voltar a cantar canções que falem sobre amor, para houver razoes para sorrir., para que o sentimento que agente sentiu não se torne em algo desagradável, para que possamos amar desvairadamente., amar., amar, porque a exercia do amor não se perde em uma relação linda e apaixonada como a nossa.
Porque ainda há barcos a navegar a deriva no mar, há estrelas no céu e porque existe sempre uma possibilidade de se formar um arco íris., porque os pássaros cantam e as borboletas encantam, porque ainda não vi uma sereia, nem anjos ou Vénus porque a minha alma continua a sonhar e os meus sonhos são pedaços de imaginação, que não presidem, da tua escrita para que juntos possamos escrever o diário da nossa paixão.

Foto de vanessa_sbm2

Como um anjo

Como um anjo
você surgiu em minha vida...
Me ajudou com meus obstáculos
Me mostrou
o quanto eu era importante...
Me ergueu
após as minha quedas...
Me amou
nas horas de solidão...
Me animou
nas horas de tristeza...
Me ofereceu um ombro
quando precisei chorar...
Me deu força
nos mmentos de fraqueza...
Me escutou
quando o mundo
parecia se fechar para mim...
Me mostrou o céu
quando eu só via a terra...
Me mostrou as estrelas
quando eu só via nuvens...
Me mostro o sol
quando eu só via a lua...
Me ensinou a amar
quando eu só saia odiar...
Me disse elogios
quando eu só ouvia críticas...
Me ensinou a ter sonhos
enquanto eu só tinha pesadelos...
Me mostrou lindas cachoeiras
onde eu só via abismos...
Me mostrou
a beleza das borboletas
o canto dos pássaros
o nascer e o pôr do sol
Me ensinou a ouvir
o barulho das águas
ao correrm pelas pedras...
Me ensinou a ser
ao invés de apenas ter...
Me mostrou a vida
enquanto eu só via a morte...
Porém...
assim como os anjos vêm
eles se vão
e...
após me mostrar
a beleza da vida
você se foi...
Se foi
da mesma maneira
com que veio
Mas...
diferente daquela dia
em que você surgiu em minha vida
como um anjo...
a fim de me ajudar
e a me ensinar
a viver...
hoje me despeço de ti,
não como
aquele simples mortal...
mas sim
como um anjo
que busca ser como
aquele anjo
que naquele dia
apareceu
em minha vida...

Foto de Anjinhainlove

Anjo Caído...

Olha a sua cara!
Brilha de felicidade,
Pestaneja como se de borboletas se tratassem,
Sua boca sorri como de fosse o desabrochar de uma flor,
E os seus movimentos graciosos
Que até ao mais belo cisne invejam.

Sua gargalhada oferece mais energia que o néctar dos deuses,
O seu toque é mais suave do que o sopro numa pena,
O seu cabelo
Esvoaça ao sabor do vento
Deixando para trás o doce aroma de felicidade.

As suas palavras cuidadas
Apaixonam até a menos sensível pessoa,
As suas mãos delicadas
Tomaram as tuas
Para ajudar a esquecer todos os teus males.

O seu coração,
Tão machucado, tão quebrado,
Cresce dia após dia,
Arranjando lugar para a pessoa solitária,
Para a pessoa abandonada,
Para a pessoa sem amor,
Para a pessoa triste,
Recebendo como pagamento
Toda a felicidade do mundo.

A sua alma
Tão invisível mas tão grande à susceptibilidade humana,
Está pintada das cores do arco-iris,
E protegida com o manto dos anjos de Deus.

Pois vejamos, então,
Se não é essa a pessoa por quem esperámos,
Um enviado dos céus,
Um anjo caído.

Cheila Pacheco

Foto de joão jacinto

Verdejante jardim

No meu verdejante jardim,
descuidadamente abandonado,
crescem em desordem entrelaçados,
arbustos de urze, alfazema e alecrim.
Gladíolos e jarros esmagados,
sob a grandeza de patas de veado,
envolvidos com rebentos de jasmim.
Ervas daninas viçosas de orvalho,
manto de azedas, amarelo limão,
desenho sombreado de um carvalho,
projectado, em movimento lento, no chão.
Buchos não aparados cercam a hortelã,
trinco a maçã caída da fortalecida macieira,
debaixo dela, durmo em silêncio, a tarde inteira,
eternizando o sono quebrado, pelo romper da manhã.

Acácias, orquídeas, manjericão,
por borboletas constantemente beijadas,
sardineiras em vermelho misturadas,
com rosas virgens, ainda em botão,
desfolhadas por barulhento escarevelho,
que procura sobreviver à sua solidão.
Cardos de tristeza envelhecidos,
trevos de quatro folhas perdidos,
entre rastejantes craveiro e chorão.

De pétalas abertas, sorridentes,
brilhando a céu aberto, em cor garrida,
desnudada, aprumada, de corpo inteiro,
ornamentada de beleza de margarida.

Folhas rasgaram-me o caule e abraçaram-me,
impregnando-me a alma de doce cheiro,
preso à terra pela raíz da sua raça,
senti-me estame e em graça,
pelo sabor do seu atractivo e sensual gineceu.
Fecundamo-nos mutuamente,
para parir o fruto da sabedoria consciente,
que dentro do nosso ventre em união cresceu.

Senti a cor do verde, o azul do céu,
o odor da terra e dos medos,
senti a vida, medi o tempo, olhei para o fim,
perdido no caminho que estava traçado dentro de mim.
Dancei aos ventos, bebi da chuva, tremi de frio,
sofri de amor, sangrei de dor, guardei segredos...

No meu jardim pouco cuidado, de natura bravia,
germinaram poucas, mas fecundas margaridas.
Nunca murcharam.

Tenho dentro de mim várias vidas.

O buquê das minhas vidas
é composto por tinta e quatro margaridas.

Foto de Fernanda Queiroz

Parabéns Fábio Stacarca

Pela manhã algo diferente
Pássaros cantando alegremente
A natureza mais colorida
Como se fosse primavera florida
Borboletas brincando saliente
Despertando em nossa mente
Que era um dia diferente
As arvores participaram
Curvando em uma homenagem
A cachoeira espumante
Parou em reverência
Aguardando teu chegar
O lago que era calmo
Também quis participar
Formando ondas gigantes
Que mais parecia o mar
Onde o sol refletia
Fazendo a água dourar
E o arco-íris pousava
Marcando o céu no ar
Antes de a noite chegar
Para as estrelas cintilantes
Virem o céu habitar
E ficarem a bailar
Ao som que eu pude tocar
Neste dia glorioso
Que mais que o calendário
Marca teu aniversario
Aqui meu carinho dobrado
Que não pode ficar calado
Faz nascer dentro do peito
Com amor e respeito
Versos que eu queria cantar
Para a ti congratular.

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Emerson Mattos

A Velha

Autor: Emerson
Data: 26/10/05

Naquela fazenda isolada
Havia uma grande casa
Com sua imensa varanda
E numa cadeira, sentada
A velha apenas olhava

As borboletas voavam
Os cães as perseguiam
Latindo, latindo uivavam
E a velha apenas sorria

E os meninos brincavam
Nos galhos até penduravam
O rio é que os refrescava
Naquela manhã aquecida
E a velha não os esquecia

No mato as meninas colhiam
E as belas flores traziam
E o seu cabelo adornava
E a velha apenas sorria

O aroma lhe avisava
Na mesa o café já estava
Mas a velha não tinha
Vontade de ir pra cozinha

A bela netinha chamava
Pra ela ir para a cozinha
Com jeitinho meigo insistia
A velha apenas sorria
Mas logo dizia que ia

E dessa vida tranqüila
A velha apenas sorria
Pois vive o seu dia-a-dia
Olhando a vida que tinha

Foto de TrabisDeMentia

Amor é...

Nunca ninguém me ensinou a viver. Apenas me deram um corpo e me ordenaram: vive. Nunca ninguém me ensinou a amar. Apenas me deram uma alma e ordenaram: ama. Assim prossegui pelo caminho da vivência desfolhando significados. Mas nada! Nenhum livro, poema ou mandamento me fez crer em sua existência. Ele existia porém, os sábios assim contavam e sobre ele cantavam os enamorados. Mas nem em músicas eu achei o seu valor. Nem nos lábios em que o procurei eu achei o seu calor. E quando julgava ele pousando em minha mão logo vinha um pássaro maior e o levava. Foi com essa mão cheia de nada que eu cumprimentei a ilusão, que me dei a conhecer á saudade, que tomei em meus braços a dor (abraço forte, amargo afago). Com essa mesma mão escrevi sobre o amor como um cego que conta as estrelas. Escrevi como um surdo compondo a mais bela das sinfonias. Passei a correr atrás de borboletas, a perseguir pirilampos. Corri do mundo todos os cantos, vales e valetas. Desbravei á faca todas as matas. Mas nada, nada sobrou senão momentos! E sobre esse nada me debruçava e com todas as letras o descrevia. Das montanhas geladas que escalei e dos desertos em que me joguei só recolhi ecos e desesperos. E com esses restos o rescrevia. Descrevi céus e oceanos, grãos de areia e universos. Desenhei esboços complexos de todas as frentes, de todos os versos, de todos os objectos e sentimentos, mas do amor... Do amor nem o mais fino dos traços, nem o “era uma vez”, nem um ponto final. Foi então que larguei os vestigios dos pedaços dos porquês. Depois de tanto tempo decorrido me encontrava onde tinha partido. Tudo finda quando o frio aperta, a sede mata e a caneta se farta de tanta agonia. E para que não findasse, como que num ato de auto defesa, fechei os olhos para o que me rodeava (para nunca mais os abrir). E num ato de auto estima me fechei que nem ostra para a vida (para nunca mais me abrir). Mas ao me fechar e ao fechar dos olhos encontrei uma coisa linda! Enquanto o coração desacelarava e a respiração ainda ofegante acalmava, veio uma paz! Uma paz tão intensa que me fez chorar..Decidi abrir os olhos e me abrir para um nunca mais fechar. É que o amor não se encontra em vãos de escada ou escorrendo pelos passeios. Não está debaixo de nenhuma pedra de calçada nem escondido na cor do que quer que for, do que quer que seja. Amor não sobeja de uma fonte nem se esconde por detrás de um monte. Não há ponte que a eles nos leve. Amor não se almeja nem se descreve. Não se grita aos sete ventos. Amor não é momentos. Amor não é sentimentos. Amor é...

Foto de sigmar montemor

PRECE

PRECE

Que os arco íris te encontrem
que as borboletas te achem
que os pássaros cantem pra ti
que te aconteçam milhões de ocasos
e alvoradas coloridas e mágicas...
mágicas como a vida...
como o nosso amor...
Que o amor esteja sempre com você
cercando você
orientando você
moldando seu caráter
porque o amor serve para melhorar as pessoas...
Que você cante e dance todos os dias
que você sorria sempre
porque seu sorriso ilumina um mundo...
Que você se erga sempre contra a injustiça
porque sua palavra muda uma alma
toca um coração...
Que as ondas do mar possam acariciar suas pernas
e que o vento possa sempre te despentear...
Que nas suas noites não falte a lua
nem as estrelas
e que seu olhar brilhe mais que todos juntos...
que a paz das pombas
a paz do lago
a paz da madrugada
a paz do sono
apazigúem tua chama...
teu chamado...
Que as crianças possam compartilhar
de tua alegria
e que eu possa ao te dar este poema
ouvir um suspiro...
vislumbrar um esboço de sorriso...
enxugar tua lágrima...
e dizer do fundo do coração
que te amo mais que tudo...
que te amo pra sempre...
que te amo !

Foto de eumesmo

balada da paixao do(a)...

I-... dia

Procuras-me.
Eu resido no meio dos livros de uma biblioteca,
cercado por palavras justas ao corpo.Lá procuro-te/procuras-me
incessantemente com o pensamento,
desde que o sol pela manhã,
ilumina os campos de centeio da minha cabeça,
com o voo tranquilo das borboletas
irrompendo das espigas a cada pensamento meu em ti,
até que venha a lua com os seus olhos esbugalhados,
depois de um sono profundo,
perguntar pela noite,
espantada com o halo de luz de todos os candeeiros do país
em redor dos nossos corpos guarda-chuva,
protectores um do outro do mundo lá fora,
onde as gotas de solidão chovem nas nossas cabeças
durante as nossas ausências.

II-... noite

Procuras-me.
Procuras-me na profundidade da noite,
entre os dentes caninos da noite,
que param de me mastigar a cada avanço teu,
com o teu jardim lúcido,
sobre o teu peito macio,
onde crescem as plantas ardentes da paixão.

Sabes bem que te desenhei um mapa do meu corpo,
um mapa da minha cidade com as suas artérias
e disse-te que as letras são os anti-corpos
que me protegem das doenças. As letras anti-corpos
alinham-se nas artérias-ruas do meu corpo-cidade de luz
para escrever o teu nome,
onde o sangue flui limpido,
bombeado pela casa de paredes lúcidas no meu peito,
onde o amor habita fulminante e beija cada tijolo branco,
provocando espasmos- relâmpagos de paixão.

III-Epílogo

Ainda temos muitas vácuos de nós pela frente
muitas pedras cinzentas para nos sentarmos
nas encostas do rio melancolia
e apreciarmos a sua extrema capacidade para nos cortar os olhos
por isso amemo-nos devagar ,
e celebremo-nos debaixo de um candelabro com asas aceso pela paixão,
a pairar sobre os nossos corpos sujos,
imensamente sujos.

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