Bandos

Foto de Carmen Lúcia

Sobre belezas naturais

O mar vem me saudar em ondas
que se quebram ao beijar meus pés
num doce afago que me apraz,
abraça meu corpo e o ascende à paz.
Águas tingidas pelo azul do céu,
onde o branco das espumas brinca de ir e vir.
Sem embarcação, muita empolgação, me entrego.
E navego...

Ante a flor desabrochando,
prenunciando a primavera
expectativas invadem os campos
verdejantes pela espera.
Despedem-se do inverno,
o frio do coração do mundo
e me vejo florescer também
em meio a tulipas e jasmins
e o perfume de mato em mim.
E espero...

A melodia dos riachos
faz a dança dançar em minhas veias,
em passos harmoniosos me acho,
entre cascatas me entrelaço
luzindo luzes cristalinas,
permeando verdes e azuis turmalinas
brotadas do ventre da terra
num recital de suaves versos
a emergir poesias.
E me extasia...

O céu começa a se fechar,
o sol brilhará n’outro lugar...
Aves migram em bandos, chilreando
num bailado improvisado, inusitado.
Matizes cruzam espaços, buscam suas cores
espalhadas em multicores pelos cantos,
beleza exclusiva do fim de tarde.
E me invade...

Nessa mistura real e surreal
eu me perco, me enlevo, me levo...
Tiro os pés do chão, alço a emoção
e me elevo ao ar...
A voar...

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Vervloet

Fazenda Três Meninas

Os pés de manacá cobertos de flores,
a rede dependurada na varanda,
o ar exalando deliciosos odores
na vitrola o som das cirandas.

Que tempo bom quando
o mundo cabia no meu quintal,
os pássaros pousando em bandos,
o rio correndo com águas de cristal

O anzol atirado certeiro
fisgando as piabas com iscas de minhocas,
o fogão exalando inesquecível cheiro
do camarão fresquinho retirado da loca.

As borboletas confundiam-se com as flores,
as frutas colhidas com a própria mão,
um paraíso vestido em múltiplas cores,
a natureza exuberante tratada com zelo e afeição.

Foto de JORMAR

Sinto a falta

Sinto a falta do meu amor, que cuida do nosso jardim, ela trata com mãos de veludo as orquídeas, alimenta os pássaros soltos, ela está longe e meu coração encheu-se de tristeza.
Hoje o meu dia se apresenta diferente, as rosas estão nascendo,os pássaros visitam o comedouro. Agora tudo brilha na vida das flores, nos bandos de pássaros que me visitam. Só sinto a falta do meu sol, que é o meu amor, da vida que sonhamos, e que na aurora dos próximos dias, juntos vamos viver....ela está chegando.....

Foto de Marilene Anacleto

Sinto Falta do Meu Bem

A estrela brilha
Com a luz do sol.
Qualidades muitas,
Contidas no doce amor.

Cuidava de minhas plantas,
Ele cultivava orquídeas.
Alimentava pássaros soltos.
Ele, viveiros mantinha.

Ele partiu, antes do previsto.
Meu coração encheu-se de tristeza.
Amarrei nas árvores as orquídeas,
Retirei toda a tela dos viveiros.

Hoje minha estrela brilha,
Minh’alma vive sonhos de ouro.
Orquídeas, aos montes se multiplicam,
Bandos sem fim visitam o comedouro.

Agora minha estrela brilha
Na vida das orquídeas,
Nos bandos de pássaros
Que me fazem visitas.

Ah! Sinto falta do meu sol,
Das fagulhas de vida do eterno,
Do que sonhamos juntos na aurora,
Da fiel estrela que brilhava em versos.

Foto de Marilene Anacleto

Renascer

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Gaivotas bicam pequenos peixes.
Cães perdidos, lindos, farejam restos
De peixes extintos,
Antes do nascer do sol.

Nuvens incandescidas refletem
Ondas ao longe,
Enquanto as rendas esparsas,
Iluminadas,
Massageiam meus tornozelos.

Pés descalços,
De areia e águas banhados,
Outrora de unhas pintadas,
Hoje respiram aliviados.

Surgem pequenos barcos,
Seguidos por bandos, em alarido,
Enquanto, em terra,
Homens puxam redes,
Carregadas de peixes.

Nuvens espessas fazem chuvisco,
E trazem imenso arco-íris.
Presente dos céus
Deleita minha alma
Vivifica o dia que recebe o sol.

É outono,
Outono ainda quente
Que incomoda,
Mas também alegra muita gente.

Marilene Anacleto

Foto de Carmen Vervloet

RECANTO DO TEMPO

RECANTO DO TEMPO

Quando pensamos que veloz caminhava o tempo
sem dó de nós, pobres e frágeis mortais,
descobrimos o seu refúgio, o seu templo,
entre árvores, córregos, flores e animais.

A natureza exuberante intocada,
pela mão que quando toca, tudo aniquila,
pássaros bailando em bandos nas revoadas
orquestrando a vida que nasce tranquila.

O silêncio, a paz, a ímpar beleza
parecem que surgem ao abrir das flores,
na alvorada pincelada com singeleza,
num arco-íres tingido por suaves cores.

Lá começamos a construir nosso ninho
que sonhamos seja de alegrias permanentes,
ciscando as alegrias, como passarinho,
sugando o néctar da felicidade, calmamente!

Carmen Vervloet

Foto de Marilene Anacleto

Cordões de Gaivotas

*
*
*
*
Feito cordas mágicas
Retornam à barra
Em bandos, as gaivotas.

Ora seguem em curvas
Ora fluem em 've',
Ajeitam as asas rápidas
Para se fazer outra vez,

Então o cordão se desfaz.

Num passe de mágica
Tudo fica num nó
E o cordão se abre
Num instante só.

No fundo o céu, quase lilás
Cenário perfeito de outono
Para que meus olhos se entreguem
Ao torpor e ao abandono...

Quisera minha alma, quisera!
Que meu coração aos nós
Seguissem as gaivotas

Lançasse no rosado céu
As emoções, em tênues véus,
Sem se afastar dos mistérios.

E, sem perder a emoção,
Sem se afastar da razão,
Viver a magia do Eterno.

Marilene Anacleto
19/05/09

Foto de Eveline Andrade

Adotarei o amor - Kalil Gibran

Adotarei o amor - Kalil Gibran

Adotarei o amor por companheiro
e o escutarei cantando, e o beberei como vinho,
e o usarei como vestimenta.

Na aurora, o amor me acordará
e me conduzirá aos prados distantes.
Ao meio dia, conduzir-me-á à sombra das árvores
onde me protegerei do sol como os pássaros.
Ao entardecer conduzir-me-á ao poente,
onde ouvirei a melodia da natureza
despedindo-se da luz, e contemplarei
as sombras da quietude adejando no espaço.
À noite, o amor abraçar-me-á,
e sonharei com os mundos superiores
onde moram as almas dos enamorados e dos poetas.

Na Primavera, andarei com o amor, lado a lado,
e cantaremos juntos entre as colinas;
e seguiremos as pegadas da vida,
que são as violetas e as margaridas;
e beberemos a água da chuva,
acumulada nos poços,
em taças feitas de narciso e lírios.
No Verão, deitar-me-ei ao lado do amor
sobre camas feitas com feixes de espigas,
tendo o firmamento por cobertor
e a lua e as estrelas por companheiras.

No Outono, irei com o amor aos vinhedos
e nos sentaremos no lagar,
e contemplaremos as árvores se despindo
das suas vestimentas douradas
e os bandos de aves migratórias
voando para as costas do mar.

No Inverno, sentar-me-ei com o amor
diante da lareira e conversaremos
sobre os acontecimentos dos séculos
e os anais das nações e povos.

O amor será meu tutor na juventude,
meu apoio na maturidade,
e meu consolo na velhice.
O amor permanecerá comigo até o fim da vida,
até que a morte chegue,
e a mão de Deus nos reúna de novo.

Foto de Marilene Anacleto

É Luz

Semente a brotar na terra... É luz
Vulcão vem da profundeza... É luz
Pomba que no céu paira... É luz
A fonte que nunca pára... É luz

Pássaro em bandos alegres... É luz
Bailar das folhas ao vento... É luz
Criança que não se perde... É luz
Esperança que não se mede... É luz.

Pensamento que vai a Deus... É luz
Desejo de paz aos seus... É luz
Abraço sincero e fraterno... É luz
O sol e seu brilho eterno... É luz.

A guerra e seus desenganos... É luz
Socorro ao farrapo humano... É luz
Comida ao que tem fome... É luz
Amor acima de humano... É luz

Para que alimentar guerras, se tudo... É luz?
O ódio que cancera vidas, pede o que... É luz.
Se quiser a paz, o foco mudo... Para a luz
Deus não cansa de enviar sinais de que... Somos Luz.

E nos lembra que enviou seu Filho,... Sua Luz
Que não cansou de dizer:... “Está dentro de ti
O Reino da Luz”.

Marilene Anacleto

Foto de Marilene Anacleto

Poemas de Paz - 5 - Instante de Paz

O sol da primavera de dezembro
Encontra suor escorrendo
E corpos cansados da noite

Planta alguma se move
E o barulho do ar condicionado
Agora é abafado.

Os cantos dos bandos de pássaros
Festejam agora o encontro
No lugar de alimentos fartos.

No horário de verão,
Seis e meia da manhã tórrida
Já parece meio-dia.

Eu inteira acompanho
O sagrado bailado dos pássaros.
Minha Alma agradece

As árvores que os acolhem,
As sementes que lhes dão vida,
E as novas plantas que crescem.

Leve brisa presenteia-me
Com um toque de quase Amém!
Quando grande nuvem cobre o sol
E o movimento do dia vem.

Com ele a paz do encanto,
Do cheiro do ser, meu amado,
Prepara a mesa na sacada
Para o café ao meu lado.

Marilene Anacleto
01/12/05

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