Areia

Foto de CarmenCecilia

ACORDAR

ACORDAR

Escuta
O lamento do vento
Sibilante
Numa procura
Sem fim
Tiritam
Anseios
Doces devaneios
Onde os elos
Fizeram castelos
E agora
O tempo
Senhor das horas
Leva tudo embora
O sol e a lua...
Sempre testemunhas
Iluminaram o dia
Pratearam a noite
Mas não mais lembram
A branca areia
Somente
A maré cheia
Em que o cristal
Partiu-se...

Carmen Cecília
18/05/2010

Foto de Centelha Luminosa

MEU MAR

És para mim
O relembrar do amor o cheiro
Quando me alcanças o seio e escorres
Caudaloso por entre vales e montes
Do meu corpo em pleno gozo...

Quando avanças encapelado
E transbordas em meu olhar
Teu mistério divagante
Ao desnudar-me inteira
No teu poder de atração
Ao vestir-me de espumas
É, sensual artesão...

Ao meu peito em desalinho
É a esperança e a aurora,
Ao estancar uma lágrima
Da minh’alma que chora
E, ao fechar as feridas
Em suave marulhar
Gota a gota, com invisíveis
Mãos de curar...

És, ainda um lírico poema
Quando teces no evolar
Da maresia veleiros de sonhos
Que levam os meus, além-mar...

Louvam-te a soberania
Canôpus e Antares,
Suspensos na luzente imensidão
Quando buscam esses mares
E espelham em ti silenciosos
O suplício da solidão...

Cale-se o burburinho
Ante o orquestrar de tuas ondas
Que vêm se quebrar na areia, sem peia
Num concerto à exaltação que encerra
Mensagens de amor e de alegria
Desse Arauto da vida na Terra!

Centelha Luminosa (Maria Lucia)

Foto de Elias Akhenaton

INDECIFRÁVEL


Não tentem desvendar
E decifrar
Os segredos que habitam no
Interior do meu ser...

Não existem
Fórmulas ou teoremas capazes
De decifrar
Aquilo que é indecifrável...

Sou como a esfinge que sobrevive
Através dos tempos
Com seu hermetismo...

Podem até depredar-me
Para tentar decifrar-me,
Mas atingirão apenas minha casca,
Minha matéria
Que serve de mansão pra
Minh’Alma,
Esta é imortal e indecifrável,
Só pode ser sentida...

Jamais rasgarão o véu que
Encobre os segredos que nela
Habitam e mesmo após a
Morte da matéria e ela ser coberta
Pelo pó ou a areia do deserto
Que a constituiu, minha Alma
Continuará intacta na história...

Só Deus tem as chaves
Que podem desvendar
Estes segredos!

Elias Akhenaton

Foto de Gideon

No Mar de Unamar

A vista se perde pela largura do mar.
Ao longe vislumbro uma cidade apagada
As ondas de Unamar cobrem meus olhos nublados
E faz-me lembrar os abraços bambos e apertados
Dos braços sobrados e dos sorrisos disfarçados, esforçados.

Uma vida sem brilho, um olhar sem interesse
As ondas quebrarem-se na areia, sem importância.
Talvez seja assim, o final da vida...
Como uma onda qualquer, que desmancha na praia
Sem valor algum, que outrora pensava possuir.

A vista fixa em um ponto no mar de Unamar
Agora é um surfista isolado olhando as inquietas vegas
Que formam-se ao acaso para trazê-lo de volta
Para a praia que rodeia os meu pés enterrados na areia.

A solidão parece descansar ao som do mar
Dá tempo para pensar e lamentar os desfechos infortúnios.
Os pés enfiam-se na areia querendo como raízes firmarem-se
Talvez o inconsciente ainda tente revigorar-me
Enterrando os meus pés como raizes profundas na areia do mar.

Quisera eu estar ali plantado como um coqueiro
E balançar meus cachos para vez outra lançar ao mar
Um punhado de frutos que pudesse, talvez a alguém alimentar.
Seria mais útil, quem sabe, que um desolado qualquer
Plantado no mar de Unamar.

O barulho da onda acorda-me do triste pensar
Percebo o jovem surfista que de novo ao mar quer se lançar
Após o breve sabor de em sua prancha equilibar-se.
Será a vida assim, penso, tanto esforço
Para gerar somente um breve momento de gozo?

No Mar de Unamar ao olhar o infinito nesta tarde triste
Uma lição parece querer me ensinar
Que a vida, enfim, é assim, triste, esquisita e breve
Como são breves os meus momentos no mar.

Foto de Arnault L. D.

Aonde for vou te levar

Hoje nos fomos passear
o sol estava morno, o céu anil
te levei até o mar
e as ondas a quebrar
formava caracóis , e você sorriu
eu sabia que sorria, sem olhar

Enquanto as ondas brincavam
te puxei, vem..., deu-me a mão
e senti arrepiar pela agua gelada
mas milhões de sóis ofuscavam
entre espumas, e azuis, pós verão,
e você fez mimo, toda arrepiada

Mas logo já era gostoso
o corpo na água imerso
o sabor do sal, e o sol brilhante
e sensações que nem ouso,
de esquecer de todo o universo
por você, por este instante

Você me abraçou apertado
quando a onda vinha mais alto,
e eu sabia que era feliz.
Seu corpo no meu colado
e o coração em sobressalto
abraçado a ti, quanto eu te quis
e te beije molhado

Depois deitamos na areia
e em meu peito você fez ninho
meu corpo lhe deu como abrigo
e para tudo mais que anseia
mais beijar, tocar, de dar carinho
hoje eu te levei comigo...

Foto de F. M.

Venha se servir

Em meu castelo de areia,
aos meus inimigos lhes sirvo
à melhor de minhas iguarias:
"Astúcia acompanhada de vingança."

Mas hà o amor,
embaixo da mesa
esperando por migalhas.

Se alimentando
com farelos de vingança,
desnutrido e mal-tratado amor.

Porque não morres logo ?
Beba, amor maldito,
oferóz veneno que escorre
da boca dos inimigos.

Foto de Carmen Vervloet

No Ventre do Dia

Como anular a luz
que a manhã irradia
se é ímã que atrai a alegria
que em silêncio habita
no ventre do novo dia?!

Raio de sol que incendeia o mar
e se transmuta em maresia
e no vai e vem do amar
lembra que vai se apagar
devora a areia com ousadia.

Fonte que jorra energia...
Uma cascata que se acende,
o canto lírico da cotovia,
a flor que se abre silente
dando à luz a tanta poesia...

Carmen Vervloet

Foto de Lou Poulit

A JANELA

A janela é um arremedo, estreita demais para o universo que me assedia. As rendas da cortina balançam, como fossem marionetes da minha lascívia, refém de outro nível de consciência. Tenho medo... Morro de medo dessas intimidades com outros níveis de consciência. E como em qualquer mulher fêmea o medo excita, busco refrigério no corpo que ao meu lado afunda. O lençol desalinhado é de cor areia (e mais parece movediça), onde afundam de cansaço as marcas dos meus dentes, na carne cujos arrepios me cansaram, nos músculos que não me arrepiam agora mais que essa janela e a sua brisa. Os cheiros que eu buscava estão lá fora. O gosto que eu queria na garganta, os puxões nos meus cabelos, o rasgo comprido até a alma, o roçar dos pelos nas costas, os dedos cravados nos peitos... Ah!... Tudo está lá fora. E eu aqui, encolhida, refém de mim mesma.

Essa janela não merece viver... Antes fosse arrebatada de mim, molestada, possuída. Não por todas as estrelas mas sim por todos os escuros, não por gritos de piedade mas por todos os sussurros velhacos, que condenam o meu caminho enrugado, conduzida que fui, como novilha ao abatedouro do tempo. Onde todas as mulheres vêem a sua película de outra forma, e reviram gavetas e rasgam fotografias, como se o passado pudesse ser tocado como foram elas. Até que a sua ira se erguesse das areias, do fundo do poço. Até que fizesse tremerem o céu e a terra, e o seu corpo de fêmea, e as suas vísceras profanadas, empurradas aos trancos e safanões para a beira do penhasco. E só então, ao escorrer de uma gota de leite, e do gozo caudaloso que se precipita, se precipitasse no vazio do próprio espelho...

Há de abrir suas asas imensas ante o desconhecido. Há de sobrevoar todas as antigas estruturas, como em uma visão apocalíptica. E há de alinhar-se ao horizonte antes intangível, e de lá saltar para o sempre. Porque agora sabe que a mulher e o abismo são uma coisa só, e não tem ela porque temê-lo, nem ao seu predador. E que... Por que não comê-lo?! E que não precisa da ira para isso... Aliás, o medo e a ira são duas faces de uma mesma moeda. Chamam-na Juventude, ou Hebe, filha legítima de Zeus e Hera na mitologia grega. Com ela paga-se por toda a sabedoria acumulada no caminho da vida...

Uma mulher, uma legítima mulher de carne e espírito, não lamenta a perda da juventude. Mas não lamenta porque não a perdeu, em vez disso a transfigurou. E descerra em si própria a sua janela, e sem querer fugir para fora grita a todos os astros: Pois que venham! As minhas veias vos esperam...

Mas eles não virão facilmente. Talvez só depois que perderem o medo.

Foto de tiagorck

Sereia do Meu Verão

Hoje é inverno
Amanhã é verão
A cada estação
É mais um ano de solidão

Lembro quando te encontrei
Parecia uma sereia
A sua boca beije
Sentado sobre a areia

A coisa mais linda que existi
Depois de você é o pôr do sol
Mas quando é hora do sol ser for
Não olho mais, o que era lindo me trás dor

Em todas as estações
O verão foi a melhor
Porque foi na beira mar
Que uniram os nossos corações

Hoje só tenho lembrança
Solidão e tristeza
Porque em todas as estações
Lembro-me da sua beleza

Na primavera
Lembro das flores que te dei
No outono
Lembro do gosto de morando quando te beijei
No inverno
Lembro do seu corpo que esquentei
E no verão
Lembro da sereia que nunca mais a encontrei

Não importa onde você esteja
Um dia irei te buscar
Seja na terra ou no mar
Logo, logo vou te encontrar.

Porque sem você
Sou à noite sem o luar
Es e você realmente for uma sereia
Quero com você pra sempre viver no fundo do mar.

Foto de jessebarbosadeoliveira27

ESTUÁRIO DA ESPERANÇA

A bruma do fracasso sustém e pavimenta a estrada do meu coti-
diano. Contemplo quase inerte o curso da vida fluir bem próxi-
mo de mim, embora nunca consiga de fato embarcar em seu
convés. Não, não que eu tenha a pretensão de intendê-lo, domar
o seu leme ao meu bel-prazer, não! Apenas queria estar presen-
te a todo o roteiro da viagem: do começo ao fim.

Mas o quase, o quase sempre impertinente não me deixa nem se-
quer partir. Então, engendro formas de lográ-lo; mas lá está ele,
toda mão, um passo a frente: a me comediar caudalosamente.

Ele me alimenta a idéia, me faz erigir templos indicativos: caste-
los de certeza. Todavia, toda feita, qual não é a minha surpre-
sa. Descubro-os matéria inerme, insólida, tênue. Não, não são
alcáceres de rocha os meus castelos. O são de areia. Areia,
cujo leve sopro despretensioso faz com que ela se desmanche
inteira.

Sim, depreendo claramente agora.
O meu caminho é água em ebulição:
ele ferve, ferve, ferve até o sonho formar vapores,
que se dispersam para longe, longe do alcance da minha tátil
concreção. E a estrada: a estrada se transmuda plenamente
em vácuos inteiros de asfalto da saudade daquilo
que quase houve. Sim, ela se converte na malha
viária da abortagem: sim, me refiro áquela traiçoeira
das engrenagens da desilusão!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/

• http://twitter.com/jessebarbosa27

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