Ancorado na praia, dia, após dia, olhas o mar. Chamas-me de saudade. Na ânsia de me teres por perto, procuras-me no olhar de cada gaivota, que, mergulha no azul salgado. E, movido pelo desejo que te invade, tentas encontrar as formas do meu corpo nas ondas de espuma feitas... Dizes querer abraçar o mar...
Materializas o teu grande sonho e eu estou lá. Caminhas comigo de mãos dadas. Conversamos, rimos, abraçamos-nos...Falamos de sonhos. Dos sonhos que estão acorrentados no casco de um velho barco, o " Ilusão". Sabemos que um dia tudo se irá esvair e, o " Ilusão" naufragar.
Puxas-me para dentro de água. O meu vestido branco, aquele que tanto gostas, fica colado ao meu corpo... Tentas moldar as tuas mãos nos seus contornos...Mas...Sou apenas uma gaivota que mergulha nas águas do teu doce olhar, para logo desaparecer num verde salgado...
Ficas sentado na praia a olhar as ondas. Cai a noite. O mar adormece em belos lençóis de prata e tu no meu abraço de lua...aquele que sempre te espera e que dizes ser o único em que consegues repousar.
Sonhas...Sonhas...e sonhas que os meus cabelos tocam ao de leve o teu rosto. Mas já é manhã...São apenas os raios do sol que desponta. Junto a ti na areia apenas uma pena branca...o meu sinal...
Incrédulo olhas o horizonte, e ... chamas-me de saudade...
...Dia, após dia, ficas ancorado na praia ... continuas a olhar o mar...
@Margusta
in " Contos do A-Mar"
Outubro de 2007